Conselhos para a Igreja

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Capítulo 53 — A ceia do Senhor

Os símbolos da casa do Senhor são simples e facilmente compreensíveis, e as verdades por eles representadas são-nos da mais profunda significação. — Evangelismo, 273. CI 305.1

Cristo Se achava no ponto de transição entre dois sistemas e suas duas grandes festas. Ele, o imaculado Cordeiro de Deus, estava para Se apresentar como oferta pelo pecado, e queria assim levar a termo o sistema de símbolos e cerimônias que por quatro mil anos apontara à Sua morte. Ao comer a páscoa com Seus discípulos, instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar Seu grande sacrifício. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. O serviço que Cristo estabeleceu devia ser observado por Seus seguidores em todas as terras e por todos os séculos. CI 305.2

A páscoa fora instituída para comemorar a libertação de Israel da servidão egípcia. Deus ordenara que, de ano em ano, quando os filhos perguntassem a significação desta ordenança, a história desse acontecimento fosse repetida. Assim o maravilhoso livramento se conservaria vivo na memória de todos. A ordenança da ceia do Senhor foi dada para comemorar a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo. Até que Ele venha a segunda vez em poder e glória, há de ser celebrada esta ordenança. É o meio pelo qual Sua grande obra em nosso favor deve ser conservada viva em nossa memória. [...] CI 305.3

O exemplo de Cristo proíbe exclusão da ceia do Senhor. Verdade é que o pecado aberto exclui o culpado. Isto ensina plenamente o Espírito Santo. 1 Coríntios 5:11. Além disso, porém, ninguém deve julgar. Deus não deixou aos homens dizer quem se apresentará nessas ocasiões. Pois quem pode ler o coração? Quem é capaz de distinguir o joio do trigo? “Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.” Pois “qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor”. “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor”. 1 Coríntios 11:28, 27, 29. [...] CI 305.4

Ninguém deve se excluir da comunhão por estar presente, talvez, alguém que seja indigno. Todo discípulo é chamado a participar publicamente, e dar assim testemunho de que aceita a Cristo como seu Salvador pessoal. [...] CI 305.5

Participando com os discípulos do pão e do vinho, Cristo Se empenhou para com eles, como seu Redentor. Confiou-lhes o novo concerto. pelo qual todos os que O recebem se tornam filhos de Deus, e co-herdeiros de Cristo. Por esse concerto pertencia-lhes toda bênção que o Céu podia conceder para esta vida e a futura. Esse ato de concerto devia ser ratificado com o sangue de Cristo. E a ministração do sacramento havia de conservar diante dos discípulos o infinito sacrifício feito por cada um deles individualmente, como parte do grande todo da caída humanidade. — O Desejado de Todas as Nações, 652, 653, 656, 659. CI 305.6

O Servo dos servos — Quando os discípulos entraram na sala da ceia, tinham o coração cheio de ressentimentos. Judas apressou-se a tomar lugar junto de Cristo, à esquerda; João estava à direita. Se houvesse lugar mais elevado, Judas estava decidido a ocupá-lo, e esse lugar, julgava-se, era junto de Cristo. E Judas era um traidor. CI 306.1

Surgira outra causa de dissensão. Numa festa, era costume que um servo lavasse os pés aos hóspedes, e nessa ocasião se fizeram preparativos para esse serviço. O jarro, a bacia e a toalha ali estavam, prontos para a lavagem dos pés; não havia nenhum servo presente, porém, e cabia aos discípulos fazer isso. Mas cada um deles, cedendo ao orgulho ferido, resolveu não desempenhar a parte de servo. Todos manifestaram total desinteresse, parecendo inconscientes de haver qualquer coisa para fazerem. Por seu silêncio, recusavam-se a humilhar-se. [...] CI 306.2

Os discípulos não fizeram nenhum gesto no sentido de se servirem uns aos outros. Jesus esperou por algum tempo a ver o que fariam. Então Ele, o divino Mestre, Se ergueu da mesa. Pondo de lado a veste exterior, que Lhe poderia estorvar os movimentos, tomou uma toalha e cingiu-Se. Com surpreendido interesse olhavam os discípulos, esperando em silêncio ver o que se ia seguir. “Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. João 13:5. Esta ação abriu os olhos deles. Profunda vergonha e humilhação os possuiu. Entenderam a muda repreensão, e viram-se a si mesmos sob um aspecto inteiramente novo. CI 306.3

Assim exprimiu Cristo Seu amor pelos discípulos. O espírito egoísta que os animava, encheu-O de pesar, mas não entrou em discussão com eles a respeito do caso. Deu-lhes em vez disso um exemplo que nunca esqueceriam. Seu amor a eles não se alterava nem esfriava facilmente. Sabia que o Pai entregara todas as coisas em Suas mãos, e que viera de Deus e ia para Deus. Tinha plena consciência de Sua divindade; mas pusera de lado a coroa real e as régias vestimentas, e tomara a forma de servo. Um dos últimos atos de Sua vida na Terra foi cingir-Se como servo, e desempenhar a parte de servo. [...] CI 306.4

Cristo queria que Seus discípulos entendessem que, se bem que Ele lhes houvesse lavado os pés, isto em nada Lhe diminuía a dignidade. “Vós Me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu sou”. João 13:13. E, sendo tão infinitamente superior, Ele comunicou graça e significação a esse serviço. Ninguém tão exaltado como Cristo, e todavia abaixou-Se até ao mais humilde dever. Para que Seu povo não fosse extraviado pelo egoísmo que habita no coração natural, e se fortaleça com o servir ao próprio eu. Cristo mesmo estabeleceu o exemplo da humildade. Não deixaria esse grande assunto a cargo do homem. De tanta conseqüência o considerava, que Ele próprio, igual a Deus, fez o papel de servo para com Seus discípulos. Enquanto eles contendiam pela mais alta posição. Aquele diante de quem todo joelho se dobrará, a quem os anjos da glória reputam uma honra servir, curvou-Se para lavar os pés daqueles que Lhe chamavam Senhor. Lavou os pés de Seu traidor. [...] CI 306.5

Depois, havendo lavado os pés aos discípulos, Ele disse: “Eu vos dei o exemplo, para que como Eu vos fiz, façais vós também”. João 13:15. Nestas palavras Cristo não somente estava ordenando a prática da hospitalidade. Queria significar mais do que a lavagem dos pés dos hóspedes para tirar-lhes o pó dos caminhos. Cristo estava aí instituindo um culto. Pelo ato de nosso Senhor, esta cerimônia humilhante tornou-se uma ordenança consagrada. Devia ser observada pelos discípulos, a fim de poderem conservar sempre em mente Suas lições de humildade e serviço. — O Desejado de Todas as Nações, 644, 645, 649, 650. CI 307.1

A ordenança da preparação — Esta ordenança é o preparo designado por Cristo para o serviço sacramental. Enquanto o orgulho, desinteligência e luta por superioridade forem nutridos, o coração não pode entrar em associação com Cristo. Não estamos preparados para receber a comunhão de Seu corpo e de Seu sangue. Por isso Jesus indicou que se observasse primeiramente a comemoração de Sua humilhação. CI 307.2

Ao chegarem a esta ordenança, os filhos de Deus devem evocar as palavras do Senhor da vida e da glória: “Entendeis o que vos tenho feito? Vós Me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou. Ora se Eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns dos outros. Porque Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes”. João 13:16, 17. CI 307.3

Existe no homem a disposição de se estimar em mais alta conta do que a seu irmão, de trabalhar para si mesmo, de procurar o mais alto lugar; e muitas vezes isso dá em resultado ruins suspeitas e amargura de espírito. A ordenança que precede à ceia do Senhor, deve remover esses desentendimentos, tirar o homem de seu egoísmo, fazê-lo baixar de seus tacões de exaltação própria à humildade de coração que o levará a servir a seu irmão. CI 307.4

O santo Vigia do Céu acha-Se presente nesses períodos para torná-los uma ocasião de exame de consciência, de convicção de pecado, e de bendita segurança de pecados perdoados. Cristo, na plenitude de Sua graça, acha-Se aí para mudar a corrente dos pensamentos que têm seguido direções egoístas. O Espírito Santo aviva as sensibilidades dos que seguem o exemplo de seu Senhor. Ao ser lembrada a humilhação do Salvador por nós, pensamento liga-se a pensamento; evoca-se uma cadeia de lembranças, a recordação da grande bondade de Deus e do favor e ternura dos amigos terrestres. [...] CI 307.5

Sempre que essa ordenança é devidamente celebrada, os filhos de Deus são levados a uma santa relação uns para com os outros, para se ajudar e beneficiar mutuamente. Comprometem-se a dar a vida a um desinteressado ministério. E isto não somente uns pelos outros. Seu campo de labor é tão vasto como era o de Seu Mestre. O mundo está cheio de pessoas necessitadas de nosso ministério. Os pobres, os ignorantes, os desamparados, acham-se por toda parte. Aqueles que comungaram com Cristo no cenáculo, sairão para servir como Ele serviu. CI 308.1

Jesus, o que era servido por todos, veio a tornar-Se Servo de todos. E porque ministrou a todos, por todos há de ser novamente servido e honrado. E os que quiserem partilhar de Seus divinos atributos, participando com Ele da alegria de ver almas redimidas, devem seguir-Lhe o exemplo de abnegado ministério. — O Desejado de Todas as Nações, 650, 651. CI 308.2

Lembrança da segunda vinda de Cristo — Enquanto se achavam reunidos ao redor da mesa, disse Ele em tom de tocante tristeza: “Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.” Lucas 22:15-18. [...] CI 308.3

Mas o momento da comunhão não deve ser um período de tristeza. Não é esse o seu desígnio. Ao reunirem-se os discípulos do Senhor em torno de Sua mesa, não devem lembrar e lamentar suas deficiências. Não se devem demorar em sua passada vida religiosa, seja ela de molde a elevar ou a deprimir. Não tragam à memória as diferenças existentes entre si e seus irmãos. A cerimônia preparatória abrangeu tudo isso. O exame próprio, a confissão do pecado, a reconciliação dos desentendimentos, tudo já foi feito. CI 308.4

Agora, chegam para se encontrar com Cristo. Não devem permanecer à sombra da cruz, mas à sua luz salvadora. Abram a alma aos brilhantes raios do Sol da Justiça. Corações limpos pelo preciosíssimo sangue de Cristo, na plena consciência de Sua presença, se bem que invisível, devem-Lhe ouvir as palavras: “Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá”. João 14:27. [...] CI 308.5

Ao recebermos o pão e o vinho simbolizando o corpo partido de Cristo e Seu sangue derramado, unimo-nos, pela imaginação, à cena da comunhão no cenáculo. Afigura-se-nos estar atravessando o jardim consagrado pela agonia dAquele que levou sobre Si os pecados do mundo. Testemunhamos a luta mediante a qual foi obtida nossa reconciliação com Deus. Cristo crucificado apresenta-Se entre nós. CI 308.6

Contemplando o crucificado Redentor, compreendemos mais plenamente a magnitude e significação do sacrifício feito pela Majestade do Céu. O plano da salvação glorifica-se aos nossos olhos, e a idéia do Calvário desperta vivas e sagradas emoções em nossa alma. No coração e nos lábios achar-se-ão louvores a Deus e ao Cordeiro; pois o orgulho e o culto de si mesmo não podem crescer na alma que conserva sempre vivas na memória as cenas do Calvário. — O Desejado de Todas as Nações, 643, 659, 661. CI 309.1

Quando a fé contempla o grande sacrifício de nosso Senhor, a alma assimila a vida espiritual de Cristo. Essa alma receberá vigor espiritual de cada comunhão. O serviço forma uma viva conexão pela qual o crente é ligado a Cristo, e assim ao Pai. Isso forma, em especial sentido, uma união entre os dependentes seres humanos, e Deus. — O Desejado de Todas as Nações, 661. CI 309.2

A santa ceia aponta à segunda vinda de Cristo. Foi destinada a conservar viva essa esperança na mente dos discípulos. Sempre que se reuniam para comemorar Sua morte, contavam como Ele, “tomando o cálice, e dando graças, deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de Meu Pai”. Mateus 26:27-29. Nas tribulações, encontravam conforto na esperança da volta de seu Senhor. Indizivelmente precioso era para eles o pensamento: “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha”. 1 Coríntios 11:26. CI 309.3

Estas são as coisas que nunca devemos esquecer. O amor de Jesus com Seu subjugante poder, deve ser mantido vivo em nossa memória. Cristo instituiu este serviço para que ele nos falasse aos sentidos acerca do amor de Deus, expresso em nosso favor. Não pode haver união entre nossa alma e Deus, senão por meio de Cristo. A união e o amor entre irmão e irmão devem ser cimentados e feitos eternos pelo amor de Jesus. E nada menos que a morte de Cristo podia tornar eficaz o Seu amor por nós. É unicamente por causa de Sua morte, que podemos esperar com alegria Sua segunda vinda. Seu sacrifício é o centro de nossa esperança. Nele nos cumpre fixar a nossa fé. — O Desejado de Todas as Nações, 659. 660. CI 309.4

Capítulo 53—La cena del Señor

Los símbolos de la casa del Señor con sencillos y fácilmente comprensibles, y las verdades representadas por ellos son del más profundo significado para nosotros.1 CPI 541.1

Cristo se hallaba en el punto de transición entre dos sistemas y sus dos grandes fiestas respectivas. El, el Cordero inmaculado de Dios, estaba por presentarse como ofrenda por el pecado, y así acabaría con el sistema de figuras y ceremonias que durante cuatro mil años había anunciado su muerte. Mientras comía la pascua con sus discípulos, instituyó en su lugar el rito que había de conmemorar su gran sacrificio. La fiesta nacional de los judíos iba a desaparecer para siempre. El servicio que Cristo establecía había de ser observado por sus discípulos en todos los países y a través de todos los siglos. CPI 541.2

La Pascua fue ordenada como conmemoración del libramiento de Israel de la servidumbre egipcia. Dios había indicado que, año tras año, cuando los hijos preguntasen el significado de este rito, se les repitiese la historia. Así había de mantenerse fresca en la memoria de todos aquella maravillosa liberación. El rito de la cena del Señor fue dado para conmemorar la gran liberación obrada como resultado de la muerte de Cristo. Este rito ha de celebrarse hasta que él venga por segunda vez con poder y gloria. Es el medio por el cual ha de mantenerse fresco en nuestra mente el recuerdo de su gran obra en favor nuestro. CPI 541.3

El ejemplo de Cristo prohíbe la exclusividad en la cena del Señor. Es verdad que el pecado abierto excluye a los culpables. Esto lo enseña claramente el Espíritu Santo ver. 1 Corintios 5:5. Pero fuera de esto, nadie ha de pronunciar juicio. Dios no ha dejado a los hombres el decidir quiénes se han de presentar en estas ocasiones, Porque, ¿quién puede leer el corazón? ¿Quién puede distinguir la cizaña del trigo? “Por tanto, pruébese cada uno a sí mismo, y coma así del pan, y beba de la copa”. Porque “cualquiera que comiere este pan o bebiere esta copa del Señor indignamente, será culpado del cuerpo y de la sangre del Señor”. “El que come y bebe indignamente, sin discernir el cuerpo del Señor, juicio come y bebe para él”. 1 Corintios 11:28, 27, 29. CPI 542.1

Nadie debe excluirse de la comunión porque esté presente alguna persona indigna. Cada discípulo está llamado a participar públicamente de ella y dar así testimonio de que acepta a Cristo como Salvador personal. CPI 542.2

Al participar con sus discípulos del pan y del vino, Cristo se comprometió como su Redentor. Les confió el nuevo pacto, por medio del cual todos los que le reciben llegan a ser hijos de Dios, coherederos con Cristo. Por este pacto, venía a ser suya toda bendición que el cielo podía conceder para esta vida y la venidera. Este pacto había de ser ratificado por la sangre de Cristo. La administración del sacramento había de recordar a los discípulos el sacrificio infinito hecho por cada uno de ellos como parte del gran conjunto de la humanidad caída.2 CPI 542.3

El siervo de siervos

Cuando los discípulos entraron en el aposento alto, sus corazones estaban llenos de resentimiento. Judas se mantenía al lado de Cristo, a la izquierda; Juan estaba a la derecha. Si había un puesto más alto que los otros, Judas estaba resuelto a obtenerlo, y se pensaba que este puesto era al lado de Cristo. Y Judas era traidor. CPI 543.1

Se había levantado otra causa de disensión. Era costumbre, en ocasión de la fiesta, que un criado lavase los pies de los huéspedes, y en esa ocasión se habían hecho preparativos para este servicio. La jarra, el lebrillo y la toalla estaban allí, listos para el lavamiento de los pies; pero no había siervo presente, y les tocaba a los discípulos cumplirlo. Pero cada uno de los discípulos, cediendo al orgullo herido, resolvió no desempeñar el papel de siervo. Todos manifestaban una despreocupación estoica, al parecer inconscientes de que les tocaba hacer algo. Por su silencio, se negaban a humillarse. CPI 543.2

Los discípulos no hacían ningún ademán de servirse unos a otros. Jesús aguardó un rato para ver lo que iban a hacer. Luego él, el Maestro divino, se levantó de la mesa. Poniendo a un lado el manto exterior que habría impedido sus movimientos, tomó una toalla y se ciñó. Con sorprendido interés, los discípulos miraban, y en silencio esperaban para ver lo que iba a seguir. “Luego puso agua en un lebrillo, y comenzó a lavar los pies de los discípulos, y a enjugarlos con la toalla con que estaba ceñido”. Esta acción abrió los ojos a los discípulos. Amarga vergüenza y humillación llenaron su corazón. Comprendieron el mudo reproche, y se vieron desde un punto de vista completamente nuevo. CPI 543.3

Así expresó Cristo su amor por sus discípulos. El espíritu egoísta de ellos le llenó de tristeza, pero no entró en controversia con ellos acerca de la dificultad. En vez de eso, les dio un ejemplo que nunca olvidarían. Su amor hacia ellos no se perturbaba ni se apagaba fácilmente. Sabía que el Padre había puesto todas las cosas en sus manos, y que él provenía de Dios e iba a Dios. Tenía plena conciencia de su divinidad; pero había puesto a un lado su corona y vestiduras reales, y había tomado forma de siervo. Uno de los últimos actos de su vida en la tierra consistió en ceñirse como siervo y cumplir la tarea de un siervo.3 CPI 544.1

Cristo quería que sus discípulos comprendiesen que aunque les había lavado los pies, esto no le restaba dignidad. “Vosotros me llamáis Maestro y Señor; y decís bien, porque lo soy”. Y siendo tan infinitamente superior, impartió gracia y significado al servicio. Nadie ocupaba un puesto tan exaltado como el de Cristo, y sin embargo él se rebajó a cumplir el más humilde deber. A fin de que los suyos no fuesen engañados por el egoísmo que habita en el corazón natural y se fortalece por el servicio propio, Cristo les dio su ejemplo de humildad. No quería dejar a cargo del hombre este gran asunto. De tanta importancia lo consideró, que él mismo, que era igual a Dios, actuó como siervo de sus discípulos. Mientras estaban contendiendo por el puesto más elevado, Aquel ante quien toda rodilla ha de doblarse, Aquel a quien los ángeles de gloria se honran en servir, se inclinó para lavar los pies de quienes le llamaban Señor. Lavó los pies de su traidor. CPI 544.2

Ahora, habiendo lavado los pies de sus discípulos, dijo: “Ejemplo os he dado, para que como yo es he hecho, vosotros también hagáis”. En estas palabras Cristo no sólo ordenaba la práctica de la hospitalidad. Quería enseñar algo más que el lavamiento de los pies de los huéspedes para quitar el polvo del viaje. Cristo instituía un servicio religioso. Por el acto de nuestro Señor, esta ceremonia humillante fue transformada en rito consagrado, que debía ser observado por los discípulos, a fin de que recordasen siempre sus lecciones de humildad y servicio. CPI 545.1

El rito de preparación

Este rito es la preparación indicada por Cristo para el servicio sacramental. Mientras se alberga orgullo y divergencia y se contiende por la supremacía, el corazón no puede entrar en comunión con Cristo. No estamos preparados para recibir la comunión de su cuerpo y su sangre. Por esto, Jesús indicó que se observase primeramente la ceremonia conmemorativa de su humillación. CPI 545.2

Al llegar a este rito, los hijos de Dios deben recordar las palabras del Señor de vida y gloria: “¿Sabéis lo que os he hecho? Vosotros me llamáis Maestro y Señor; y decís bien porque lo soy. Pues si yo, el Señor y el Maestro, he lavado vuestros pies, vosotros también debéis lavaros los pies los unos a los otros. Porque ejemplo os he dado, para que como yo os he hecho, vosotros también hagáis. De cierto, de cierto os digo: El siervo no es mayor que su señor, ni el enviado es mayor que el que le envió. Si sabéis estas cosas, bienaventurados seréis si las hiciéreis”. Juan 13:12-17. Hay en el hombre una disposición a estimarse más que a su hermano, a trabajar para sí, a buscar el puesto más alto; y con frecuencia esto produce malas sospechas y amargura de espíritu. El rito que precede a la cena del Señor está destinado a aclarar estos malentendidos, a sacar al hombre de su egoísmo, a bajarle de sus zancos de exaltación propia y darle la humildad de corazón que le inducirá a servir a su hermano. CPI 545.3

El santo Vigilante del cielo está presente en estos momentos para hacer de ellos momentos de escrutinio del alma, de convicción del pecado y de bienaventurada seguridad de que los pecados están perdonados. Cristo, en la plenitud de su gracia, está allí para cambiar la corriente de los pensamientos que han estado dirigidos por cauces egoístas. El Espíritu Santo despierta las sensibilidades de aquellos que siguen el ejemplo de su Señor. Al ser recordada así la humillación del Salvador por nosotros, los pensamientos se vinculan con los pensamientos; se evoca una cadena de recuerdos de la gran bondad de Dios y del favor y ternura de los amigos terrenales. CPI 546.1

Dondequiera que este rito se celebra debidamente, los hijos de Dios se ponen en santa relación, para ayudarse y bendecirse unos a otros. Se comprometen a entregar su vida a un ministerio abnegado. Y esto no sólo unos por otros. Su campo de labor es tan vasto como lo era el de su Maestro. El mundo está lleno de personas que necesitan nuestro ministerio. Por todos lados hay pobres desamparados e ignorantes. Los que hayan tenido comunión con Cristo en el aposento alto, saldrán a servir como él sirvió. CPI 546.2

Jesús, que era servido por todos, vino a ser siervo de todos. Y porque ministró a todos, volverá a ser servido y honrado por todos. Y los que quieren participar de sus atributos, y con él compartir el gozo de ver almas redimidas, deben seguir su ejemplo de ministerio abnegado.4 CPI 547.1

Un recordativo de su segunda venida

Mientras estaban reunidos en derredor de la mesa, dijo en tono de conmovedora tristeza: “¡Cuánto he deseado comer con vosotros esta pascua antes que padezca! Porque os digo que no la comeré más, hasta que se cumpla en el reino de Dios. Y habiendo tomado la copa, dio gracias, y dijo: Tomad esto, y repartidlo entre vosotros; porque os digo que no beberé más del fruto de la vid, hasta que el reino de Dios venga”. Lucas 22:15-18.5 CPI 547.2

Pero el servicio de la comunión no había de ser una ocasión de tristeza. Tal no era su propósito. Mientras los discípulos del Señor se reúnen alrededor de su mesa, no han de recordar y lamentar sus faltas. No han de espaciarse en su experiencia religiosa pasada, haya sido ésta elevadora o deprimente. No han de recordar las divergencias existentes entre ellos y sus hermanos. El rito preparatorio ha abarcado todo esto. El examen propio, la confesión del pecado, la reconciliación de las divergencias, todo esto se ha hecho. Ahora han venido para encontrarse con Cristo. No han de permanecer en la sombra de la cruz, sino en su luz salvadora. Han de abrir el alma a los brillantes rayos del Sol de justicia. Con corazones purificados por la preciosísima sangre de Cristo, en plena conciencia de su presencia, aunque invisible, han de oír sus palabras: “La paz os dejo, mi paz os doy; yo no os la doy como el mundo la da”. Juan 14:27.6 CPI 547.3

Al recibir el pan y el vino que simbolizan el cuerpo quebrantado de Cristo y su sangre derramada, nos unimos imaginariamente a la escena de comunión del aposento alto. Parecemos pasar por el huerto consagrado por la agonía de Aquel que llevó los pecados del mundo. Presenciamos la lucha por la cual se obtuvo nuestra reconciliación con Dios. El Cristo crucificado es levantado por nosotros. CPI 548.1

Contemplando al Redentor crucificado, comprendemos más plenamente la magnitud y el significado del sacrificio hecho por la Majestad del cielo. El plan de salvación queda glorificado delante de nosotros, y el pensamiento del Calvario despierta emociones vivas y sagradas en nuestro corazón. Habrá alabanza a Dios y al Cordero en nuestro corazón y en nuestros labios; porque el orgullo y la adoración del yo no pueden florecer en el alma que mantiene frescas en su memoria las escenas del Calvario. CPI 548.2

Mientras la fe contempla el gran sacrificio de nuestro Señor, el alma asimila la vida espiritual de Cristo. Y esa alma recibirá fuerza espiritual de cada comunión. El rito forma un eslabón viviente por el cual el creyente está ligado con Cristo, y así con el Padre. En un sentido especial, forma un vínculo entre Dios y los seres humanos que dependen de él.7 CPI 548.3

El rito de la comunión señala la segunda venida de Cristo. Estaba destinado a mantener esta esperanza viva en la mente de los discípulos. En cualquier oportunidad en que se reuniesen para conmemorar su muerte, relataban como él “tomando la copa, y habiendo dado gracias, les dio, diciendo: Bebed de ella todos; porque esto es mi sangre del nuevo pacto, que por muchos es derramada para remisión de pecados. Y os digo que desde ahora no beberé más de este fruto de la vid, hasta aquel día en que lo beba nuevo con vosotros en el reino de mi Padre”. Mateo 26:27-29. En su tribulación hallaban consuelo en la esperanza del regreso de su Señor. Les era indeciblemente precioso el pensamiento: “Todas las veces que comiéreis este pan, y bebiéreis esta copa, la muerte del Señor anunciáis hasta que venga”. 1 Corintios 11:26. CPI 549.1

Estas son las cosas que nunca hemos de olvidar. El amor de Jesús, con su poder constrictivo, ha de mantenerse fresco en nuestra memoria. Cristo instituyó este rito para que hablase a nuestros sentidos del amor de Dios expresado en nuestro favor. No puede haber unión en nuestras almas y Dios excepto por Cristo. La unión y el amor entre hermanos deben ser cimentados y hechos eternos por el amor de Jesús. Y nada menos que la muerte de Cristo podía hacer eficaz para nosotros este amor. Es únicamente por causa de su muerte por lo que nosotros podemos considerar con gozo su segunda venida. Su sacrificio es el centro de nuestra esperanza. En él debemos fijar nuestra fe.8 CPI 549.2