Conselhos para a Igreja
Capítulo 46 — Cuidando dos que erram
Cristo veio ao mundo, a fim de pôr a salvação ao alcance de todos. Na cruz do Calvário pagou o preço infinito exigido pela redenção do mundo. Sua abnegação e renúncia, Seu trabalho desinteressado, Sua humilhação, e sobretudo, o holocausto de Sua vida, atestam o amor profundo que dedicou à humanidade decaída. Veio para salvar o que se perdera. Sua missão atingia os pecadores de todas as categorias, de qualquer língua ou nação. Por todos pagou o preço de sua redenção, a fim de reintegrá-los na comunhão e harmonia do Céu. Não desprezava os que se haviam feito culpados dos mais graves erros e delitos. Seu trabalho era desempenhado com especial consideração pelos que mais necessitavam da salvação que viera trazer. Quanto mais urgente reforma um caso pedia, tanto mais profundo era Seu interesse, maior Sua simpatia e mais devotados Seus esforços. Seu amorável coração se comovia até às profundezas por aqueles cuja condição menos esperança oferecia e que mais necessitavam de Sua graça regeneradora. [...] CI 259.1
Todavia, entre nós se tem feito notar uma falta de simpatia e amor, profundo e sincero, em prol dos que são tentados e erram. Muitos têm revelado grande frieza e negligência pecaminosa, que Cristo representou pelo indivíduo que passa de largo, guardando a maior distância possível dos que mais necessitam de sua ajuda. A pessoa recém-convertida, sustenta muitas vezes lutas tremendas com hábitos arraigados ou com algumas formas especiais de tentação e, sendo vencida por alguma paixão ou tendência dominante, incorre naturalmente na culpa de imprudência ou real injustiça. Nessas circunstâncias é preciso que os irmãos desenvolvam energia, tato e sabedoria, a fim de ser-lhe restituída a saúde espiritual. É a esses casos que se aplica a admoestação divina: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado”. Gálatas 6:1. “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos”. Romanos 15:1. — Testimonies for the Church 5:603-605. CI 259.2
As censuras brandas, as respostas suaves e palavras agradáveis são muito mais apropriadas para reformar e salvar, do que a severidade e aspereza. Um pouco mais de falta de bondade poderá colocar as pessoas além de seu alcance, ao passo que um espírito conciliatório seria o meio de as prender a você, sendo-lhe então possível confirmá-las no bom caminho. Você deve também ser movida por um espírito perdoador, e dar o devido valor a todo bom desígnio e ação dos que a rodeiam. — Testimonies for the Church 4:65. CI 259.3
“Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei” — Deus realizou Sua parte no plano de salvar o homem e convida agora a igreja a colaborar com Ele. De um lado estão o sangue de Cristo, a Palavra da verdade e o Espírito Santo; do outro, as pessoas que perecem. Cada discípulo de Cristo tem uma parte a desempenhar nesse plano, a fim de induzir os homens a aceitarem as bênçãos que o Céu lhes provê. Façamos uma indagação minuciosa a ver se temos cumprido essa nossa parte. Examinemos os motivos e todos os atos de nossa vida. CI 260.1
Porventura não se nos deparam aí muitos quadros pouco recomendáveis? Muitas vezes recorremos ao perdão de Jesus, sentindo a necessidade de Sua simpatia e amor. Mas acaso não temos negligenciado revelar a outros esse mesmo espírito com que Jesus nos tratou? Tem você experimentado alguma preocupação por pessoas que trilhavam caminhos proibidos, buscando aconselhá-las com bondade? Tem você chorado e orado por elas e com elas, revelando-lhes por palavras e atos que as amava e desejava salvá-las? CI 260.2
Estando em contato com pessoas que sucumbiam ao peso de fraquezas e maus hábitos, porventura as abandonou a si próprias quando poderia ter-lhes prestado o indispensável auxílio? Porventura não passou de largo à vista dessas pessoas, ao passo que o mundo acudia, solícito, a manifestar-lhes simpatia e prendê-las nos laços de Satanás? Muitos estão prontos, como Caim, a justificar-se dizendo: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. CI 260.3
Como reputará o Mestre essa sua obra e considerará essa sua indiferença para com os que se desviaram do caminho reto, quando tem cada vida por preciosa, visto a ter comprado com Seu sangue? Acaso não teme você que Ele o abandone, assim como abandonou a essas pessoas? Pode estar certo de que o Vigia fiel, colocado sobre a casa de Deus, registra toda negligência. [...] CI 260.4
Ainda não é tarde demais para reparar as negligências do passado. Cumpre haver um reavivamento do primeiro amor e do primeiro zelo. Busquem os que têm repelido, e por sua confissão atem as feridas que lhes causaram. Aproximem-se do grande Coração que arde em amor compassivo, deixando que as torrentes da compaixão divina se lhes infiltrem no coração e daí se derramem sobre seus semelhantes. Tomem por exemplo a terna simpatia e compaixão manifestadas na vida de Jesus, guiando-se por elas no trato com seus semelhantes e principalmente com seus irmãos em Cristo. CI 260.5
Muitos se tornaram fracos e desalentados no ardor da luta, aos quais palavras de simpatia e animação teriam ajudado a vencer. Guardem-se sempre de se tornarem frios, negligentes, apáticos, propensos a censurar. Não deixem passar desaproveitada a oportunidade de dizer palavras animadoras que inspirem esperança. Não é possível prever o alcance das palavras boas e amáveis que proferirmos, de qualquer esforço sincero feito para aliviar as cargas aos nossos semelhantes. Certo é, porém, que os que erram só podem ser encaminhados com um espírito de mansidão, bondade e terno amor. — Testimonies for the Church 5:610-613. CI 261.1
Os métodos de Cristo — Ao tratar com membros que cometem faltas, o povo de Deus deve seguir estritamente as instruções dadas pelo Salvador no décimo oitavo capítulo de Mateus. CI 261.2
Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão-Lhe vinculados pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado. Que cuidado devemos por isso exercer em nosso relacionamento! O homem não tem o direito de suspeitar mal de seu semelhante. Os membros da igreja não têm o direito de seguir seus próprios impulsos e inclinações no trato com irmãos que cometeram faltas. Não devem nem mesmo manifestar qualquer preconceito em relação a eles, porque assim fazendo implantam no espírito de outros o fermento do mal. Informações desfavoráveis a algum irmão ou irmã são transmitidas entre os irmãos de um para outro, e praticam-se erros e injustiças pelo único fato de que alguém não está disposto a obedecer às instruções do Senhor Jesus. CI 261.3
“Se teu irmão pecar contra ti”, disse Cristo, “vai, e repreende-o entre ti e ele só”. Mateus 18:15. Não se deve contar a outros o caso de um irmão. Confia-se o caso a uma pessoa, a outra e mais outra; e o mal continua crescendo até que toda a igreja vem a sofrer. O correto é resolver o caso “entre ti e ele só”. Esse é o plano divino. “Não te apresses o litigar, para depois, ao fim, não saberes o que hás de fazer, podendo-te confundir o teu próximo. Pleiteia a tua causa com o teu próximo mesmo, e não descubras o segredo de outro”. Provérbios 25:8, 9. Não devemos tolerar o pecado em nosso irmão; mas também não o exponhamos ao opróbrio, aumentando assim a dificuldade, de modo que a repreensão pareça vingança. Vamos corrigi-lo do modo proposto na Palavra de Deus. CI 261.4
Não permitamos que nosso ressentimento resulte em maldade. Não consintamos que a ferida supure, abrindo-se em termos envenenados, que venham a deixar nódoa no espírito dos que nos ouvem. Não admitamos que persistam em nosso espírito e no dele pensamentos de amargura. Vamos até nosso irmão para, com humildade e sinceridade, conversar com ele sobre o assunto. CI 261.5
Seja qual for a natureza da ofensa, ela não impede que se adote o mesmo plano divino para dirimir mal-entendidos e ofensas. Falar a sós e no espírito de Cristo com a pessoa que praticou a falta bastará, geralmente, para remover a dificuldade. Portanto, deve-se conversar com a pessoa que cometeu a falta e, com o coração cheio do amor e da simpatia de Cristo, buscar com ela a reconciliação. Arrazoar com ela com calma e mansidão. Não se exprimir em termos violentos. Falar-lhe em tom que apele para o bom senso, lembrando as palavras: “Aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”. Tiago 5:20. CI 261.6
Levemos a nosso irmão o remédio que pode curar o mal-estar da desavença. Façamos todo o possível para levantá-lo. Por amor à paz e unidade da igreja, consideremos um privilégio, senão um dever, fazer isso. Se ele nos ouvir, teremos ganho um amigo. CI 262.1
Todo o Céu toma interesse na entrevista que se efetua entre o ofendido e o ofensor. Se este aceita a repreensão ministrada no amor de Cristo, reconhecendo sua falta e pedindo perdão a Deus e ao irmão, a luz celestial lhe inundará o espírito. A controvérsia estará terminada e restabelecida a confiança. O santo óleo do amor faz cessar a dor provocada pela injustiça. O Espírito de Deus torna a unir os corações e há nos céus música pelo restabelecimento da união. CI 262.2
Quando as pessoas desse modo unidas em comunhão cristã fazem orações a Deus, comprometendo-se a proceder retamente, amar a misericórdia e andar diante dEle em humildade, recebem grandes bênçãos e, se tiverem feito injustiças a outros, prosseguirão em sua obra de arrependimento, confissão e restituição, inteiramente dispostas a praticar mutuamente o bem. Esse é o cumprimento da lei de Cristo. CI 262.3
“Se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada”. Mateus 18:16. Diante de irmãos espirituais, deve-se falar acerca da falta com o que estiver em erro. É possível que ceda ao apelo desses irmãos. Vendo que eles concordam no assunto, talvez se persuada. CI 262.4
“E, se não as escutar”, que se deverá fazer então? Deverão alguns poucos, em reunião de comissão tomar a responsabilidade de excluir o irmão? “Se não as escutar”, continua dizendo Jesus, “dize-o à igreja”. Mateus 18:17. Deve a igreja decidir o caso de seus membros. CI 262.5
“Se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”. Mateus 18:17. Se não atender à igreja, se rejeitar os esforços feitos para reconquistá-lo, é a igreja que deve tomar a si a responsabilidade de excluí-lo de sua comunhão. Seu nome deve então ser riscado do livro. — Testimonies for the Church 7:260-262. CI 262.6
Como tratar os que recusam o conselho da igreja — Nenhum oficial de igreja deve aconselhar, nenhuma comissão recomendar e igreja alguma votar a eliminação dos livros do nome de alguém que haja cometido falta, sem que as instruções de Cristo a esse respeito sejam fielmente cumpridas. Se essas instruções forem observadas, a igreja será purificada diante de Deus. A injustiça tem que aparecer tal como é e ser removida, para que não prolifere. O bem-estar e a pureza da igreja devem ser salvaguardados para que possa estar sem mancha diante de Deus, revestida da justiça de Cristo. CI 262.7
Quando a pessoa que errou se arrepende e se submete à disciplina de Cristo, deve ter uma nova oportunidade. E mesmo que não se arrependa e venha a ser excluída da igreja, os servos de Deus têm o dever de com ela tentar esforços, buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render à influência do Espírito de Deus, dando prova de arrependimento, confessando o pecado e a ele renunciando, por mais grave que seja, deve merecer o perdão e ser de novo recebida na igreja. Aos irmãos compete encaminhá-la pela vereda da justiça, tratá-la como desejariam ser tratados em seu lugar, olhando por si mesmos para que não sejam do mesmo modo tentados. CI 263.1
“Em verdade vos digo”, prossegue Jesus, “que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu”. Mateus 18:18. CI 263.2
Essas palavras de Cristo conservaram sua autoridade em todos os tempos. À igreja foi conferido o poder de agir em lugar de Cristo. É a agência de Deus para a conservação da ordem e disciplina entre Seu povo. A ela o Senhor delegou poderes para resolver todas as questões concernentes a sua prosperidade, pureza e ordem. Sobre ela impôs a responsabilidade de excluir de sua comunidade os que dela são indignos, os que por seu procedimento anticristão acarretam desonra para a causa da verdade. Tudo quanto a igreja fizer em conformidade com as instruções dadas na Palavra de Deus, será sancionado no Céu. CI 263.3
Surgem muitas vezes questões graves que têm que ser liqüidadas pela igreja. Os ministros de Deus, por Ele ordenados para guia de Seu povo, devem, depois de fazer sua parte, submeter todas as questões à igreja a fim de que possa haver unidade na decisão a tomar. CI 263.4
O Senhor exige muito cuidado da parte de Seus seguidores no trato recíproco. Sua missão é elevar, restaurar e curar. Todavia, cumpre não negligenciar a disciplina da igreja. Os membros devem considerar-se alunos de uma escola, cumprindo-lhes aprender a formar caráter digno de sua alta vocação. Na igreja, aqui, os filhos de Deus devem ser preparados para a grande reunião da igreja no Céu. Os que aqui levam vida de conformidade com a doutrina de Cristo, podem ter a certeza de uma vida eterna na família dos remidos. — Testimonies for the Church 7:262-264. CI 263.5
A quem confessar? — Todos os que se esforçam por desculpar ou esconder seus pecados, permitindo que permaneçam nos livros do Céu, sem serem confessados e perdoados, serão vencidos por Satanás. Quanto mais exaltada for a sua profissão, e mais honrada a posição que ocupam, mais ofensiva é a sua conduta à vista de Deus, e mais certa é a vitória de seu grande adversário. Os que se retardam no preparo para o dia de Deus, não o poderão obter no tempo de angústia, ou em qualquer ocasião subseqüente. O caso de todos estes é sem esperanças. — O Grande Conflito entre Cristo e Satanás, 620. CI 263.6
Não se exige de você que faça confissão aos que não sabem de seu pecado e seus erros. Não é seu dever publicar uma confissão que levará os incrédulos a triunfarem; mas àqueles a quem é devido, que não se aproveitarão de seu erro, confesse em harmonia com a Palavra de Deus, e permita que eles orem por você, e Deus aceitará o seu empenho, e o sarará. Por amor de sua alma, deixe-se vencer pelos rogos para fazer obra cabal para a eternidade. Ponha de lado seu orgulho, sua vaidade, e aja corretamente. Volte ao redil. O Pastor o aguarda. Arrependa-se, e faça as primeiras obras, e volte ao favor de Deus. — Testimonies for the Church 2:296. CI 264.1
Cristo é vosso Redentor; Ele não tirará nenhuma vantagem da confissão de vossas humilhações. Se tiverdes pecado de caráter oculto, confessai-o a Cristo, único Mediador entre Deus e o homem. “Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo”. 1 João 2:1. Se tendes pecado retendo de Deus o que Lhe pertence em dízimos e ofertas, confessai a Deus e à igreja o vosso delito, e atendei a admoestação que Ele vos deu: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”. Malaquias 3:10. — Conselhos Sobre Saúde, 373. CI 264.2
O povo de Deus precisa agir com sensatez. Não deveriam ficar satisfeitos até que cada pecado conhecido seja confessado; então é seu privilégio e dever crer que Jesus os aceita. Não devem esperar que outros dissipem as trevas e obtenham para eles a vitória. Essa satisfação dura apenas até o encerramento das reuniões. Mas Deus deve ser servido por princípio e não por sentimentos. De manhã e à noite, ganhem a vitória nas próprias famílias. Que nenhum trabalho diário os afastem disso. Tomem tempo para orar, e quando estiverem orando, creiam que Deus os ouve. Misturem suas orações com fé. Nem sempre vocês obterão resposta imediata, mas é aí que a fé deve prevalecer. — Testimonies for the Church 1:167. CI 264.3
Somente Cristo pode julgar — Cristo condescendeu em colocar-Se à frente da humanidade para sofrer tentações e suportar as provas que a humanidade tem que sofrer e suportar. Tinha de conhecer o que a humanidade tem que sofrer da parte do inimigo caído, a fim de saber como socorrer os que são tentados. CI 264.4
E Cristo foi feito nosso juiz. O Pai não é o juiz. Tampouco o são os anjos. Aquele que Se revestiu da humanidade e viveu neste mundo vida perfeita, será quem nos há de julgar. Só Ele pode ser nosso Juiz. Lembrar-nos-emos disso, irmãos? Lembrar-se-ão disso os pastores? E os pais e mães, se lembrarão? Cristo assumiu a humanidade para poder ser nosso Juiz. Nenhum de nós foi designado para julgar a outrem. Tudo o que podemos fazer é corrigir-nos. Exorto-lhes, em nome de Cristo, a obedecer à ordem que lhes dá, de nunca assumirem a atitude de juízes. Dia a dia me tem soado aos ouvidos esta mensagem: “É preciso descer do assento de juiz! Há que se ter mais humildade!” — Testimonies for the Church 9:185, 186. CI 264.5
Deus não observa todos os pecados como sendo de igual magnitude. Há graus de culpabilidade a Seus olhos tanto quanto aos olhos do homem finito. Conquanto este ou aquele erro possa ser insignificante aos olhos do homem, não o é, porém, à vista de Deus. Nenhum pecado é pequeno à vista de Deus. Os pecados que o homem está disposto a considerar como pequenos podem ser precisamente aqueles que Deus considera como grandes crimes. O beberrão é desprezado e dele é dito que o seu pecado o excluirá do Céu, ao passo que o orgulho, o egoísmo e a cobiça seguem sem repreensão. Mas esses são pecados de modo especial ofensivos a Deus. Ele “resiste ao soberbo”, e Paulo diz que a cobiça é idolatria. Aqueles que estão familiarizados com as denúncias contra a idolatria na Palavra de Deus, verão sem demora quão grave ofensa esse pecado é. — Testimonies for the Church 5:337. CI 265.1
Capítulo 46—Cómo tratar con los que yerran
Cristo vino a poner la salvación al alcance de todos. Sobre la cruz del Calvario pagó el precio infinito de la redención de un mundo perdido. Su abnegación y sacrificio propio, su labor altruista, su humillación, sobre todo la ofrenda de su vida, atestiguan la profundidad de su amor por el hombre caído. Vino a esta tierra a buscar y salvar a los perdidos. Su misión estaba destinada a los pecadores: de todo grado, de toda lengua y nación. Pagó el precio para rescatarlos a todos y conseguir que se le uniesen y simpatizasen con él. Los que más yerran, los más pecaminosos, no fueron pasados por alto; sus labores estaban especialmente dedicadas a aquellos que más necesitaban la salvación que él había venido a ofrecer. Cuanto mayores eran sus necesidades de reforma, más profundo era el interés de él, mayor su simpatía, y más fervientes sus labores. Su gran corazón lleno de amor se conmovió hasta sus profundidades en favor de aquellos cuya condición era más desesperada, de aquellos que más necesitaban su gracia transformadora. CPI 459.1
Pero entre nosotros como pueblo hace falta una simpatía profunda y ferviente, que conmueva el alma, y necesitamos tener amor por los tentados y los que yerran. Muchos han manifestado gran frialdad y la negligencia pecaminosa que Cristo representó por el hombre que se pasó de un lado; se han mantenido tan alejados como podían de aquellos que necesitan ayuda. El alma recién convertida tiene con frecuencia fieros conflictos con costumbres arraigadas, o con alguna forma especial de tentación, y, siendo vencida por alguna pasión o tendencia dominante, comete a veces alguna indiscreción o un mal verdadero. Entonces es cuando se requieren energía, tacto y sabiduría de parte de sus hermanos, a fin de que pueda serle devuelta la salud espiritual. A tales casos se aplican las instrucciones de la Palabra de Dios: “Hermanos, si alguno fuere sorprendido en alguna falta, vosotros que sois espirituales, restauradle con espíritu de mansedumbre, considerándote a ti mismo, no sea que tú también seas tentado”. “Así que, los que somos más fuertes debemos soportar las flaquezas de los débiles, y no agradarnos a nosotros mismos”. Gálatas 6:1; Romanos 15:1.1 CPI 460.1
Las medidas benignas, las respuestas impregnadas de mansedumbre y las palabras agradables se prestan mucho más para reforzar y salvar que la severidad y la dureza. Un poco de dureza excesiva puede colocar a las personas fuera de nuestro alcance, mientras que un espíritu conciliador sería el medio de vincularlas con nosotros, y podríamos entonces corroborarlas en el buen camino. Debemos ser también impulsados por un espíritu perdonador y reconocer todo buen propósito y acto de los que nos rodean.2 CPI 460.2
“Amaos los unos a los otros como yo os he amado”
Dios ha hecho su parte en la obra de salvar a los hombres, y ahora pide la cooperación de la iglesia. Allí está la sangre de Cristo, la Palabra de verdad, el Espíritu Santo, por un lado, y por el otro las almas que perecen. Cada uno de los que siguen a Cristo tiene que hacer una parte para inducir a los hombres a aceptar las bendiciones que el cielo ha provisto. Examinémonos detenidamente a nosotros mismos y veamos si hemos hecho esta obra. Indaguemos nuestros motivos y cada acción de nuestra vida. ¿No hay muchos cuadros desagradables grabados en la memoria? Con frecuencia habéis necesitado el perdón de Jesús. Habéis dependido constantemente de su compasión y amor. Sin embargo, ¿habéis dejado de manifestar hacia otros el espíritu que Cristo manifestó hacia vosotros? ¿Habéis sentido preocupación por aquel a quien visteis aventurarse por sendas prohibidas? ¿Habéis llorado y orado por él y con él? ¿Habéis demostrado por vuestras palabras de ternura y actos bondadosos que le amabais y deseabais salvarle? Mientras tratabais a aquellos que vacilaban y se tambaleaban bajo la carga de sus propias flaquezas de disposición y de sus hábitos defectuosos, ¿los habéis dejado pelear sus batallas solos, cuando podríais haberlos ayudado? ¿No habéis pasado de un lado del camino frente a estas almas fieramente tentadas, mientras que el mundo estaba listo para manifestarles simpatía y para atraerlas a las redes de Satanás? ¿No habéis estado como Caín listos para decir: “¿Soy yo acaso guarda de mi hermano?” Génesis 4:9. ¿Cómo debe considerar vuestra vida la gran Cabeza de la iglesia? ¿Cómo mira vuestra indiferencia para con los que se extravían del buen camino, Aquel para quien toda alma es preciosa, como comprada por su sangre? ¿No teméis que él os deje como los habéis dejado a ellos? Tened por seguro que el verdadero Centinela de la casa del Señor ha notado toda negligencia. CPI 461.1
No es todavía demasiado tarde para redimir la negligencia pasada. Reavívese el primer amor, el primer ardor. Buscad a aquellos que ahuyentasteis, vendad por medio de la confesión las heridas que hicisteis. Acercaos al gran corazón de amor compasivo y dejad que la corriente de esa compasión divina fluya a vuestro corazón, y de vosotros a los corazones ajenos. Sea la ternura y misericordia que Jesús reveló en su preciosa vida un ejemplo de la manera en que nosotros debemos tratar a nuestros semejantes, especialmente a los que son nuestros hermanos en Cristo. Muchos que podrían haber sido fortalecidos hasta la victoria por una palabra de aliento y valor, han desmayado y se han desalentado en la gran lucha de la vida. Nunca seáis fríos, sin corazón y simpatía, ni dados a la censura. Nunca perdáis una oportunidad de decir una palabra que anime e inspire esperanza. No podemos decir cuánto alcance pueden tener nuestras palabras tiernas y bondadosas, nuestros esfuerzos semejantes a los de Cristo para aliviar alguna carga. Los que yerran no pueden ser restaurados de otra manera alguna que por el espíritu de mansedumbre, amabilidad y tierno amor.3 CPI 462.1
Los métodos de Cristo en la disciplina de la iglesia
Al tratar con los miembros de la iglesia que yerran, el pueblo de Dios debe seguir cuidadosamente las instrucciones dadas por el Salvador en el capítulo 18 de Mateo. CPI 462.2
Los seres humanos son propiedad de Cristo, comprados por él a un precio infinito, y vinculados con él por el amor que él y su Padre han manifestado hacia ellos. ¡Cuán cuidadosos debemos ser, pues, en nuestro trato unos con otros! Los hombres no tienen derecho a sospechar el mal con respecto a sus semejantes. Los miembros de la iglesia no tienen derecho a seguir sus propios impulsos e inclinaciones al tratar con miembros que han errado. No deben siquiera expresar sus prejuicios acerca de los que erraron; porque así ponen en otras mentes la levadura del mal. Los informes desfavorables de un hermano o hermana de la iglesia se comunican de unos a otros miembros. Se cometen errores e injusticias porque algunos no quieren seguir las instrucciones dadas por el Señor Jesús. CPI 463.1
“Si tu hermano peca contra ti—declaró Cristo—, vé y repréndele estando tú y él solos”. Mateo 18:15. No habléis del mal a otro. Si este mal es contado a una persona, luego a otra, y aun a otra, el informe crece continuamente, y el daño aumenta hasta que toda la iglesia tiene que sufrir. Arréglese el asunto “entre tú y el solo”. Tal es el plan de Dios. “No entres apresuradamente en pleito, no sea que no sepas que hacer al fin, después que tu prójimo te haya avergonzado. Trata tu causa con tu compañero, y no descubras el secreto a otro”. Proverbios 25:8, 9. No toleréis el pecado en vuestro hermano, pero no lo expongáis ni aumentéis la dificultad haciendo que la reprensión parezca como una venganza. Corregidle de la manera esbozada en la Palabra de Dios. CPI 463.2
No permitáis que el resentimiento madure en malicia. No dejéis que la herida se infecte y reviente en palabras envenenadas que manchen la mente de quienes las oigan. No permitáis que los pensamientos amargos continúen embargando vuestro ánimo y el suyo. Id a vuestro hermano, y con humildad y sinceridad habladle del asunto. CPI 464.1
Cualquiera que sea el carácter de la ofensa, no cambia el plan que Dios trazó para el arreglo de las desinteligencias e injurias personales. El hablar a solas con el espíritu de Cristo a aquel que faltó eliminará la consiguiente dificultad. Id a aquel que erró, con el corazón lleno del amor y la simpatía de Cristo, y tratad de arreglar el asunto. Razonad con él con calma y tranquilidad. No dejéis escapar de vuestros labios palabras airadas. Hablad de una manera que apele a su mejor criterio. Recordad las palabras: “Sepa que el que haga volver al pecador del error de su camino, salvará de muerte un alma, y cubrirá multitud de pecados”. Santiago 5:20. CPI 464.2
Llevad a vuestro hermano el remedio que curará la enfermedad del desafecto. Haced vuestra parte para ayudarle. Por amor a la paz y unidad de la iglesia, considerad este proceder tanto un privilegio como un deber. Si él os oye, le habréis ganado como amigo. CPI 464.3
Todo el cielo está interesado en la entrevista entre aquel que ha sido perjudicado y el que está en error. Y cuando el que erró acepta la reprensión ofrecida con el amor de Cristo y, reconociendo su error, pide perdón a Dios y a su hermano, la alegría del cielo llena su corazón. La controversia terminó. La amistad y la confianza quedaron restauradas. El aceite del amor elimina la irritación causada por el mal. El Espíritu de Dios liga un corazón al otro; y hay en el cielo música por la unión realizada. CPI 464.4
Mientras los que están así unidos en la comunión cristiana ofrecen oración a Dios y se comprometen a obrar con justicia, a amar la misericordia y a andar humildemente con Dios, reciben gran bendición. Si se ha perjudicado a otros, continúen la obra de arrepentimiento, confesión y restitución, plenamente resueltos a hacerse bien unos a otros. Este es el cumplimiento de la ley de Cristo. CPI 465.1
“Más si no te oyere, toma aún contigo a uno o dos, para que en boca de dos o tres testigos conste toda palabra”. Mateo 18:16. Tomad con vosotros personas de ánimo espiritual, y hablad de su mal al que erró. Tal vez ceda a las súplicas unidas de sus hermanos. Al ver cómo ellos están de acuerdo en el asunto, tal vez su mente quede iluminada. CPI 465.2
Y, “si no los oyere a ellos”, ¿qué debe hacerse? ¿Tendrán que asumir algunas personas de la junta directiva la responsabilidad de despedir de la iglesia al que erró? “Y si no los oyere a ellos, dilo a la iglesia”. Mateo 18:17. Tome la iglesia un acuerdo con respecto a sus miembros. CPI 465.3
Y “si no oyere a la iglesia, tenle por gentil y publicano”. Mateo 18:17. Si él no quiere escuchar a la iglesia, si rechaza todos los esfuerzos hechos por salvarle, a la iglesia incumbe la responsabilidad de separarle de su comunión. Su nombre debe entonces borrarse de los libros.4 CPI 465.4
El deber de la iglesia con aquellos que rehúsan su consejo
Ningún dirigente de la iglesia debe aconsejar, ninguna junta directiva recomendar, ni ninguna iglesia votar que el nombre de una persona que obra mal sea excluido de los libros de la iglesia, hasta que se hayan seguido fielmente las instrucciones dadas por Cristo. Cuando estas instrucciones se hayan cumplido, la iglesia queda justificada delante de Dios. El mal debe, pues, presentarse tal cual es, y debe ser suprimido, a fin de que no se propague. La salud y la pureza de la iglesia deben ser preservadas, para que ella aparezca delante de Dios sin mancha, revestida del manto de la justicia de Cristo. CPI 466.1
Si el que erró se arrepiente y se somete a la disciplina de Cristo, se le ha de dar otra oportunidad. Y aun cuando no se arrepienta, aun cuando quede fuera de la iglesia, los siervos de Dios tienen todavía una obra que hacer en su favor. Han de procurar fervientemente que se arrepienta. Y por grave que haya sido su ofensa, si él cede a las súplicas del Espíritu Santo y, confesando y abandonando su pecado, da indicios de arrepentimiento, se le debe perdonar y darle de nuevo la bienvenida al redil. Sus hermanos deben animarle en el buen camino, tratándole como quisieran ser tratados si estuviesen en su lugar, considerándose a sí mismos, no sea que ellos sean tentados también. CPI 466.2
“De cierto os digo—continuó Cristo—, que todo lo que atéis en la tierra, será atado en el cielo; y todo lo que desatéis en la tierra será desatado en el cielo”. Mateo 18:18. CPI 466.3
Esta declaración rige para todos los siglos. A la iglesia ha sido conferido el poder de actuar en lugar de Cristo. Es instrumento de Dios para la conservación del orden y la disciplina entre su pueblo. En ella ha delegado el Señor el poder para arreglar todas las cuestiones relativas a su prosperidad, pureza y orden. A ella le incumbe la responsabilidad de excluir de su comunión a los que no son dignos de ella, a los que por su conducta anticristiana deshonrarían la verdad. Cuanto haga la iglesia que esté de acuerdo con las indicaciones dadas en la Palabra de Dios será ratificado en el cielo. CPI 466.4
Se presentan asuntos de grave importancia para que los decida la iglesia. Los ministros de Dios, ordenados por él como guías de su pueblo, deben, después de hacer su parte, someter todo el asunto a la iglesia, para que haya unidad en la decisión tomada. CPI 467.1
El Señor desea que los que le siguen ejerzan gran cuidado en su trato mutuo. Han de elevar, restaurar y sanar. Pero no debe haber en la iglesia negligencia de la debida disciplina. Los miembros han de considerarse como alumnos en una escuela, y aprender a formar un carácter digno de su alta vocación. En la iglesia de esta tierra, los hijos de Dios han de quedar preparados para la gran reunión de la iglesia del cielo. Los que vivan aquí en armonía con Cristo pueden esperar una vida inacabable en la familia de los redimidos.5 CPI 467.2
¿A quién debe hacerse la confesión?
Todos los que tratan de excusar u ocultar sus pecados, dejándolos sin confesar y sin haber sido perdonados en los registros del cielo, serán vencidos por Satanás. Cuanto más exaltada sea su profesión y honroso el puesto que desempeñen, tanto más graves aparecen sus faltas a la vista de Dios, y tanto más seguro es el triunfo de su gran adversario. Los que tardan en prepararse para el día del Señor, no podrán hacerlo en el tiempo de angustia ni en ningún momento subsiguiente. El caso de los tales es desesperado.6 CPI 467.3
No se requiere de usted que se confiese ante aquellos que no conocen su pecado y sus errores. No es su deber publicar una confesión que haga triunfar a los incrédulos; debe confesarse ante quienes corresponde, ante los que no se aprovecharán de sus yerros. Confiésese de acuerdo con la Palabra de Dios, y permita que sus prójimos oren por usted y Dios aceptará su obra y le sanará. Por amor de su alma, escuche las súplicas que le instan a hacer una obra cabal para la eternidad. Ponga a un lado su orgullo, su vanidad, y haga lo recto. Vuelva al redil. El Pastor le aguarda y le recibirá. Arrepiéntase, haga sus primeras obras, y vuelva a gozar del favor de Dios.7 CPI 468.1
Cristo es su Redentor, y no tomará ventaja de sus confesiones humilladoras. Si tienen pecados de carácter privado, confiésenlos a Cristo, quien es el único Mediador entre Dios y el hombre. “Y si alguno hubiere pecado, abogado tenemos para con el Padre, a Jesucristo el justo”. 1 Juan 2:1. Si han pecado reteniendo de Dios sus diezmos y ofrendas, confiesen su culpa a Dios y a la iglesia, y obedezcan lo que él ha ordenado: “Traed todos los diezmos al alfolí”. Malaquías 3:10.8 CPI 468.2
El pueblo de Dios debe avanzar de manera inteligente. No deben quedar satisfechos hasta que cada pecado conocido ha sido confesado. Después, es su privilegio y deber creer que Jesús los acepta. No deben esperar a que otros se abran camino en medio de la oscuridad y obtengan la victoria para que ellos la disfruten. Tal gozo durará sólo hasta que se termine la reunión. Debemos servir a Dios por principio y no por sentimiento. Cada mañana y cada noche obtened la victoria para vosotros en vuestra propia familia. Que vuestro trabajo diario no os impida esto. Tornad tiempo para orar, y mientras oráis, creed que Dios os escucha. Mezclad la fe con vuestras oraciones. No siempre podréis sentir la respuesta inmediata, pero es entonces cuando es probada la fe.9 CPI 468.3
Sólo Cristo puede juzgar al hombre
Cristo se humilló para encabezar a la humanidad, para afrontar las tentaciones y sobrellevar las pruebas que los hombres deben arrostrar y soportar. Debía conocer lo que la humanidad debe arrostrar de parte del enemigo caído, a fin de saber cómo socorrer a los que son tentados. CPI 469.1
Y Cristo ha sido hecho nuestro Juez. No es el Padre el Juez. Tampoco lo son los ángeles. Nos juzgará Aquel que se revistió de nuestra humanidad y vivió una vida perfecta en este mundo. El solo puede ser nuestro Juez. ¿Os acordaréis de ello, hermanos y hermanas? ¿Lo recordaréis también vosotros los predicadores? ¿Y vosotros también, padres y madres? Cristo se revistió de nuestra humanidad para poder ser nuestro Juez. Ninguno de vosotros ha sido designado para juzgar a otros. Todo lo que podéis hacer es corregiros a vosotros mismos. Os exhorto, en el nombre de Cristo, a obedecer la orden que os da, de no sentaros jamás en el sitial del juez. Día tras día, este mensaje ha repercutido en mis oídos: “Bajad del estrado del tribunal. Bajad de él con humildad”.10 CPI 469.2
Dios no considera todos los pecados como de igual magnitud; hay grados de culpabilidad en su estima como en la del hombre finito. Pero por trivial que parezca a los ojos de los hombres este o aquel otro mal, ningún pecado es pequeño a la vista de Dios. Los pecados que el hombre está dispuesto a considerar como pequeños pueden ser los que Dios tiene por grandes crímenes. Se desprecia al borracho, se le dice que su pecado lo excluirá del cielo, mientras que el orgullo y el egoísmo y la codicia no reciben reprensión. Pero estos pecados ofenden particularmente a Dios. El “resiste a los soberbios” (Santiago 4:6) y Pablo dice que la avaricia es idolatría. Colosenses 3:5. Los que conocen las denuncias pronunciadas en la Palabra de Dios contra la idolatría, verán en seguida cuán grave ofensa es este pecado.11 CPI 470.1