Conselhos para a Igreja

34/67

Capítulo 33 — A crítica e seus efeitos

Devem os cristãos ser cuidadosos em relação a suas palavras. Não devem nunca passar adiante informações desfavoráveis, de um de seus amigos a outro, especialmente se perceberem haver falta de união entre eles. É cruel dar a entender e insinuar, como se soubéssemos em relação a esse amigo ou aquele conhecido, muita coisa ignorada pelos demais. Essas insinuações prosseguem e criam impressões mais desfavoráveis do que se os fatos fossem francamente relatados, de maneira livre de exagero. Que danos não tem sofrido a igreja de Cristo por causa dessas coisas! O procedimento incoerente e desavisado de seus membros tem tornado a igreja débil como a água. Tem sido traída a confiança por membros da mesma igreja, e no entanto o culpado não pretendia fazer mal. A falta de prudência na escolha de assuntos de conversa tem feito muito dano. CI 177.1

Deve a conversa ser sobre coisas espirituais e divinas; mas tem sido diferente. Se a associação com amigos cristãos é dedicada especialmente ao aperfeiçoamento da mente e do coração, não haverá remorsos depois, e poderão recordar a conversa com prazer e satisfação. Mas se as horas são despendidas em leviandades e em falar ocioso, empregando-se o precioso tempo em dissecar a vida e o caráter de outros, a associação amistosa se demonstrará fonte de males, e sua influência será “cheiro de morte para morte”. 2 Coríntios 2:16. — Testimonies for the Church 2:186, 187. CI 177.2

Pensar o bem a respeito de todos — Quando damos ouvidos a uma difamação contra nosso irmão, somos responsáveis pela mesma. À pergunta: “Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? Quem morará no Teu santo monte?”, responde o salmista: “Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração: aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhuma afronta contra o seu próximo”. Salmos 15:1-3. CI 177.3

Que quantidade de vã tagarelice seria evitada, se todos se lembrassem de que aqueles que lhes contam as faltas dos outros, com a mesma sem-cerimônia publicarão as faltas dos seus interlocutores, caso tenham oportunidade! Devemos esforçar-nos por pensar bem de todas as pessoas, especialmente de nossos irmãos, até que sejamos forçados a pensar de outro modo. Não devemos ter pressa em acreditar em relatórios maus. Eles são muitas vezes resultado de inveja ou mal-entendidos ou podem proceder de exageros ou de uma exposição tendenciosa de fatos. O ciúme e a suspeita, caso se lhes dê atenção, espalhar-se-ão aos quatro ventos, como as sementes de uma praga. Se um irmão se desvia, é então ocasião de mostrarem seu real interesse por ele. Vão falar com ele bondosamente, orem com ele e por ele, lembrando-se do preço infinito que Cristo pagou por sua redenção. Desse modo poderão salvar uma pessoa e cobrir “multidão de pecados”. Tiago 5:20. CI 177.4

Um olhar, uma palavra e mesmo a inflexão da voz, podem ser a expressão da falsidade, cravando-se qual seta farpada em algum coração, infligindo-lhe ferida incurável. Assim uma dúvida, uma difamação, pode ser lançada sobre uma pessoa por intermédio da qual Deus iria realizar uma boa obra, prejudicando-lhe a influência e destruindo-lhe a utilidade. Entre algumas espécies de animais, se um dentre eles é ferido e cai, é imediatamente atacado e rasgado em pedaços por seus companheiros. No mesmo espírito cruel condescendem homens e mulheres que tomam o nome de cristãos. Manifestam um zelo farisaico em apedrejar outros menos culpados que eles. Alguns apontam para as faltas e fracassos alheios a fim de distrair a atenção dos outros, ou para serem considerados muito zelosos em prol de Deus e da igreja. — Testimonies for the Church 5:58, 59. CI 178.1

O tempo gasto em criticar os motivos e atos dos servos de Cristo melhor poderia ser empregado em oração. Muitas vezes, se os que buscam defeitos nos outros conhecessem a verdade acerca desses a quem criticam, teriam opinião inteiramente diversa. Quanto melhor não seria que, em vez de criticar e condenar os outros, cada um dissesse: “Preciso cuidar de minha própria salvação. Se eu cooperar com Aquele que deseja salvar a minha alma, terei que vigiar diligentemente a mim mesmo. Terei que excluir de minha vida todo mal. Tenho que tornar-me uma nova criatura em Cristo. Tenho que vencer todo defeito. Então, em vez de enfraquecer os que estão a lutar contra o mal, posso fortalecê-los com palavras animadoras”. — Testimonies for the Church 8:83, 84. CI 178.2

O invejoso não reconhece o bem nos outros — Não devemos permitir que nossa perplexidade e desapontamentos nos corroam, tornando-nos impertinentes e impacientes. Não haja discórdia, nem suspeitas ou maledicência, para não ofendermos a Deus. Meu irmão, se abrir seu coração à inveja e às vis suspeitas, o Espírito Santo não poderá habitar em você. Busque a plenitude que há em Cristo. Trabalhe da forma por Ele indicada. Que todo pensamento, palavra e ato O revele. Tem de haver um diário batismo do amor que nos dias dos apóstolos os unificava. Esse amor trará saúde ao corpo, espírito e mente. Circunde seu espírito com uma atmosfera que fortaleça a vida espiritual. Cultive a fé, a esperança, o ânimo e o amor. Que a paz de Deus reine no seu coração. — Testimonies for the Church 8:191. CI 178.3

A inveja não é meramente um desvio de temperamento, mas uma desordem que afeta todas as faculdades. Começou com Satanás. Ele desejou ser o primeiro no Céu e, como não alcançasse todo o poder e glória que buscava, rebelou-se contra o governo de Deus. Invejou nossos primeiros pais, tentando-os ao pecado, e assim os arruinou, e a todo o gênero humano. CI 178.4

O invejoso fecha os olhos às boas qualidades e nobres ações dos outros. Está sempre pronto a desprezar e representar falsamente aquilo que é excelente. Os homens muitas vezes confessam e abandonam outras faltas; do homem invejoso, porém, pouco se pode esperar. Visto como invejar a alguém é admitir que ele e superior, o orgulho não tolerará nenhuma concessão. Se for feita uma tentativa de convencer de seu pecado a pessoa invejosa, ela se torna ainda mais amarga contra o objeto de sua paixão, e muitas vezes permanece incurável. CI 179.1

O invejoso espalha veneno aonde quer que vá, separando amigos e suscitando ódio e rebelião contra Deus e as pessoas. Procura ser considerado o melhor e o maior, não mediante heróicos e abnegados esforços por alcançar o alvo da excelência, mas sim ficando onde está e diminuindo o mérito dos outros. [...] CI 179.2

O apóstolo Tiago diz que a língua que se deleita no dano que causa, a língua mexeriqueira que diz: “Conte, e eu o espalharei” (Tiago 3:6), é inflamada pelo inferno. Ela espalha tições de fogo por toda parte. Que importa ao tagarela se ele difama o inocente? Ele não deterá sua obra má, embora destrua a esperança e o ânimo daqueles que já estão se afogando sob as suas cargas. O que mais fazem é condescender com a sua inclinação de amar o escândalo. Mesmo professos cristãos fecham os olhos a tudo que é puro, honesto, nobre e amável, entesourando tudo que é objetável e desagradável, e publicando-o ao mundo. — Testimonies for the Church 5:56, 57. CI 179.3

Ciúme e falsidade — Dói-me dizer que existem línguas desenfreadas entre os membros da igreja. Há línguas falsas, que se alimentam da maldade. Há línguas astutas, que segredam. Há loquacidade, impertinente intrometimento, insinuações hábeis. Entre os amantes da tagarelice, alguns são movidos pela curiosidade, outros pela inveja, muitos pelo ódio contra aqueles por meio dos quais Deus falou para os reprovar. Todos esses elementos discordantes estão ativos. Alguns ocultam seus sentimentos reais, enquanto outros estão ansiosos por divulgar tudo que sabem, ou mesmo suspeitam, dos males alheios. CI 179.4

Vi que o próprio espírito de perjúrio, capaz de transformar a verdade em falsidade, o bem em mal, e em crime a inocência, está agora ativo. Satanás está exultante com a condição do professo povo de Deus. Enquanto muitos negligenciam sua própria salvação, vigiam ansiosamente por uma oportunidade para criticar e condenar os outros. Todos têm defeitos de caráter, e não é difícil descobrir alguma coisa que a inveja pode interpretar para seu mal. “Ora”, dizem esses juízes por iniciativa própria, “temos fatos. Nós lhes faremos uma acusação da qual não se poderão livrar”. Daí aguardam uma oportunidade apropriada e então põem em ação sua enorme coleção de boatos e maledicências. CI 179.5

Em seu empenho por apresentar um problema, pessoas que têm por natureza uma imaginação criativa estão em perigo de se enganarem a si mesmas e aos outros. Apanham expressões que outros utilizaram em momento descuidado, despercebidas de que as palavras podem ser pronunciadas precipitadamente, não refletindo assim os verdadeiros sentimentos de quem as proferiu. Mas essas observações não ponderadas, muitas vezes tão banais que não merecem atenção, são olhadas através da lente de Satanás, meditadas e repetidas, até que montículos de terra juntados pelas toupeiras se transformam em montanhas. [...] CI 180.1

Será caridade cristã apanhar todo boato que por aí flutue, desenterrar tudo que lance suspeita sobre o caráter de outro, e então ter prazer em empregar isso para prejudicar as pessoas? Satanás exulta quando pode difamar ou ferir um seguidor de Cristo. Ele é o “acusador dos irmãos”. Apocalipse 12:10. Deverão os cristãos ajudá-lo em sua obra? CI 180.2

Os olhos de Deus, que tudo vêem, notam os defeitos de todos e a paixão dominante de cada qual; contudo, têm paciência com os nossos erros, e Se compadecem de nossa fraqueza. Ele ordena ao Seu povo que nutra o mesmo espírito de ternura e paciência. Os verdadeiros cristãos não exultarão em expor as faltas e deficiências de outros. Manterão distância da vileza e deformidade, para fixar a mente naquilo que é atraente e amável. Para o cristão todo ato de crítica e toda palavra de censura ou condenação são penosos. — Testimonies for the Church 5:94-96. CI 180.3

Os efeitos de criticar a igreja e seus líderes — O espírito de tagarelice e maledicência é um dos instrumentos especiais de Satanás para semear discórdia e luta, para separar amigos e solapar a fé de muitos na veracidade de nossas crenças. Os irmãos e as irmãs estão demasiado prontos para falar das faltas e erros que julgam existir em outros, e especialmente nos que têm apresentado sem recuo as mensagens de repreensão e advertência que o Senhor lhes confiou. CI 180.4

Os filhos desses queixosos escutam de ouvidos abertos e recebem o veneno da desafeição. Os pais fecham assim, cegamente, os meios pelos quais poderia ser alcançado o coração dos filhos. Quantas famílias temperam suas refeições diárias com dúvidas e críticas! Dissecam o caráter de seus amigos e o servem como delicada sobremesa. Um precioso bocado de maledicência é passado ao redor da mesa, para ser comentado, não só por adultos, mas também por crianças. Nisso Deus é desonrado. Disse Jesus: “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes”. Mateus 25:40. Portanto, Cristo é menosprezado e profanado pelos que difamam Seus servos. CI 180.5

Os nomes dos escolhidos servos de Deus têm sido usados com desrespeito, e em alguns casos com absoluto desdém, por certas pessoas cujo dever é apoiá-los. As crianças não têm deixado de ouvir as observações desrespeitosas dos pais com referência às solenes repreensões e advertências dos servos de Deus. Têm compreendido os escarnecedores gracejos e palavras depreciativas que de tempos a tempos lhes têm chegado aos ouvidos, e a tendência tem sido nivelar, em sua mente, os interesses sagrados e eternos, com os negócios comuns do mundo. Que obra realizam esses pais, fazendo de seus filhos uns incrédulos, já na infância! Desta maneira é que as crianças são ensinadas a serem irreverentes e a se rebelarem contra as repreensões do pecado, enviadas pelo Céu. CI 180.6

Onde existem semelhantes males, só pode prevalecer o declínio espiritual. Esses mesmos pais e mães, cegados pelo inimigo, admiram-se de que os filhos sejam tão inclinados à incredulidade, e a duvidarem da verdade da Bíblia. Admiram-se de que seja tão difícil alcançá-los por influências morais e religiosas. Tivessem eles visão espiritual, e descobririam desde logo que esse deplorável estado de coisas é resultado de sua própria influência doméstica, produto de seus ciúmes e desconfiança. Assim, muitos incrédulos são feitos nos círculos familiares de professos cristãos. CI 181.1

Muitos há que encontram prazer especial em falar demoradamente nos defeitos, reais ou imaginários, dos que arcam sob pesadas responsabilidades em relação com as instituições da causa de Deus. Passam por alto o bem que tem sido realizado, os benéficos resultados do árduo esforço e persistente dedicação à causa, e prendem a atenção em alguns aparentes erros, coisas que, depois de cometidas e ao seguirem-se as conseqüências, imaginam eles que poderiam ter sido executadas de modo melhor, com resultados mais lisonjeiros. No entanto a verdade é que, tivessem eles sido encarregados do trabalho, ou se haveriam recusado a agir em vista das circunstâncias desencorajadoras do caso, ou teriam agido mais indiscretamente do que os que efetuaram a obra, seguindo o caminho aberto pela providência de Deus. CI 181.2

Mas esses incontroláveis faladores apegam-se ferrenhamente aos aspectos mais desagradáveis da obra, tal como os líquens se agarram às asperezas da rocha. Essas pessoas atrofiam-se espiritualmente por se demorarem continuamente sobre os fracassos e faltas dos outros. São moralmente incapazes de discernir as ações boas e nobres, os esforços altruístas, o verdadeiro heroísmo e o sacrifício próprio. Não vão se tornando mais nobres e elevados em sua vida e esperanças, nem mais generosos e amplos em suas idéias e planos. Não cultivam aquela caridade que deve caracterizar a vida do cristão. Degeneram dia a dia, tornando-se mais estreitos em seus preconceitos e opiniões. A pequenez é seu elemento, e a atmosfera que os rodeia é peçonhenta para a paz e a felicidade. — Testimonies for the Church 4:195, 196. CI 181.3

Toda instituição terá que lutar com dificuldades. As aflições são permitidas para provar o coração do povo de Deus. Quando a adversidade sobrevém a uma das instituições do Senhor, fica evidente quão verdadeira fé temos em Deus e em Sua obra. Nessas ocasiões, ninguém considere as coisas sob o pior aspecto, dando vazão a dúvidas e descrença. Não critiquemos os que arcam com o peso das responsabilidades. Não sejam as conversas envenenadas em nosso lar pela crítica aos obreiros do Senhor. Pais que condescendem com esse espírito de crítica não estão apresentando perante os filhos aquilo que os há de tornar sábios para a salvação. Suas palavras tendem a abalar a fé e a confiança, não só das crianças, mas também dos de mais idade. [...] CI 181.4

Os dirigentes de nossas instituições têm uma tarefa dificílima para manter a ordem e disciplinar sabiamente os jovens que se acham sob o seu cuidado. Os membros da igreja podem fazer muito para lhes suster os braços. Quando os jovens não se dispõem a submeter-se à disciplina da instituição, ou por divergirem de seus superiores em qualquer matéria, se decidem fazer prevalecer a sua própria vontade, não apóiem os pais cegamente os filhos, tomando-lhes as dores. CI 182.1

Muito, muito melhor seria que sofressem seus filhos, até que jazessem no túmulo, do que serem ensinados a tratar levianamente os princípios que se acham no próprio fundamento da lealdade para com a verdade, para com seus semelhantes e para com Deus. — Testimonies for the Church 7:183, 185, 186. CI 182.2

A autocrítica é uma virtude — Se todos os cristãos professos usassem suas faculdades investigadoras para ver quais os males que neles mesmos carecem de correção, em vez de falar dos erros alheios, existiria na igreja hoje uma condição muito mais saudável. [...] Quando o Senhor juntar Suas jóias, os verdadeiros, os francos, os honestos serão por Ele contemplados com prazer. Anjos se acham empenhados em fazer coroas para eles, e sobre essas coroas adornadas de estrelas se refletirá, com esplendor, a luz que irradia do trono de Deus. CI 182.3

O Senhor está experimentando e provando Seu povo. Vocês podem ser severos e críticos com o seu próprio caráter defeituoso, o quanto quiserem; sejam, porém, bondosos, misericordiosos e corteses para com os outros. Indaguem todos os dias: Sou absolutamente íntegro, ou tenho coração falso? Supliquem ao Senhor que os salve de todo engano nesse ponto. Acham-se nisso envolvidos interesses eternos. Ao passo que tantos anseiam honras e ambicionam o ganho, busquem vocês, meus amados irmãos, ansiosamente a certeza do amor de Deus, e clamem: Quem me mostrará como tornar certas minha vocação e eleição? CI 182.4

Satanás estuda cuidadosamente os pecados básicos dos homens, e a seguir começa seu trabalho de os seduzir e enlaçar. Estamos no mais grosso da tentação, mas há vitória para nós se corajosamente travarmos as batalhas do Senhor. Todos estão em perigo. Mas se andarem humilde e devotamente, emergirão do processo de prova mais preciosos do que o ouro puro, sim, do que o ouro fino de Ofir. Se forem relapsos e negligenciarem a oração, serão como o sino que tine e o címbalo que soa. — Testimonies for the Church 5:96-98. CI 182.5

Capítulo 33—La crítica y sus efectos

Los cristianos deben cuidar sus palabras—Nunca debieran comunicar a otros informes desagradables de uno de sus amigos, especialmente si saben que falta unión entre ellos. Es cruel hacer insinuaciones y sugestiones, como si uno supiera, acerca de ese amigo o conocido, muchos detalles que ignoran los demás. Estas insinuaciones van más lejos, y crean impresiones más desfavorables que el relato franco y sin exageración de los hechos. ¡Cuánto daño ha sufrido la iglesia de Cristo por estas cosas! La conducta inconsecuente y poco precavida de sus miembros la ha hecho tan débil como el agua. Los miembros de la misma iglesia han traicionado confidencias, y sin embargo los culpables no se proponían hacer mal alguno. Ha hecho mucho daño la falta de prudencia en la selección de los temas de conversación. CPI 309.1

La conversación debe versar sobre las cosas espirituales y divinas; pero ha sucedido de otra manera. Si el trato de los amigos cristianos se dedica principalmente al perfeccionamiento del espíritu y del corazón, no habrá nada que lamentar posteriormente, y se podrá recordar la entrevista con agradable satisfacción. Pero si se dedican las horas a la liviandad y las conversaciones vanas, y se emplea el tiempo en disecar la vida y el carácter de los demás, el trato entre amigos resultará una fuente de mal, y nuestra influencia tendrá sabor de muerte para muerte.1 CPI 309.2

Pensad bien de todos los hombres

Cuando escuchamos un oprobio lanzado contra nuestro hermano, aceptamos este oprobio. A la pregunta: “¿Quién habitará en tu tabernáculo? ¿Quién morará en tu monte santo?”, el salmista respondió: “El que anda en integridad y hace justicia, y habla verdad en su corazón. El que no calumnia con su lengua, ni hace mal a su prójimo, ni admite reproche alguno contra su vecino”. Salmos 15:1-3. CPI 310.1

¡Qué mundo de chismes se evitaría si cada uno recordase que los que le hablan de las faltas ajenas publicarán con la misma libertad sus faltas en una oportunidad favorable! Debemos esforzarnos por pensar bien de todos, especialmente de nuestros hermanos, a menos que estemos obligados a pensar de otra manera. No debemos dar apresurado crédito a los malos informes. Son con frecuencia el resultado de la envidia o de la incomprensión, o pueden proceder de la exageración o de la revelación parcial de los hechos. Los celos y las sospechas, una vez que se les ha dado cabida, se difunden como las semillas del cardo. Si un hermano se extravía, entonces es el momento de mostrar nuestro verdadero interés en él. Vayamos a él con bondad, oremos con él y por él, recordando el precio infinito que Cristo ha pagado por su redención. De esta manera podremos salvar un alma de la muerte, y ocultar una multitud de pecados. CPI 310.2

Una mirada, una palabra, aun el tono de la voz, pueden estar henchidos de mentira, penetrar como una flecha en algún corazón, e infligir una herida incurable. Así puede echarse una duda, un oprobio, sobre una persona por medio de la cual Dios quisiera realizar una buena obra, y su influencia se marchita y su utilidad se destruye. Entre algunas especies de animales, cuando algún miembro del rebaño es herido y cae, sus compañeros le asaltan y despedazan. El mismo espíritu cruel manifiestan ciertos hombres y mujeres que se llaman cristianos. Hacen gala de un celo farisaico para apedrear a otros menos culpables que ellos mismos. Hay quienes señalan las faltas y los fracasos ajenos para apartar de sus propias faltas y fracasos la atención, o para granjearse reputación de muy celosos para Dios y la iglesia.2 CPI 311.1

El tiempo gastado en criticar las intenciones y las acciones de los siervos del Señor sería mejor empleado en la oración. Si los que buscan faltas en los demás conociesen la verdad referente a los mismos a quienes critican, a menudo tendrían otra opinión acerca de ellos. En vez de criticar y condenar a los otros, sería mejor que cada cual dijese: “Debo trabajar para mi propia salvación. Si coopero con Cristo, quien desea salvar mi alma, debo velar diligentemente sobre mí mismo; debo arrancar de mi vida todo lo malo; debo ser una nueva criatura en Cristo; debo vencer todos mis defectos. Así que, en vez de debilitar a aquellos que luchan contra el mal, debo fortalecerlos con palabras de aliento”.3 CPI 311.2

El hombre envidioso no ve el bien en los demás

No debemos permitir que nuestras perplejidades y chascos carcoman nuestras almas y nos llenen de inquietud e impaciencia. No ofendamos a Dios permitiendo que haya contienda, malas sospechas, o maledicencia. Hermano mío, si usted abre su corazón a la influencia de la envidia y las malas sospechas, el Espíritu Santo no podrá morar con usted. Procure la plenitud que hay en Cristo. Trabaje de acuerdo con él. Permita que cada pensamiento, palabra y acción revele a Cristo. Usted necesita un bautismo diario del amor que en los días de los apóstoles hizo a todos unánimes. Este amor impartirá salud al cuerpo, al espíritu y al alma. Rodee su alma de una atmósfera que fortalezca la vida espiritual. Cultive la fe, la esperanza, el valor y el amor. Deje que reine en su corazón la paz de Dios.4 CPI 312.1

La envidia no es simplemente una perversión del carácter, sino un disturbio que trastorna todas las facultades. Empezó con Satanás. El deseaba ser el primero en el cielo, y, porque no podía tener todo el poder y la gloria que buscaba, se rebeló contra el gobierno de Dios. Envidió a nuestros primeros padres, y los indujo a pecar, y así los arruinó a ellos y a toda la familia humana. CPI 312.2

El hombre envidioso cierra los ojos para no ver las buenas cualidades y nobles acciones de los demás. Está siempre listo para despreciar y representar falsamente lo excelente. Con frecuencia los hombres confiesan y abandonan otras faltas; pero poco puede esperarse del envidioso. Puesto que envidiar a una persona es admitir que ella es superior, el orgullo no permitirá ninguna concesión. Si se hace un esfuerzo para convencer de su pecado a la persona envidiosa, se exacerba aún más contra el objeto de su pasión y con demasiada frecuencia permanece incurable. CPI 312.3

El envidioso difunde veneno dondequiera que vaya, enajenando amigos y levantando odio y rebelión contra Dios y los hombres. Trata de que se le considere el mejor y el mayor, no mediante esfuerzos heroicos y abnegados para alcanzar el blanco de la excelencia de sí mismo, sino permaneciendo donde está y disminuyendo el mérito de los esfuerzos ajenos. CPI 313.1

El apóstol Santiago declara que la lengua que se deleita en el agravio, la lengua chismosa que dice: Cuente, que yo también le contaré, es inflamada del infierno. Esparce tizones por todos lados. ¿Qué le importa al sembrador de chismes si difama al inocente? No detendrá su mala obra, aunque destruya la esperanza y el valor en quienes ya se hunden bajo sus cargas. Sólo le interesa satisfacer su propensión a sembrar escándalos. Aun profesos cristianos cierran los ojos a todo lo que es puro, honrado, noble y amable, para atesorar cuanto es objetable y desagradable, y publicarlo al mundo.5 CPI 313.2

Los celos y las críticas

Me duele decir que hay lenguas indisciplinadas entre los miembros de la iglesia. Hay lenguas falsas que se alimentan de maldad. Hay lenguas astutas y murmuradoras. Hay charla, impertinente entrometimiento, hábiles interrogaciones. Entre los amadores del chisme, algunos son impulsados por la curiosidad, otros por los celos, muchos por el odio contra aquellos por cuyo medio Dios ha hablado para reprenderlos. Todos estos elementos discordantes trabajan. Algunos ocultan sus verdaderos sentimientos, mientras que otros están ávidos de publicar todo lo que saben, o aun sospechan, de malo contra otros. CPI 313.3

Vi que hasta el espíritu de perjurio, capaz de trocar la verdad en mentira, lo bueno en malo, la inocencia en crimen, está ahora activo. Satanás se regocija por esta condición de los que profesan ser el pueblo de Dios. Mientras muchos están descuidando sus propias almas, buscan ávidamente una oportunidad de criticar y condenar a otros. Todos tienen defectos de carácter, y no es difícil hallar algo que los celos puedan interpretar para su perjuicio. “Ahora—dicen estos que se han constituido en jueces—, tenemos los hechos. Vamos a basar en ellos una acusación de la cual no se podrán limpiar”. Esperan una oportunidad adecuada, y entonces presentan su fardo de chismes, y sacan sus calumnias. CPI 314.1

En su esfuerzo por asentar un argumento, las personas que tienen por naturaleza una imaginación viva, están en peligro de engañarse a sí mismas y a otras. Recogen expresiones descuidadas de otra persona, sin considerar que a veces ciertas palabras pueden haberse dicho con premura y que, por lo tanto, no reflejan los verdaderos sentimientos del que habló. Pero estas observaciones que no fueron premeditadas, y que con frecuencia son tan triviales que no valen la pena de tenerse en cuenta, son miradas a través del vidrio de aumento de Satanás, exageradas y repetidas, hasta que un terrón se transforma en una montaña. CPI 314.2

¿Es acaso caridad cristiana recoger todo informe que flota, desenterrar todo lo que arrojaría sospecha sobre el carácter de otro, y luego deleitarse en emplearlo para perjudicarle? Satanás se regocija cuando puede difamar o herir a quien sigue a Cristo. El es “el acusador de nuestros hermanos”. Apocalipsis 12:10. ¿Le ayudarán en su obra los cristianos? CPI 314.3

Los ojos de Dios que todo lo ven, notan los defectos de todos, y la pasión dominante de cada uno. Sin embargo, nos soporta a pesar de nuestras faltas, y se compadece de nuestra debilidad. Ordena a sus hijos que tengan el mismo espíritu de ternura y tolerancia. Los verdaderos cristianos no se regocijarán en la exposición de las faltas y deficiencias ajenas. Se apartarán de lo vil y lo deforme, para fijar su atención en lo atrayente y hermoso. Para el cristiano, todo acto de censura, toda palabra de crítica o condenación, son dolorosos.6 CPI 315.1

Los efectos de la crítica de la iglesia y de los dirigentes de las instituciones

El espíritu de la chismografía es uno de los agentes esenciales que tiene Satanás para sembrar discordia y disensión, para separar amigos, y minar la fe de muchos en la veracidad de nuestra posición. Hay hermanos y hermanas que propenden demasiado a hablar de las faltas y de los errores que creen ver en los demás, y especialmente en aquellos que han dado sin vacilar los mensajes de reprensión y amonestación que Dios les confiara. CPI 315.2

Los hijos de estos quejosos escuchan con oídos abiertos y reciben el veneno del desafecto. Los padres están así cerrando ciegamente las avenidas por medio de las cuales se podrían alcanzar los corazones de los hijos. Esto deshonra a Dios. Jesús dijo: “En cuanto lo hicisteis a uno de estos mis hermanos más pequeños, a mí lo hicisteis”. Mateo 25:40. Por lo tanto, desprecian y ultrajan a Cristo los que calumnian a sus siervos. CPI 315.3

Los nombres de los siervos escogidos de Dios han sido tratados con falta de respeto y en algunos casos con absoluto desprecio por ciertas personas que debieran haberlos mantenido en alto. Los niños han oído las observaciones irrespetuosas de sus padres con referencia a las solemnes reprensiones y amonestaciones dadas por los siervos de Dios. Han comprendido las burlas escarnecedoras y expresiones despectivas que de vez en cuando cayeron en sus oídos, y la tendencia ha sido poner en su mente los intereses eternos y sagrados al mismo nivel que los asuntos comunes del mundo. ¡Qué obra están haciendo estos padres al transformar a sus hijos en incrédulos desde su infancia! Así es como se enseña a los niños a ser irreverentes y a rebelarse contra las reprensiones que el cielo envía contra el pecado. CPI 316.1

Es inevitable que prevalezca la decadencia espiritual donde existen tales males. Estos mismos padres y madres cegados por el enemigo, se preguntan por qué sus hijos se inclinan tanto a la incredulidad y a dudar de la verdad de la Biblia. Se preguntan por qué es tan difícil que los alcancen las influencias morales y religiosas. Si tuviesen percepción espiritual, descubrirían en seguida que este deplorable estado de cosas es resultado de la influencia que ellos ejercen en su hogar, de sus celos y desconfianza. Así se educan muchos incrédulos en los círculos familiares de los que profesan ser cristianos. CPI 316.2

Muchos son los que hallan placer especial en discurrir y espaciarse en los defectos, reales o imaginarios, de aquellos que llevan pesadas responsabilidades en relación con las instituciones de la causa de Dios. Pasan por alto el bien que han realizado, los beneficios que han producido su ardua labor, y su devoción incansable a la causa, y fijan su atención en alguna equivocación aparente, en algún asunto que, una vez consumado, y cosechadas las consecuencias, ellos imaginan que se podría haber hecho de una manera mejor con resultados más halagüeños, cuando la verdad es que, si ellos hubiesen tenido que hacer la obra, o se habrían negado a dar un paso en las circunstancias desalentadoras del caso, o habrían actuado con más indiscreción que quienes la hicieron siguiendo las indicaciones de la providencia de Dios. CPI 317.1

Pero estos habladores indisciplinados se aferran a los detalles más desagradables del trabajo, como el liquen a las asperezas de la roca. Estas personas se atrofian espiritualmente al espaciarse de continuo en las faltas y los defectos de los demás. Son moralmente incapaces de discernir las acciones buenas y nobles, los esfuerzos abnegados, el verdadero heroísmo y el sacrificio propio. No se están volviendo más nobles ni más elevados en su vida y esperanza, ni más generosos y amplios en sus ideas y planes. No cultivan la caridad que debe caracterizar la vida del cristiano. Están degenerando cada día, y sus prejuicios y opiniones se estrechan cada vez más. La mezquindad es su elemento, y la atmósfera que los rodea es venenosa para la paz y la felicidad.7 CPI 317.2

Cada institución tendrá que luchar con dificultades. Estas son permitidas para que sea probado el corazón de los hijos de Dios. Al alcanzar la adversidad a una de las instituciones del Señor es cuando se manifiesta la fe verdadera que tenemos en Dios y en su obra. En un tiempo como ése, no considere nadie las cosas bajo su luz más desfavorable; ni exprese nadie pensamientos de duda o incredulidad. No critiquéis a aquellos que llevan la carga de la responsabilidad. No permitáis que vuestras conversaciones en la familia sean envenenadas por la crítica de los obreros del Señor. Los padres que se permiten este espíritu de crítica, no ponen delante de sus hijos lo que los pueda hacer sabios para salud. Sus palabras tienden a perturbar la fe y la confianza, no sólo de los hijos, sino también de las personas de mayor edad.8 CPI 318.1

Los directores de nuestras instituciones tienen una tarea muy difícil: la de mantener el orden y una sabia disciplina entre la juventud confiada a su cuidado. Los miembros de la iglesia pueden hacer mucho para animarlos. Cuando los jóvenes no están dispuestos a someterse a la disciplina de la institución; cuando están más decididos a seguir sus propios impulsos cada vez que no son del mismo parecer que sus superiores, no los sostengan ciegamente sus padres ni simpaticen con ellos. CPI 318.2

Más valdría, sí, mucho más, que vuestros hijos sufriesen y hasta que bajasen a la tumba, antes que aprender a tratar ligeramente los principios que forman el cimiento de la lealtad hacia la verdad, hacia el prójimo y hacia Dios.9 CPI 318.3

La autocrítica es de valor práctico

Si todos los que profesan ser cristianos empleasen sus facultades de investigación para ver qué males necesitan corregir en sí mismos, en vez de hablar de las faltas ajenas, habría una condición más sana en la iglesia hoy. Cuando el Señor recoja sus joyas, los veraces, santos y honrados serán mirados con placer. Los ángeles se ocupan en confeccionar coronas para los tales, y sobre esas coronas adornadas de estrellas, se reflejará con esplendor la luz que irradia del trono de Dios. CPI 319.1

El Señor está probando a su pueblo. Podéis ser tan severos y críticos con vuestro propio carácter deficiente como queráis, pero sed bondadosos, compasivos y corteses hacia los demás. Averiguad cada día: ¿Estoy yo sano en mi corazón, o es éste falso? Rogad a Dios que os salve de todo engaño al respecto. Esto entraña intereses eternos. Mientras que tantos anhelan honores, y codician ganancias, buscad, amados hermanos míos, la seguridad del amor de Dios y clamad: ¿Quién me mostrará cómo asegurar mi vocación y elección? CPI 319.2

Satanás estudia cuidadosamente los pecados constitucionales de los hombres y luego inicia su obra de seducirlos y entramparlos. Estamos en lo más recio de las tentaciones, pero podemos vencer si peleamos virilmente las batallas del Señor. Todos están en peligro. Pero si andamos humildemente y con oración, saldremos del proceso de las pruebas más preciosos que el oro fino, y que el oro de Ofir. Si somos descuidados y no oramos seremos como bronce que resuena y címbalo que retiñe.10 CPI 319.3