Testemunhos Seletos 2

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A igreja remanescente

A visão de Zacarias, relativa a Josué e ao Anjo, aplica-se com força particular à experiência do povo de Deus no remate do grande dia da expiação. A igreja remanescente será levada a grande prova e aflição. Os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus, sentirão a ira do dragão e suas hostes. Satanás conta o mundo como súdito seu, ele adquiriu domínio sobre as igrejas apóstatas; mas ali está um pequeno grupo que lhe resiste à supremacia. Caso os pudesse desarraigar da Terra, completo seria o seu triunfo. Como ele influenciou as nações pagãs para destruir Israel, assim, em próximo futuro há de incitar os ímpios poderes da Terra para destruir o povo de Deus. De todos será exigido que prestem obediência a editos humanos em violação da lei divina. Os que forem fiéis a Deus e ao dever, serão ameaçados, denunciados e proscritos. Serão traídos “até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos”. TS2 175.3

Sua única esperança está na misericórdia de Deus, sua única defesa será a oração. Como Josué pleiteou diante do Anjo, assim a igreja remanescente, com coração quebrantado e fervorosa fé, pleiteará o perdão e livramento por meio de Jesus, seu Advogado. Acham-se plenamente cônscios da pecaminosidade de sua vida, vêem sua fraqueza e indignidade, e ao olharem a si mesmos, ficam a ponto de desesperar. O tentador está ao seu lado para os acusar, como esteve ao lado de Josué, para lhe resistir. Aponta às suas vestes imundas, seu caráter defeituoso. Apresenta sua fraqueza e descaminhos, seus pecados de ingratidão, sua dessemelhança de Cristo, a qual desonrou seu Redentor. Esforça-se por assustar a alma com o pensamento de que seu caso não tem esperança, que a mancha de seu pecado jamais será lavada. Tem esperança de assim destruir-lhes a fé, para que cedam a suas tentações, volvam costas à sua aliança com Deus e recebam o sinal da besta. TS2 176.1

Satanás insiste perante Deus com suas acusações contra eles, declarando que por seus pecados perderam o direito à proteção divina, e reclamando o direito de destruí-los como transgressores. Pronuncia-os tão merecedores como ele mesmo, de exclusão do favor de Deus. “São estas”, diz ele, “as pessoas que hão de tomar meu lugar no Céu e o lugar dos anjos que se uniram a mim? Embora professem obedecer à lei de Deus, têm porventura guardado os seus preceitos? Não têm sido amantes de si mesmos, mais do que de Deus? Não colocaram seus próprios interesses acima do Seu serviço? Não amaram as coisas do mundo? Eis os pecados que lhes assinalaram a vida. Eis o seu egoísmo, sua maldade, seu ódio uns para com os outros.” TS2 176.2

O povo de Deus tem sido, em muitos respeitos, muito faltoso. Satanás possui um exato conhecimento dos pecados que ele os tentou a cometerem, e apresenta esses pecados como exageradamente graves, declarando: “Há de Deus banir-me e aos meus anjos de Sua presença, e contudo recompensar os que são culpados dos mesmos pecados? Não podes, ó Senhor, isso fazer com justiça. Teu trono não se achará baseado em justiça e juízo. A justiça requer que seja pronunciada sentença contra eles.” TS2 177.1

Mas, conquanto os seguidores de Cristo tenham cometido pecado, não se entregaram ao domínio do mal. Abandonaram os pecados e buscaram o Senhor com humildade e contrição, e o Divino Advogado pleiteia em seu favor. Aquele que mais maltratado foi por sua ingratidão, que conhece os seus pecados e também seu arrependimento, declara: “‘O Senhor te repreende, ó Satanás’. Eu dei a vida por essas almas. Acham-se gravadas nas palmas das Minhas mãos.” TS2 177.2

Os assaltos de Satanás são fortes, terríveis os seus enganos; mas os olhos do Senhor estão sobre o Seu povo. Grande é sua aflição, as chamas da fornalha parecem prestes a consumi-los; mas Jesus os fará sair como ouro provado no fogo. Tem de ser removida sua tendência terrena, a fim de que reflitam perfeitamente a imagem de Cristo; têm de vencer a incredulidade, e desenvolver a fé, esperança e paciência. TS2 177.3

O povo de Deus suspira e geme pelas abominações cometidas na Terra. Com lágrimas advertem os ímpios de seu perigo em pisar a pés a lei divina, e com indescritível pesar humilham-se perante o Senhor, por causa de suas próprias transgressões. Os ímpios escarnecem de sua tristeza, ridicularizam seus solenes apelos e zombam do que chamam sua fraqueza. Mas a angústia e humilhação do povo de Deus é inequívoca evidência de estarem recuperando a força e nobreza de caráter perdidas em conseqüência do pecado. É por se estarem aproximando mais de Cristo, e terem os olhos fitos em Sua pureza perfeita, que discernem tão claramente a grande malignidade do pecado. Sua contrição e humilhação própria são infinitamente mais aceitáveis à vista de Deus, do que o é o espírito presunçoso e altivo dos que não vêem motivo para lamentos, que escarnecem da humildade de Cristo e que pretendem ser perfeitos, ao passo que transgridem a santa lei de Deus. Mansidão e humildade de coração são as condições de força e vitória. A coroa de glória aguarda aos que se prostram ao pé da cruz. Bem-aventurados são esses que assim choram, porque serão consolados. TS2 177.4

Os fiéis e devotos estão, por assim dizer, com Deus, no mesmo recinto. Eles mesmos não sabem quão seguramente se acham escudados. Instados por Satanás, os governantes deste mundo procuram destruí-los; mas pudessem ser abertos os seus olhos, como o foram os do servo de Eliseu em Dotã, e veriam os anjos de Deus acampados em redor deles, e mantendo em xeque as hostes das trevas, por seu fulgor e glória. TS2 178.1