Testemunhos Seletos 2

171/314

Males da legislação religiosa

O movimento da Reforma Nacional, exercendo o poder da legislação religiosa manifestará, quando plenamente desenvolvido, a mesma intolerância e opressão que prevaleceram nos séculos passados. Concílios humanos assumiam então as prerrogativas da Divindade, esfacelando, sob seu poder despótico, a liberdade de consciência; e a prisão, o exílio e a morte seguiam aos que se opunham aos seus ditames. Se o papado ou seus princípios forem de novo guindados ao poder pela lei, os fogos da perseguição de novo se acenderão contra os que não quiserem sacrificar a consciência e a verdade em deferência a erros populares. Este mal está prestes a realizar-se. TS2 319.1

Se Deus nos proporcionou luz que mostra os perigos à nossa frente, como poderemos subsistir perante Ele se negligenciarmos envidar todos os esforços que pudermos para apresentá-la ao povo? Poderemos contentar-nos com deixá-los a ir ao encontro desse acontecimento momentoso sem os advertir? TS2 319.2

Há perante nós a perspectiva de uma luta contínua, com risco de prisão, perda de propriedade, e da própria vida, para defender a lei de Deus, que é anulada pelas leis dos homens. Nesta situação, os planos de ação mundanos instarão em que se condescenda exteriormente com as leis do país, por amor da paz e harmonia. E alguns há que mesmo instarão com esse procedimento baseando-se na passagem: “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores. ... As potestades que há foram ordenadas por Deus.” Romanos 13:1. TS2 319.3

Mas qual foi o procedimento dos servos de Deus nos séculos passados? Quando os discípulos pregaram a Cristo, e Ele crucificado, após Sua ressurreição, as autoridades mandaram-lhes que não falassem nem ensinassem mais nada em nome de Jesus. “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos dos Apóstolos 4:19, 20. Continuaram a pregar as boas novas da salvação por Cristo, e o poder de Deus acompanhou a mensagem. Os doentes foram curados e milhares se acrescentaram à igreja. “Levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, e lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública.” Atos dos Apóstolos 5:17, 18. TS2 319.4

Mas o Deus do Céu, o grande Governador do Universo, tomou o caso em Suas mãos; porque os homens estavam combatendo a Sua obra. Mostrou-lhes claramente que há um governador acima dos homens, cuja autoridade tem de ser respeitada. O Senhor enviou o Seu anjo à noite, para abrir as portas da prisão, e ele livrou àqueles homens que Deus comissionara para fazer Sua obra. Disseram os principais dos sacerdotes que “absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus”; mas o mensageiro celestial, enviado por Deus, disse: “Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.” Atos dos Apóstolos 4:18; 5:20. TS2 320.1

Os que procuram obrigar os homens a observarem uma instituição do papado, e pisam a autoridade de Deus, estão fazendo uma obra semelhante à dos guias judeus nos dias dos apóstolos. Quando as leis dos governadores terrestres são postas em oposição às leis do Governador Supremo do Universo, então os que são leais súditos de Deus ser-Lhe-ão fiéis. TS2 320.2