Testemunhos Seletos 1

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A todo o mundo

Havemos de encontrar oposição que se levanta por motivos egoístas e por causa de fanatismo e preconceitos; todavia, com intrépida coragem e viva fé, devemos semear sobre todas as águas. Poderosos são os agentes de Satanás; havemos de enfrentá-los e precisamos combatê-los. Nossos trabalhos não se devem limitar ao próprio país. O campo é o mundo; a seara está madura. A ordem dada por Cristo aos discípulos justamente antes de ascender ao Céu, foi: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15. TS1 386.2

Sentimo-nos imensamente penalizados ao ver alguns de nossos pastores agitando-se em torno das igrejas, fazendo ao que parece algum esforço, mas não tendo afinal senão quase nada para apresentar como fruto de seu labor. O campo é o mundo. Saiam eles para o mundo incrédulo, e trabalhem para converter almas à verdade. Chamamos a atenção de nossos irmãos e irmãs para o exemplo de Abraão subindo o Monte Moriá a fim de oferecer, segundo o mando de Deus, seu único filho em sacrifício. Ali havia obediência e sacrifício. Moisés encontrava-se em uma corte real, com a perspectiva de uma coroa. Desviou-se, porém, do engodo tentador, e “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito”. Hebreus 11:24-26. TS1 386.3

Os apóstolos não reputaram preciosa a própria vida, regozijando-se em ser considerados dignos de sofrer pelo nome de Cristo. Paulo e Silas perderam tudo. Suportaram açoites, e foram atirados, não com brandura, sobre o chão frio de uma prisão, em posição por demais penosa, com os pés erguidos e presos a um tronco. Chegaram então aos ouvidos do carcereiro queixas e murmurações? Oh, não! Da prisão interior irromperam vozes quebrando o silêncio da meia-noite com hinos de alegria e louvor a Deus. Esses discípulos eram animados por profundo e fervoroso amor pela causa de seu Redentor, pela qual sofriam. TS1 387.1

À medida que a verdade de Deus nos enche o coração, absorve-nos as afeições e nos rege a vida, também nós consideraremos alegria sofrer por amor da verdade. Nenhuma parede de prisão, nenhuma estaca de martírio, nos pode intimidar ou impedir na realização da grande obra. TS1 387.2

“Vem, ó Minha Alma, ao Calvário!” TS1 387.3

Observai a vida humilde do Filho de Deus. Foi um “homem de dores, e experimentado nos trabalhos”. Isaías 53:3. Contemplai-lhe a ignomínia, a agonia do Getsêmani, e aprendei o que seja abnegação. Sofremos nós privações? Sofreu-as Cristo, a majestade do Céu. Essa pobreza, porém, foi por amor de nós que Ele suportou. Achamo-nos classificados entre os ricos? O mesmo se deu com Ele. Consentiu, no entanto, por amor de nós, em fazer-Se pobre, para que por meio dessa pobreza nos tornássemos ricos. Temos exemplificada em Cristo a abnegação. Seu sacrifício não consistiu apenas em deixar as reais cortes celestes, em ser julgado por homens ímpios como criminoso e declarado culpado, e ser entregue à morte do malfeitor, mas em o peso dos pecados do mundo. Sua vida nos reprova a indiferença e frieza. Achamo-nos próximo ao fim do tempo, tempo em que Satanás desceu, tendo grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo. Está operando com todo o engano da injustiça naqueles que perecem. Por nosso grande Líder foi deixado em nossas mãos o conflito, para que o levemos avante com vigor. Não estamos fazendo a vigésima parte do que poderíamos fazer se estivéssemos alerta. A obra é retardada pelo amor da comodidade e falta do espírito de abnegação de que nosso Salvador nos deu exemplo em Sua vida. Carecemos de cooperadores de Cristo, de homens que sintam a necessidade de mais extensos esforços. A obra de nossos prelos não deve diminuir, mas duplicar. Devem-se estabelecer escolas em vários lugares a fim de educar nossos jovens em preparo para seu trabalho na divulgação da verdade. TS1 387.4

Desperdiçamos já grande parte do tempo, e os anjos levam ao Céu o relatório de nossas negligências. Nosso estado de letargia e falta de consagração nos tem feito perder preciosas oportunidades enviadas por Deus na pessoa dos que se achavam habilitados a ajudar-nos na necessidade que enfrentamos. Oh! quanto necessitamos de nossa Ana Moore para ajudar-nos agora a chegar a outras nações! Seu vasto conhecimento de campos missionários, dar-nos-ia acesso a outras línguas das quais não nos é possível aproximar. Deus trouxe essa dádiva para o meio de nós a fim de satisfazer a emergência em que nos achamos; mas não a apreciamos, e Ele no-la tirou. Ela descansa de seus labores, mas suas obras de abnegação a seguem. É de deplorar que nossa obra missionária fosse retardada por falta do conhecimento da maneira de encontrar acesso às diferentes nações e localidades no grande campo da seara. TS1 388.1

Angustiamo-nos em espírito por se haverem perdido para nós alguns dons que agora poderíamos possuir, se tão-somente* houvéssemos estado alerta. Tem-se deixado de enviar obreiros aos brancos campos da seara. Cumpre ao povo de Deus humilhar o coração diante dEle, e na mais profunda humilhação rogar que o Senhor nos perdoe a apatia e a condescendência egoísta, e apague o vergonhoso registro de deveres negligenciados e privilégios não aproveitados. Ao contemplar a cruz do Calvário, o verdadeiro cristão abandonará a idéia de restringir suas ofertas àquilo que nada lhe custe, e ouvirá um sonido de trombeta: TS1 388.2

“Vai trabalhar em Minha vinha;
descanso por fim haverá.”
TS1 389.1

Quando Jesus estava prestes a ascender ao alto, apontou aos campos da colheita, e disse a Seus seguidores: “Ide a todo o mundo, e pregai o evangelho.” Marcos 16:15. “De graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10:8. Negaremos o próprio eu de modo que a seara a desperdiçar-se possa ser ceifada? TS1 389.2

Deus pede talentos de influência e de meios. Recusar-nos-emos a obedecer? Nosso Pai celestial concede dons e solicita parte de volta, a fim de provar se somos dignos de possuir o dom da vida eterna. TS1 389.3

As ofertas das crianças podem ser aceitáveis e aprazíveis a Deus. Segundo o espírito que anima as dádivas, será o valor das mesmas. Os pobres, seguindo a direção do apóstolo e pondo de parte semanalmente uma pequena soma, ajudam a encher o tesouro, e suas ofertas são inteiramente aceitáveis a Deus; pois eles fazem tão grandes sacrifícios e até maiores que seus irmãos mais afortunados. O plano da doação sistemática demonstrar-se-á uma salvaguarda para toda família contra a tentação de gastar dinheiro em coisas desnecessárias; e demonstrar-se-á uma bênção especialmente aos ricos, preservando-os de condescender com extravagâncias. — Testimonies for the Church 3:412 (1875). TS1 389.4