Testemunhos Seletos 1

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Coobreiros de Deus

Deus não depende dos homens para a manutenção de Sua causa. Poderia haver mandado meios diretamente do Céu para suprir Seu tesouro, caso assim houvesse Sua providência achado melhor para o homem. Poderia ter idealizado meios pelos quais fossem enviados anjos para anunciar a verdade ao mundo sem a cooperação humana. Poderia haver escrito a verdade nos Céus, e deixar que isso declarasse ao mundo os mandamentos em caracteres vivos. Deus não depende da prata ou ouro de homem algum. Diz Ele: “Meu é todo o animal da selva, e as alimárias sobre milhares de montanhas.” “Se Eu tivesse fome, não to diria, pois Meu é o mundo e a sua plenitude.” Salmos 50:10, 12. Seja qual for a necessidade de nossa participação no progresso da causa de Deus, isso foi propositadamente arranjado por Ele para nosso bem. Honrou-nos tornando-nos coobreiros Seus. Determinou que houvesse necessidade da cooperação dos homens, para que sua liberalidade seja mantida em exercício. TS1 369.2

Em Sua sábia providência, Deus pôs os pobres sempre ao nosso lado, para que, ao vermos todas as formas de sofrimento e miséria no mundo, fôssemos provados, e colocados em situações de desenvolver caráter cristão. Pôs os pobres entre nós para despertar-nos simpatia e amor cristãos. TS1 370.1

Ficam em ignorância e em trevas pecadores a perecer, a menos que haja homens que lhes levem a luz da verdade. Deus não mandará anjos do Céu para fazer a obra que deixou para ser feita pelo homem. A todos Ele deu um trabalho, pela própria razão de poder prová-los, e de revelarem seu verdadeiro caráter. Cristo coloca em nosso meio os pobres como Seus representantes. “Tive fome”, diz Ele, “e não Me destes de comer, tive sede, e não Me destes de beber.” Mateus 25:42. Cristo Se identifica com a sofredora humanidade, na pessoa dos aflitos filhos dos homens. Torna Suas próprias, as necessidades deles, tomando-lhes a peito as desventuras. TS1 370.2

A treva moral de um mundo arruinado pleiteia com os cristãos, homens e mulheres, para exercerem esforços pessoais, darem de seus meios e de sua influência, de modo a serem assemelhados à imagem dAquele que, embora possuísse infinitas riquezas, tornou-Se todavia pobre por amor de nós. O Espírito de Deus não pode permanecer com aqueles a quem Ele mandou a mensagem de Sua verdade, mas que precisam ser insistentemente solicitados para poderem ter qualquer senso do dever que lhes cabe de tornarem-se coobreiros de Cristo. O apóstolo acentua o dever de dar impulsionados por motivos mais elevados, que a simples simpatia humana, devida à comoção. Insiste no princípio de que devemos trabalhar desinteressadamente, visando unicamente a glória de Deus. TS1 370.3

As Escrituras exigem que os cristãos adotem um plano de beneficência ativa, que mantenha em constante exercício o interesse pela salvação de seus semelhantes. A lei moral ordenava a observância do sábado, que não era um fardo, senão quando aquela lei era transgredida, e eles incorriam nas penas trazidas pela transgressão. O sistema dizimal não era nenhuma carga para os que não se apartavam desse plano. O sistema ordenado aos hebreus não foi rejeitado ou afrouxado por Aquele que lhe deu origem. Em vez de haver perdido agora seu vigor, deve ser mais plenamente cumprido e dilatado, pois a salvação em Cristo unicamente deve ser apresentada em maior plenitude na era cristã. TS1 371.1

Jesus declarou ao doutor da lei que as condições de ele ter a vida eterna, eram cumprir em sua vida as reivindicações especiais da lei, que consistiam em amar a Deus de todo o coração, e alma, e entendimento, e forças, e ao próximo como a si mesmo. Quando os sacrifícios simbólicos cessaram, por ocasião da morte de Cristo, a lei original, escrita em tábuas de pedra, permaneceu imutável, conservando sua vigência sobre os homens de todos os séculos. O dever do homem não foi limitado na era cristã, antes mais especialmente definido, e expresso com mais simplicidade. TS1 371.2

O evangelho, estendendo-se e ampliando-se, exigia maiores providências para manter a luta depois da morte de Cristo, o que tornou a lei de dar ofertas necessidade mais urgente que sob o governo hebraico. Agora Deus requer, não menores mas maiores dádivas que em qualquer outro período da história do mundo. O princípio estabelecido por Cristo é que as dádivas e ofertas sejam proporcionais à luz e às bênçãos fruídas. Ele disse: “A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá.” Lucas 12:48. Os primeiros discípulos corresponderam às bênçãos da era cristã em obras de caridade e beneficência. O derramamento do Espírito de Deus, depois que Cristo deixou os discípulos e ascendeu ao Céu, levou a abnegação e sacrifício pela salvação dos outros. Quando os santos pobres de Jerusalém se viram em miséria, Paulo escreveu aos gentios cristãos relativamente às obras de beneficência, e disse: “Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.” 2 Coríntios 8:7. A beneficência aqui é colocada ao lado da fé, do amor e da diligência cristã. Os que pensam poderem ser bons cristãos, e cerrarem os ouvidos e o coração aos pedidos de Deus para que sejam liberais, acham-se terrivelmente enganados. Pessoas há que são pródigas em profissão de grande amor à verdade e, no que respeita às palavras, interessam-se muito em ver o progresso da verdade, mas nada fazem por esse progresso. A fé dessas pessoas é morta, não sendo aperfeiçoada pelas obras. O Senhor jamais cometeu tal erro de converter uma pessoa e mantê-la sob o domínio da cobiça. TS1 371.3