Testemunhos Seletos 1

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Capítulo 73 — Dízimos e ofertas

A missão da igreja de Cristo é salvar os pecadores que estão a perecer. É divulgar o amor de Deus aos homens, conquistando-os para Cristo pela eficácia daquele amor. A verdade para este tempo deve ser levada aos tenebrosos recantos da Terra, e esta obra pode começar em casa. Os seguidores de Cristo não devem viver egoistamente; antes, imbuídos do Espírito de Cristo, trabalhar em harmonia com Ele. TS1 359.1

Há motivos para a frieza e incredulidade atuais. O amor do mundo e os cuidados da vida separam a alma de Deus. A água da vida precisa estar em nós, de nós emanando, saltando para a vida eterna. Cumpre-nos operar exteriormente aquilo que Deus opera no interior. Caso o cristão queira fruir a luz da vida, precisa aumentar seus esforços para levar outros ao conhecimento da verdade. Sua vida deve caracterizar-se pelo esforço e sacrifício para beneficiar a outros; então não haverá queixa de falta de satisfação. TS1 359.2

Os anjos acham-se sempre empenhados em trabalhar pela felicidade dos outros. É este o seu prazer. Aquilo que seria considerado serviço humilhante por parte de corações egoístas — servir aos que são indignos e considerados inferiores em caráter e posição — é a obra dos puros e inocentes anjos das reais cortes celestes. O espírito de abnegado amor de Cristo é o que domina no Céu, constituindo a própria essência de sua bem-aventurança. TS1 359.3

Os que não experimentam nenhum prazer especial em buscar ser uma bênção aos outros, em trabalhar, mesmo com sacrifício, para lhes fazer bem, não podem ter o espírito de Cristo ou do Céu; pois não têm união com a obra dos santos anjos, nem podem participar da bem-aventurança que lhes comunica elevada alegria. Disse Cristo: “Digo-vos que assim haverá alegria no* Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Lucas 15:7. Se a alegria dos anjos é ver os pecadores se arrependerem, não será o regozijo dos pecadores, salvos pelo sangue de Jesus, ver outros se arrependerem e voltarem para Cristo por intermédio deles? Experimentaremos, em trabalhar em harmonia com Cristo e os santos anjos, uma alegria que não pode ser sentida senão nessa obra. TS1 359.4

Os princípios da cruz de Cristo levam todos quantos crêem à rigorosa obrigação de negarem-se a si mesmos, comunicarem luz aos outros, e darem de seus meios para difundir a luz. Se eles se acharem em comunhão com o Céu, empenhar-se-ão na obra em harmonia com os anjos. TS1 360.1

O princípio dos mundanos é tirar o máximo que lhes for possível das perecíveis coisas desta vida. O amor do lucro egoísta, eis o princípio dirigente de sua vida. A mais pura alegria, porém, não se encontra em riquezas, nem na cobiça que sempre deseja ansiosamente mais, mas onde reina contentamento, e onde o abnegado amor é o princípio dominante. Há milhares de criaturas que passam a vida na satisfação de suas inclinações, mas cujo coração vive cheio de pesar. São vítimas do egoísmo e do descontentamento, no vão esforço de satisfazer o espírito pela condescendência com o próprio eu. Em sua fisionomia, no entanto, acha-se estampada a infelicidade, e na sua influência encontra-se um deserto, pela ausência de boas obras que há em sua vida. TS1 360.2

À medida que o amor de Cristo nos enche o coração e rege a existência, a cobiça, o egoísmo e o amor da comodidade serão vencidos, e nosso prazer consistirá em fazer a vontade de Cristo, de quem professamos ser servos. Nossa felicidade será então proporcional a nossas obras abnegadas, inspiradas pelo amor de Jesus. TS1 360.3

No plano da salvação, a sabedoria divina designou a lei da ação e reação, tornando a obra de beneficência em todos os seus ramos, duplamente bendita. O que dá aos necessitados, beneficia a outros, e é ele próprio beneficiado em grau ainda maior. Deus poderia haver conseguido Seu objetivo na salvação dos pecadores, sem o auxílio do homem; sabia, porém, que o homem não podia ser feliz sem desempenhar uma parte na grande obra em que cultivaria a abnegação e a beneficência. TS1 360.4

Para que o homem não perdesse os benditos resultados da beneficência, nosso Redentor elaborou o plano de alistá-lo como Seu cooperador. Mediante uma cadeia de circunstâncias que lhe despertaria a caridade, concede ao homem os melhores meios de cultivar a beneficência, e conserva-o dando habitualmente para ajudar os pobres e Lhe promover a causa. Manda os pobres como representantes Seus. Através das necessidades deles, o mundo arruinado está a extrair de nós talentos de meios e de influência a fim de apresentar-lhes a verdade, por falta da qual estão a perecer. E ao atendermos a esses pedidos por meio de trabalho e de atos de beneficência, somos transformados à imagem dAquele que por amor de nós Se tornou pobre. Dando, beneficiamos a outros, acumulando assim verdadeiras riquezas. TS1 361.1