Testemunhos Seletos 1

182/332

Capítulo 70 — Os que desprezam a repreensão

O apóstolo Paulo declara positivamente que a experiência dos israelitas em suas viagens foi registrada para benefício dos que vivem nesta época da história do mundo, aqueles para quem são chegados os fins dos tempos. Não consideramos que nossos perigos não são nada inferiores aos dos hebreus, antes maiores. Haverá tentações para ciúmes e murmurações, e haverá franca rebelião, tais como se acham registrados acerca do antigo Israel. Sempre haverá o espírito de insurgir-se contra a reprovação de pecados e ofensas. Silenciará, porém, a voz da repreensão por causa disto? Se assim for, não nos encontramos em melhores condições do que as várias denominações de nossa terra, as quais temem tocar nos erros e nos pecados dominantes entre o povo. TS1 342.1

Aqueles que Deus separou como pregadores da justiça têm sobre si solenes responsabilidades quanto a reprovar os pecados do povo. Paulo ordenou a Tito: “Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze.” Tito 2:15. Sempre há pessoas que desprezam aquele que ousa reprovar o pecado; ocasiões há, porém, em que é preciso repreender. Paulo instrui Tito a repreender incisivamente certa classe, para que sejam sãos na fé. TS1 342.2

Homens e mulheres que, com suas várias organizações, são reunidos na qualidade de uma igreja, têm suas peculiaridades e seus defeitos. Quando estes se desenvolvem, exigem reprovação. Se os que ocupam posições importantes nunca reprovassem, nunca repreendessem, manifestar-se-ia em breve uma condição desmoralizada, o que desonraria grandemente a Deus. Como, porém, se fará a reprovação? Responda o apóstolo: “Com toda a longanimidade e doutrina.” 2 Timóteo 4:2. Os princípios devem ser, de maneira impressiva, apresentados* àquele que necessita a repreensão; mas nunca se devem passar por alto, indiferentemente, os erros do povo de Deus. TS1 342.3

Haverá homens e mulheres que desprezam a repreensão, e cujos sentimentos sempre se insurgirão contra ela. Não é agradável que alguém nos mostre nossos erros. Em quase todo caso em que se faz necessária a reprovação, haverá alguns que deixarão de considerar que o Espírito do Senhor foi ofendido, Sua causa vituperada. Esses se condoerão dos que mereceram a censura, por haverem sido magoados sentimentos pessoais. Toda essa não santificada compaixão torna os que a manifestam participantes da culpa da pessoa reprovada. Em nove casos de dez, fosse o que sofreu a repreensão deixado sob o senso de suas culpas, haveria sido ajudado a vê-las, sendo assim reformado. Mas os que de forma intrometida e profana se condoem, dão aos motivos do reprovador uma significação totalmente errônea, bem como a natureza da repreensão, e assim se doendo pelo que foi repreendido o levam a achar que foi realmente maltratado; e seus sentimentos se insurgem em rebelião contra uma pessoa que simplesmente cumpriu seu dever. Os que com fidelidade se desempenham de seus penosos deveres, sob o senso da responsabilidade para com Deus, hão de receber-Lhe a bênção. Deus requer que Seus servos sejam sempre zelosos em fazer Sua vontade. Na recomendação do apóstolo a Timóteo, exorta-o: “Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” 2 Timóteo 4:2. TS1 343.1

Os hebreus não estavam dispostos a submeterem-se às direções e restrições do Senhor. Queriam simplesmente os próprios caminhos, seguir a direção do próprio entendimento, e ser controlados por seu próprio juízo. Pudessem eles ter sido deixados na liberdade de assim fazer, não teria havido queixas contra Moisés; mas ficavam desassossegados sob restrição. TS1 343.2