Testemunhos para a Igreja 9
Motivo para servir
Faz pouco, no transcurso de uma noite, fui despertada do sono e vi os padecimentos que Cristo teve que suportar em favor dos homens. Seu sacrifício, as zombarias e os insultos sofridos às mãos de homens maus, Sua agonia no Jardim do Getsêmani, a traição e a crucifixão: tudo me foi revelado nitidamente. T9 101.3
Vi Cristo em meio de um grande grupo de pessoas. Buscava Ele gravar-lhes na mente os Seus ensinos. Era, porém, menosprezado e repelido. Os homens O sobrecarregavam de injúrias e ignomínia. Esse espetáculo me produziu grande angústia. Instei com Deus: “Que acontecerá a essas pessoas? Será que ninguém, dentre elas, renunciará ao conceito elevado que faz de si mesmas, para, como criança buscar o Senhor? Ninguém quebrantará perante Deus o coração por meio de arrependimento e confissão?” T9 101.4
Foi-me mostrada a agonia de Cristo no horto do Getsêmani, quando o cálice misterioso tremeu nas mãos do Redentor. “Meu Pai”, orou Ele, “se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.” Mateus 26:39. Ao interceder Ele perante o Pai, grandes gotas de sangue Lhe caíam do rosto ao chão. Os elementos das trevas congregavam-se em torno do Salvador para O fazer desanimar. T9 102.1
Erguendo-Se do chão, Cristo foi ao lugar onde deixara os discípulos e pedira que com Ele vigiassem e orassem para não cair em tentação. Queria certificar-Se de que compreendiam a Sua agonia; Ele necessitava de simpatia humana. Achou-os, porém, dormindo. Três vezes os buscou, encontrando-os dormindo. T9 102.2
Três vezes o Salvador orou: “Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.” Mateus 26:39. Foi, então, que o destino do mundo perdido oscilou na balança. Se Cristo houvesse recusado beber o cálice, o resultado teria sido a ruína eterna da espécie humana. Um anjo do Céu, porém, fortaleceu o Filho de Deus para que aceitasse o cálice e bebesse a sua amarga sentença. T9 102.3
Como são poucos os que reconhecem que tudo isso foi suportado por eles pessoalmente! Como são poucos os que dizem: “Isso foi feito por mim, a fim de que eu possa receber a vida futura imortal!” T9 102.4
Quando me foram apresentadas, de maneira tão vívida, essas coisas, pensei: “Nunca poderei colocar diante do público esse assunto tal como é”; e o que digo aqui é uma parte mínima do que me foi mostrado. Ao pensar eu naquele cálice que tremeu nas mãos de Cristo; ao considerar que Ele poderia haver Se recusado a sorvê-lo e deixado o mundo perecer em seu pecado, fiz a decisão de consagrar todas as energias de minha vida ao trabalho de trazer as pessoas até Ele. T9 102.5
Cristo veio ao mundo para sofrer e morrer a fim de que, pela fé nEle e mediante a apropriação dos Seus méritos, viéssemos a ser colaboradores de Deus. Era desígnio do Salvador que depois de subir ao Céu, para ali interceder em favor dos homens, Seus seguidores prosseguissem com a obra por Ele iniciada. Não demonstrará o ser humano interesse especial em transmitir a luz da mensagem do evangelho aos que continuam nas trevas? Alguns há que se dispõem a ir aos confins da Terra a fim de transmitir aos homens a luz da verdade, mas Deus requer que todos os que conhecem a verdade se esforcem por conquistar outros para o amor da verdade. Como poderemos ser considerados em condições de entrar na cidade de Deus, se não nos dispomos a fazer verdadeiros sacrifícios para salvar os que estão prestes a perecer? T9 103.1
Cada um de nós tem uma obra individual para cumprir. Eu sei que há muitos que se põem na devida relação com Cristo, e têm um único pensamento: apresentar ao mundo a mensagem da verdade presente. Estão sempre dispostos a oferecer os seus préstimos. Entristece-me, porém, ver tantos que se contentam com uma vida cristã empobrecida, e que pouco lhes custa. Mediante sua vida declaram que por eles Cristo morreu em vão. T9 103.2
Se alguém não considera honroso participar dos sofrimentos de Cristo; se não sente responsabilidade alguma por quem está condenado a perecer; se não está disposto a sacrifícios com o fim de economizar em proveito da obra que precisa ser feita, esse seguramente não terá um lugar no reino de Deus. A cada passo precisamos ser participantes dos sofrimentos e da abnegação de Cristo. Precisamos ter em nós a atuação do Espírito de Deus, guiando-nos continuamente pela senda do sacrifício. T9 103.3