Testemunhos para a Igreja 8

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Capítulo 36 — Como preparar nossos jovens

João Batista, o precursor de Cristo, recebeu dos pais sua primeira educação. A maior parte de sua vida ele a passou no deserto, de modo que não pudesse ser influenciado pela contemplação da negligente piedade dos sacerdotes e rabis, ou por aprender suas máximas e tradições, por meio das quais os retos princípios eram pervertidos e amesquinhados. Os líderes religiosos daqueles dias haviam-se tornado tão cegos espiritualmente, que mal conseguiam reconhecer as virtudes de origem celestial. Por tanto tempo haviam acariciado o orgulho, a inveja, o ciúme, que interpretavam as Escrituras do Antigo Testamento de uma tal maneira, que lhes destruía o verdadeiro sentido. Foi escolha de João preferir aos prazeres e luxo da vida da cidade a severa disciplina do deserto. Ali o ambiente era favorável aos hábitos de simplicidade e abnegação. Não perturbado pelo clamor do mundo, podia estudar as lições da natureza, da revelação e da providência. As palavras do anjo a Zacarias foram muitas vezes repetidas a João por seus pais, tementes a Deus. Desde a meninice, teve sua missão diante de si, e ele aceitou o santo encargo. Para ele a solidão do deserto era uma grata oportunidade de escapar da sociedade em que a suspeita, a incredulidade e a impureza tinham praticamente dominado tudo. Ele desconfiava do seu próprio poder de resistir à tentação e fugia ao constante contato do pecado, não viesse ele a perder o senso de sua excessiva malignidade. T8 221.1

Mas a vida de João não era gasta em ociosidade, em ascética contemplação, ou em isolamento egoísta. De tempos em tempos, misturava-se ele com os homens; e era sempre um interessado observador daquilo que ocorria no mundo. De seu calmo retiro observava ele os eventos que se desdobravam. Com a visão iluminada pelo divino Espírito, estudava o caráter das pessoas, de modo a conseguir compreender como alcançaria seus corações com a mensagem do Céu. T8 221.2

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Cristo viveu a vida de um genuíno médico-missionário. Almeja Ele que estudemos diligentemente a Sua vida, de modo que possamos aprender a trabalhar do modo como trabalhou. T8 222.1

Sua mãe foi Seu primeiro mestre. De seus lábios e dos rolos dos profetas, Ele aprendeu as coisas celestiais. Viveu num lar campestre, e fiel e alegremente desempenhou Sua parte em levar os fardos da família. Ele havia sido o Comandante do Céu, e os anjos se deleitavam em cumprir Sua vontade; agora era voluntário servo, um amável e obediente filho. Aprendeu um ofício, e com Suas próprias mãos agiu na oficina de carpintaria ao lado de José. Nas vestimentas simples de um operário comum, caminhou pelas ruas da pequena cidade, indo e retornando de Seu humilde labor. T8 222.2

Para as pessoas daquela época, o valor das coisas era determinado por sua aparência exterior. À medida que a religião declinava em poder, crescia em pompa. Os educadores daquele tempo procuravam obter respeito pela exibição externa e ostentação. Diante de tudo isso a vida de Jesus representava um acentuado contraste. Sua vida demonstrava a inutilidade daquelas coisas que os homens reputavam como as essenciais da vida. As escolas de Seu tempo, com sua forma de exaltar as coisas pequenas e diminuir a importância das grandes coisas, não as procurou Ele. Sua educação foi obtida de fontes indicadas pelo Céu, do trabalho útil, do estudo das Escrituras e da natureza, e também das experiências da vida — os livros-textos de Deus, cheios de instruções para todos os que se apresentam com coração disposto, com olhos que almejam ver, com entendimento pronto a compreender. T8 222.3

“E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele.” Lucas 2:40. T8 223.1

Assim preparado saiu para Sua missão, e em cada momento de Seus contatos com os homens exerceu sobre eles uma influência de bênção, um poder para transformar, como o mundo jamais testemunhara. T8 223.2