Testemunhos para a Igreja 8

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Capítulo 35 — Lições do passado

Era desígnio de Deus que após o dilúvio, em cumprimento à ordem dada a Adão, os homens se espalhassem pela Terra, a fim de povoá-la e dominá-la. T8 213.1

À medida, porém, que os descendentes de Noé cresceram em número, a apostasia começou a manifestar-se. Aqueles que desejavam lançar longe as restrições da lei de Deus, decidiram separar-se dos adoradores de Jeová. Determinaram-se a manter sua comunidade unida em um corpo, e a fundar uma monarquia que posteriormente chegasse a abarcar todo o mundo. Na planície de Sinear, resolveram construir uma cidade, e nela uma torre que se constituiria em maravilha ao mundo. Essa torre deveria ser tão alta que nenhum dilúvio atingiria seu topo, tão forte que coisa alguma fosse capaz de arrastá-la. Esperavam conseguir assim sua própria segurança, tornando-se independentes de Deus. T8 213.2

Essa confederação nasceu da rebelião contra Deus. Os habitantes da planície de Sinear estabeleceram seu reino para exaltação própria, não para glória de Deus. Se tivessem êxito, uma grande potência teria dominado, banindo a justiça e fundando uma nova religião. O mundo teria ficado desmoralizado. Teorias errôneas haveriam afastado as mentes de sua fidelidade aos estatutos divinos, e a lei de Jeová haveria sido ignorada e esquecida Deus, porém, jamais deixa o mundo sem testemunhas Suas. Havia naquele tempo homens que se humilharam diante de Deus e clamaram a Ele. “Ó Deus”, imploravam eles, “interpõe-Te entre a Tua causa e os planos e métodos dos homens!” “Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam.” Gênesis 11:5. Anjos foram enviados para arrasar com os propósitos dos edificadores. T8 213.3

A torre atingira admirável altura, de modo que já era impossível aos operários do topo comunicarem-se diretamente com os que se encontravam na base; assim, homens foram posicionados em diferentes pontos, cada um para receber e transmitir aos que se achavam logo a seguir na seqüência os pedidos de materiais ou outras informações relacionadas com o trabalho. À medida que as mensagens assim passavam de uns para outros, a linguagem tornou-se confusa, de modo que se solicitavam materiais não necessários, e as orientações recebidas eram muitas vezes o inverso das que haviam sido transmitidas. Seguiram-se confusão e desencanto. A obra paralisou por completo. Não mais se conseguiu cooperação ou harmonia. Os construtores ficaram atônitos, inteiramente incapazes de compreender o estranho desentendimento entre si próprios, e em ira e desapontamento censuraram-se mutuamente. Sua confusão terminou em briga e derramamento de sangue. Relâmpagos do Céu arrebentaram a porção superior da torre, lançando-a ao solo. Os homens perceberam que existe um Deus que governa no Céu, e é capaz de confundir e multiplicar a confusão de modo a ensinar aos homens que eles são apenas homens. T8 214.1

Deus tem suportado longamente a perversidade dos homens, dando-lhes ampla oportunidade de arrependimento; Ele identifica, porém, todos os seus artifícios para resistir à autoridade de Sua justa e santa lei. T8 214.2

Até esse tempo todos falavam a mesma linguagem; e depois, os que conseguiam entender a linguagem de outros juntaram-se em grupos; uns tomaram determinado caminho, outros algum diferente. “Porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a Terra e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a Terra.” Gênesis 11:9. T8 215.1

Em nossos dias, o Senhor deseja que Seu povo se disperse através da Terra. Não devem estabelecer-se em colônias. Jesus disse: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15. Quando os discípulos seguiram sua inclinação de permanecer em grande número em Jerusalém, foi permitido que a perseguição lhes sobreviesse, de modo que foram espalhados para todas as partes do mundo habitado. T8 215.2

Durante anos, mensagens de advertência e súplica têm sido enviadas a nosso povo, insistindo para que se dirija ao grande campo de seara do Mestre e labute pela salvação das pessoas. T8 215.3

De testemunhos escritos em 1895 e 1899, transcrevo os seguintes parágrafos: T8 215.4

“Verdadeiros agentes missionários não se reunirão em colônias. O povo de Deus deve sentir-se como peregrinos e estrangeiros na Terra. O investimento de grandes quantias de dinheiro em construções para levar avante a obra em um só lugar não faz parte da ordem do Senhor. Edifícios devem ser construídos em muitos lugares. Escolas e sanatórios devem ser estabelecidos em lugares onde hoje nada existe para representar a verdade. Esses projetos não devem ser constituídos com o objetivo de ganhar dinheiro, antes com o propósito de espalhar a verdade. Terrenos devem ser adquiridos a certa distância das cidades, onde possam ser edificadas escolas nas quais a juventude receberá instrução em áreas de agricultura e mecânica. T8 215.5

“Os princípios da verdade presente devem ser difundidos mais e mais. Existem alguns que estão raciocinando a partir de um ponto de vista equivocado. Pelo fato de ser mais conveniente ter o trabalho centralizado num só lugar, posicionam-se a favor de amontoar tudo nesse local. Grande mal é o resultado. Lugares que precisariam ser ajudados, encontram-se destituídos. T8 215.6

“O que posso dizer a nosso povo, que o leve a seguir o curso de ação que será para o seu bem presente e futuro? Não atenderão os que vivem em Battle Creek à luz a eles concedida por Deus? Não haverão eles de negar o eu, tomar a cruz e seguir a Jesus? Não atenderão eles o chamado de seu Líder, para deixar Battle Creek e construir em outros lugares? Não se dirigirão eles aos lugares escuros da Terra a fim de contar a história do amor de Cristo, confiando que Deus lhes outorgará o sucesso? T8 216.1

“Não é plano de Deus que o nosso povo se amontoe em Battle Creek. Jesus diz: ‘Filho, vai trabalhar hoje na Minha vinha. Mateus 21:28. Afastem-se dos lugares em que não são necessários. Ergam o estandarte da verdade em cidades e vilas que ainda não escutaram a mensagem. Preparem o caminho para a Minha volta. Os que se encontram nos caminhos e valados precisam ouvir o chamado.’ T8 216.2

“O Senhor tornará o deserto um lugar sagrado à medida que Seu povo, repleto do espírito missionário, se ponha a edificar centros para a Sua obra, estabelecendo sanatórios onde os enfermos e aflitos possam receber cuidados; e escolas, onde a juventude seja educada nos caminhos corretos.” T8 216.3

“Tem sido dito com insistência que existem grandes vantagens em operar tantas instituições em íntima conexão umas com as outras; que uma fortalecerá a outra, além de propiciarem ajuda aos que desejam obter educação e emprego. Isso está de acordo com raciocínios humanos; pode-se admitir que, de um ponto de vista humano, muitas vantagens sejam obtidas ao se acumular tantas responsabilidades em Battle Creek; tal visão, entretanto, precisa ser expandida.” T8 216.4

A despeito de freqüentes conselhos em sentido contrário, os homens continuam a fazer planos para a centralização do poder, para juntar muitos interesses sob um controle único. Esta obra foi primeiramente iniciada nos escritórios da Review and Herald. As coisas inclinaram-se primeiro numa direção, depois noutra. Foi o inimigo de nossa obra quem lançou o apelo para a consolidação da obra de publicações sob um só poder controlador em Battle Creek. T8 216.5

Ganhou então simpatizantes a idéia de que a obra médico-missionária teria grande avanço se todas as nossas instituições médicas e outras atividades médico-missionárias fossem reunidas sob o controle da associação médico-missionária de Battle Creek. T8 217.1

Foi-me dito que eu precisaria erguer a voz em advertência contra essas idéias. Não devemos estar sob o controle de homens que são incapazes de controlar a si próprios, e que não estão dispostos a submeter-se a Deus. Não devemos ser guiados por homens que desejam que sua palavra seja o poder controlador. O desejo de exercer controle tem sido muito marcante, e Deus tem enviado advertência após advertência, proibindo confederações e consolidações. Advertiu-nos contra nos unirmos para dar cumprimento a certos acordos que seriam apresentados por homens que se esforçam para controlar os movimentos de seus irmãos. T8 217.2