Testemunhos para a Igreja 7
Capítulo 10 — Responsabilidades da vida conjugal
Caro irmão e irmã:
Vocês se uniram em um concerto vitalício. Está começando a sua educação na vida conjugal. O primeiro ano de vida matrimonial é ano de experiência, ano em que, como a criança aprende lições na escola, marido e mulher descobrem mutuamente os diferentes traços de caráter. Nesse primeiro ano de vida conjugal, não permitam que haja capítulos que possam manchar a felicidade futura. T7 45.1
Alcançar a devida compreensão da relação matrimonial é obra da vida inteira. Os que se casam ingressam numa escola onde nunca, nesta vida, se diplomarão. T7 45.2
Meu irmão, o tempo, a força e a felicidade de sua esposa acham-se agora ligados aos seus. Sua influência sobre ela pode ser um cheiro de vida para vida, ou de morte para morte. Seja muito cuidadoso para lhe não estragar a vida. T7 45.3
Minha irmã, você vai agora aprender as primeiras lições práticas no tocante às responsabilidades da vida conjugal. Tenha cuidado para aprender fielmente essas lições, dia a dia. Não dê lugar a descontentamento nem acabrunhamento. Não almeje vida de ócio e inatividade. Guarde-se constantemente de ceder ao egoísmo. T7 45.4
Em sua união vitalícia, as afeições devem conduzir à felicidade mútua. Cada um deve promover a felicidade do outro. Esta é a vontade de Deus a seu respeito. Mas, ao mesmo tempo que se devem unir em um só ser, nenhum de vocês deverá perder sua própria individualidade na do outro. Deus é o dono de sua individualidade. A Ele é que se deve perguntar: Que é direito? Que é errado? Como poderei eu melhor cumprir o propósito de minha criação? “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 1 Coríntios 6:19, 20. Seu amor ao que é humano deve ser secundário em relação ao amor a Deus. A força de sua afeição deve refluir para Aquele que deu a vida por você. Vivendo para Deus, a pessoa faz convergir nEle suas melhores e mais elevadas afeições. É para Aquele que morreu por você, a maior manifestação do seu amor? Se assim for, seu amor mútuo será segundo o plano do Céu. T7 45.5
A afeição poderá ser clara como cristal e formosa em sua pureza e, contudo, ser superficial, por não ter sido provada nem refinada. Faça de Cristo em tudo o primeiro, o último e o melhor. Contemple-O constantemente, e, à medida que se for submetendo à prova, seu amor a Ele se tornará dia a dia mais profundo e mais forte. E ao ampliar seu amor a Ele, também sua experiência de amor mútuo há de crescer, aprofundar-se e fortalecer-se. “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” 1 Coríntios 3:18. T7 46.1
Você agora tem deveres a cumprir, que não tinha antes do casamento. “Revesti-vos, pois ... de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade.” Colossences 3:12. “Andai em amor, como também Cristo vos amou.” “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja. ... De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela.” Efésios 5:2, 22-25. T7 46.2
O casamento, uma união vitalícia, é símbolo da união entre Cristo e Sua igreja. O espírito que Cristo manifesta para com a igreja, é o que marido e mulher devem dedicar-se mutuamente. T7 46.3
Nem o marido nem a mulher deve tentar dominar. O Senhor expressou o princípio que orienta este assunto. O marido deve amar a mulher como Cristo à igreja. E a mulher deve respeitar e amar o marido. Ambos devem cultivar espírito de bondade, resolvidos a nunca ofender ou prejudicar o outro. T7 47.1
Meu irmão e minha irmã, os dois têm intensa força de vontade. Podem tornar essa faculdade em grande bênção ou em grande maldição, para vocês e para os com quem entram em contato. Não procurem obrigar o outro a proceder como desejam. Não podem fazer isso e ao mesmo tempo conservar o amor mútuo. Manifestações de vontade própria destroem a paz e a felicidade do lar. Não permitam que sua vida conjugal seja de contenção. Se o permitirem isso, serão ambos infelizes. Sejam bondosos nas palavras e delicados no trato, renunciando aos próprios desejos. Vigiem bem as palavras; pois elas exercem influência poderosa para o bem ou para o mal. Não permitam qualquer aspereza da voz. Tragam para a vida conjugal a fragrância da semelhança de Cristo. T7 47.2
Antes de um homem entrar em união tão íntima como é a relação matrimonial, deve ele aprender a dominar-se e a tratar com outros. T7 47.3
Na educação da criança, há ocasiões em que a vontade firme e amadurecida da mãe encontra a vontade desarrazoada e indisciplinada da criança. Nessas ocasiões há necessidade de grande sabedoria da parte materna. Por procedimento imprudente ou imposição autoritária, pode-se causar grande mal à criança. T7 47.4
Sempre que possível, convém evitar essa crise; pois representa uma luta árdua, tanto para a mãe como para o filho. Porém uma vez que surja, a criança tem que ser levada a sujeitar a sua vontade à vontade mais sábia do pai ou da mãe. T7 47.5
Deve a mãe conservar-se sob domínio perfeito, não fazendo coisa alguma que desperte na criança espírito de desafio. Não deve ela dar ordens em voz alterada. Muito lucrará com manter a voz em tom suave e agradável. Deve tratar a criança de forma que a atraia para Jesus. Deve reconhecer que Deus é seu Auxiliador; e o amor, seu poder. Como uma cristã sábia não tenta forçar a criança a sujeitar-se. Ora fervorosamente para que o inimigo não alcance a vitória e, ao orar, está consciente de um reavivamento da vida espiritual. Vê que o mesmo poder que nela opera, também atua no filho. Ele se torna mais afável, mais dócil. A batalha está ganha. Sua paciência e bondade, suas palavras de sábia restrição, realizaram a obra desejada. Depois do temporal vem a bonança, como, após a chuva, o brilho do Sol. E os anjos, que estiveram a observar a cena, rompem em cânticos de júbilo. T7 48.1
Essas crises ocorrem também na vida de marido e mulher, que, a menos que dominados pelo Espírito de Deus, manifestarão nessas ocasiões o espírito impulsivo, irrefletido, tantas vezes manifestado pelas crianças. Como pedra contra pedra, será o conflito de uma vontade contra a outra. T7 48.2
Meu irmão, seja bondoso, paciente, longânimo. Lembre-se que sua esposa o aceitou como esposo não para que sobre ela dominas-se mas para que lhe fosse o arrimo. Não seja despótico nem autoritário. Não exerça sua grande força de vontade para obrigar sua esposa a proceder como deseja. Lembre-se de que ela tem sua vontade e que, assim como você, pode ela também desejar que essa vontade se cumpra. Lembre-se, ainda, de que você tem a vantagem da experiência mais vasta. Seja compreensivo e cortês. “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos.” Tiago 3:17. T7 48.3
É positivamente essencial que ambos alcancem uma vitória: a vitória sobre a vontade obstinada. Nessa luta só se pode vencer com o auxílio de Cristo. Pode-se lutar árdua e longamente para vencer o próprio eu, mas, a menos que receba força do alto, haverá fracasso. Pela graça de Cristo pode-se alcançar a vitória sobre o próprio eu e o egoísmo. À medida que for vivendo Sua vida, manifestando a cada passo sacrifício, revelando constante e crescente simpatia pelos que necessitam de auxílio, virá vitória sobre vitória. Dia a dia, vocês aprenderão a conquistar o próprio eu e a fortalecer os pontos fracos de caráter. Ao submeter a vontade ao Senhor Jesus, Ele será sua luz, sua força, sua coroa de glória. T7 49.1
Os homens e mulheres poderão atingir o ideal de Deus por tomarem a Cristo como seu Auxiliador. Façam uma entrega sem reservas a Deus. Saber que estão lutando pela vida eterna os fortalecerá e confortará. Cristo pode conceder-lhes o poder para vencer. Por Seu auxílio poderão destruir inteiramente a raiz do egoísmo. T7 49.2
Cristo morreu para que a vida do homem possa estar ligada à Sua, na união da divindade com a humanidade. Veio ao nosso mundo e viveu vida divino-humana, a fim de a vida de homens e mulheres ser tão harmoniosa quanto Deus pretende que seja. O Salvador nos convida para negarmos o próprio eu e tomarmos a cruz. Então, coisa alguma impedirá o desenvolvimento do ser inteiro. A experiência diária revelará ação salutar e harmoniosa. T7 49.3
Lembrem-se, caro irmão e irmã, que Deus é amor e que pela Sua graça conseguirão fazer-se mutuamente felizes, como prometeram em seu voto matrimonial. E na força do Redentor poderão trabalhar com sabedoria e eficiência para ajudar alguma vida tortuosa a ser endireitada em Deus. Que há que Cristo não possa fazer? Ele é perfeito em sabedoria, em justiça e em amor. Não se fechem em si mesmos, satisfeitos com fruir mutuamente toda sua afeição. Lancem mão de toda oportunidade a fim de contribuir para a felicidade dos que os cercam, partilhando com eles sua afeição. Palavras bondosas, olhares de simpatia e expressões de apreço serão para muita alma a lutar em solidão como um copo de água fresca para o sedento. Uma palavra de animação, um ato de bondade, irá longe para aliviar a carga que pesa sobre ombros cansados. É no ministério altruísta que se encontra a verdadeira felicidade. E cada palavra e ato dessa espécie é registrado nos livros celestiais, como havendo sido feito para Cristo. “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos”, declara Ele, “a Mim o fizestes.” Mateus 25:40. T7 49.4
Vivam sob a luz radiante do amor de Cristo. Então, sua influência abençoará o mundo. Que o Espírito de Cristo os domine. Que esteja em seus lábios a lei da bondade. A longanimidade e a abnegação assinalam as palavras dos que são nascidos de novo, para viver a nova vida em Cristo. T7 50.1
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“Nenhum de nós vive para si.” Romanos 14:7. O caráter há de manifestar-se. Os olhares, o tom da voz, os atos — tudo tem sua influência para fazer ou pôr a perder a felicidade da vida familiar. Eles moldam o temperamento e o caráter dos filhos; inspiram confiança e amor, ou os destroem. Por essas influências todos se tornam melhores ou piores, felizes ou infelizes. Devemos à nossa família o conhecimento da Palavra transformado em vida prática. Tudo quanto nos é possível ser para purificar, iluminar, confortar e animar os que nos estão ligados por laços de família, deve ser feito. T7 50.2