Testemunhos para a Igreja 7

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Capítulo 6 — A obra nas cidades

Sonhei que vários irmãos nossos estavam reunidos em concílio, estudando planos de trabalho para esta época do ano. Julgavam preferível não penetrar nas cidades grandes, mas começar pelas localidades pequenas, distantes das cidades; aí encontrariam menos oposição da parte do clero e evitariam despesas avultadas. Arrazoavam que, sendo em pequeno número, nossos pastores não poderiam ser dispensados para instruir nas cidades os que aceitassem a verdade, e que, por motivo da maior oposição que ali encontrariam, iriam precisar de mais auxílio do que em igrejas de pequenas localidades rurais. Desse modo, em grande parte, se perderia o fruto de uma série de conferências na cidade. T7 34.1

Ainda se insistiu que, em vista de serem escassos os nossos recursos e com as muitas alterações causadas pelas mudanças que poderiam acontecer numa igreja de cidade grande seria difícil formar uma igreja que fosse um auxílio para a causa. Meu esposo instava com os irmãos para que traçassem sem demora planos mais amplos e empregassem em nossas grandes cidades, esforços extensos e completos, que melhor correspondessem ao caráter de nossa mensagem. Um obreiro relatou incidentes de sua experiência nas cidades, mostrando que fora quase um fracasso, ao passo que apresentara melhor êxito nas localidades pequenas. T7 34.2

Um Ser de dignidade e autoridade — presente em todas as nossas reuniões de comissões — escutava com o mais profundo interesse todas as palavras. Falou deliberadamente e com perfeita segurança: “O mundo todo”, disse, “é a grande vinha de Deus. As cidades e vilas constituem parte dessa vinha. Elas têm que ser atingidas. Satanás buscará interpor-se e desanimar os obreiros, para impedi-los de apresentar a mensagem de luz e advertência nos lugares mais importantes, assim como nos mais remotos. Empregará esforços desesperados para levar o povo a voltar-se da verdade para a falsidade. Anjos do Céu são enviados para cooperar com os esforços dos mensageiros de Deus na Terra. Os pastores devem ter coragem, e manter a fé e a esperança inabaláveis, como o fez Cristo, seu Líder vivo. Têm que conservar-se humildes e contritos perante Deus.” T7 34.3

Deus pretende que Sua Palavra, com suas mensagens de advertência e encorajamento, atinja os que estão em trevas e desconhecem a nossa fé. Ela deve ser levada a todos, e lhes servirá de testemunha, quer lhe dêem ouvidos, quer a rejeitem. Não considere que é sua a responsabilidade de convencer e converter os ouvintes. Unicamente o poder de Deus é capaz de abrandar o coração das pessoas. Devemos expor a Palavra da vida, para que todos os que desejarem tenham a chance de receber a verdade. Se voltarem as costas à verdade de origem celestial, ela lhes será a condenação. T7 35.1

Não devemos ocultar a verdade nos recantos da Terra. Ela deve ser proclamada; deve brilhar em nossas grandes cidades. Cristo, em Seus trabalhos, Se punha à margem do lago e nas grandes estradas, onde encontrava pessoas de todas as partes do mundo. Ele emitia a luz verdadeira; semeava a semente do evangelho; resgatava a verdade de sua mistura com o erro, apresentando-a em sua original simplicidade e clareza, de modo que os homens a pudessem compreender. T7 35.2

O Mensageiro celestial que conosco estava, disse: “Jamais percam de vista o fato de que a mensagem é mundial. Deve ela ser dada a todas as cidades, a todas as vilas; deve ser proclamada nos caminhos e valados. Não limitem a proclamação da mensagem.” Na parábola do semeador, Cristo apresentou uma ilustração de Sua própria obra e da de Seus servos. A semente caiu sobre toda espécie de solo. Parte dela caiu em terreno estéril, contudo, nem por isso deixou o semeador de trabalhar. A semente da verdade deve ser lançada em todos os lugares. Onde quer que haja acesso, deve ser exposta a Palavra de Deus. Semeada sobre todas as águas. Talvez não se note logo o resultado dos labores, mas não se pode desanimar. Falemos as palavras de Cristo. Trabalhemos de acordo com os Seus planos. Devemos ir por toda parte, como fez Ele em Seu ministério na Terra. T7 35.3

O Redentor do mundo tinha muitos ouvintes, mas poucos seguidores. Noé pregou ao povo cento e vinte anos antes do dilúvio, e bem poucos souberam dar valor a esse precioso tempo de graça. Exceto Noé e sua família, ninguém mais foi contado entre os crentes, nem entrou na arca. De todos os habitantes da Terra, somente oito pessoas aceitaram a mensagem; mas aquela pregação condenou o mundo. A luz foi dada para que cressem, a rejeição da luz valeu-lhes a ruína. Nossa mensagem para o mundo será um cheiro de vida para todos quantos a aceitarem, e de condenação para todos os que a rejeitarem. T7 36.1

O Mensageiro Se volveu para um dos presentes, e disse: “Suas idéias acerca do trabalho para este tempo são demasiadamente acanhadas. Sua luz não deve se limitar a um espaço pequeno, nem ser posta debaixo do alqueire ou da cama; deve ser posta no castiçal, para que produza claridade para todos quantos estão na casa de Deus — o mundo. É preciso ter mais ampla concepção da obra.” T7 36.2