Testemunhos para a Igreja 7

6/118

Capítulo 3 — Trabalho para os membros da igreja

Temos uma mensagem do Senhor para levar ao mundo — mensagem que deve ser apresentada na abundante plenitude do poder do Espírito. Vejam os nossos pastores a necessidade de procurar salvar os perdidos. Apelos diretos devem ser feitos aos não convertidos. “Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” perguntaram os fariseus aos discípulos de Cristo. E o Salvador respondeu: “Eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mateus 9:11, 13. Essa é a obra que Ele nos deu. E nunca houve dela maior necessidade do que em nossos dias. T7 18.1

Deus não confiou aos pastores o trabalho de estarem pondo em harmonia as igrejas. Tão depressa se acha aparentemente realizado esse serviço, tem que ser feito de novo. Membros da igreja que são atendidos e ajudados desse modo, tornam-se fracalhões religiosos. Se nove décimos do esforço que se tem empregado em favor dos que conhecem a verdade, houvessem sido empregados em prol dos que dela nunca ouviram, quanto maior teria sido o avanço realizado! Deus tem retido Suas bênçãos porque Seu povo não tem trabalhado em harmonia com as Suas diretrizes. T7 18.2

Os que já conhecem a verdade se tornarão mais fracos, se nossos pastores gastarem com eles o tempo e o talento que deveriam dedicar aos não convertidos. Em muitas de nossas igrejas nas cidades, o pastor prega sábado após sábado e os membros continuam indo à casa de Deus sem palavras que dizer sobre as bênçãos recebidas como resultado das que lhe foram comunicadas. Não trabalham durante a semana pondo em prática as instruções que lhes foram dadas no sábado. Enquanto os membros da igreja não fizerem esforços para dar aos outros o auxílio de que necessitam, o resultado será sempre uma grande debilidade espiritual. T7 18.3

O maior auxílio que se pode prestar a nosso povo é ensiná-lo a trabalhar para Deus e a nEle confiar, e não nos pastores. Aprendam a trabalhar como Cristo trabalhou. Unam-se ao Seu exército de obreiros, e façam por Ele um trabalho fiel. T7 19.1

Ocasiões há em que convém fazerem os nossos pastores, no sábado, em nossas igrejas, breves sermões, cheios de vida e do amor de Cristo. Os membros da igreja não devem, porém, esperar um sermão cada sábado. T7 19.2

Lembremo-nos de que somos peregrinos e estrangeiros na Terra, e que buscamos uma pátria melhor, a celestial. Trabalhemos com fervor e devoção tais que pecadores sejam atraídos a Cristo. Os que se uniram ao Senhor em concerto de serviço, acham-se sob obrigação de a Ele se unir também na grande e sublime obra de salvar almas. Durante a semana, façam os membros da igreja fielmente sua parte e, no sábado, relatem sua experiência. A reunião será então como alimento em tempo oportuno, comunicando a todos os presentes vida nova e renovado vigor. Ao ver o povo de Deus a grande necessidade de trabalhar como Cristo trabalhou pela conversão de pecadores, os testemunhos por eles apresentados no culto do sábado estarão cheios de poder. Com alegria contarão a preciosa experiência que alcançaram no trabalho pelos outros. T7 19.3

*****

Nossos pastores não devem gastar seu tempo trabalhando pelos que já aceitaram a verdade. Com o amor de Cristo a arder-lhes no coração, devem pôr-se a ganhar almas para o Salvador. Junto a todas as águas devem eles lançar as sementes da verdade. Um lugar após outro deve ser visitado; uma igreja após outra ser estabelecida. Os que se põem do lado da verdade devem ser organizados em igrejas, e então, deve o pastor passar a outros campos igualmente importantes. T7 19.4

Logo que seja organizada uma igreja, ponha o pastor os membros a trabalharem. Terão eles que ser ensinados a trabalhar com êxito. Dedique o pastor mais tempo para educar do que para pregar. Ensine o povo a maneira de transmitir a outros o conhecimento que receberam. Se bem que os novos conversos devam ser ensinados a pedir conselho dos mais experientes na obra, devem ao mesmo tempo ser ensinados a não colocar o pastor em lugar de Deus. Os pastores são apenas seres humanos, homens rodeados de fraquezas. Cristo é Aquele de quem devemos esperar guia. “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, ... cheio de graça e de verdade.” “E todos nós recebemos também da Sua plenitude, e graça por graça.” João 1:14, 16. T7 20.1

O poder do evangelho deve sobrevir aos grupos já formados de crentes, habilitando-os para o serviço. Alguns dos novos conversos serão de tal modo cheios do poder de Deus que se porão imediatamente a trabalhar. Trabalharão com tanta diligência que não terão tempo nem vontade de enfraquecer as mãos de seus irmãos com críticas descorteses. Seu único desejo será levarem a verdade às regiões que lhes estão à frente. T7 20.2

O Senhor me apresentou a obra que deve ser feita em nossas cidades. Os crentes nessas cidades podem trabalhar por Deus na vizinhança de seus lares. Devem trabalhar calmamente e com humildade, levando consigo, aonde quer que forem, a atmosfera do Céu. Se deixarem fora de vista o próprio eu, apontando sempre para Cristo, será então sentido o poder de sua influência. T7 20.3

Quando o obreiro se entrega sem reservas ao serviço do Senhor, ganha uma experiência que o habilita para trabalhar para seu Mestre com êxito cada vez maior. A influência que o atraiu a Cristo, ajuda-o a atrair outros. Poderá nunca ser-lhe confiada a obra de orador público, mas nem por isso deixa de ser ministro de Deus; e sua obra testifica ser ele nascido de Deus. T7 21.1

*****

Não é o desígnio do Senhor que se deixe aos pastores a maior parte da obra de semear a semente da verdade. Homens que não são chamados para o ministério, devem ser animados a trabalhar pelo Mestre segundo suas várias habilidades. Centenas de homens e mulheres, agora ociosos, poderiam fazer obra digna de aceitação. Levando a verdade à casa de seus amigos e vizinhos, poderiam fazer grande obra para o Mestre. Deus não faz acepção de pessoas. Ele usa cristãos humildes e dedicados, mesmo que não tenham recebido instrução tão completa quanto alguns outros. Empenhem-se no serviço para Deus, fazendo trabalho de casa em casa. Assentados na intimidade do lar poderão — se forem humildes, discretos e piedosos — fazer mais para satisfazer as reais necessidades das famílias, do que o faria um ministro ordenado. T7 21.2

Por que não sentem os crentes preocupação mais profunda, mais fervorosa pelos que estão afastados de Cristo? Por que não se reúnem dois ou três e instam com Deus pela salvação de determinada pessoa, e, em seguida, oram a respeito de outra? Formemos em nossas igrejas grupos para o serviço. Unam-se vários membros para trabalhar como pescadores de homens. Procurem arrebatar almas da corrupção do mundo para a salvadora pureza do amor de Cristo. T7 21.3

A formação de pequenos grupos como base de esforço cristão, foi-me apresentada por Aquele que não pode errar. Se há na igreja grande número de membros, convém que se organizem em pequenos grupos a fim de trabalhar, não somente pelos membros da própria igreja, mas também pelos incrédulos. Se num lugar houver apenas dois ou três que conheçam a verdade, organizem-se num grupo de obreiros. Mantenham indissolúvel seu laço de união, apegando-se uns aos outros com amor e unidade, animando-se mutuamente para avançar, adquirindo cada qual ânimo e força com o auxílio dos outros. Manifestem eles paciência e longanimidade cristãs, não proferindo palavras precipitadas, mas empregando o talento da palavra para que uns aos outros se edifiquem na mais santa fé. Trabalhem com amor cristão pelos que se acham fora do redil, esquecendo-se a si mesmos no empenho de ajudar a outros. Ao trabalharem e orarem em nome de Cristo, seu número aumentará, pois diz o Salvador: “Se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos Céus.” Mateus 18:19. T7 21.4