Testemunhos para a Igreja 7

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Capítulo 43 — Sacrifício próprio

As leis do reino de Cristo são tão simples e, ao mesmo tempo, tão completas que as adições inventadas pelo ser humano só acrescentam confusão. Quanto mais simples forem os planos de trabalho na obra de Deus, melhor será a sua execução. Adotar uma programação mundana na obra de Deus é convidar o desastre e a derrota. Simplicidade e humildade devem caracterizar todo esforço eficiente para o desenvolvimento do Seu reino. T7 215.1

Para que o evangelho possa alcançar a todas as nações, reinos, línguas e povos, deve-se manter o sacrifício próprio. Os que estão em posições de confiança devem em todas as coisas agir como fiéis mordomos, conscienciosamente administrando os recursos que foram criados pelo povo. Deve haver o máximo cuidado para evitar gastos desnecessários. Ao construir edifícios e prover instalações para a obra, devemos cuidar para não fazer planos tão elaborados que consumam dinheiro desnecessário, impossibilitando os recursos para a expansão da obra em outros campos, principalmente em terras estrangeiras. Os recursos não devem ser tirados da tesouraria para estabelecer instituições em nosso país, com o risco de comprometer o desenvolvimento da verdade no estrangeiro. T7 215.2

O dinheiro não deve ser usado somente nas circunvizinhanças, mas em países distantes, nas ilhas do mar. Se as pessoas se empenharem nesse trabalho, Deus certamente removerá tudo que não é devidamente apropriado. T7 215.3

Muitos dentre os crentes quase não têm alimento para comer, contudo, na sua profunda pobreza, trazem seus dízimos e ofertas à tesouraria do Senhor. Muitos, sabendo o que significa sustentar a causa de Deus em circunstâncias difíceis e penosas, investem seus recursos nas casas publicadoras. Voluntariamente suportam durezas e privações, vigiam e oram pelo êxito da obra. Suas ofertas e sacrifícios expressam a gratidão de seu coração Àquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Suas orações e ofertas chegam como um memorial diante de Deus. Esse é o incenso mais fragrante que ascende ao Céu. T7 215.4

O mesmo princípio que controla a obra de Deus no seu sentido mais amplo, deve controlar todas as suas ramificações. Deve estampar o selo da obra missionária. Cada departamento da causa está relacionado com todas as partes do campo de evangelismo, e o espírito que controla um departamento deve ser percebido através de todo o campo. Se uma parte dos obreiros receber um salário maior, há outros em diferentes ramos da obra, que também irão clamar por um salário mais alto, e o espírito de sacrifício próprio tornar-se-á enfraquecido. Outras instituições irão adotar esse mesmo espírito, e o favor de Deus será removido deles; porque Ele nunca sanciona o espírito egoísta. Assim, nossa obra mais atuante será minada. É impossível levar avante a obra se não houver constante sacrifício. De diferentes partes do mundo chegam pedidos por homens e recursos para levarem avante a obra. Seremos compelidos a dizer: “Esperem, não temos dinheiro na tesouraria”? T7 216.1

Alguns homens de experiência e piedade, que trabalharam na obra, negando-se a si mesmos, e não hesitaram em se sacrificar para alcançar o êxito, agora já estão dormindo na sepultura. Foram canais apontados por Deus, como Seus representantes comunicaram os princípios da vida espiritual à igreja. Tinham experiência do que era de maior valor. Não podiam ser comprados ou vendidos. Sua pureza, devoção, e sacrifício próprio, o viver com Deus, era uma bênção para o erguimento da obra. Nossas instituições foram caracterizadas pelo espírito de sacrifício próprio. T7 216.2

Naqueles dias em que lutávamos com a pobreza, aqueles que viam como Deus maravilhosamente trabalhava pela causa, sentiam que não havia nada mais honroso que pudesse acontecer com eles do que o fato de estarem ligados com o interesse da obra pelos laços sagrados que os conectavam com Deus. Não discutiam suas responsabilidades com o Senhor do ponto de vista financeiro? Não, não. Ainda que todos os oportunistas abandonassem seu posto, os piedosos jamais abandonariam a obra. T7 217.1

Os crentes que, na história pioneira da causa, sacrificaram-se para estabelecer a obra estavam imbuídos com o mesmo espírito. Sentiam que Deus exigia de todos que estivessem ligados com a Sua causa uma consagração sem reserva do corpo, alma e espírito, de todas as suas energias e habilidades, para fazer do trabalho um sucesso. T7 217.2

Todavia, em alguns aspectos, o trabalho tem-se deteriorado. Embora tenha crescido em extensão e instalações, tem diminuído em piedade. T7 217.3

Há uma lição para nós na história de Salomão. O início da vida desse rei de Israel foi brilhante com promessas. Escolheu a sabedoria de Deus e a glória de seu reino maravilhou o mundo. Deve ter crescido de força em força, de caráter em caráter, até aproximar-se da semelhança do caráter de Deus; mas, quão desagradável é sua história. Depois de ter sido exaltado às posições mais sagradas de confiança, provou ser infiel. Cresceu em auto-suficiência, orgulho e exaltação própria. A lascívia do poder político e o engrandecimento próprio levaram-no a fazer alianças com nações pagãs. A prata de Társis e o ouro de Ofir foram procurados com um custo terrível, mesmo com o sacrifício da integridade e a traição dos sagrados bens. A associação com os idolatras corrompeu sua fé; um passo falso leva a outro; derrubou a barreira que Deus erigiu para salvar Seu povo; sua vida foi corrompida pela poligamia; e finalmente se entregou a adorar deuses falsos. Um caráter que era firme, puro e elevado tornou-se fraco, marcado pela ineficiência moral. T7 217.4

Não faltaram maus conselheiros, os quais influenciaram como quiseram aquela mente, antes nobre e independente, já que Salomão não mais fazia de Deus seu guia e conselheiro. Sua sensibilidade se tornou embotada; o consciencioso e cuidadoso espírito que caracterizou os primeiros tempos do seu reinado também se perdeu. A auto-indulgência se tornou o seu deus; e, como resultado, juízos severos e tirania cruel passaram a caracterizar sua vida. As extravagâncias praticadas por indulgência própria eram alimentadas à custa de uma taxação opressiva sobre os pobres. Salomão, o rei mais sábio que já teve um cetro nas mãos, tornou-se um déspota. Como rei, ele fora um ídolo da nação, e tudo que falava e fazia era copiado. Seu exemplo exerceu uma influência cujos resultados só serão plenamente conhecidos quando as obras forem trazidas em revista diante de Deus, e cada homem for julgado de acordo com o que realizou nesta vida. T7 218.1

Como Deus pode suportar os delitos desses que tiveram grande luz e vantagens, contudo, seguiram o curso de sua própria escolha, para sua injúria eterna! Salomão, que na dedicação do templo solenemente desafiou o povo: “E seja o vosso coração perfeito para com o Senhor, nosso Deus” (1 Reis 8:61), escolheu seu próprio caminho, e em seu coração, separou-se de Deus. A mente que uma vez foi dada a Deus, inspirada por Ele para escrever as mais preciosas palavras de sabedoria (o livro de Provérbios) — verdades que foram imortalizadas — aquela mente nobre, por intermédio de associações maléficas e cedendo a tentação, tornou-se ineficiente, fraca em poder moral, e Salomão desonrou a si mesmo, a Israel e a Deus. T7 218.2

Olhando para esse quadro, vemos o que os seres humanos se tornam quando se aventuram separados de Deus. Um passo errado prepara o caminho para outro, cada passo dado se torna mais fácil do que o anterior. Assim as pessoas seguem um outro líder que não é Cristo. T7 219.1

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Todos os que ocupam posições em nossas instituições serão provados. Se fizerem de Cristo seu companheiro, receberão sabedoria, conhecimento e compreensão; crescerão na graça e aptidão no caminho de Cristo; e o caráter será modelado à Sua semelhança. Se não seguirem o caminho do Senhor, outro espírito controlará a mente e o discernimento, farão planos sem o Senhor, seguirão seus próprios caminhos, e perderão os cargos que ocupavam. Se afastarem da luz que lhes foi dada, que ninguém apresente suborno para induzir sua permanência. Eles se tornarão um engano e uma cilada. Chegou o tempo em que tudo que pode ser sacudido, será sacudido, só o que estiver firme vai permanecer. Todo caso vem a julgamento diante de Deus; Ele está medindo o templo e seus adoradores. T7 219.2