Testemunhos para a Igreja 6

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Capítulo 58 — O sanatório dinamarquês

Em Skodsborg, subúrbio de Copenhague, Dinamarca, nossos irmãos estabeleceram um sanatório. Avançaram cheios de esperança, sob a convicção de que estavam realizando a obra confiada por Deus a Seu povo. Ocorre que nossos irmãos, de modo geral, não tiveram o interesse que deveriam ter tido em estabelecer sanatórios nos países europeus, de modo que nossos queridos irmãos do Sanatório de Skodsborg avançaram mais depressa do que permitiam os meios de que dispunham, o que os levou a dificuldades e dissabores. T6 463.1

Sinto-me grandemente perturbada diante das dificuldades e perigos que rodeiam nossas instituições na Escandinávia. Minha mente sente-se obrigada a apelar a nosso povo, não apenas em favor da casa publicadora de Cristiânia, como também pelo sanatório dinamarquês. O inimigo foi-me apresentado como estando a esperar ansiosamente por uma oportunidade para destruir essas instituições, que são instrumentos de Deus, usados na redenção da humanidade. Serão atendidos os desejos de Satanás? Permitiremos que essas instituições sejam arrebatadas de nossas mãos e que sua obra beneficente seja interrompida? Pelo fato de terem os nossos irmãos cometido equívocos, vamos deixá-los a suportar sozinhos as conseqüências de seus cálculos errados? É essa a forma como Cristo tem lidado conosco? T6 463.2

Quando alguém se encontra no sopé de uma difícil montanha, sob um pesado fardo, cercado de desencorajamento e necessitando de fortes e animosos ajudadores, muito tempo é gasto em críticas, repreensão e impaciência. Isso não contribui para remover o fardo. Aqueles sobre os quais a carga repousa mais pesadamente não necessitam e nem merecem censura. Mais provavelmente isso deveria recair sobre aqueles que, bem antes, deveriam ter participado da condução do fardo. Mesmo nesse caso, porém, a censura teria sido imprópria e, por certo, sem utilidade. Nosso primeiro pensamento deve ser: De que modo poderei eu ajudar a aliviar a carga? O tempo é precioso. Existem demasiados interesses em jogo para se correr o risco da demora. T6 463.3

Acusar os administradores do Sanatório de Skodsborg de ambição mundana e desejo de exaltação própria seria cometer injustiça. Na ampliação da obra, buscavam eles a glória de Deus; e ali foi realizada uma obra de longo alcance para o bem. Eles erraram, contudo, ao realizarem investimentos além de suas possibilidades, colocando-se assim sob o jugo dos débitos. Por isso, o futuro da instituição e a honra da causa estão sob perigo. Agora, em vez de acrescentar dificuldades à situação, não haveremos nós de empenhar-nos corajosamente na solução do débito? T6 464.1

Sou instada pelo Espírito de Deus a lançar uma advertência. Oh, que visão medonha seria para os anjos, terem de contemplar as instituições estabelecidas para ilustrar e promulgar os princípios da reforma e viver cristão, passando das mãos daqueles que as operam na obra de Deus, e caírem em mãos de pessoas de fora! Irmãos, esta é a hora de nos interessarmos pelas instituições na Europa, que hoje estão clamando por ajuda. Do mesmo modo como Cristo lida conosco, devemos nós tratar com os irmãos que se encontram em dificuldade. T6 464.2

Os tesouros do Senhor acham-se à mão e nos foram confiados exatamente para tais emergências. Que o nosso povo, amante de Deus e de Sua causa, venha em socorro das instituições em perigo. Nossos irmãos americanos devem apressar o resgate. De modo muito especial, os irmãos escandinavos na América do Norte devem tomar ações decididas. Também os irmãos da Dinamarca, Noruega e Suécia devem compreender que este é o tempo de ajudar a Obra do Senhor. Que todos os que confiam em Deus e crêem em Sua Palavra, estudem diligentemente e compreendam seus privilégios, responsabilidades e deveres no tocante a esse assunto. Se falharmos agora em nosso papel de sermos ajudadores de Deus e de salvarmos a editora e o sanatório da Escandinávia, perderemos enorme bênção. T6 464.3

Quem são os que agora se posicionarão ao lado do Senhor? Quem serão as Suas mãos auxiliadoras, aliviando o oprimido? Quem encorajará o quebrantado a confiar no Senhor? Quem manifestará a fé que não falha, antes impulsiona rumo à vitória? Quem lutará neste momento para edificar aquilo que Satanás procura destruir, uma obra que poderá avançar em ramos vigorosos? Quem realizará agora em favor de seus irmãos na Europa aquilo que gostaria de receber, em idênticas circunstâncias? Quem cooperará com os anjos ministradores? T6 465.1

O Senhor convoca Seu povo a negar o próprio eu. Desistamos de alguma coisa que pretenderíamos utilizar para nosso conforto ou prazer pessoal. Ensinemos nossos filhos a negarem o eu e a se tornarem mãos ajudadoras do Senhor na distribuição de Suas bênçãos. T6 465.2

Insisto com meus irmãos da Escandinávia que façam o que estiver ao seu alcance. Uniremos nossos esforços com a obra de amor e ajuda que vocês empreenderem. Existem recursos suficientes nas mãos dos mordomos do Senhor para realizar esta obra, desde que se unam em terna simpatia para restaurar, curar e trazer saúde e prosperidade às agências de Deus. T6 465.3

As somas providas por vocês podem parecer pequenas quando comparadas com as necessidades da obra; não desanimem, contudo. Tenham fé em Deus. Segurem firmemente a mão do Infinito Poder, e aquilo que à primeira vista parece um caso sem esperança, mudará de aspecto. A alimentação das cinco mil pessoas é uma lição prática para nós. Aquele que, dispondo apenas de cinco pães e dois peixinhos, alimentou cinco mil homens e mais as mulheres e crianças, é capaz de realizar grandes coisas por Seu povo nos dias de hoje. T6 465.4

Leiam o relato de como o profeta Eliseu alimentou cem homens: “E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de eu pôr isso diante de cem homens? E disse ele: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comer-se-á, e sobejará. Então, lhos pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor.” 2 Reis 4:42-44. T6 466.1

Quão grande a condescendência de Cristo em operar esse milagre a fim de satisfazer a fome! Satisfez cem filhos de profetas e, vez após outra desde então, embora nem sempre de maneira tão marcante e visível, tem Ele operado a fim de atender as necessidades humanas. Se tivéssemos discernimento espiritual mais claro, de modo a conseguirmos reconhecer mais prontamente o modo misericordioso e compassivo com que Deus Se relaciona com Seu povo, ganharíamos rica experiência. Temos de estudar as maravilhosas obras de Deus, mais do que o temos feito. Ele tem motivado até mesmo homens que não reconhecem a verdade, em favor de Seu povo. O Senhor tem Seus homens da oportunidade, exatamente como ocorreu com o homem que trouxe alimento aos filhos dos profetas. T6 466.2

Quando o Senhor nos dá uma obra a fazer, não paremos para inquirir quanto à razoabilidade da ordem ou aos prováveis resultados de nossa obediência. Os suprimentos em nossas mãos podem parecer muito menores que nossas necessidades; nas mãos do Senhor, contudo, eles se revelarão mais que suficientes. O servo “Então, lhos pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do Senhor.” 2 Reis 4:44. T6 466.3

Necessitamos de maior fé. Devemos possuir um senso mais amplo do relacionamento de Deus com aqueles a quem comprou com o sangue de Seu Filho unigênito. Devemos exercer fé no vindouro progresso da obra do reino de Deus. T6 466.4

Não percamos tempo deplorando a escassez de nossos recursos visíveis, antes façamos o melhor uso daquilo que temos. Ainda que a aparência exterior não seja promissora, esforço e confiança em Deus desenvolverão recursos. Ofereçamos nossas ofertas com ação de graças, orando para que o Senhor abençoe essas dádivas e as multiplique, assim como fez com os alimentos dados aos cinco mil. Se usarmos as nossas melhores instalações, o poder de Deus nos habilitará a alcançar as multidões que estão famintas pelo pão da vida. T6 467.1

Nessa obra de auxiliar nossos irmãos da Noruega e da Dinamarca, disponhamo-nos zelosa e nobremente, deixando os resultados a cargo de Deus. Tenhamos fé de que Ele fará aumentar nossas ofertas até que elas sejam suficientes para colocar Suas instituições em terreno vantajoso. T6 467.2

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Fé é a mão espiritual que toca o infinito. T6 467.3

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As orações simples, direcionadas pelo Espírito Santo, ascenderão ao Céu e cruzarão suas portas, a porta aberta da qual Cristo disse: “o que abre, e ninguém fecha.” Apocalipse 3:7. Essas orações, mescladas com o incenso da perfeição de Cristo, ascenderão como fragrância ao Pai, e as respostas virão. T6 467.4

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Os obreiros de Cristo jamais devem pensar, e muito menos falar, em fracasso da obra. O Senhor Jesus é a nossa eficiência em todas as coisas; Seu Espírito deve constituir nossa inspiração. À medida que nos colocarmos em Suas mãos, para sermos canais de luz, nunca se esgotarão os nossos meios para realizarmos o bem. Podemos abastecer-nos de Sua plenitude, recebendo daquela graça que não conhece limites. T6 467.5