Testemunhos para a Igreja 6
Capítulo 56 — Auxílio para os campos missionários
Sinto um peso no coração, relacionado com os campos missionários mais carentes. Há uma obra agressiva a ser feita nas missões perto de nós; e também uma grande necessidade de fundos para o avanço do trabalho em campos estrangeiros. Nossas missões de além-mar estão definhando. Os missionários não têm sido sustentados do modo como Deus requer. Por falta de recursos, os obreiros estão impossibilitados de penetrar em novos campos. T6 445.1
Em toda extensão à nossa volta almas perecem em seus pecados. A cada ano milhares e milhares morrem sem Deus e sem esperança de vida eterna. As pragas e juízos de Deus estão realizando sua obra, e almas descem à ruína em virtude de a luz da verdade não haver brilhado em seu caminho. Quão poucos, entretanto, têm sentido sobre si o peso da condição de seus semelhantes! O mundo perece em miséria; isso, contudo, pouco significa até mesmo para os que afirmam crer na verdade mais elevada e de mais vasto alcance jamais concedida aos mortais. Deus requer que Seu povo seja a Sua mão ajudadora para alcançar os que perecem; quantos, porém, satisfazem-se em nada realizar! Existe um vazio daquele amor que levou Cristo a deixar Seu lar eterno e assumir a natureza humana, de modo que a humanidade pudesse tocar a humanidade, aproximando-a da divindade. Existe um estupor, uma paralisia, sobre o povo de Deus, que o impede de compreender o que é necessário no tempo presente. T6 445.2
O povo de Deus está sendo julgado pelo universo celestial; mas a escassez de suas dádivas e ofertas e a debilidade de seus esforços no serviço de Deus os assinalam como infiéis. Se o pouco que agora fazem fosse de fato o melhor que podem realizar, não estariam sob condenação; mas, com os recursos que têm, poderiam fazer muito mais. Eles sabem, e o mundo também, que perderam, em grande escala, o espírito de abnegação e de levar a cruz. T6 445.3
Deus convida as pessoas a darem a mensagem ao mundo adormecido, morto em transgressões e pecados. Solicita ofertas voluntárias daqueles cujo coração está na obra, que sentem sobre si o fardo dos pecadores, para que não pereçam, mas recebam a vida eterna. Satanás está praticando o jogo da vida. Trata de assegurar meios que ele consiga controlar, de modo que não venham a ser utilizados em empreendimentos missionários. Ignoraremos nós os seus artifícios? Permitiremos que ele entorpeça nossos sentidos? T6 446.1
Apelo aos irmãos em todas as partes que despertem, que se consagrem a Deus e dEle busquem sabedoria. Apelo aos oficiais em nossas Associações, para que empreendam os mais vigorosos esforços em nossas igrejas. Mostrem-lhes a necessidade de oferecerem de seus recursos para o sustento das missões estrangeiras. A menos que o seu coração seja tocado diante da situação dos campos mundiais, a última mensagem de misericórdia ao mundo se restringirá, e a obra designada por Deus não será completada. T6 446.2
Rapidamente se aproximam os últimos anos do tempo de graça. O grande dia do Senhor está perto. Devemos empreender agora todo esforço possível para despertar nosso povo. Sejam postas diante de toda pessoa as palavras do Senhor pronunciadas através do profeta Malaquias: “Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos Meus estatutos e não os guardastes; tornai vós para Mim, e Eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque Me roubais a Mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança. E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.” Malaquias 3:7-12. T6 446.3
É alto tempo de prestarmos atenção aos ensinos da Palavra de Deus. Todas as suas ordens são dadas para o nosso bem, para converter a alma do pecado à justiça. Todo converso à verdade deve receber instruções no tocante aos requisitos do Senhor quanto aos dízimos e ofertas. À medida que se ergam igrejas, essa obra necessita ser executada com decisão e levada avante no espírito de Cristo. Tudo o que os homens desfrutam recebem da generosidade do Senhor; Ele Se compraz em que Sua herança receba esses bens; entretanto, todos os que se colocam sob a ensangüentada bandeira do Príncipe Emanuel devem reconhecer sua dependência de Deus e seu dever de prestar contas a Ele, ao devolverem a Seu tesouro uma certa parte daquilo que Lhe pertence. Tais recursos devem ser empregados na obra missionária, de modo que se cumpra a comissão dada aos discípulos pelo Filho de Deus: “Toda autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação do século.” Mateus 28:18-20. “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15. T6 447.1
Os que são verdadeiramente convertidos, são chamados a realizar uma obra que requer dinheiro e consagração. A obrigação que vincula nosso nome ao livro da igreja, também nos torna responsáveis por trabalharmos para Deus no limite absoluto de nossa capacidade. Ele requer serviço não dividido, com inteira devoção da alma, coração, mente e forças. Cristo nos colocou na igreja para que Ele possa contar conosco e desenvolver todas as nossas habilidades em devotado serviço pela salvação de almas. Qualquer coisa menos que isso é oposição à obra. Existem no mundo apenas dois lugares em que podemos depositar os nossos recursos — na tesouraria de Deus ou na de Satanás. Tudo aquilo que não é devotado ao serviço de Cristo, conta para o lado de Satanás e destina-se a fortalecer a sua causa. T6 447.2
O Senhor designa que os meios a nós confiados sejam utilizados na edificação de Seu reino. Seus bens são outorgados aos mordomos, para que estes possam negociar cuidadosamente com eles, trazendo-Lhe de volta um bom rendimento sob a forma de pessoas salvas para a vida eterna. Essas almas, por sua vez, se tornarão mordomos da verdade e cooperadores do grande empreendimento que cuida dos interesses do reino de Deus. T6 448.1
Onde quer que haja vida há crescimento e progresso; no reino de Deus há constante intercâmbio — dar e receber — receber e devolver ao Senhor o que é Seu. Deus trabalha com todo verdadeiro crente, e a luz e bênçãos recebidas são dadas outra vez na obra que o crente faz. Assim, a capacidade de receber é ampliada. Ao repartir alguém os dons celestiais, está abrindo espaço para que novas correntes de graça e verdade fluam da fonte viva para a alma. Maior luz, ampliados conhecimentos e bênçãos, lhe pertencem. Nessa obra, que toca a cada membro da igreja, estão a vida e o crescimento da igreja. Aquele cuja vida consiste em receber sempre e nunca dar logo perde a bênção. Se a verdade não flui dele para outros, ele perde sua capacidade de receber. Precisamos repartir as dádivas do Céu se quisermos bênçãos renovadas. T6 448.2
Isso é verdade em coisas temporais, tanto quanto nas espirituais. O Senhor não vem a este mundo com ouro e prata para o avanço de Sua obra. Supre antes os homens com recursos, para que estes, através de suas dádivas e ofertas, mantenham a obra de Deus avançando. O propósito, acima de todos os demais, para o qual os dons de Deus devem ser usados, é o sustento de obreiros no grande campo de colheita. Se os homens e mulheres se tornarem canais de bênçãos para outras almas, o Senhor manterá o suprimento desses canais. Não é o devolver a Deus aquilo que Lhe pertence o que torna pobres os homens; ao contrário, é a retenção que tende a resultar em pobreza. T6 448.3
A obra de compartilhar aquilo que recebeu, definida para cada membro da igreja, torna-o um coobreiro de Deus. De si próprio você nada pode realizar, mas Cristo é o grande Obreiro. É privilégio de cada ser humano que recebe a Cristo tornar-se obreiro ao lado dEle. T6 449.1
Diz o Salvador: “E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim.” João 12:32. Pela alegria de ver almas redimidas, Cristo suportou a cruz. Tornou-Se o sacrifício vivo em favor do mundo caído. Nesse ato de auto-sacrifício, Cristo colocou o coração, o amor de Deus; através do mesmo sacrifício foi dada ao mundo a poderosa influência do Espírito Santo. É por intermédio de Cristo que a obra de Deus deve avançar. Requer-se o auto-sacrifício de cada um dos filhos de Deus. Cristo diz: “Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-Me.” Lucas 9:23. A todos os que crêem, provê Cristo um novo caráter. Tal caráter, através de Seu infinito sacrifício, é a reprodução do Seu próprio. T6 449.2
O Autor da nossa salvação será o Consumador da obra. Uma verdade recebida no coração criará lugar para outra mais. E a verdade, sempre que recebida, porá em ação as faculdades do seu recebedor. Quando os membros das nossas igrejas amarem verdadeiramente a Palavra de Deus, revelarão as melhores e mais fortes qualidades; e quanto mais nobres forem, mais semelhantes às crianças serão, crendo na Palavra de Deus e afastando todo o egoísmo. T6 449.3
Uma torrente de luz resplandece da Palavra de Deus, e devemos reconhecer as oportunidades negligenciadas. Quando todos formos fiéis na devolução a Deus dos Seus dízimos e ofertas, o caminho se abrirá para que o mundo ouça a mensagem para este tempo. Se o coração do povo de Deus estiver cheio de amor a Cristo; se cada membro da igreja estiver cabalmente imbuído do espírito de abnegação; se todos manifestarem fervor intenso, não faltarão recursos para as missões. Nossos recursos serão multiplicados; mil portas de utilidade se abrirão, e seremos convidados a por elas entrar. Caso houvesse sido executado o propósito divino de transmitir ao mundo a mensagem da misericórdia, Cristo já teria vindo à Terra e os santos teriam recebido as boas-vindas na cidade de Deus. T6 450.1
Se já houve tempo em que devam ser feitos sacrifícios, esse é agora. Os que têm dinheiro devem compreender que agora é o tempo de empregá-lo para Deus. Não se absorvam recursos para multiplicar as instalações onde a obra já está estabelecida. Não se acrescente edifício a edifício onde já foram concentrados muitos interesses. Empreguem-se os recursos na formação de centros em campos novos. Assim, será possível ganhar almas que desempenharão sua parte em produzir. T6 450.2
Temos de pensar em nossas missões nos países estrangeiros. Algumas delas estão lutando para estabilizar-se; estão privadas mesmo das condições mais precárias. Em vez de aumentar as instalações já existentes, edifiquemos a obra nesses campos necessitados. Repetidamente o Senhor tem falado a esse respeito. Sua bênção não pode acompanhar o Seu povo, se a instrução for desprezada. T6 450.3
Pratiquemos a economia em nossa casa. Muitos estão acariciando e adorando ídolos. Abandonemos os nossos ídolos. Renunciemos aos nossos prazeres egoístas. Rogo-lhes que não empreguem recursos no embelezamento das residências; porque é dinheiro de Deus, e Ele tornará a pedir esse dinheiro. Pais, por amor de Cristo não empreguem o dinheiro do Senhor na condescendência com as fantasias de seus filhos. Não os ensinem a procurar a moda e a ostentação, a fim de alcançarem influência no mundo. Será que isso vai ajudá-los a salvar as almas por quem Cristo morreu? Não; suscitará inveja, ciúme e más suspeitas. Seus filhos serão induzidos a competir com a ostentação e extravagância do mundo, e a gastar o dinheiro do Senhor no que não é essencial para a saúde ou a felicidade. T6 450.4
Não ensinem seus filhos a pensar que seu amor a eles deve manifestar-se pela satisfação do seu orgulho, prodigalidade e amor à ostentação. Agora não é o tempo de inventar novas formas de gastar dinheiro. Empreguem suas faculdades inventivas para tratar de economizá-lo. Em vez de satisfazer a inclinação egoísta, gastando o dinheiro em coisas que destroem as faculdades do raciocínio, estudemos como praticar a abnegação, a fim de ter algo que inverter para desfraldar o estandarte da verdade nos novos campos. O intelecto é um talento; vamos usá-lo para descobrir como melhor empregar nossos recursos na salvação das almas. T6 451.1
Ensinem aos filhos que Deus tem direito sobre tudo quanto possuem, direito que nada pode jamais abolir; qualquer coisa que tenham só lhes pertence como legado de confiança, como prova de sua obediência. Inspirem-nos com a ambição de ganhar estrelas para a sua coroa, fazendo-os ganhar muitas almas do pecado para a justiça. T6 451.2
O dinheiro é um tesouro necessário; não deve ser desperdiçado com quem dele não necessita. Alguns precisam de seus donativos voluntários. Com demasiada freqüência, os que têm recursos deixam de considerar quantos há no mundo que têm fome e sofrem por falta de alimento. Talvez digam: “Eu não posso alimentar a todos.” Mas praticando as lições de economia, dadas por Cristo, pode-se alimentar um ou mais. Talvez sejam alimentados muitos que têm fome do alimento material; mas também se pode alimentar seu espírito com o pão da vida. “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.” João 6:12. Essas palavras foram proferidas por Aquele que tinha ao Seu dispor todos os recursos do Universo; embora o Seu poder miraculoso tenha fornecido alimento para milhares, Ele não deixou de ensinar uma lição de economia. T6 451.3
Pratiquemos a economia no emprego de nosso tempo. Ele pertence ao Senhor. Nossa força vem do Senhor. Se temos hábitos extravagantes, vamos eliminá-los de nossa vida. Tais hábitos, se mantidos, ocasionarão a nossa bancarrota para toda a eternidade. E os hábitos de economia, trabalho e sobriedade, mesmo neste mundo, são para nós e para nossos filhos algo melhor do que uma rica herança. T6 452.1
Somos viajantes, peregrinos e estrangeiros na Terra. Não gastemos os nossos recursos na satisfação dos desejos que Deus nos ordena reprimir. Ao contrário, demos o devido exemplo a quantos conosco se associam. Representemos devidamente nossa fé, restringindo nossos desejos. Levantem-se as igrejas de forma unida, e trabalhem ardorosamente como quem anda à plena luz da verdade para estes últimos dias. Que a nossa influência impressione as pessoas com o caráter sagrado dos reclamos de Deus. T6 452.2
Se pela providência divina nos foram concedidas riquezas, não nos conformemos com o pensamento de que não precisamos nos dedicar a um trabalho útil, que temos bastante e podemos comer, beber e nos alegrar. Não permaneçamos ociosos enquanto outros estão lutando para obter recursos para a Causa. Invistamos nossos recursos na obra do Senhor. Se fizermos menos que o nosso dever para ajudar os que perecem, que fique bem claro que estamos incorrendo em culpa. T6 452.3
Deus é quem dá aos homens a faculdade de adquirir riqueza, e Ele não concedeu essa faculdade como meio de satisfazer o egoísmo, mas como meio de devolver ao Senhor o que Lhe pertence. Com esse objetivo em vista, não é pecado adquirir riqueza. O dinheiro deve ser ganho com trabalho. A todo jovem devem ser ensinados hábitos de laboriosidade. A Bíblia a ninguém condena por ser rico, se adquiriu honestamente a sua riqueza. O amor egoísta do dinheiro, mal empregado, é que constitui a raiz de todo o mal. A riqueza será uma bênção se a considerarmos pertencente ao Senhor, para ser recebida com gratidão e, com gratidão, devolvida ao Doador. T6 452.4
Mas que valor possui a maior riqueza, se amontoada em custosas mansões ou em depósitos bancários? Que valor têm essas coisas, em comparação com a salvação de uma pessoa por quem morreu o Filho do infinito Deus? T6 453.1
Aos que amontoaram riqueza para os últimos dias, o Senhor declara: “As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos da traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne.” Tiago 5:2, 3. T6 453.2
Ordena-nos o Senhor: “Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos Céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, lhe abram a porta imediatamente. Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que Se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-Se, os servirá. E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos. Sabei, porém, isto: que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa. Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do homem à hora que não imaginais.” Lucas 12:33-40. T6 453.3