Testemunhos para a Igreja 6

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Capítulo 46 — A importância da educação da voz

Em todo o nosso trabalho, o cultivo da voz deve merecer mais atenção. Podemos ter conhecimentos, mas a menos que saibamos servir-nos corretamente da voz, nossa obra será um fracasso. Se não soubermos revestir nossas idéias com a linguagem apropriada, de que nos aproveitará a educação? O saber de pouco proveito nos será, a menos que cultivemos o talento da palavra. Ele será, entretanto, um poder maravilhoso, quando unido à capacidade de proferir palavras sábias e edificantes, de maneira a cativar a atenção. T6 380.1

Os estudantes que desejam tornar-se obreiros na causa de Deus devem ser exercitados em falar clara e incisivamente, do contrário serão prejudicados em metade da influência que poderiam exercer para o bem. A habilidade de falar com simplicidade e clareza, em acentos sonoros, é imprescindível em qualquer ramo da obra. Essa qualidade é indispensável aos que desejam tornar-se pastores, evangelistas, obreiros bíblicos ou colportores. Os que pretendem ingressar em qualquer desses ramos de trabalho devem aprender a usar a voz de maneira tal que, ao falarem ao povo acerca da verdade, se produza uma decidida impressão para o bem. A verdade não deve sofrer detrimento por ser enunciada de maneira imperfeita. T6 380.2

O colportor capaz de falar clara e distintamente sobre o livro que deseja vender verá que isso é de grande utilidade em sua obra. Poderá ter oportunidade de ler um capítulo do livro e, mediante a melodia de sua voz e a ênfase que sabe dar às palavras, será capaz de fazer a cena descrita surgir perante a imaginação do ouvinte tão distintamente como se ele em realidade a visse. T6 380.3

Aquele que dá estudos bíblicos na congregação ou a famílias deve ser capaz de ler com voz branda e harmoniosa cadência, de modo a se tornar aprazível aos ouvintes. T6 380.4

Os ministros do evangelho devem saber falar com vigor e expressão, tornando as palavras da vida eterna tão expressivas e impressivas, que os ouvintes não possam deixar de sentir sua força. Sinto-me penalizada ao ouvir a imperfeita enunciação de muitos de nossos pastores. Tais pastores roubam a glória que Deus poderia receber se eles tivessem se exercitado a falar com poder. T6 381.1

Homem algum deverá julgar-se habilitado a entrar para o ministério, enquanto não houver, mediante perseverantes esforços, corrigido todos os defeitos de sua enunciação. Se ele tentar falar ao povo sem conhecer a maneira de usar o talento da palavra, metade de sua influência ficará perdida, pois sua capacidade de prender a atenção de um auditório será pequena. T6 381.2

Seja qual for sua vocação, cada pessoa deve aprender a servir-se da palavra, de maneira que não venha a falar em tom que desperte os piores sentimentos do coração. Demasiadas vezes o que fala e o que ouve falam áspera e bruscamente. Palavras incisivas, autoritárias, proferidas em tom duro e cortante, têm separado amigos e resultado em perda de almas. T6 381.3

Instruções quanto à cultura vocal devem ser dadas no lar. Os pais precisam ensinar os filhos a falarem de modo tão claro que os ouvintes possam entender cada palavra. Devem ainda ensinar-lhes a ler a Bíblia com voz clara a distinta, de modo a honrar a Deus. E que os que se ajoelham em torno do altar de família não coloquem a face entre as mãos, próximo ao assento, quando se dirigem a Deus. Que levantem a cabeça, e em santa reverência se dirijam ao Pai celestial, emitindo as palavras em tons audíveis. T6 381.4

Pais, exercitem-se para falar de modo que sejam uma bênção aos filhos. As mulheres precisam educar-se nesse aspecto. Mesmo as mães ocupadas, se desejarem fazê-lo, poderão cultivar o talento da fala, ensinando ainda seus filhos a ler e falar corretamente. Podem realizar isso enquanto cumprem seus deveres. Nunca é demasiado tarde para nos aperfeiçoarmos. Deus convoca os pais a introduzirem no círculo familiar toda perfeição possível. T6 381.5

Nas reuniões sociais, é necessário haver uma enunciação clara e distinta, a fim de que todos possam ouvir os testemunhos dados e tirem benefícios deles. Quando o povo de Deus relata suas experiências nas reuniões sociais, são removidas dificuldades e auxílio é proporcionado. Mas muitas vezes os testemunhos são expressos mal e indistintamente, tornando impossível compreender o que foi dito. E assim se perde a bênção. T6 382.1

Os que oram e falam devem pronunciar bem as palavras e falar com clareza, em tons distintos. Quando feita no devido modo, a oração é uma força para o bem. É uma das maneiras empregadas pelo Senhor para comunicar ao povo os preciosos tesouros da verdade. Ela não tem se tornado, porém, o que deveria ser, por causa da imperfeição com que é proferida. Satanás alegra-se quando as orações feitas a Deus são quase inaudíveis. Que o povo de Deus aprenda a falar e a orar de maneira a representar devidamente as grandes verdades que possui. Os testemunhos dados e as orações feitas devem ser claros e distintos. Assim Deus será glorificado. T6 382.2

Que cada um faça o máximo possível com o talento da palavra. Deus pede um ministério mais elevado e perfeito. Ele é desonrado pela imperfeita enunciação da pessoa que, mediante laborioso esforço, deveria ter se tornado um aceitável porta-voz Seu. A verdade é muitas vezes prejudicada pelo veículo que a transmite. T6 382.3

O Senhor roga a todos quantos se acham ligados ao Seu serviço que dêem atenção ao cultivo da voz, a fim de poderem falar de maneira clara as grandes e solenes verdades que lhes tem confiado. Que ninguém prejudique a verdade devido a uma locução imperfeita. Não pensem os que têm negligenciado o cultivo do talento da palavra, que se acham qualificados para ser pastores. Falta-lhes obter a faculdade de comunicar as idéias. T6 382.4

Quando falar, faça com que cada palavra seja pronunciada de forma completa, com clareza; cada sentença distinta, do princípio ao fim. Muitos há que, ao se aproximarem do fim da sentença, abaixam o tom da voz, falando tão indistintamente que a força do pensamento fica anulada. As palavras que de algum modo valem a pena ser proferidas merecem ser ditas em voz clara e distinta, com ênfase e expressão. Nunca, no entanto, procure palavras rebuscadas. Quanto maior for a simplicidade, mais bem compreendidas serão suas palavras. T6 383.1

Jovens, de ambos os sexos: Pôs Deus em seu coração o desejo de servi-Lo? Então, por todos os meios, cultivem a voz o máximo possível, de maneira que possam tornar clara a verdade para os outros. Não formem o hábito de orar tão indistintamente e em voz tão baixa, que seja necessário um intérprete para suas orações. Orem com simplicidade, mas clara e distintamente. Deixar a voz baixar tanto que não possa ser ouvida não é demonstração de humildade. T6 383.2

Desejo dizer aos que pretendem servir a Deus como pastores: Façam um resoluto esforço para adquirir locução perfeita. Peçam a Deus que lhes ajude a conseguir esse elevado objetivo. Quando fizerem oração na igreja, lembrem-se de que estão se dirigindo a Deus, e Ele deseja que falem de maneira que todos quantos se acharem presentes possam ouvir e se unir às suas súplicas. Uma prece proferida tão apressadamente que as palavras são confundidas não honra a Deus nem beneficia os ouvintes. Que os pastores e todos os que fazem oração pública aprendam a fazê-lo de maneira que Deus seja glorificado e os ouvintes abençoados. Falem devagar e com clareza, e em tom alto bastante para serem ouvidos por todos, de modo que o povo esteja unido ao dizer o Amém. T6 383.3