Testemunhos para a Igreja 6

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Capítulo 37 — A recompensa do serviço

“Quando deres um jantar ou uma ceia”, disse Cristo, “não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado serás na ressurreição dos justos.” Lucas 14:12-14. T6 305.1

Cristo pinta nessas palavras um contraste entre as práticas interesseiras do mundo e o desprendido ministério de que Ele deu o exemplo em Sua vida. Ele não oferece por esse ministério uma recompensa de lucro ou reconhecimento mundano. “Recompensado serás”, diz Ele, “na ressurreição dos justos.” Lucas 14:14. Então se tornarão manifestos os resultados da vida de cada um, e todos ceifarão aquilo que semearam. T6 305.2

Esse pensamento deve ser para todo obreiro de Deus um motivo de estímulo e ânimo. Nossa obra para Deus parece muitas vezes quase infrutífera nesta vida. Nossos esforços para fazer o bem talvez sejam diligentes e perseverantes, e todavia é possível que não consigamos ver os seus resultados. Talvez o esforço pareça para nós perdido. Mas o Salvador assegura-nos que nossa obra se acha registrada no Céu, e que a recompensa não vai falhar. Diz o apóstolo Paulo, escrevendo inspirado pelo Espírito Santo: “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” Gálatas 6:9. E lemos nas palavras do salmista: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126:6. T6 305.3

Conquanto a grande recompensa final seja dada na vinda de Cristo, o serviço feito de coração para Deus proporciona mesmo nesta vida uma recompensa. O obreiro tem de enfrentar obstáculos, oposição, desânimo amargo e desolador. Talvez ele não veja o fruto de seu trabalho. A despeito de tudo isso, porém, encontra em seu trabalho uma bendita recompensa. Todos quantos se entregam a Deus num serviço desinteressado pela humanidade, estão cooperando com o Senhor da glória. Esse pensamento adoça toda fadiga, retempera a vontade, revigora o espírito para qualquer coisa que possa sobrevir. Trabalhando com coração abnegado, enobrecidos por serem participantes dos sofrimentos de Cristo, partilhando de Sua compaixão, eles contribuem para avolumar a onda de Seu gozo, e trazem honra e louvor a Seu exaltado nome. T6 306.1

Na companhia de Deus, de Cristo e dos santos anjos, são envolvidos num ambiente celestial, ambiente que traz saúde ao corpo, vigor ao intelecto e alegria espiritual. T6 306.2

Todos quantos consagram corpo, mente e espírito ao serviço de Deus hão de receber continuamente uma nova provisão de energia física, mental e espiritual. Os inexauríveis abastecimentos celestiais se acham a sua disposição. Cristo lhes dá a proteção de Seu espírito, a vida de Sua vida. O Espírito Santo põe Suas mais elevadas energias a operar no coração e na mente. T6 306.3

“Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. ... Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-Me aqui. ... A tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam.” Isaías 58:8-11. T6 306.4

Muitas são as promessas de Deus aos que servem a Seus aflitos. Ele diz: “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal. O Senhor o livrará e o conservará em vida; será abençoado na Terra, e Tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; Tu renovas a sua cama na doença.” Salmos 41:1-3. “Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na Terra e, verdadeiramente, serás alimentado.” Salmos 37:3. “Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os teus lagares.” Provérbios 3:9, 10. “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros, que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda.” Provérbios 11:24. “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e Ele lhe pagará o seu benefício.” Provérbios 19:17. “A alma generosa engordará, e o que regar também será regado.” Provérbios 11:25. T6 307.1

Conquanto muito do fruto de seus trabalhos não apareça nesta vida, os obreiros de Deus têm, da parte dEle a firme promessa do êxito final. Como Redentor do mundo, Cristo tinha constantemente de enfrentar um aparente fracasso. Parecia realizar pouco da obra que anelava fazer para erguer e salvar. Instrumentos satânicos operavam de contínuo para Lhe obstruir o caminho. Mas não desanimava. Ele via sempre diante de Si o resultado de Sua missão. Sabia que a verdade havia de afinal triunfar, no conflito contra o mal, e disse a Seus discípulos: “Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” João 16:33. A vida dos discípulos de Cristo tem de ser como a dEle, uma série de ininterruptas vitórias — que aqui não parecem vitórias, mas que serão reconhecidas como tais no grande porvir. T6 307.2

Aqueles que trabalham para o bem dos outros, fazem-no em união com os anjos celestiais. Têm sua constante companhia, seu incessante ministério. Anjos de luz e poder se acham sempre perto para proteger, confortar, sarar, instruir, inspirar. A eles pertence a mais elevada educação, a mais verdadeira cultura, o mais exaltado serviço ao alcance de seres humanos neste mundo. T6 308.1

Muitas vezes nosso misericordioso Pai anima a Seus filhos e lhes fortalece a fé, permitindo que vejam aqui provas do poder de Sua graça sobre o coração e a vida daqueles por quem trabalham. “Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da Minha boca; ela não voltará para Mim vazia; antes, fará o que Me apraz e prosperará naquilo para que a enviei. Porque, com alegria, saireis e, em paz, sereis guiados; os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro, crescerá a faia, e, em lugar da sarça, crescerá a murta; isso será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.” Isaías 55:8-13. T6 308.2

Na transformação do caráter, na renúncia das paixões, no desenvolvimento das doces graças do Espírito Santo, vemos o cumprimento da promessa: “Em lugar do espinheiro, crescerá a faia, e, em lugar da sarça, crescerá a murta.” Isaías 55:13. Vemos que o deserto da vida “exultará e florescerá como a rosa”. Isaías 35:1. T6 308.3

Cristo Se deleita em tomar material de que, aparentemente, não há esperança — aqueles que Satanás tem degradado, e por cujo intermédio tem operado — e torná-los objeto de Sua graça. Ele Se regozija em libertá-los dos sofrimentos e da ira que há de cair sobre os desobedientes. Ele faz de Seus filhos instrumentos na realização desta obra, em cujo êxito, mesmo nesta vida, encontram preciosa recompensa. T6 308.4

Que é isso, porém, comparado com a alegria que hão de experimentar no grande dia da revelação final? “Agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.” 1 Coríntios 13:12. T6 309.1

A recompensa dos obreiros de Cristo é entrar em Sua alegria. Aquela alegria, que o próprio Cristo antecipava com ansioso desejo, é apresentada em Sua petição ao Pai: “Aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.” João 17:24. T6 309.2

Os anjos estavam esperando para dar as boas-vindas a Jesus, ao ascender Ele depois da ressurreição. As hostes celestiais anelavam por saudar outra vez seu amado General, que lhes era devolvido da prisão da morte. Rodearam-nO ansiosamente, ao penetrar Ele pelas portas celestiais. Mas acenou-lhes para que recuassem. Seu coração estava com o solitário e pesaroso grupo de discípulos que deixara sobre o Olivete. Com Seus filhos em luta aqui na Terra, os quais têm ainda a ferir a batalha contra o destruidor, acha-se também Seu coração. “Pai”, diz Ele, “aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo.” João 17:24. T6 309.3

Os remidos de Cristo são Suas jóias, Seu precioso e particular tesouro. “Como as pedras de uma coroa, eles serão” (Zacarias 9:16) — “as riquezas da glória da Sua herança nos santos.” Efésios 1:18. “O trabalho da Sua alma Ele verá” neles, “e ficará satisfeito.” Isaías 53:11. T6 309.4

E não se alegrarão Seus obreiros quando, por sua vez, contemplam o fruto de seus trabalhos? O apóstolo Paulo, escrevendo aos conversos tessalonicenses, diz: “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo.” 1 Tessalonicenses 2:19, 20. E exorta os irmãos filipenses a serem “irrepreensíveis e sinceros”, a resplandecer “como astros no mundo; retendo a palavra da vida, para que, no dia de Cristo, possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.” Filipenses 2:15, 16. T6 309.5

Todo impulso do Espírito Santo, levando homens à bondade e a Deus, é registrado nos livros do Céu, e no dia de Deus todo aquele que se entregou como instrumento à operação do Espírito Santo, poderá ver o que foi produzido por sua vida. T6 310.1

A viúva pobre que entregou suas duas moedas na tesouraria do Senhor, longe estava de imaginar o que fazia. Seu exemplo de sacrifício pessoal exerceu e exerce influência sobre milhares de corações em todas as terras e em todas as eras. Tem trazido para o tesouro de Deus dádivas de nobres e humildes, ricos e pobres. Tem ajudado a manter missões, a estabelecer hospitais, a alimentar os famintos, vestir os nus, curar os doentes e pregar o evangelho aos pobres. Multidões têm sido abençoadas pelo seu ato de desprendimento. E, no dia de Deus, ela verá os resultados de todas essas linhas de influência. O mesmo se pode dizer da preciosa dádiva de Maria ao Salvador. Quantos têm sido inspirados a amoroso serviço pela lembrança daquele partido vaso de alabastro! E como ela se regozijará ao contemplar tudo isso! T6 310.2

Maravilhosa será a revelação, ao ser manifestado o terreno da santa influência, com seus preciosos resultados. Qual não há de ser a gratidão das pessoas que nos encontrarem nas cortes celestiais, ao compreenderem o interesse cheio de simpatia e amor tomado em sua salvação! Todo louvor, honra e glória serão dados a Deus e ao Cordeiro pela nossa redenção; mas não diminuirá a glória de Deus o expressar reconhecimento para com o instrumento por Ele empregado na salvação de almas quase a perecer. T6 310.3

Os remidos hão de encontrar e reconhecer aqueles cuja atenção encaminharam ao excelso Salvador. Que alegres conversas hão de ter com essas pessoas! “Eu era pecador, sem Deus e sem esperança no mundo; e você se aproximou de mim, e atraiu minha atenção para o precioso Salvador, como minha única esperança. E eu cri nEle. Arrependi-me de meus pecados, e foi-me dado assentar juntamente com Seus santos nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” Outros dirão: “Eu era pagão, em terras pagãs. Você deixou seu lar confortável e veio me ajudar a encontrar Jesus, e a crer nEle como o único Deus verdadeiro. Destruí meus ídolos e adorei a Deus, e agora O vejo face a face. Estou salvo, eternamente salvo, para ver perpetuamente Aquele a quem amo. Então eu O via apenas com os olhos da fé, mas agora vejo-O tal como Ele é. É-me dado agora expressar Àquele que me amou, e me lavou dos pecados em Seu sangue, minha gratidão por Sua redentora misericórdia.” T6 311.1

Outros expressarão seu reconhecimento aos que alimentaram o faminto e vestiram o nu. “Quando o desespero acorrentava minha alma à descrença, o Senhor o enviou a mim”, dizem eles, “para dizer-me palavras de esperança e conforto. Você me trouxe alimento para as necessidades físicas, e me abriu a Palavra de Deus, despertando-me para minhas necessidades espirituais. Tratou-me como irmão. Teve compaixão de mim. Simpatizou comigo em minhas dores, e restaurou-me o coração quebrantado e ferido, de maneira que me foi possível agarrar a mão de Cristo, estendida para me salvar. Em minha ignorância, me ensinou pacientemente que eu tinha no Céu um Pai que de mim cuidava. Leu para mim as preciosas promessas da Palavra de Deus. Você me inspirou a ter fé em que Ele me haveria de salvar. Meu coração foi abrandado, rendido, despedaçado, ao contemplar o sacrifício que Cristo fizera por mim. Tive fome do pão da vida, e a verdade foi preciosa à minha alma. Aqui estou, salvo, eternamente salvo, para viver eternamente em Sua presença, e louvar Aquele que deu a vida por mim.” T6 311.2

Que regozijo haverá quando esses remidos se encontrarem com os que se preocuparam em seu favor, e os saudarem! E os que viveram, não para agradar a si mesmos, mas para ser uma bênção para os desafortunados que tão poucas bênçãos desfrutam — como lhes há de palpitar satisfeito o coração! Eles compreenderão a promessa: “Serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado serás na ressurreição dos justos.” Lucas 14:14. T6 312.1

“Então, te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse.” Isaías 58:14. T6 312.2

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“Não temas, ... Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.” Gênesis 15:1. T6 312.3

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“Eu sou a tua parte e a tua herança.” Números 18:20. T6 312.4

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“Onde Eu estou, ali estará também o Meu servo.” João 12:26. T6 312.5