Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 19 — Obreiros no escritório
As pessoas no Escritório que professam crer na verdade devem demonstrar na vida o poder da verdade e provar que estão trabalhando para frente e para o alto por princípio. Devem estar moldando a vida e o caráter segundo o Modelo perfeito. Se todos pudessem ver com discernimento as realidades tremendas da eternidade, que terrível condenação se apoderaria de alguns no Escritório que agora se conduzem com indiferença, embora separados de cenas eternas por uma distância bem pequena. Muitas advertências têm sido dadas e aplicadas com intensa emoção e orações fervorosas, cada uma das quais é registrada no Céu, para equilibrar a conta de cada um no dia do juízo final. O amor incansável de Cristo tem acompanhado as pessoas empenhadas em Seu trabalho no Escritório. Deus as tem auxiliado com bênçãos e súplicas, todavia odiando os pecados e a infidelidade que se lhes apegam como a lepra. As verdades profundas e solenes as quais as pessoas no Escritório têm tido o privilégio de ouvir devem ter sua aprovação e levá-las a apreciar a luz que Deus lhes tem dado. Se andarem na luz, ela lhes embelezará e enobrecerá a vida com o próprio adorno do Céu: pureza e verdadeira bondade. T3 190.1
Um caminho está aberto diante de qualquer um no Escritório para empenhar-se de coração diretamente na obra de Cristo e na salvação de pecadores. Cristo deixou o Céu e o seio do Pai para vir a um mundo hostil e perdido para salvar os que haviam de ser salvos. Exilou-Se do Pai e trocou o companheirismo puro de anjos pelo de uma humanidade caída, inteiramente poluída pelo pecado. Com tristeza e surpresa, Cristo testemunhou a frieza, a indiferença e negligência com as quais Seus professos seguidores no Escritório tratam a luz e as mensagens de advertência e de amor que lhes deu. Cristo proveu o pão e a água da vida a todos que têm fome e sede. T3 190.2
O Senhor requer de todos no Escritório que trabalhem por motivos elevados. Em Sua vida, Cristo lhes deu exemplo. Todos devem trabalhar com interesse, dedicação e fé para a salvação de pecadores. Se todos no Escritório trabalharem com propósitos desinteressados, discernindo a santidade do trabalho, a bênção de Deus repousará sobre eles. Se todos tivessem assumido suas diferentes responsabilidades prazenteira e alegremente, o desgaste e a perplexidade não teriam caído tão pesadamente sobre meu marido. T3 190.3
Quão poucas orações fervorosas têm sido elevadas a Deus em fé por aqueles que trabalhavam no Escritório que não estavam plenamente na verdade! Quem sentiu o valor de um pecador pelo qual Cristo morreu? Quem tem sido obreiro na vinha do Senhor? Vi que os anjos foram entristecidos pelas frivolidades dos professos seguidores de Cristo que estavam lidando com coisas sagradas no Escritório. Alguns não possuem mais percepção da santidade da obra do que se estivessem empenhados em trabalho comum. Deus agora apela aos infrutíferos ocupantes do terreno para que se consagrem a Ele e concentrem suas afeições e esperanças nEle. T3 191.1
O Senhor gostaria que todos os que estão ligados ao Escritório se tornassem zelosos e assumissem responsabilidades. Se estão em busca de prazeres, se não praticam abnegação, não estão aptos para um lugar no Escritório. Os obreiros do Escritório devem sentir ao entrar que ali é um lugar sagrado, um lugar onde a obra de Deus está sendo feita na publicação da verdade que decidirá o destino das pessoas. Isto não é sentido ou reconhecido como deve ser. Há conversa no departamento de composição que distrai a mente do trabalho. O Escritório não é um lugar para visitas, namoro, divertimento ou egoísmo. Todos devem sentir que estão trabalhando para Deus. Aquele que sonda todos os motivos e lê todos os corações está provando, testando e peneirando Seu povo, especialmente aqueles que têm luz e conhecimento, e que estão empenhados em Sua obra sagrada. Deus “sonda as mentes e os corações” (Apocalipse 2:23), e não aceitará nada menos do que uma inteira dedicação ao trabalho e consagração a Ele. Todos no Escritório devem assumir seus deveres como na presença de Deus. Não devem ficar satisfeitos em fazer apenas o suficiente para passar as horas e receber seu salário; mas todos devem trabalhar em qualquer lugar onde possam ajudar mais. Na ausência do irmão White há alguns fiéis; há outros que só trabalham quando são vistos. Se todos no Escritório que professam ser seguidores de Cristo tivessem sido fiéis no cumprimento do dever, teria havido uma grande mudança para melhor. Rapazes e moças têm ficado muito absorvidos na companhia uns dos outros, falando, gracejando e contando piadas, e os anjos de Deus têm se afastado do Escritório. T3 191.2
Marcus Lichtenstein era um jovem temente a Deus; mas viu tão pouco verdadeiro princípio religioso nas pessoas da igreja e nos que trabalham no Escritório que ficou perplexo, aflito e desgostoso. Tropeçou sobre a falta de seriedade na guarda do sábado manifestada por alguns que ainda professavam ser guardadores dos mandamentos. Marcus tinha respeito elevado pelo trabalho no Escritório; mas a vaidade, a futilidade e a falta de princípio fizeram-no tropeçar. Deus o tinha erguido e em Sua providência o ligou a Seu trabalho no Escritório. Mas muito pouco é sabido sobre a mente e a vontade de Deus por alguns que trabalham no Escritório que consideraram esta grande obra da conversão de Marcus do judaísmo como de pouca importância. Seu valor não foi apreciado. Ele ficava freqüentemente aflito com o comportamento de F e de outros no Escritório; e quando tentou reprová-los, suas palavras foram recebidas com desprezo por ele atrever-se a instruí-los. Sua linguagem imperfeita foi para alguns pretexto de caçoada e divertimento. T3 192.1
Marcus sentiu profundamente a respeito do caso de F, mas não sabia como ajudá-lo. Marcus nunca teria deixado o Escritório se os rapazes tivessem sido leais à sua profissão de fé. Se ele naufragar na fé, seu sangue será certamente achado nas vestes dos jovens que professam a Cristo, mas que, por obras, palavras e comportamento, afirmam claramente que não são de Cristo, mas do mundo. Esse estado deplorável de negligência, indiferença e infidelidade precisa cessar; uma mudança completa e permanente precisa ocorrer no Escritório, ou aqueles que têm tido tanta luz e tão grandes privilégios devem ser despedidos e outros tomarem seus lugares, mesmo que sejam incrédulos. É uma coisa terrível enganar a si mesmo. Disse o anjo, apontando para as pessoas no Escritório: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos Céus.” Mateus 5:20. Não basta fazer profissão de fé. Precisa haver um trabalho efetuado no coração e demonstrado na vida. T3 192.2
O amor de Cristo atinge as profundezas da miséria e dor terrenas, ou não satisfaria o caso do maior pecador. Também alcança o trono do Eterno, ou o homem não poderia ser erguido de sua condição degradada, e nossas necessidades ou desejos satisfeitos. Cristo tem conduzido no caminho da Terra ao Céu. Ele forma o elo que liga os dois mundos. Ele traz o amor e a condescendência de Deus ao homem, e eleva o homem mediante Seus méritos para receber a reconciliação com Deus. Cristo é “o caminho, e a verdade, e a vida”. João 14:6. É difícil seguir, passo a passo, penosa e vagarosamente, para frente e para o alto, no caminho da pureza e santidade. Mas Cristo fez ampla provisão para comunicar novo vigor e força divina a cada passo para frente na vida religiosa. Este é o conhecimento e a experiência que todos os auxiliares do Escritório precisam e devem ter, ou lançam diariamente vergonha sobre a causa de Cristo. T3 193.1
O irmão G está cometendo um erro em sua vida. Ele se valoriza excessivamente. Não começou a edificar corretamente para fazer da vida um sucesso. Está edificando no topo, mas o fundamento não foi lançado corretamente. O fundamento precisa ser posto no subsolo, e então o edifício pode subir. Ele necessita de disciplina e experiência nos deveres da vida diária que as ciências não conferem; toda sua educação não lhe dará adestramento físico para fortalecê-lo para as dificuldades da vida. T3 193.2
Pelo que me foi mostrado, deve haver uma seleção cuidadosa de auxiliares do Escritório. Os que são muito jovens, inexperientes e não consagrados não devem ser colocados aí, porque estão expostos a tentações e não têm caráter estabilizado. Aqueles que formaram o caráter, que têm princípios estáveis, e que têm a verdade de Deus no coração não serão uma fonte constante de cuidado e ansiedade, antes um auxílio e uma bênção. O Escritório de Publicações é bastante capaz de fazer arranjos para obter os melhores auxiliares, aqueles que têm habilidade e princípios. E a igreja, por sua vez, não deve procurar tirar um centavo de vantagem daqueles que vêm ao Escritório para trabalhar e aprender o ofício. Há lugares onde alguns poderiam receber melhor salário do que no Escritório, mas nunca poderão achar um lugar mais importante, mais honroso ou mais exaltado do que o trabalho de Deus no Escritório. Aqueles que trabalham fiel e desprendidamente serão recompensados. Para eles está preparada uma coroa de glória, que comparada com todas as honras e prazeres terrestres são como o pó da balança. Isaías 40:15. De modo especial serão abençoados aqueles que têm sido fiéis a Deus em zelar pelo bem-estar espiritual de outros no Escritório. Interesses financeiros e temporais, em comparação com isso, desaparecem na insignificância. Num prato da balança está ouro em pó; no outro, uma vida humana de tal valor que honra, riquezas e glória foram sacrificadas pelo Filho de Deus para resgatá-la da servidão do pecado e do desespero. O ser humano é de valor infinito e requer a maior atenção. Toda pessoa que teme a Deus naquele Escritório deve pôr de lado coisas pueris e vãs, e, com verdadeira coragem moral, ficar de pé na dignidade de sua varonilidade, evitando familiaridade baixa, antes ligando coração a coração no elo do interesse e amor cristãos. Os corações anelam por simpatia e amor, e são muito refrigerados e revigorados por eles como as flores o são pela chuva e o brilho do sol. T3 193.3
A Bíblia deve ser lida cada dia. Uma vida de religião, de devoção a Deus, é o melhor escudo para os jovens que estão expostos à tentação em seus relacionamentos enquanto freqüentam a escola. A Palavra de Deus fornecerá a norma correta do princípio moral e do que é certo e do que é errado. Um princípio estável de verdade é a única salvaguarda para a juventude. Propósitos fortes e vontade resoluta fecharão muitas portas abertas à tentação e a influências desfavoráveis para a conservação de um caráter cristão. Um espírito fraco e irresoluto acariciado na meninice e juventude causará uma vida de constante trabalho e luta porque faltam decisão e princípio firme. Tais pessoas estarão sempre enredadas ao tentar fazer desta vida um sucesso, e correrão o risco de perder a vida melhor. Será seguro ser zeloso pelo direito. A primeira consideração deve ser honrar a Deus, e a segunda, ser fiel à humanidade, cumprindo os deveres de cada dia e enfrentando suas provas e suportando suas responsabilidades com firmeza e coração resoluto. Esforço sério e incansável, unido com propósito forte e inteira confiança em Deus, ajudará em toda emergência, qualificará para uma vida útil neste mundo e dará aptidão para a vida imortal. T3 194.1