Testemunhos para a Igreja 3

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Capítulo 12 — A pais ricos

Na reunião campal em Vermont, em 1870, senti-me impelida pelo Espírito de Deus a apresentar um testemunho franco relativo ao dever de pais idosos e ricos quanto à disposição de sua propriedade. Foi-me mostrado que alguns homens espertos, prudentes e atentos na transação de negócios em geral, homens que se destacam por prontidão e meticulosidade, manifestam uma falta de previsão e presteza quanto à disposição adequada de sua propriedade enquanto vivem. Não sabem quão logo seu tempo de graça pode findar; contudo passam de ano a ano com seus negócios não resolvidos, e freqüentemente sua vida finda quando já não fazem uso da razão. Ou podem morrer repentinamente, sem um momento de aviso, e sua propriedade é disposta de um modo que não teriam aprovado. Eles são culpados de negligência; são mordomos infiéis. T3 116.2

Cristãos que crêem na verdade presente devem manifestar sabedoria e previdência. Não devem negligenciar a disposição de seus recursos, esperando uma oportunidade favorável de ajustar seus negócios durante uma longa enfermidade. Devem manter seus negócios de tal forma que, se fossem chamados a qualquer hora para deixá-los e não tivessem voz nos arranjos, pudessem ser solucionados como gostariam que fossem se estivessem vivos. Muitas famílias têm sido defraudadas desonestamente de toda sua propriedade e ficaram sujeitas à pobreza porque o trabalho que podia ter sido bem feito numa hora foi negligenciado. Aqueles que preparam seu testamento não devem poupar esforço ou despesa para obter conselho jurídico e os preparar de modo a resistir à prova. T3 117.1

Vi que aqueles que professam crer na verdade devem mostrar sua fé por suas obras. Devem granjear “amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos”. Lucas 16:9. Deus fez o homem mordomo de recursos. Colocou em suas mãos o dinheiro com o qual levar adiante a grande obra para a salvação de pecadores pelos quais Cristo deixou Sua morada, Suas riquezas, Sua glória, e tornou-Se pobre para que pudesse, por Sua humilhação e sacrifício, trazer muitos filhos e filhas de Adão a Deus. Em Sua providência o Senhor ordenou que o trabalho em Sua vinha fosse sustentado pelos recursos confiados às mãos de Seus mordomos. Negligência de sua parte em atender aos apelos da causa de Deus para levar adiante Sua obra mostra que são servos infiéis e ociosos. T3 117.2

Foram-me mostradas algumas coisas referentes à causa em Vermont, especialmente em Bordoville e vizinhança. O seguinte é de Testemunho Para a Igreja, n 20: T3 118.1

“Há uma obra a ser feita por muitos que vivem em Bordoville. Vi que o inimigo estava ocupado em seu trabalho para alcançar seu objetivo. Homens a quem Deus confiou talentos de recursos têm transferido a seus filhos a responsabilidade que o Céu lhes apontou de serem mordomos de Deus. Em vez de submeter a Deus as coisas que são Suas, afirmam que tudo o que têm é seu mesmo, como se pelo próprio poder e sabedoria houvessem obtido seus bens.” T3 118.2

“Uns colocam seus recursos fora do próprio controle, pondo-os nas mãos dos filhos. Seu motivo secreto é colocarem-se numa posição onde não se sintam responsáveis por doar seus bens para propagar a verdade. Eles amam ‘de palavra’, mas não ‘por obras e em verdade’. 1 João 3:18. Não entendem que é o dinheiro do Senhor que estão administrando, não o seu.” T3 118.3

“Devem os pais ter grande temor de confiar aos filhos os talentos de bens que Deus lhes pôs nas mãos, a menos que tenham a absoluta certeza de que seus filhos têm maior interesse, amor e dedicação pela causa de Deus do que eles mesmos, e que esses filhos serão mais fervorosos e zelosos em promover a obra de Deus, e mais benevolentes em fazer prosperar os vários empreendimentos relacionados com ela que necessitam de recursos. Mas muitos colocam seus bens nas mãos dos filhos, transferindo a eles a responsabilidade da própria mordomia, porque Satanás os leva a assim proceder. Assim fazendo, estão efetivamente pondo esses recursos nas fileiras do inimigo. Satanás controla a questão de molde a satisfazer a seus propósitos e afastar da causa de Deus os recursos de que necessita para que seja abundantemente mantida.” T3 118.4

“Muitos que têm feito alta profissão de fé são deficientes em boas obras. Se mostrassem sua fé pelas obras, poderiam exercer poderosa influência a favor da verdade. Mas não aplicam os talentos de recursos que lhes foram confiados por Deus. Os que pensam acalmar a consciência transferindo seus bens aos filhos, ou retendo-os da causa de Deus, e deixando-os nas mãos de filhos descrentes e irresponsáveis para que esbanjem ou acumulem e os adorem, prestarão contas a Deus. São mordomos infiéis do dinheiro do Senhor. Eles permitem que Satanás os domine por meio dos filhos, cuja mente está sob seu controle. Os propósitos de Satanás são alcançados de muitas maneiras, enquanto os mordomos de Deus parecem estupefatos e paralisados, pois não compreendem a grande responsabilidade e o ajuste de contas que deve em breve acontecer.” T3 118.5

Foi-me mostrado que o tempo de graça para alguns na vizinhança de _____ logo se encerraria, e que era importante que seu trabalho fosse finalizado de modo aceitável a Deus, para que na prestação de contas final pudessem ouvir o “Bem está” do Mestre. Foi-me também mostrada a incoerência daqueles que professam crer na verdade em reter seus bens da causa de Deus, para poderem deixá-los para seus filhos. Muitos pais e mães são pobres em meio à abundância. Diminuem, em certo grau, seu conforto pessoal e freqüentemente se privam daquelas coisas que são necessárias para desfrutar vida e saúde, enquanto possuem recursos abundantes à sua disposição. Sentem-se como se fossem proibidos de apropriar-se de seus recursos para conforto próprio e para fins caritativos. Têm um objetivo diante de si, e este é economizar os bens para deixar para os filhos. A idéia é tão notável, tão ligada com todas as suas ações, que os filhos aprendem a antecipar o dia quando essa propriedade será sua. Dependem disso, e esta perspectiva tem influência importante, mas não favorável, sobre seu caráter. Alguns se tornam esbanjadores, outros se tornam egoístas e avarentos, e ainda outros se tornam indolentes e irresponsáveis. Muitos não cultivam hábitos de economia; não procuram tornar-se independentes. Não têm um alvo, e têm pouca estabilidade de caráter. As impressões recebidas na infância e juventude são entretecidas em seu caráter e se tornam o princípio de ação na vida adulta. T3 119.1

Aqueles que se familiarizaram com os princípios da verdade devem seguir de perto a Palavra de Deus como seu guia. Devem dar a Deus as coisas que são de Deus. Foi-me mostrado que muitos em Vermont estavam cometendo um grande erro quanto a apropriar-se dos recursos que Deus lhes confiara. Estavam passando por alto as reivindicações de Deus sobre tudo que eles têm. Seus olhos eram cegados pelo inimigo da justiça, e estavam seguindo uma conduta que seria desastrosa para eles e para os filhos. T3 120.1

Os filhos estavam influenciando seus pais a deixar sua propriedade em suas mãos para a usarem segundo seu critério. Com a luz da Palavra de Deus, tão simples e clara em relação a dinheiro emprestado a mordomos, e com as advertências e reprovações que Deus tem dado através dos Testemunhos quanto à disposição de seus bens — se, com toda esta luz diante deles, os filhos direta ou indiretamente influenciam os pais a dividir a propriedade enquanto vivem, ou a passá-la em testamento aos filhos para que a recebam depois da morte de seus pais, eles assumem responsabilidades terríveis. Filhos de pais idosos que professam amar a verdade devem, no temor de Deus, aconselhar e pleitear com seus pais a serem leais à sua profissão de fé, e a tomarem uma decisão, que Deus possa aprovar, quanto a seus bens. Os pais devem depositar para si tesouros no Céu doando seus bens eles mesmos para o avanço da causa de Deus. Não devem privar-se do tesouro celeste deixando um excesso de bens para aqueles que têm suficiente; pois assim fazendo não só se privam do privilégio precioso de depositar no Céu um tesouro que não falha, mas roubam da tesouraria de Deus. T3 120.2

Eu declarei na reunião campal que quando a propriedade é deixada principalmente para os filhos, enquanto nada é doado à causa de Deus, ou apenas uma ninharia que não merece ser mencionada, esta propriedade freqüentemente se demonstraria uma maldição aos que a herdam. Seria uma fonte de tentação e abriria a porta pela qual correriam o risco de cair em concupiscências perigosas e danosas. T3 120.3

Devem os pais exercer o direito que Deus lhes concedeu. Confiou-lhes os talentos que quer que usem para Sua glória. Não devem os filhos tornar-se responsáveis pelos talentos dos pais. Enquanto tiverem mente sã e bom juízo, devem os pais, com piedosa consideração e o auxílio dos devidos conselheiros que tenham experiência na verdade e conhecimento da vontade divina, dispor de suas propriedades. Se tiverem filhos que estejam sendo afligidos ou lutando com a pobreza, e que farão cuidadoso uso dos recursos, devem eles ser tomados em consideração. Mas, se têm filhos descrentes que têm abundância dos bens deste mundo e que estejam servindo ao mundo, cometem um pecado contra o Mestre que os tornou Seus mordomos ao colocarem bens nas mãos deles meramente por serem seus filhos. Os reclamos de Deus não devem ser considerados levianamente. T3 121.1

E deve-se compreender claramente que o fato de os pais já terem feito seu testamento não os impede de dar recursos à causa de Deus enquanto vivem. E isso é o que devem fazer. Devem ter, aqui, a satisfação, e, na vida futura, a recompensa de disporem dos recursos excedentes enquanto viverem. Devem fazer sua parte no avanço da causa de Deus. Devem usar os bens que lhes foram emprestados pelo Mestre para levar avante a obra que deve ser feita em Sua vinha. T3 121.2

O amor ao dinheiro é a raiz de quase todos os crimes cometidos no mundo. 1 Timóteo 6:10. Os pais que de forma egoísta retêm seus recursos para enriquecer os filhos, e que não vêem as necessidades da causa de Deus e não as aliviam, cometem terrível erro. Os filhos a quem pensam abençoar com seus recursos são com isso amaldiçoados. T3 121.3

O dinheiro deixado para os filhos freqüentemente se torna “raiz de amargura”. Hebreus 12:15. Freqüentemente brigam por causa da propriedade que lhes foi deixada e, em caso de testamento, raras vezes estão todos satisfeitos com a distribuição feita pelo pai. E em vez de os bens deixados despertarem a gratidão, a reverência a sua memória, cria insatisfação, murmuração, inveja e desrespeito. Irmãos e irmãs que estavam em paz uns com os outros são às vezes postos em desacordo, havendo freqüentemente desavença na família como resultado de bens herdados. As riquezas são apenas desejáveis como um meio de suprir as necessidades presentes, e de fazer bem aos outros. Mas as riquezas herdadas com mais freqüência se tornam uma cilada para quem as possui, em vez de uma bênção. Não devem os pais procurar fazer com que os filhos enfrentem as tentações a que eles os expõem ao lhes deixarem recursos que estes nenhum esforço fizeram para adquirir. T3 121.4

Foi-me mostrado que alguns filhos que professam crer na verdade influenciam, indiretamente, o pai a guardar seus bens para eles em vez de os empregar na causa de Deus enquanto vive. Os que assim têm influenciado o pai a transferir para eles a sua mordomia mal sabem o que estão fazendo. Estão amontoando sobre si mesmos dupla responsabilidade, a de influenciar a mente do pai de tal modo que ele não cumpra o propósito de Deus na distribuição dos recursos que por Ele lhe foram confiados para serem usados para Sua glória, e a responsabilidade adicional de se tornarem mordomos dos recursos que deveriam ter sido dados pelo pai aos banqueiros, para que o Mestre pudesse receber com juros o que Lhe pertencia. T3 122.1

Muitos pais cometem um grande erro ao passarem sua propriedade de suas mãos para as dos filhos, ainda que eles mesmos sejam responsáveis pelo uso ou abuso dos talentos que Deus lhes emprestou. Nem os pais nem os filhos se tornam mais felizes por essa transferência de propriedade. E se os pais viverem uns poucos anos mais, arrepender-se-ão geralmente dessa ação que praticaram. O amor filial, em seus filhos, não é aumentado por essa atitude. Não sentem os filhos maior gratidão e obrigação para com os pais por sua liberalidade. Parece haver uma maldição na raiz dessa questão, cuja colheita é apenas o egoísmo da parte dos filhos, e a infelicidade e terrível sentimento de estrita dependência da parte dos pais. T3 122.2

Se os pais, enquanto vivem, ajudassem os filhos a ajudar a si mesmos, seria melhor do que deixar-lhes uma grande quantia ao morrerem. Os filhos a quem se deixa confiar principalmente nos próprios esforços tornam-se melhores homens e mulheres, e estão melhor habilitados para a vida prática do que os que dependem dos bens do pai. Os filhos que dependem dos próprios recursos geralmente prezam sua capacidade, aproveitam seus privilégios e cultivam e dirigem suas faculdades no sentido de alcançar um propósito na vida. Freqüentemente desenvolvem hábitos de operosidade, economia e valor moral, que são o fundamento do êxito na vida cristã. Os filhos por quem os pais mais fazem freqüentemente são os que menos obrigação sentem para com eles. Os erros dos quais falamos têm existido em _____. Pais têm transferido sua mordomia aos filhos. T3 122.3

Na reunião campal em _____, em 1870, apelei aos que tinham recursos a usarem seus bens na causa de Deus como mordomos fiéis, e não deixar este trabalho para os filhos. É um trabalho que Deus deixou para que fizessem, e quando o Mestre os chamar a prestar contas, eles podem, como mordomos fiéis, devolver-Lhe aquilo que lhes emprestou, tanto o capital como os juros. T3 123.1

Os irmãos X, Y e Z me foram apresentados. Estes homens estavam cometendo um erro em relação à distribuição de seus bens. Alguns de seus filhos os estavam influenciando nessa obra, e assumindo responsabilidades que estavam mal preparados para suportar. Estavam abrindo uma porta e convidando o inimigo a entrar com suas tentações para importuná-los e destruí-los. Os dois filhos mais novos do irmão X se encontravam em grande perigo. Estavam se associando com indivíduos cujo caráter não os elevaria, mas os rebaixaria. O poder sutil dessas associações estava exercendo uma influência imperceptível sobre esses jovens. A conversa e o comportamento de maus companheiros eram de natureza a separá-los da influência de suas irmãs e dos maridos delas. Falando sobre esse assunto na reunião campal, lamentei profundamente. Sabia que vira em visão as pessoas que estavam diante de mim. Insisti com aqueles que me ouviam sobre a necessidade de completa consagração a Deus. Não mencionei nomes, porque não me fora permitido fazê-lo. Devia tratar de princípios, apelar aos corações e consciências, e dar àqueles que professavam amar a Deus e guardar Seus mandamentos uma oportunidade de desenvolver o caráter. Deus lhes enviaria advertências e admoestações, e se realmente desejavam fazer Sua vontade tinham uma oportunidade. A luz foi dada, e então devíamos esperar e ver se eles viriam à luz. T3 123.2

Deixei a reunião campal com um peso de ansiedade sobre a mente em relação às pessoas cujo perigo me fora mostrado. Poucos meses depois nos chegou a notícia da morte do irmão Y. Sua propriedade fora deixada aos filhos. No mês de Dezembro último tínhamos um compromisso para realizar reuniões em Vermont. Meu marido estava indisposto e não pôde ir. A fim de evitar um desapontamento muito grande, concordei em ir a Vermont, na companhia da irmã Hall. Falei ao povo com alguma liberdade, mas as reuniões da associação não foram livres. Sabia que o Espírito do Senhor não podia ter liberdade até que confissões fossem feitas e que houvesse quebrantamento de coração diante de Deus. Não pude guardar silêncio. O Espírito do Senhor estava sobre mim, e relatei brevemente a essência do que tenho escrito. Mencionei os nomes de algumas pessoas presentes que estavam impedindo a obra de Deus. T3 124.1

O resultado de deixar bens aos filhos em testamento e também o fato de transferirem a responsabilidade de sua mordomia para os filhos enquanto os pais estavam vivos tinham ocorrido entre eles. A cobiça tinha levado os filhos do irmão Y a seguirem uma conduta errada. Isto foi especialmente verdade acerca de um de seus filhos. Esforcei-me fielmente, relatando as coisas que tinha visto quanto à igreja, especialmente quanto aos filhos do irmão Y. Um destes irmãos, ele mesmo pai, era corrupto de coração e vida, uma vergonha à preciosa causa da verdade presente; sua baixa norma moral estava corrompendo os jovens. T3 124.2

O Espírito do Senhor esteve nas reuniões, e confissões humildes foram feitas por alguns, acompanhadas de lágrimas. Depois da reunião tive uma entrevista com os filhos mais jovens do irmão X. Pleiteei com eles, e supliquei-lhes por amor de si mesmos a fazerem meia-volta, a desligarem-se da companhia daqueles que os estavam levando à ruína, e buscarem aquilo que contribuiria para sua paz. Enquanto pleiteava por esses jovens, meu coração se compadeceu deles, e eu almejei vê-los submeter-se a Deus. Orei por eles, e insisti que orassem por si mesmos. Estávamos ganhando a vitória; eles estavam cedendo. A voz de cada um foi ouvida em oração humilde e penitente, e senti que de fato a paz de Deus repousava sobre nós Anjos pareciam estar a nosso redor, e fui arrebatada numa visão da glória de Deus. A situação da obra em _____ foi-me de novo mostrada. Vi que alguns tinham se afastado de Deus. Os jovens estavam em estado de apostasia. T3 124.3

Foi-me mostrado que os dois filhos mais novos do irmão X eram de natureza bondosa, jovens conscienciosos, mas que Satanás tinha cegado sua percepção. Seus companheiros não eram todos da classe que fortaleceria e melhoraria sua moralidade ou que aumentaria sua compreensão e amor pela verdade e pelas coisas celestiais. “Um só pecador destrói muitos bens.” Eclesiastes 9:18. A conversa ridícula e corrupta desses companheiros tinha exercido seu efeito para desfazer impressões sérias e religiosas. T3 125.1

É um erro associarem-se os cristãos com aqueles cuja moral é frouxa. Um intercâmbio íntimo e diário que ocupe o tempo sem contribuir de alguma forma para o fortalecimento do intelecto ou da moral é um perigo. Se a atmosfera moral que circunda as pessoas não é pura e santificada, mas maculada com a corrupção, os que respiram essa atmosfera verificarão que ela atua quase imperceptivelmente no intelecto e no coração para envenenar e arruinar. É perigoso manter familiaridade com aqueles cuja mente é por natureza de baixo nível. Gradual e imperceptivelmente os que por natureza são conscienciosos e amam a pureza chegarão ao mesmo nível, participarão da imbecilidade e esterilidade moral com que são constantemente postos em contato e passarão a apreciá-las. T3 125.2

Era importante que as amizades desses jovens mudassem. “As más conversações corrompem os bons costumes.” 1 Coríntios 15:33. Satanás tinha atuado através de agentes para arruinar esses jovens. Nada consegue com mais eficiência impedir ou banir impressões sérias e bons desejos do que associação com pessoas de mente vã, descuidada e corrupta. Sejam quais forem os atrativos que tais pessoas possam ter por sua sagacidade, sarcasmo ou humor, o fato de que consideram a religião com leviandade e indiferença é razão suficiente para que não se associe com elas. Por mais atraentes que sejam em outros respeitos, mais deve sua influência ser temida como amizade, porque elas cercam a vida irreligiosa com muitas atrações perigosas. T3 125.3

Esses jovens devem escolher como colegas aqueles que amam a pureza da verdade, cuja moralidade é incontaminada, e cujos hábitos são puros. Devem sujeitar-se às condições expostas na Palavra de Deus, se de fato gostariam de ser filhos de Deus, membros da família real, filhos do Rei celeste. “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei.” 2 Coríntios 6:17. Deus ama a esses jovens, e se seguirem a orientação de Seu Espírito, e andarem em Seu conselho, Ele será sua força. T3 126.1

Deus deu ao irmão A Y boas aptidões, percepção viva e uma boa compreensão de Sua Palavra. Se seu coração fosse santificado, ele poderia ter uma influência para o bem sobre seus irmãos, bem como sobre seus vizinhos e aqueles com quem ele se associa. Mas o amor do dinheiro tem-se-lhe apoderado tão firmemente do coração, e tem sido entretecido com todas as transações da vida, que ele se tornou conformado com o mundo em vez de ser transformado pela renovação da mente. Suas faculdades têm sido pervertidas e degradadas pelo amor sórdido de lucro, o que o tem tornado egoísta, mesquinho e arrogante. Tivessem suas qualidades sido postas em uso ativo no serviço de seu Mestre, em vez de serem usadas para servir a seus interesses egoístas, tivessem sido seu objetivo e alvo fazer o bem e glorificar a Deus, as faculdades da mente que Deus lhe outorgou comunicariam a seu caráter energia, humildade e eficiência que não poderiam deixar de impor respeito e lhe dariam uma influência sobre todos com os quais ele se associava. T3 126.2

Foi-me mostrado que a propriedade deixada pelo pai tinha de fato sido uma raiz de amargura para os filhos. Sua paz e felicidade, e sua confiança um no outro, foram grandemente perturbadas. O irmão A Y não precisava da propriedade de seu pai. Ele tinha suficientes talentos que Deus havia confiado à sua administração. Se tivesse feito uma disposição correta do que possuía, ele ao menos seria daquele número que foi fiel no mínimo. O acréscimo da administração da propriedade de seu pai, que tinha sido desejada com cobiça, foi uma responsabilidade mais pesada do que podia administrar bem. Por vários anos o amor ao dinheiro tem estado a desarraigar o amor à humanidade e a Deus. E como os bens de seu pai estavam a seu alcance, ele quis reter em suas mãos tudo que era possível. Seguiu uma conduta egoísta para com seus irmãos porque tinha a primazia e podia fazê-lo. Seus irmãos não tiveram sentimentos corretos. Nutriam ressentimento contra ele. Tirou vantagem nos negócios com prejuízo de outros até que sua conduta desacreditou a causa de Deus. Perdeu o domínio de si mesmo. Seu maior objetivo era o lucro, o lucro egoísta. “O amor do dinheiro” no coração foi a raiz de todo esse mal. 1 Timóteo 6:10. Foi-me mostrado que, se ele tivesse devotado suas forças ao trabalho na vinha do Senhor, teria realizado grande bem, mas essas qualificações uma vez pervertidas podem ocasionar muito dano. T3 127.1

Os irmãos B não tiveram a ajuda que deviam ter tido. A B labutou com muita desvantagem. Ele assumiu muitas responsabilidades, que prejudicaram seu trabalho, de modo que não progrediu em força espiritual e coragem como deveria. A igreja, que tem a luz da verdade, e que devia ser forte em Deus para o querer, o efetuar (Filipenses 2:13) e para sacrificar, se necessário, por amor da verdade, tem sido como criança débil. Ela tem exigido tempo e esforço do irmão A B para resolver dificuldades que nunca deveriam ter existido. E quando essas dificuldades surgiram por causa de egoísmo e corações não santificados, podiam ter sido resolvidas em uma hora, se houvesse humildade e espírito de confissão. T3 127.2

Os irmãos B cometem um erro em permanecer em _____. Deviam ter mudado de local e não visitar este lugar mais do que umas poucas vezes por ano. Teriam maior liberdade em dar seu testemunho. Estes irmãos não têm se sentido livres em confessar a verdade e os fatos como aconteceram. Se tivessem vivido em outro lugar, teriam sido mais isentos de responsabilidades, e seu testemunho teria tido dez vezes mais peso quando visitassem essa igreja. Enquanto o irmão A B tem sido sobrecarregado com insignificantes questões de igreja e sido retido em _____, deveria ter estado a trabalhar no exterior. Ele serviu “às mesas” (Atos dos Apóstolos 6:2) até que sua mente ficou obscurecida, e não compreende a força e o poder da verdade. Ele não tem estado cônscio das necessidades reais da causa de Deus. Perdeu a espiritualidade e a coragem. A obra de manter a doação sistemática tem sido negligenciada. Alguns irmãos, cujo interesse no passado era promover a causa de Deus, têm-se tornado egoístas e avarentos em vez de se tornarem mais abnegados e seu amor e devoção à verdade crescerem. Têm-se tornado menos devotos e mais semelhantes ao mundo. O pai C é um deles. Precisa de uma nova conversão. O irmão C tem sido favorecido com privilégios superiores, e se estes não forem desenvolvidos, condenação e trevas se seguirão na mesma proporção da luz que ele tem tido, por não aumentar os talentos que Deus lhe emprestou para serem desenvolvidos. T3 127.3

Os irmãos em Vermont têm entristecido o Espírito de Deus ao permitirem que seu amor pela verdade e seu interesse na obra de Deus declinassem. T3 128.1

O irmão D B sobrecarregou suas forças na última temporada, enquanto trabalhava em novos campos com a tenda, sem ajuda adequada. Deus não requer que este irmão, ou qualquer um de Seus servos, prejudique sua saúde por causa de exposição ao frio e trabalho exaustivo. Os irmãos em _____ deviam ter demonstrado interesse através de suas obras. Deviam ter obtido ajuda se tivessem estado cônscios do interesse da causa de Deus e sentido o valor das almas. Enquanto o irmão D B teve profunda percepção da obra de Deus e o valor das almas, que requeriam esforço contínuo, uma grande igreja em _____, por dificuldades mesquinhas, impediu que o irmão A B ajudasse seu irmão. Estes irmãos devem apresentar-se com coragem renovada, desvencilhar-se das provas e desalentos que os têm retido em _____ e prejudicado seu testemunho, e devem suplicar forças do Todo-poderoso. Deviam ter dado um testemunho claro e franco aos irmãos X e Y, e insistir sobre a verdade, e fazer o que pudessem para levar esses homens a realizar uma distribuição justa de sua propriedade. O irmão A B, ao assumir tantas responsabilidades, está diminuindo sua energia mental e física. T3 128.2

Se o irmão C tivesse andado na luz durante os últimos anos, ele teria sentido o valor das almas. Tivesse ele cultivado amor pela verdade, podia ter-se qualificado para ensiná-la a outros. Podia ter ajudado o irmão D B em seu trabalho com a tenda. Poderia ao menos ter assumido as responsabilidades da igreja local. Se tivesse tido amor por seus irmãos, e sido santificado pela verdade, poderia ter-se tornado um pacificador em vez de um instigador de briga, a qual, unida com outras dificuldades, afastou o irmão A B de perto de seu irmão num momento muito importante, o que causou ao irmão D B trabalho muito acima de suas forças. Não obstante, depois de o irmão D B ter feito tudo que podia, o trabalho não foi efetuado, o qual poderia ter sido feito se tivesse havido interesse em _____ de suprir ajuda quando era tão necessária. Uma responsabilidade terrível pesa sobre aquela igreja por sua negligência ao dever. T3 129.1

Foi-me mostrado que a atitude do irmão X em dividir sua propriedade entre os filhos lhes transferia a responsabilidade que ele não deveria ter renunciado. Agora vê que o resultado desta conduta não lhe trouxe aumento de afeição da parte de seus filhos. Não se sentiram sob obrigação para com seus pais pelo que eles fizeram por eles. Estes filhos eram jovens e inexperientes. Não estavam qualificados para arcar com a responsabilidade posta sobre eles. O coração deles não era consagrado. Consideravam os verdadeiros amigos como se fossem inimigos mal-intencionados, enquanto aqueles que separariam até amigos eram aceitos. Estes agentes de Satanás estavam sugerindo continuamente idéias falsas à mente desses jovens, e o coração de irmãos e irmãs, pai e mãe, tornou-se hostil. T3 129.2

O pai X cometeu um erro. Tivesse ele confiado mais nos maridos de suas filhas, que amavam a verdade com sinceridade, e tivesse sido mais disposto para ser ajudado pelo conselho de homens de experiência, grandes erros poderiam ter sido evitados. Mas este é o modo pelo qual o inimigo geralmente tem sucesso em controlar as coisas com relação à distribuição de bens. T3 130.1

Os casos mencionados foram designados por Deus para serem desenvolvidos para que todos vissem o efeito enganoso das riquezas sobre o coração. O resultado nesses casos, que é evidente a todos, deve ser uma advertência a pais e mães e a filhos ambiciosos. A Palavra de Deus define a avareza como idolatria. Colossences 3:5. É impossível a homens e mulheres amar a lei de Deus e amar o dinheiro. As afeições do coração devem ser postas em coisas celestiais. Nosso tesouro deve ser depositado no Céu, porque onde está nosso tesouro, aí estará também nosso coração. Mateus 6:21. T3 130.2