Testemunhos para a Igreja 3

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Provas peculiares

A posição que meu marido tem ocupado por tanto tempo na causa e obra de Deus tem sido de provações peculiares. Sua aptidão para negócios e sua clara visão têm levado seus irmãos no ministério a deixar cair responsabilidades sobre ele que eles mesmos deviam ter levado. Isso tem tornado suas responsabilidades muito grandes. E enquanto seus irmãos não assumiram sua parte nas responsabilidades, perderam uma valiosa experiência que era seu privilégio obter, caso tivessem exercitado a mente a fim de cuidar, ver e sentir o que precisava ser feito para edificação da causa. T3 95.2

Grandes provas têm sido trazidas sobre meu marido pelo fato de seus irmãos no ministério não terem ficado a seu lado quando mais precisava de ajuda. O desapontamento que ele tem sentido repetidamente quando aqueles dos quais dependia lhe falharam em ocasiões da maior necessidade quase destruiu sua capacidade de confiar na constância de seus irmãos no ministério. Seu espírito foi tão ferido que ele se sentiu justificado em ficar melindrado, e permitiu que sua mente se demorasse sobre desencorajamentos. Deus gostaria que ele fechasse esse conduto de trevas, pois corre perigo de naufragar aqui. Quando sua mente fica deprimida, é natural para ele recordar o passado e demorar-se sobre seus sofrimentos anteriores; e irreconciliabilidade toma posse de seu espírito, porque Deus tem permitido que fosse assediado por provas trazidas sobre ele desnecessariamente. T3 96.1

O Espírito de Deus tem sido entristecido porque ele não entregou sua vida totalmente a Deus nem confiou inteiramente em Sua providência, permitindo que a mente seguisse pelo caminho da dúvida e incredulidade em relação à integridade de seus irmãos. Falando de dúvidas e desalento ele não remediou o mal, mas enfraqueceu a própria força e tem dado a Satanás ocasião de molestá-lo e afligi-lo. Ele tem errado em se desabafar de seu desalento e demorar-se sobre os aspectos desagradáveis de sua experiência. Falando assim, ele espalha trevas e não luz. Por vezes ele tem posto um peso de desalento sobre seus irmãos, o que não lhe trouxe a menor ajuda, mas tão-somente enfraqueceu suas mãos. Ele devia fazer uma regra de não falar de descrença ou desalento, ou de demorar-se sobre seus ressentimentos. Seus irmãos em geral o têm amado e tido dó dele, e o tem desculpado por isto, conhecendo a pressão da responsabilidade que pesava sobre ele e sua devoção à causa de Deus. T3 96.2

Meu esposo trabalhou incansavelmente para elevar o interesse nas publicações ao seu presente estado de prosperidade. Percebi que ele tivera mais simpatia e amor dos irmãos do que pensava ter. Eles ansiosamente examinam o periódico para ver se há algo de sua pena. Se há um tom de ânimo em seus escritos, se ele fala animadoramente, sentem o coração aliviado, e alguns até choram com ternos sentimentos de alegria. Mas se expressa palavras de tristeza e sombras, o semblante dos irmãos e irmãs torna-se triste ao lerem. O espírito que caracteriza seus escritos se reflete neles. T3 96.3

O Senhor está procurando ensinar meu marido a ter um espírito de perdão e de esquecimento das passagens escuras de sua experiência. A lembrança do passado desagradável somente entristece o presente, e ele revive a parte desagradável da história de sua vida. Ao fazê-lo, está se apegando às trevas e apertando o espinho ainda mais fundo em seu espírito. Esta é a fraqueza de meu marido, e é desagradável a Deus. Isso traz escuridão e não luz. Ao expressar seus sentimentos, ele pode sentir um alívio aparente por algum tempo; mas isso somente torna mais agudo o senso de quão grandes seus sofrimentos e provas têm sido, até que o todo se torna ampliado em sua imaginação. Os erros dos irmãos que ajudaram a trazer essas provas sobre ele parecem tão graves que lhe afiguram insuportáveis. T3 97.1

Meu marido tem acariciado essas trevas por tanto tempo, ao reviver o passado infeliz, que tem pouca força para controlar a mente quando se demora sobre essas coisas. Circunstâncias e acontecimentos que antes não o teriam incomodado ampliam-se diante dele como faltas graves da parte de seus irmãos. Ele se tornou tão sensível às faltas sob as quais sofreu que é necessário que fique o menos possível nos arredores de Battle Creek, onde muitas das circunstâncias desagradáveis ocorreram. Deus curará seu espírito ferido, se ele o permitir. Mas ao fazê-lo terá de enterrar o passado. Não deve falar ou escrever a respeito disso. T3 97.2

É positivamente desagradável a Deus que meu marido reconte suas dificuldades e suas mágoas peculiares do passado. Se ele visse essas coisas à luz de que não foram feitas a ele, mas ao Senhor, de quem ele é instrumento, então teria recebido grande recompensa. Mas ele tomou as murmurações de seus irmãos como dirigidas contra ele e tem-se sentido sob a obrigação de fazer que todos compreendam a falta e a maldade de assim se queixarem dele quando não merecia sua censura e ofensa. T3 97.3

Se meu marido houvesse sentido que poderia deixar essa questão com o Senhor, e que murmurações e negligência foram contra o Mestre e não contra o servo a serviço do Mestre, não teria se sentido tão ofendido, nem sido prejudicado. Ele deveria ter deixado isso com o Senhor, de quem é servo, para travar Suas batalhas por ele e vindicar Sua causa. Então teria recebido uma recompensa preciosa por todo seu sofrimento por amor de Cristo. T3 98.1

Vi que meu marido não deveria demorar-se sobre os fatos penosos em nossa experiência. Nem deveria ter escrito sobre suas mágoas, mas distanciar-se delas o máximo possível. Deus curará as feridas do passado se ele desviar a atenção das mesmas. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Coríntios 4:17, 18. Quando confissões são feitas por seus irmãos que têm estado em falta, ele deve aceitar as confissões e, generosa e nobremente, procurar encorajar aqueles que foram enganados pelo inimigo. Ele deve cultivar um espírito de perdão e não deve demorar-se sobre as faltas e erros de outros, porque assim fazendo não só enfraquece o próprio coração, mas tortura a mente de seus irmãos que erraram, quando eles podiam ter feito o que fosse possível fazer por confissão, para corrigir os erros passados. Se Deus vir que é necessário que qualquer porção de seu passado lhes deva ser apresentado, para que compreendam como evitar erros no futuro, Ele fará esta obra; mas meu marido não deve atribuir-se o fazê-lo, porque desperta cenas passadas de sofrimento que o Senhor gostaria que ele esquecesse. T3 98.2