Testemunhos para a Igreja 3
Capítulo 32 — Apelo aos jovens
Queridos Jovens:
De tempos a tempos, o Senhor me tem dado testemunhos de advertência para vocês. Ele lhes tem dado animação, quando vocês Lhe entregam as melhores e mais santas afeições do coração. Ao serem essas advertências distintamente reavivadas diante de mim, percebo o perigo que correm e, bem sei, vocês mesmos não percebem. A escola situada em Battle Creek reúne muitos jovens de constituições mentais diversas. Se esses jovens não forem consagrados a Deus e obedientes à Sua vontade, e não andarem humildemente no caminho de Seus mandamentos, a localização de uma escola em Battle Creek demonstrar-se-á motivo de grande desânimo para a igreja. Esta escola poderá ser uma bênção ou uma maldição. Rogo a vocês, que ostentam o nome de Cristo, que se apartem de toda iniqüidade e desenvolvam caráter que mereça a aprovação de Deus. T3 362.1
Pergunto-lhes: Crêem vocês que os testemunhos de reprovação que lhes têm sido dirigidos são de Deus? Se realmente acreditam que a voz de Deus lhes tem falado, indicando os perigos que os ameaçam, ouvem vocês os conselhos dados? Conservam frescas na memória essas advertências, lendo-as freqüentemente com espírito de oração? Crianças e jovens, o Senhor lhes tem falado repetidas vezes; vocês, porém, têm sido tardios em atender às advertências dadas. Embora não tenham endurecido rebeldemente o coração contra as descrições que Deus lhes tem dado de seu caráter e perigos, nem contra a rota traçada para seguirem, alguns de vocês todavia têm sido desatentos quanto às coisas exigidas de vocês a fim de obterem força espiritual e serem uma bênção na escola, na igreja e para todos com quem se associam. T3 362.2
Rapazes e moças, vocês são responsáveis para com Deus pela luz que Ele lhes tem dado. Esta luz e essas advertências, caso desatendidas, erguer-se-ão contra vocês no juízo. Seus perigos têm sido claramente expostos; vocês têm sido advertidos e guardados de todos os lados, cercados de advertências. Na casa de Deus, têm ouvido as mais solenes e inquiridoras verdades apresentadas pelos servos de Deus em demonstração do Espírito. Que peso têm esses solenes apelos sobre seu coração? Que influência exercem sobre seu caráter? Vocês serão responsáveis por todos esses apelos e advertências. Eles se erguerão no juízo para condenar os que prosseguem em uma vida de vaidade, leviandade e orgulho. T3 363.1
Queridos jovens amigos, aquilo que semearem, isso hão de colher. Agora é o tempo de semeadura para vocês. Qual será a colheita? Que estão semeando? Cada palavra que proferem, cada ato que praticam, é uma semente que produzirá bom ou mau fruto e que redundará em alegria ou tristeza para o semeador. Qual a semente lançada, tal a colheita. Deus lhes tem dado grande luz e muitos privilégios. Depois de comunicada a luz, depois de lhes haverem sido claramente expostos os riscos que correm, fica sobre vocês a responsabilidade. A maneira como tratam a luz que Deus lhes envia fará pender a balança para a felicidade ou o infortúnio. Vocês mesmos estão moldando o próprio destino. T3 363.2
Todos vocês têm uma influência para bem ou para mal sobre a mente e o caráter de outros. E justamente a influência que exercerem será escrita nos livros do Céu. Um anjo está observando vocês e registrando suas palavras e ações. Ao se levantarem pela manhã, acaso experimentam o senso de sua incapacidade, sua necessidade de forças vindas de Deus? E humilde e sinceramente expõem suas necessidades ao Pai celestial? Se assim for, os anjos anotam-lhes as orações, e se as mesmas não partiram de lábios fingidos, quando estiverem em risco de errar inconscientemente, de exercer uma influência que leve outros a errar, seu anjo da guarda estará ao seu lado, impulsionando-os a seguir melhor direção, escolhendo as palavras para proferirem e influenciando-lhes as ações. T3 363.3
Se não se sentem em perigo, e se não fazem nenhuma prece em busca de auxílio e força para resistir às tentações, é certo se extraviarem; sua negligência do dever será registrada nos livros de Deus no Céu, e serão achados em falta no dia da provação. Há ao seu redor alguns que foram cuidadosamente instruídos, e outros que foram tratados com condescendência, mimados, lisonjeados, elogiados, até que ficaram positivamente arruinados para a vida prática. Falo a respeito de pessoas que conheço. Seu caráter acha-se tão distorcido pela condescendência, lisonja e indolência, que são inúteis para esta vida. E se são inúteis no que respeita a esta vida, que esperaremos quanto àquela outra em que tudo é pureza e santidade, e onde todos têm caráter harmônico? Tenho orado por essas pessoas; tenho-me dirigido pessoalmente a elas. Podia ver a influência que elas exerciam sobre outras mentes, levando-as à vaidade, ao amor do vestuário e ao descuido para com seus interesses eternos. A única esperança para essa classe de pessoas é que atentem para seus caminhos, humilhem perante Deus o coração orgulhoso e frívolo, façam confissão de seus pecados e se convertam. T3 364.1
A vaidade no vestuário bem como o amor ao divertimento são grandes tentações para os jovens. Deus tem sagradas reivindicações sobre todos nós. Ele pede todo o coração, toda a mente, toda a afeição. A resposta dada por vezes a esta declaração é: “Oh, eu não professo ser cristão!” E se não professa? De vocês não requer Deus o mesmo que requer daqueles que professam ser Seus filhos? Por serem ousados em sua descuidosa desconsideração para com as coisas sagradas, será seu pecado de negligência e rebelião passado por alto pelo Senhor? Cada dia que vocês desprezam as reivindicações de Deus, cada oportunidade de misericórdia oferecida que menosprezam é posta à sua conta, engrossando a lista de pecados contra vocês no dia em que os registros de todas as pessoas serão investigados. Dirijo-me a vocês, rapazes e moças, professos ou não. Deus pede suas afeições, sua prazerosa obediência e devoção para com Ele. Vocês têm agora um breve tempo de graça, e podem aproveitar esta oportunidade para fazer incondicional entrega a Deus. T3 364.2
A obediência e a submissão às reivindicações de Deus são as condições apresentadas pelo inspirado apóstolo para nos tornarmos filhos de Deus, membros da família real. Toda criança e jovem, todo homem e mulher foi por Jesus, mediante Seu próprio sangue, salvo do abismo da ruína a que Satanás os impelia. Pelo fato de os pecadores não aceitarem a salvação que lhes é oferecida, ficam eles livres de sua obrigação? O fato de preferirem permanecer no pecado e ousada transgressão não lhes diminui a culpa. Jesus pagou o preço por eles, e eles Lhe pertencem. São propriedade dEle; e se não prestarem obediência Àquele que por eles deu a vida, mas consagrarem seu tempo, suas forças e talentos ao serviço de Satanás, estão recebendo seu salário, que é a morte. Glória imortal e vida eterna são a recompensa oferecida por nosso Redentor aos que Lhe forem obedientes. Ele lhes tornou possível aperfeiçoarem caráter cristão mediante o Seu nome, e vencer por si mesmos como Ele venceu em benefício deles. Ele lhes deu o exemplo na própria vida, mostrando-lhes como podem vencer. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6:23. T3 365.1
As reivindicações de Deus são igualmente obrigatórias a todos. Os que preferem negligenciar a grande salvação que lhes é oferecida gratuitamente, que preferem servir a si mesmos e permanecer inimigos de Deus, inimigos do abnegado Redentor, estão ganhando o seu salário. Semeiam na carne, e da carne hão de ceifar a corrupção. Gálatas 6:8. T3 365.2
Aqueles que se revestiram de Cristo pelo batismo, mostrando por esse passo sua separação do mundo, e que prometeram andar em novidade de vida, não devem erguer ídolos no coração. Os que uma vez se regozijaram na evidência dos pecados perdoados, que experimentaram o amor do Salvador, e que depois persistem em unir-se aos inimigos de Cristo, rejeitando a perfeita justiça que Jesus lhes oferece, escolhendo os caminhos condenados por Ele, serão mais severamente julgados do que os pagãos que nunca tiveram a luz e nunca conheceram a Deus e a Sua lei. Os que recusam seguir a luz que Deus lhes deu, preferindo os divertimentos, vaidade e loucuras do mundo, recusando-se a conformar sua vida com as justas e santas reivindicações da lei de Deus, são à vista de Deus culpados dos mais ofensivos pecados. Sua culpa e seu salário serão proporcionais à luz e privilégios que tiveram. T3 365.3
Vemos o mundo absorvido em seus divertimentos. O primeiro e supremo pensamento da maior parte, especialmente das mulheres, é a exibição. O amor do vestuário e do prazer está arruinando a felicidade de milhares. E alguns dos que professam amar e observar os mandamentos de Deus imitam essa classe até o ponto em que ainda possam conservar o nome de cristãos. Alguns jovens são tão ansiosos por exibição que estão até dispostos a desistir desse nome de cristãos, se tão-somente puderem seguir sua inclinação pela vaidade no vestuário e o amor dos prazeres. A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade e abster-se de ostentação de jóias e ornamentos de toda espécie está em harmonia com nossa fé. Pertencemos nós ao número dos que vêem a loucura dos mundanos em condescender com a extravagância do vestuário o amor às diversões? Se assim é, cumpre-nos ser daquela classe que foge a tudo quanto sanciona esse espírito que se apodera da mente e coração dos que vivem apenas para este mundo e não pensam no vindouro nem se importam com ele. T3 366.1
Jovens cristãos, tenho visto em alguns de vocês amor pelo vestuário e exibição que me tem entristecido. Em alguns que têm sido bem instruídos, que têm desfrutado os privilégios religiosos desde o berço, e que se têm revestido de Cristo mediante o batismo, professando assim estar mortos para o mundo, tenho visto vaidade no vestuário e leviandade na conduta que têm ofendido ao querido Salvador, sendo ao mesmo tempo uma vergonha para a causa de Deus. Tenho observado com dor o declínio religioso de vocês, e sua inclinação a enfeitar e adornar seu vestuário. Alguns têm sido bastante infelizes para chegar a possuir correntes ou alfinetes de ouro, ou ambas as coisas, e têm mostrado o mau gosto de exibi-los, fazendo-os notórios a fim de atrair a atenção. Não posso deixar de relacionar essas pessoas ao vaidoso pavão, que exibe suas suntuosas penas à admiração dos outros. É tudo quanto essa pobre ave possui para atrair a atenção; pois sua forma e sua voz nada têm de atrativas. T3 366.2
Os jovens podem esforçar-se por sobressair na procura do ornamento “de um espírito manso e quieto” (1 Pedro 3:4), jóia de inestimável valor que pode ser usada com graça celeste. Este adorno atrairá a muitos neste mundo, e será altamente valorizado pelos anjos celestiais e, acima de tudo, por nosso Pai do Céu; também habilitará os que o usam a serem hóspedes bem-vindos às cortes celestes. T3 367.1
Os jovens possuem faculdades que, com o devido cultivo, qualificá-los-iam para praticamente qualquer posição de confiança. Se tivessem tornado seu objetivo obter uma educação para exercitar e desenvolver as faculdades que Deus lhes concedeu para que fossem úteis e se demonstrassem uma bênção aos demais, sua mente não teria sido rebaixada a um padrão inferior. Manifestariam profundidade de pensamento e firmeza de princípios, impondo o respeito e exercendo influência. Teriam elevadora influência sobre outros, o que levaria pessoas a verem e reconhecerem o poder de uma vida cristã esclarecida. Os que põem maior cuidado em ornamentar-se para exibição do que em educar a mente e exercitar suas faculdades para a máxima utilidade, a fim de glorificarem a Deus, não reconhecem sua responsabilidade para com Ele. Inclinar-se-ão a ser superficiais em tudo quanto empreendem, e limitarão a própria utilidade e atrofiarão o intelecto. T3 367.2
Sinto profunda mágoa pelos pais e mães desses jovens, bem como pelos filhos. Houve uma falha na educação desses filhos, o que deixa em algum ponto uma pesada responsabilidade. Os pais que mimaram os filhos e com eles foram condescendentes em vez de os restringir criteriosamente por princípios podem ver o caráter que formaram. Conforme a educação que lhes foi dada, assim se inclina o caráter. T3 367.3