Testemunhos para a Igreja 3
Dever de reprovar o pecado
Foi-me mostrado que Deus aqui ilustra como Ele considera o pecado entre os que professam ser Seu povo observador dos mandamentos. Aqueles a quem Ele tem honrado especialmente com o testemunhar as assinaladas manifestações de Seu poder, como aconteceu com o antigo Israel, e que ousam mesmo então menosprezar Suas expressas orientações, serão sujeitos a Sua ira. Ele quer ensinar a Seu povo que a desobediência e o pecado são excessivamente ofensivos a Seus olhos, e não devem ser considerados levianamente. Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar tal pecado do meio deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos. T3 265.1
Se, porém, os pecados do povo são passados por alto por aqueles que se acham em posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como um corpo, será responsável por esses pecados. No trato do Senhor com Seu povo no passado, Ele mostra a necessidade de purificar a igreja de erros. Um pecador pode difundir trevas que excluam a luz de Deus de toda a congregação. Ao as pessoas compreenderem que se estão adensando trevas sobre elas, sem que saibam a causa, devem buscar diligentemente a Deus, em grande humildade e abatimento do próprio eu, até que os erros que ofendem o seu Espírito sejam descobertos e afastados. T3 265.2
O preconceito que se levantou contra nós por havermos reprovado as faltas que Deus me mostrara existirem e o clamor de aspereza e severidade que se ergueu são injustos. Deus nos manda falar, e não ficaremos silenciosos. Se há erros claros entre Seu povo, e os servos de Deus continuam em frente indiferentes a isso, estão por assim dizer apoiando e justificando o pecador, e são igualmente culpados, incorrendo tão certo como ele no desagrado de Deus; pois serão tidos como responsáveis pelos pecados do culpado. Foram-me mostrados em visão muitos casos em que o desagrado de Deus foi atraído por negligência da parte de Seus servos quanto a tratar dos erros e pecados existentes entre eles. Os que passaram por alto esses erros têm sido considerados pelo povo muito amáveis e de disposição benigna simplesmente por haverem eles recuado do desempenho de um claro dever escriturístico. Essa tarefa não agradava a seus sentimentos; portanto, eles a evitaram. T3 265.3
O espírito de ódio que tem havido por parte de alguns por terem sido reprovados os erros existentes entre o povo de Deus trouxe cegueira e um terrível engano a sua mente, tornando-lhes impossível discernir entre o que é certo e o que é errado. Apagaram a própria visão espiritual. Podem testemunhar erros, mas não sentem como Josué, não se humilham por sentir o perigo das almas. T3 266.1
O verdadeiro povo de Deus, os que possuem o espírito da obra do Senhor e levam a sério a salvação das pessoas, verá sempre o pecado em seu caráter real, maligno. Estarão sempre a favor de lidar de maneira fiel e positiva com os pecados que facilmente assaltam o povo de Deus. Em especial na obra final da igreja, no tempo do selamento dos cento e quarenta e quatro mil que hão de permanecer irrepreensíveis diante do trono de Deus, sentirão muito profundamente os erros do professo povo de Deus. Isto é fortemente salientado pela ilustração do profeta, da última obra na figura dos homens com armas destruidoras na mão. Um homem entre eles estava vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cinta. “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.” Ezequiel 9:4. T3 266.2
Quem subsiste no conselho de Deus a esse tempo? São aqueles que, por assim dizer, desculpam os erros entre o professo povo de Deus e murmuram em seu coração, se não abertamente, contra os que reprovam o pecado? São os que tomam atitude contra eles e se compadecem dos que cometem erro? Não, absolutamente! A menos que eles se arrependam e deixem a obra de Satanás em oprimir os que têm a responsabilidade da obra e em suster as mãos dos pecadores de Sião, jamais receberão o selo aprovador de Deus. Cairão na destruição final dos ímpios, representada na obra dos cinco homens que tinham as armas destruidoras na mão. Notem cuidadosamente este ponto: os que receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo, representado pelo sinal feito pelo homem vestido de linho, são os que “suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem” (Ezequiel 9:4) na igreja. Seu amor pela pureza e pela honra e glória de Deus é tal, e têm tão clara visão da excessiva malignidade do pecado, que são representados como em agonia, suspirando e gemendo. Leiam o nono capítulo de Ezequiel. T3 267.1
Porém, o massacre geral de todos os que não vêem assim a vasta diferença entre o pecado e a justiça, e não sentem como os que se acham no conselho de Deus e recebem o sinal, é descrita na ordem dada aos cinco homens que tinham as armas destruidoras: “Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo Meu santuário.” Ezequiel 9:5, 6. T3 267.2
No caso do pecado de Acã, Deus disse a Josué: “Já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa roubada.” Josué 7:12. Que comparação há entre este caso e a direção seguida pelos que não levantam a voz contra o pecado e o erro, mas cujas simpatias se encontram sempre do lado dos que perturbam o acampamento de Israel com seus pecados? Disse Deus a Josué: “Aos vossos inimigos não podereis resistir, enquanto não eliminardes do vosso meio as coisas condenadas.” Josué 7:13. Ele pronunciou o castigo que se devia seguir à transgressão de Seu concerto. T3 267.3
Josué começou então diligente pesquisa a fim de descobrir o culpado. Tomou Israel por suas tribos, depois pelas famílias, e afinal individualmente; e foi designado Acã como culpado. Para que tudo ficasse claro a todo o Israel, porém, e não tivessem ocasião de murmurar e dizer que o castigo recaíra sobre um inocente, Josué usou de tática. Sabia que era Acã o transgressor e que escondera o pecado, provocando assim a Deus contra Seu povo. Com prudência, Josué induziu Acã a confessar o seu pecado, de modo que a honra e justiça de Deus fossem justificadas diante de Israel. “Então, disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor, Deus de Israel, e faze confissão perante Ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes. T3 268.1
“E respondeu Acã a Josué e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, duzentos siclos de prata e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, debaixo dela. Então, Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, e a prata, debaixo dela. Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel, e as deitaram perante o Senhor. Então, Josué e todo o Israel com ele tomaram a Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor. E disse Josué: Por que nos turbaste? O Senhor te turbará a ti este dia. E todo o Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo e os apedrejaram com pedras.” Josué 7:19-25. T3 268.2
O Senhor disse a Josué que Acã não somente tirara as coisas que Ele lhes dissera positivamente que não tomassem, para que não fossem amaldiçoados, mas roubara, e também mentira. O Senhor dissera que Jericó e todo o seu despojo deviam ser consumidos, com exceção do ouro e da prata, que deviam ser reservados para o tesouro do Senhor. A vitória obtida na tomada de Jericó não se alcançara por meio de combate ou de haver o povo se exposto [ao perigo]. O Capitão dos exércitos do Senhor conduzira os exércitos celestiais. Do Senhor fora a batalha; Ele é quem havia combatido. Os filhos de Israel não haviam desferido um só golpe. O triunfo e a glória pertenciam ao Senhor, e Seus eram os despojos. Ele ordenara que tudo fosse consumido, exceto o ouro e a prata, que reservara para Seu tesouro. Acã compreendeu bem a reserva feita, e que os tesouros de ouro e de prata que ele cobiçou eram do Senhor. Furtou dos tesouros de Deus para proveito próprio. T3 268.3