Testemunhos para a Igreja 3

38/94

Capítulo 25 — Pastores que cuidam de si mesmos

Irmão R, sua influência não tem sido de tal natureza que honre a causa da verdade presente. Tivesse você sido santificado pela verdade que prega a outros, teria sido dez vez mais útil à causa de Deus do que tem sido. Você depende tanto de provocar sensação que sem isso demonstra pouca coragem. Esses grandes incitamentos e interesses sensacionais são sua força, glória e sucesso como obreiro, mas estas coisas não agradam a Deus. Seus esforços neste rumo raramente são o que você imagina que sejam. T3 227.2

Um exame minucioso revela o fato de que há bem poucos feixes a serem colhidos depois destas reuniões particularmente agitadas. Todavia, de toda a experiência do passado, você não aprendeu a mudar seu modo de trabalhar. Tem sido lento em aprender como moldar seus esforços futuros de modo a evitar os erros do passado. A razão disto tem sido que, como o bêbado, você gosta do estímulo dessas reuniões sensacionais; anela por elas como o bêbado por um cálice de bebida alcoólica para despertar suas energias em declínio. Esses debates que criam tal entusiasmo são mal-interpretados como sendo zelo por Deus e amor pela verdade. Você tem estado quase que destituído do Espírito de Deus para atuar com seus esforços. Se tivesse Deus com você em todas as suas ações, sentisse responsabilidade pelas almas e possuísse a sabedoria para dirigir habilmente essas empolgantes temporadas conduzindo almas para o reino de Cristo, você poderia ver frutos de seus esforços e Deus seria glorificado. Seu coração deve estar inflamado com o espírito da verdade que você apresenta a outros. Depois de ter labutado para convencer pecadores das reivindicações que a lei de Deus tem sobre eles, ensinando-os acerca do arrependimento para com Deus e fé em Cristo, então seu trabalho mal começou. Com muita freqüência se esquiva de completar o trabalho e deixa uma pesada responsabilidade para que outros a assumam a fim de terminar o trabalho que você deveria ter feito. Você diz que não está qualificado para terminar o trabalho. Então, quanto mais cedo se qualificar para assumir as responsabilidades de um pastor do rebanho, tanto melhor. T3 227.3

Como verdadeiro pastor, deve disciplinar-se para lidar com as mentes e dar a cada um do rebanho de Deus sua porção de alimento no devido tempo. Você deve ser cuidadoso e planejar ter uma reserva de assuntos práticos que pesquisou, com os quais possa identificar-se e apresentá-los às pessoas de maneira simples e convincente no tempo e lugar certos, de acordo com a necessidade. Você não tem sido “perfeitamente instruído” na palavra inspirada “para toda boa obra”. 2 Timóteo 3:17. Quando o rebanho precisava de alimento espiritual, você freqüentemente apresentava algum assunto argumentativo que não era mais apropriado para a ocasião do que um discurso sobre negócios nacionais. Se você se aplicasse e educasse a mente para dominar os assuntos com os quais a Palavra de Deus o tem amplamente suprido, poderia edificar a causa de Deus dando ao rebanho alimento que seria apropriado e que proporcionaria saúde espiritual e força como as necessidades deles requerem. T3 228.1

Você precisa ainda aprender o trabalho de um verdadeiro pastor. Quando compreender isso, a causa e a obra de Deus repousarão sobre você com tal peso que não terá inclinação para gracejar e dizer piadas, e empenhar-se em conversação leviana e frívola. Um ministro de Cristo que sente responsabilidade correta pela obra e um senso elevado do caráter exaltado e da santidade de sua missão não terá inclinação de ser leviano e frívolo para com os cordeiros do rebanho. T3 228.2

Um verdadeiro pastor terá interesse em tudo que se relaciona com o bem-estar do rebanho, alimentando, guiando e o defendendo. Ele se conduzirá com grande sabedoria e manifestará terna consideração para com todos, sendo cortês e compassivo com todos, especialmente para com os que são tentados, afligidos e desanimados. Em vez de manifestar a esta classe a simpatia que seus casos particulares exigiam e que suas enfermidades requeriam, você, meu irmão, tem evitado esta classe, enquanto tem dependido grandemente da simpatia de outros. “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos.” Mateus 20:28. “Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.” João 13:16. “Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens.” Filipenses 2:7. “Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a Si mesmo, mas, como está escrito: Sobre Mim caíram as injúrias dos que Te injuriavam.” Romanos 15:1-3. T3 228.3

Não é o trabalho do ministro do evangelho dominar a herança de Deus, mas com mansidão de espírito, com gentileza e longa paciência, exortar, reprovar, repreender com toda “longanimidade e doutrina”. 2 Timóteo 4:2. Como se comparam essas passagens das Escrituras com sua vida passada? Tem estado a cultivar uma disposição egoísta quase toda sua vida. Você se casou com uma mulher de vontade forte e firme. A disposição natural dela era supremamente egoísta. Vocês dois eram amantes de si mesmos, e a união de seus interesses não ajudou o caso de nenhum dos dois, mas aumentou o perigo para ambos. Nenhum de vocês era consciencioso, nem tinha no mais alto sentido o temor do Senhor diante de si. Amor a si mesmos, satisfação própria, tem sido o princípio dominante. Ambos têm tido tão pouca consagração a Deus que não podiam beneficiar um ao outro. Cada um insistia no próprio desejo; cada um querendo ser mimado, louvado e servido. T3 229.1

O Senhor viu seus perigos e mais de uma vez lhes enviou advertências através dos Testemunhos de que seus interesses eternos corriam perigo, a menos que vencessem o amor ao eu e conformassem sua vontade à vontade de Deus. Tivessem ouvido as admoestações e advertências do Senhor, tivessem feito meia-volta, fazendo uma mudança completa, sua esposa não estaria agora no laço do inimigo, abandonada por Deus para crer nos fortes enganos de Satanás. Tivesse seguido a luz que Deus tem dado, você seria agora um obreiro forte e eficiente na causa de Deus, qualificado para realizar dez vezes mais do que agora é capaz de fazer. Você se tornou fraco porque deixou de apreciar a luz. Por bem pouco tempo tem sido capaz de discernir a voz do Verdadeiro Pastor da do estranho. Sua negligência de andar na luz trouxe trevas sobre você, e sua consciência, por ter sido freqüentemente violada, tornou-se entorpecida. T3 229.2

Sua esposa não creu e não seguiu a luz que o Senhor em Sua misericórdia lhe enviou. Desprezou a censura, e ela mesma fechou a porta pela qual a voz do Senhor era ouvida, aconselhando-a e advertindo-a. Isso agradou a Satanás, e nada havia que o impedisse de insinuar-se em sua confiança, e, por seus enganos agradáveis e lisonjeiros, levá-la cativa segundo sua vontade. T3 230.1

O Senhor lhe deu um testemunho de que sua esposa era um estorvo para você em seu trabalho e que não devia deixar que ela o acompanhasse, a menos que tivesse a mais positiva evidência de que ela era uma mulher convertida, transformada pela renovação de seu entendimento. Romanos 12:2. Você então achou que tinha uma desculpa para pleitear por uma casa; fez deste testemunho um pretexto e agiu de acordo com ele, embora não tivesse necessidade de uma casa própria. Sua esposa tinha deveres a cumprir para com os pais, os quais negligenciara por toda a vida. Se ela tivesse assumido com um espírito alegre este dever longamente negligenciado, não teria sido agora levada cativa por Satanás para fazer sua vontade e para corromper o coração e mente em seu serviço. T3 230.2

Seu desejo de uma casa era imaginário, como muitos de seus supostos desejos. Você obteve a casa que seu egoísmo desejava, e pôde deixar sua esposa em situação confortável. Mas Deus estava preparando uma prova final para ela. A enfermidade da mãe dela era de natureza a despertar-lhe simpatia no coração não tivesse ele sido inteiramente cauterizado e calejado pelo egoísmo. Mas essa providência de Deus deixou de despertar o amor filial da filha por sua mãe em sofrimento. Ela não tinha cuidados domésticos para impedi-la, nem filhos para partilharem seu amor e cuidado, e sua atenção foi devotada a seu pobre eu. T3 230.3

O fardo de cuidados que o pai dela teve de suportar foi demais para sua idade e força, e ele foi prostrado por sofrimento agudo. Certamente então, se a filha tivesse um ponto sensível no coração, não poderia deixar de sentir e ser despertada para um senso de dever em partilhar os fardos de sua irmã e do cunhado. Mas ela revelou, por sua indiferença e por esquivar-se de todo cuidado e responsabilidade, que seu coração estava quase tão insensível como uma pedra. T3 231.1

O fato de estar tão próxima de seus pais e no entanto ser tão indiferente deporia contra ela. Ela participou a situação ao marido. O irmão R foi tão egoísta como a esposa, e enviou um pedido urgente para que ela fosse ao encontro dele. Como os anjos de Deus, ter-nos, compassivos, amantes e serviçais contemplaram isso? A filha deixou que estranhos fizessem os afazeres delicados os quais devia ter partilhado alegremente com sua atarefada irmã. Anjos contemplaram com espanto e tristeza a cena e se afastaram daquela mulher egoísta. Anjos maus tomaram o lugar daqueles, e ela foi levada cativa por Satanás de acordo com sua vontade. Ela foi um instrumento de Satanás e assim provou ser grande estorvo ao marido; os esforços dele pouco valeram. T3 231.2

A causa de Deus estaria mais forte em _____ se aquele último esforço não tivesse sido feito, pois o trabalho não foi completado. Despertou-se interesse, mas foi deixado esmorecer até o ponto de nunca mais poder ser novamente despertado. Peço-lhe, irmão R, que compare as passagens previamente citadas relativas ao trabalho e ministério de Cristo com sua conduta através de seus trabalhos como ministro do evangelho, mas mais especialmente no caso que mencionei, onde o dever era muito claro para qualquer equívoco, se a consciência e afeições não tivessem ficado paralisadas por uma longa conduta de contínua idolatria do eu. T3 231.3

Pelo fato de você deixar seus pais em seu sofrimento quando precisavam de ajuda, a igreja foi obrigada a assumir esta responsabilidade e a vigiar com os membros sofredores do corpo de Cristo. Com essa negligência cruel você acarretou sobre si o desagrado de Deus. Ele não passa facilmente por alto tais coisas. Elas são registradas pelos anjos. Deus não pode fazer prosperar a quem vai diretamente contra o mais claro dever especificado em Sua Palavra, o dever dos filhos para com seus pais. Filhos que não se sentem sob maior obrigação moral para com seus pais terrestres do que vocês, mas que tão facilmente fogem de suas responsabilidades, não terão o devido respeito por seu Pai celestial; não reverenciarão ou respeitarão os direitos que Deus tem sobre eles. Se desrespeitam e desonram a seus pais terrenos, não respeitarão nem amarão ao seu Criador. Negligenciando seus pais, sua esposa transgrediu o quinto mandamento do Decálogo: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.” Êxodo 20:12. Este é “o primeiro mandamento com promessa”. Efésios 6:2. Aqueles que desrespeitam e desonram seus pais não precisam esperar que a bênção do Céu os acompanhe. Nossos pais têm direitos sobre nós que não podemos recusar ou considerar levianamente. Mas filhos que não foram educados e controlados na infância, aos quais foi permitido se fazerem objetos de seu cuidado, procurando a própria comodidade de modo egoísta e evitando responsabilidades, tornam-se duros de coração e não respeitam os direitos dos pais, que cuidaram deles na sua infância. T3 232.1

Irmão R, até você tem sido egoísta nessas coisas e muito deficiente no cumprimento do dever. Exigiu atenção e cuidado, mas não os retribuiu. Você tem sido egoísta e exigente, e tem sido freqüentemente irrazoável e dado a sua esposa oportunidade para acusação. Ambos têm sido sem consagração e espantosamente egoístas. Você tem feito pouco sacrifício por amor da verdade. Você e sua esposa têm-se esquivado de responsabilidades, e têm preferido ser servidos a procurar ser o menor peso possível. T3 232.2

Os ministros de Cristo devem sentir ser seu dever obrigatório, caso recebam a hospitalidade de seus irmãos ou amigos, deixarem uma bênção com a família procurando encorajar e fortalecer seus membros. Não devem negligenciar os deveres de um pastor, ao fazerem visitas de casa em casa. Devem familiarizar-se com cada membro da família, para que possam compreender a condição espiritual de todos, e modificar seu modo de trabalhar para atender cada caso. Quando um pastor que apresenta a solene mensagem de advertência ao mundo recebe as hospitaleiras gentilezas de amigos e irmãos, e negligencia os deveres de pastor do rebanho sendo descuidado em seu exemplo e conduta, entretendo com os jovens conversação fútil, gracejos e pilhérias, e relatando anedotas humorísticas para despertar o riso, ele é indigno de ser ministro do evangelho e necessita converter-se antes de lhe ser confiado o cuidado das ovelhas e cordeiros. Os pastores que são negligentes quanto aos deveres que competem a um fiel pastor dão provas de que não estão santificados pelas verdades que apresentam a outros, e não devem ser mantidos como obreiros na vinha do Senhor, enquanto não tiverem elevado sentimento da santidade do trabalho do pastor. T3 232.3

Quando há apenas reuniões noturnas a serem atendidas, há muito tempo que pode ser usado com grande proveito visitando de casa em casa, encontrando as pessoas onde se acham. E se os ministros de Cristo têm as graças do Espírito, se imitam o grande Exemplo, encontrarão acesso aos corações e ganharão almas para Cristo. Alguns pastores que levam a última mensagem de misericórdia são muito indiferentes. Não aproveitam as oportunidades que têm para ganhar a confiança dos incrédulos, por sua conduta exemplar, seu interesse generoso pelo bem de outros, sua bondade, paciência, humildade de espírito e respeitosa cortesia. Estes frutos do Espírito exercerão uma influência muito maior do que a pregação no púlpito sem um interesse pessoal pelas famílias. Mas a pregação de verdades incisivas e diretas ao povo, e os esforços pessoais correspondentes de casa em casa para apoiar o trabalho do púlpito, aumentarão grandemente a influência para o bem, e almas serão convertidas à verdade. T3 233.1

Alguns de nossos pastores assumem responsabilidades muito leves, evitam cuidado individual e encargos; por esta razão não sentem a necessidade de ajuda de Deus que sentiriam se assumissem as responsabilidades que a obra de Deus e nossa fé requerem que assumam. Quando encargos nesta causa têm de ser assumidos, e quando aqueles que os assumem chegam a lugares difíceis, sentirão a necessidade de viver perto de Deus, para que tenham confiança para entregar-Lhe seus caminhos e pela fé reivindicar aquela ajuda que só Ele pode dar. Estarão então obtendo experiência diária na fé e na oração, que é do máximo valor para ministros do evangelho. Sua obra é mais solene e sagrada do que os pastores geralmente reconhecem. Devem levar consigo uma influência santificadora. Deus requer que aqueles que ministram em coisas sagradas sejam homens que sintam zelo por Sua causa. A responsabilidade de seu trabalho deve ser a salvação de almas. Irmão R, você não se sentiu como o profeta Joel descreve: “Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa o Teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio.” Joel 2:17. “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmos 126:5, 6. T3 234.1

Irmão R, foi-me mostrado em que contraste notável com as exigências da Palavra de Deus tem sido sua conduta no trabalho. Você tem sido descuidado com suas palavras e seu comportamento. As ovelhas tiveram a responsabilidade de cuidar do pastor, de advertir, reprovar, exortar e chorar sobre a conduta negligente de seu pastor, que, por aceitar sua posição, confessa que é um porta-voz de Deus. Todavia, ele se preocupa muito mais consigo mesmo do que cuida das pobres ovelhas. Você não tem sentido responsabilidade pelas almas. Não tem saído para seu trabalho chorando e orando pelas pessoas para que pecadores fossem convertidos. Tivesse feito isso, teria lançado sementes que brotariam depois de muitos dias e produziriam fruto para a glória de Deus. Quando não houver trabalho que você possa fazer junto à lareira em conversa e oração com as famílias, deve então demonstrar diligência e economia de tempo, e habituar-se a levar responsabilidades por meio de ocupação útil. T3 234.2

Você e sua esposa podiam ter-se poupado a muitos dissabores e ser mais alegres e felizes, tivessem procurado menos sua comodidade e combinado trabalho físico com seu estudo. Seus músculos foram feitos para serem usados, não para ficarem inativos. Deus deu a Adão e Eva no jardim tudo que necessitavam; todavia, seu Pai celestial sabia que precisavam de ocupação para conservar sua felicidade. Se você, irmão R, exercitasse seus músculos trabalhando com as mãos um pouco cada dia, combinando o trabalho com o estudo, sua mente seria melhor equilibrada, seus pensamentos de natureza mais pura e mais elevada, e seu sono mais natural e saudável. Sua mente seria menos confusa e entorpecida por causa de um cérebro congestionado. Seus pensamentos sobre a verdade sagrada seriam mais claros, e sua energia moral mais vigorosa. Você não gosta do trabalho; mas é para seu bem ter mais exercício físico diariamente; porque ele acelerará o sangue preguiçoso para uma atividade saudável, e o transportará acima de descontentamento e enfermidades. T3 235.1

Você não deve negligenciar estudo diligente, mas deve orar pela luz de Deus para que Ele abra a seu entendimento os tesouros de Sua Palavra, a fim de ser cabalmente “preparado para toda boa obra”. 2 Timóteo 2:21. Você nunca estará em uma posição onde não seja necessário vigiar e orar fervorosamente a fim de vencer as tentações. Deve guardar-se continuamente para manter o eu fora de consideração. Tem encorajado o hábito de fazer-se muito preeminente, demorando-se sobre suas dificuldades de família e sua saúde precária. Em resumo, você mesmo tem sido o tópico de sua conversação e seu eu tem-se interposto entre você e seu Salvador. Deve esquecer-se de si mesmo e esconder-se em Jesus. Que o querido Salvador seja glorificado, mas o eu perdido de vista. Quando vir e sentir sua fraqueza, nada verá em você mesmo digno de nota ou comentário. O povo não só tem ficado cansado, mas desgostoso com seus preâmbulos antes de você apresentar o assunto. Toda vez que você fala ao povo e menciona suas provações de família, você se rebaixa na estima deles e sugere suspeitas que nem tudo vai bem. T3 235.2

Você tem o exemplo de pastores que se exaltaram e que cobiçavam o elogio do povo. Foram mimados e lisonjeados pelos indiscretos até se tornarem exaltados e auto-suficientes, e, confiando na própria sabedoria, fizeram naufragar a fé. Julgavam-se tão populares que podiam seguir quase qualquer conduta e ainda reter sua popularidade. Eis aí sua presunção. Quando o comportamento de um ministro de Cristo dá fatos às línguas bisbilhoteiras como assunto de debate e sua moralidade é seriamente questionada, ele não deve chamar isso ciúme ou calúnia. Você deve ser cuidadoso sobre como encoraja uma seqüência habitual de pensamentos a partir dos quais são formados hábitos que resultarão em sua ruína. Note aqueles cuja conduta você deve aborrecer, e então evite tomar o primeiro passo no caminho que eles trilharam. T3 236.1

Você tem sido auto-suficiente e tão cego e iludido por Satanás que não pode discernir sua fraqueza e muitos erros. “Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.” Gálatas 5:22-26. T3 236.2

Foram-me mostrados campos de trabalho. Cidades e vilas em toda parte devem ouvir a mensagem de advertência; porque todos serão testados e provados pela mensagem da verdade presente. Um grande trabalho deve ser feito, mas os obreiros que entram nestes campos devem ser homens de são discernimento, que sabem como lidar com as mentes. Devem ser homens pacientes, bondosos e corteses, que têm o temor de Deus diante deles. T3 236.3

Você freqüentemente ganha a confiança do povo; mas se, por um comportamento descuidado ou algum gesto imprudente, por severidade ou espírito arrogante, perde então a confiança, mais dano resultará para a causa de Deus do que se nenhum trabalho tivesse sido realizado. Grande prejuízo tem sido feito à causa de Deus por pastores que agem por impulso. Alguns são facilmente impressionados e freqüentemente se tornam irritados; e, se provocados, revidam. Isso é exatamente o que Satanás quer que façam. Os inimigos da verdade exultam sobre esta fraqueza num ministro de Cristo, porque é uma vergonha à causa da verdade presente. Aqueles que manifestam esta fraqueza de caráter não representam corretamente a verdade ou os pastores de nossa fé. A indiscrição de um pastor lança uma nuvem de suspeita sobre todos e torna os trabalhos daqueles que vêm depois dele extremamente difíceis. T3 236.4

Irmão R, quando você sai para empenhar-se em trabalho em um novo campo, gosta de demorar-se sobre assuntos argumentativos, porque treinou a mente para esse tipo de trabalho. Mas seus trabalhos não têm tido o décimo do valor que teriam se você tivesse se qualificado por experiência prática para apresentar ao povo sermões sobre assuntos práticos. Você precisa tornar-se aprendiz na escola de Cristo, para que possa experimentar piedade prática. Quando tem o poder salvador da verdade na própria alma, não pode deixar de alimentar o rebanho de Deus com as mesmas verdades práticas que lhe alegraram o coração em Deus. Sermões práticos e doutrinários devem ser combinados a fim de impressionar corações com a importância de se renderem às reivindicações da verdade depois do entendimento ter sido convencido pelo peso da evidência. Os servos de Cristo devem imitar o exemplo do Mestre no modo de trabalhar. Devem constantemente manter diante do povo, da melhor maneira que eles possam compreender, a necessidade de piedade prática, e deve levá-los, como nosso Salvador o fez em Seus ensinos, a ver a necessidade de princípio religioso e de justiça na vida diária. O povo não é alimentado pelos pastores das igrejas populares, e pessoas estão famintas em busca de alimento que nutra e dê vida espiritual. T3 237.1

Sua vida não tem sido marcada com humildade de espírito e mansidão de comportamento. Você ama a Deus de boca, mas não “por obra e em verdade”. 1 João 3:18. Sua dignidade é facilmente ofendida. Os pastores devem primeiro sentir a influência santificadora da verdade sobre o próprio coração e vida, e então seu trabalho do púlpito seria reforçado por seu exemplo fora do púlpito. Os pastores devem eles mesmos ser abrandados e santificados antes de Deus poder de maneira especial cooperar com seus esforços. T3 237.2

Você deixou passar despercebida a áurea oportunidade de reunir uma colheita de almas, porque foi impossível para Deus trabalhar com seus esforços, pois seu coração não era reto para com Ele. Seu espírito não era puro diante dAquele que é a personificação da pureza e santidade. “Se” você “atender à iniqüidade no” seu “coração, o Senhor não... ouvirá” a sua oração. Salmos 66:18. Nosso Deus “é um Deus zeloso”. Deuteronômio 6:15. Ele conhece os pensamentos, imaginações e propósitos do coração. Você tem seguido o próprio discernimento e lamentavelmente fracassado quando devia ter obtido sucesso. Há demasiado risco nesses esforços para que se faça a obra negligente ou descuidadamente. Almas estão sendo provadas acerca da importante verdade eterna, e aquilo que você pode dizer ou fazer exercerá influência para firmá-las na decisão a favor ou contra a verdade. Quando você devia estar humildemente perante Deus, rogando que Ele cooperasse com seus esforços, sentindo o peso da causa e o valor das almas, escolheu a companhia de moças, a despeito do sagrado trabalho de Deus e de sua função como ministro do evangelho de Cristo. Você estava em pé entre os vivos e os mortos; no entanto, envolvia-se em conversas frívolas, gracejos e piadas. T3 238.1

Como podem anjos ministradores estar a seu redor, derramando luz sobre você e lhe comunicando força? Quando você deve estar procurando achar meios para iluminar a mente dos que estão no erro e em trevas, está se divertindo e é demasiado egoísta para empenhar-se em trabalho para o qual não tem inclinação nem amor. Se nossa posição é criticada por aqueles que estão investigando, você tem pouca paciência com eles. Freqüentemente lhes dá uma resposta curta e severa, como se não fosse assunto deles examinar a fundo, mas aceitar tudo que é apresentado como verdade, sem verificar por eles mesmos. Em seu trabalho ministerial você tem afastado muitas pessoas da verdade por sua maneira de tratá-las. Nem sempre você é impaciente e inacessível; quando quer, toma tempo para responder às perguntas com franqueza; mas freqüentemente você é descortês e exigente, e é impertinente e irritável como uma criança. T3 238.2

Uma barra de ouro escondida e uma capa babilônica perturbaram todo o acampamento de Israel. A desaprovação de Deus pesou sobre todo o povo por causa do pecado de um homem. Milhares foram derrotados no campo de batalha porque Deus não abençoaria e faria prosperar um povo em meio do qual houvesse um só pecador, um que tivesse transgredido Sua palavra. Esse pecador não ocupava ofício sagrado, mas um Deus zeloso não podia sair para batalhar com os exércitos de Israel enquanto esses pecados ocultos estivessem no acampamento. T3 239.1

Não obstante a advertência do apóstolo estar diante de nós para nos abster “de toda a aparência do mal” (1 Tessalonicenses 5:22), alguns persistem em prosseguir em uma conduta imprópria para cristãos. Deus requer que Seu povo seja santo, que se mantenham separados das obras das trevas, que sejam puros de coração e de vida, e sem mancha mundana. Os filhos de Deus, pela fé em Cristo, são Seu povo escolhido, e quando se colocarem sobre o terreno santo da verdade bíblica serão salvos de comunicar-se “com as obras infrutuosas das trevas”. Efésios 5:11. T3 239.2

Irmão R, você tem impedido o caminho da obra de Deus e trazido muita escuridão e desânimo sobre a causa. Você tem sido cegado por Satanás; tem trabalhado para obter simpatia e tem conseguido. Tivesse estado na luz e poderia ter discernido o poder de Satanás em ação para enganá-lo e destruí-lo. Os filhos de Deus não comem e bebem para satisfazer o apetite, mas para preservar a vida e o vigor para fazer a vontade de seu Mestre. Vestem-se para ter saúde, não para ostentação ou para acompanhar as modas em mutação. “A concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 João 2:16) são banidos de seus guarda-roupas e de suas casas, em princípio. Eles agem movidos por uma sinceridade piedosa, e sua conversa é elevada e celestial. T3 239.3

Deus é muito compassivo, pois compreende nossas fraquezas e nossas tentações; quando nos achegamos a Ele com coração quebrantado e espírito contrito, Ele aceita nosso arrependimento e promete que, ao nos apoderarmos de Sua força para fazer paz com Ele, faremos paz com Ele. Isaías 27:5. Oh, que gratidão, que alegria, devemos sentir porque Deus é misericordioso! T3 239.4

Você deixou de confiar na força que vem de Deus. Tem-se demorado muito sobre sua pessoa e feito de si mesmo o tema de pensamento e conversação. Suas provações foram aumentadas para você mesmo e outros, e sua mente tem sido desviada da verdade, do Modelo que devemos copiar, para o fraco irmão R. T3 240.1

Quando fora do púlpito, você devia ter sentido o valor do ser humano e ter procurado oportunidades para apresentar a verdade presente a indivíduos, mas não sentiu a responsabilidade que lhe cabia como ministro do evangelho. Jesus e a justiça não têm sido seus temas, e muitas oportunidades têm sido perdidas, as quais, se aproveitadas, podiam ter levado mais de vinte pessoas a darem tudo por Cristo e pela verdade. Mas o fardo você não queria levar. O trabalho pastoral envolvia uma cruz, e você não queria ocupar-se dela. T3 240.2

Vi anjos de Deus observando as impressões que você deixa e os frutos que produz fora das reuniões, e sua influência geral sobre crentes e descrentes. Vi esses anjos cobrirem o rosto em tristeza, e em pesar afastar-se relutantemente de você. Freqüentemente você tem estado empenhado em assuntos de menor importância. Quando tinha de fazer um esforço que exigia o vigor de toda sua energia, pensamento claro e oração fervorosa, seguia o próprio prazer e inclinação. Confiava na própria força e sabedoria para enfrentar não só homens, mas principados e potestades, Satanás e seus anjos. Isso era fazer a obra do Senhor negligentemente e expor a perigo a verdade e a causa de Deus, arriscando a salvação de almas. T3 240.3

Uma mudança completa precisa ser feita em você antes de poder ser-lhe confiada a obra de Deus. Você deve considerar sua vida uma realidade solene e não um sonho ocioso. Como vigia sobre os muros de Sião, você é responsável pela salvação das pessoas. Você deve firmar-se em Deus. Você age sem a devida consideração, por impulso em vez de por princípio. Não tem sentido a necessidade positiva de educar a mente, nem de crucificar em si mesmo o velho homem com suas afeições e paixões. Precisa ser equilibrado com o peso do Espírito de Deus, e todos seus movimentos controlados por Ele. Você agora é incerto em tudo que empreende. Faz e desfaz; edifica e destrói; desperta um interesse e então, por falta de consagração e de sabedoria divina, o apaga. Você não tem sido fortalecido, estabelecido e firmado. Tem tido pouca fé; não tem vivido uma vida de oração. Precisa urgentemente unir sua vida a Deus, e então não semeará na carne para no fim ceifar corrupção. T3 240.4

Gracejos, piadas e conversas profanas pertencem ao mundo. Os cristãos que possuem a paz de Deus no coração, serão alegres e felizes, sem condescender com leviandade ou frivolidade. Enquanto vigiam em oração, hão de possuir uma serenidade e uma paz que os elevem acima de todas as superfluidades. O mistério da piedade, desvendado ao espírito do ministro de Cristo, erguê-lo-á acima dos divertimentos terrenos e sensuais. Será participante “da natureza divina, havendo escapado à corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo”. 2 Pedro 1:4. A comunhão estabelecida entre ele e Deus o tornará frutífero no conhecimento da vontade de Deus. Abrirá diante dele tesouros de assuntos práticos, que pode apresentar ao povo, os quais não despertarão frivolidade, nem a aparência de riso, mas infundirão solenidade aos pensamentos, tocarão o coração e despertarão as sensibilidades morais para os sagrados direitos que Deus tem sobre as afeições e a vida. Os que trabalham na palavra e doutrina devem ser homens de Deus, de coração e vida puros. T3 241.1

Você corre o maior perigo de trazer desonra à causa de Deus. Satanás sabe de sua fraqueza. Seus anjos comunicam seus pontos fracos àqueles que são enganados por suas maravilhas sedutoras, e já contam com você como um de seu número. Satanás exulta em fazê-lo seguir uma conduta imprudente porque você se coloca em seu terreno e lhe dá vantagem sobre você. Ele bem sabe que a indiscrição de homens que defendem a lei de Deus afastará pessoas da verdade. Você não tem assumido a responsabilidade da obra nem trabalhado cuidadosamente e com particular fervor para impressionar mentes a favor da verdade. Você com muita freqüência tem se tornado impaciente, irritável e infantil, e faz inimigos por suas maneiras bruscas. A menos que esteja vigilante, você desperta preconceito contra a verdade. A menos que seja um homem transformado e demonstre em sua vida os princípios das verdades sagradas que apresenta no púlpito, seus esforços pouco valerão. T3 241.2

Um peso de responsabilidade repousa sobre você. É dever do vigia estar sempre em seu posto, cuidando das pessoas como quem “deve dar contas delas”. Hebreus 13:17. Se sua mente é desviada da grande obra e se enche de pensamentos profanos; se planos e projetos egoístas roubam-lhe o sono, e em conseqüência a força mental e física é diminuída, você peca contra si mesmo e contra Deus. Seu discernimento é embotado, e coisas sagradas são postas no mesmo nível das comuns. Deus é desonrado, Sua causa envergonhada, e a boa obra que você poderia ter feito se tivesse confiado em Deus é frustrada. Tivesse preservado o vigor de suas faculdades para aplicar sem reserva a força de seu cérebro e o ser todo à importante obra de Deus, teria efetuado um trabalho muito maior, e mais bem feito. T3 242.1

Seus trabalhos têm sido defeituosos. Um chefe empenha seus homens para fazer para ele um trabalho fino e valioso que requer estudo e muito pensamento cuidadoso. Ao concordarem em fazer a obra sabem que, a fim de efetuar bem a tarefa, todas as suas faculdades precisam ser despertadas e estar na melhor condição para aplicarem seus melhores esforços. Mas um homem do grupo é dominado por um apetite perverso. Gosta de bebida forte. Dia após dia satisfaz seu desejo de estimulante, e, enquanto sob a influência deste estimulante, seu cérebro é obscurecido, os nervos são enfraquecidos e suas mãos vacilantes. Ele continua o trabalho dia após dia e quase arruína a obra que lhe foi confiada. Aquele homem perde seu salário e causa um prejuízo quase irreparável a seu empregador. Por sua infidelidade, perde a confiança de seu patrão e de seus colegas de trabalho. A ele fora confiada uma grande responsabilidade, e aceitando aquela confiança ele reconheceu ser competente para fazer o trabalho segundo as instruções dadas por seu empregador. Mas por causa do amor a si mesmo, o apetite foi satisfeito com risco das conseqüências. T3 242.2

Seu caso. irmão R, é semelhante a esse. Mas a responsabilidade de um ministro de Cristo, que deve advertir o mundo sobre o juízo vindouro, é tão mais importante do que a de um operário comum como as coisas eternas são de mais conseqüência que as temporais. Se o ministro do evangelho cede à sua inclinação em vez de ser guiado pelo dever, se satisfaz o eu à custa de poder espiritual, e como resultado age indiscretamente, pecadores se levantarão no juízo para condená-lo por sua infidelidade. O sangue das almas será achado em suas vestes. Pode parecer ao pastor não consagrado uma coisa sem importância ser inconstante, impulsivo e sem consagração: edificar e então demolir; desanimar, afligir e desalentar as pessoas que foram convertidas pela verdade que apresentou. Coisa triste é perder a confiança das pessoas a quem ele estava procurando salvar. Mas o resultado de uma conduta imprudente seguida pelo pastor nunca será totalmente compreendido até que o pastor veja como Deus vê. T3 243.1