Primeiros Escritos
Dons espirituais, Vol. 1
Introdução
O dom de profecia foi manifestado na igreja durante a dispensação judaica. Se desapareceu por uns poucos séculos perto do fim dessa dispensação, mercê da condição corrupta da igreja, reapareceu ao seu final para introduzir o Messias. Zacarias, o pai de João Batista, “foi cheio do Espírito Santo e profetizou”. Simeão, homem justo e devoto que foi, “esperando a consolação de Israel”, veio pelo Espírito ao templo, e profetizou de Jesus como “luz para alumiar as nações, e para glória de Teu povo Israel”; e Ana, uma profetisa, “falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”. E não houve maior profeta do que João Batista, que foi escolhido por Deus para introduzir a Israel “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. PE 133.1
A era cristã começou com o derramamento do Espírito, e grande variedade de dons espirituais se manifestou entre os crentes. Tão abundantes eram que Paulo dizia à igreja de Corinto: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um, visando um fim proveitoso” — a cada um na igreja, não no mundo, como muitos têm aplicado. PE 133.2
Desde a grande apostasia, esses dons raramente têm-se manifestado; e esta é provavelmente a razão por que professos cristãos geralmente crêem que eles foram limitados ao período da igreja primitiva. Mas não é em virtude de erros e incredulidade da igreja que os dons cessaram? E quando o povo de Deus alcançar a primitiva fé e prática, como certamente sucederá pela proclamação dos mandamentos de Deus e a fé de Jesus, não é certo que a “chuva serôdia” de novo desenvolverá os dons? Com base na analogia, podemos esperar que assim seja. Não obstante as apostasias da era judaica, esta se iniciou e encerrou com especial manifestação do Espírito de Deus. E não é razoável supor que a era cristã — cuja luz comparada com a da anterior dispensação é como a luz do Sol em comparação com os tênues raios da Lua — comece em glória e termine em obscuridade. E uma vez que a operação especial do Espírito foi necessária a fim de preparar um povo para o primeiro advento de Cristo, muito maior sê-lo-á para o segundo, especialmente considerando que os últimos dias serão perigosos como nunca dantes, e os falsos profetas deverão ter poder para realizar grandes sinais e maravilhas, de tal maneira que, se possível, enganariam até os escolhidos. Voltando às Escrituras da verdade: PE 133.3
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em Meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.” Marcos 16:15-18. PE 134.1
A tradução de Campbell diz: “Estas miraculosas faculdades acompanharão os crentes.” Os dons não foram circunscritos aos apóstolos, mas estenderam-se aos crentes. Quem os receberá? Aqueles que crerem. Até quando? Não há limitação; a promessa segue paralela com a grande comissão de pregar o evangelho e alcançar o último crente. PE 134.2
Mas objeta-se que este auxílio foi prometido somente aos apóstolos e aos que cressem por intermédio de sua pregação; que eles cumpriram a comissão, estabeleceram o evangelho e que os dons cessaram com aquela geração. Vejamos se a grande comissão terminou com aquela geração. Mateus 28:19, 20: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” PE 134.3
Que a pregação do evangelho sob esta comissão não terminou com a igreja primitiva é evidente da promessa: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” Ele não diz: Estou com vós outros, apóstolos, em toda a parte, até mesmo nos confins da Terra; mas estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos, ou do mundo. Não se refere isto à era judaica, pois esta já tinha findado na cruz. Concluo, então, que a pregação e a fé do primitivo evangelho seriam sempre assistidas com o mesmo auxílio espiritual. A comissão dada aos apóstolos pertencia à era cristã, e compreendia toda ela. Conseqüentemente os dons foram perdidos apenas em virtude da apostasia, e serão revividos com o reavivamento da primitiva fé e prática. PE 135.1
Em 1 Coríntios 12:28 somos informados de que Deus colocou, fixou, ou estabeleceu, certos dons espirituais na igreja. Na falta de qualquer prova escriturística de que Ele os tenha removido, ou abolido, temos de concluir que foram destinados a permanecer. Onde então a prova de que foram abolidos? No mesmo capítulo? No mesmo capítulo onde o sábado judaico é abolido e o sábado cristão instituído — um capítulo nos Atos do Mistério da Iniqüidade e do Homem do Pecado. Mas os objetores sustentam haver prova bíblica de que os dons deviam cessar, citando o seguinte texto: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei, como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem, a fé, a esperança e o amor.” 1 Coríntios 13:8-13. PE 135.2
Este texto prevê a cessação dos dons espirituais, bem como da fé e esperança. Mas quando deveriam cessar? Ainda olhamos para o futuro, quando — PE 136.1
“Há de a esperança transmudar-se em alegre gozo,
A fé em realidade e a oração em louvor.”
PE 136.2
Eles devem cessar quando vier o que é perfeito, quando não mais tivermos de ver como num espelho, mas face a face. O dia perfeito, quando os justos forem aperfeiçoados e virmos como somos vistos, está ainda no futuro. É certo que o homem do pecado, quando chegado à virilidade, pôs de lado “coisas de crianças”, como profecia, línguas, conhecimento, bem assim a fé, a esperança, e a caridade dos primitivos cristãos. Mas nada há no texto para mostrar que Deus tinha em vista retirar os dons que Ele havia posto na igreja até a consumação de sua fé e esperança, até que a transcendente glória do estado imortal eclipsasse as mais brilhantes manifestações de poder espiritual e conhecimento já manifestados no estado mortal. PE 136.3
A objeção fundada em 2 Timóteo 3:16, que alguns têm gravemente apresentado, não merece mais que uma ligeira consideração. Se Paulo, ao dizer que as Escrituras devem tornar perfeito o homem, e perfeitamente instruído para toda boa obra, quer significar que nada mais será escrito por inspiração, por que estava ele nesse momento acrescentando algo às Escrituras? Ao menos por que ele não depôs a pena tão logo foi essa sentença escrita? E por que João, trinta anos mais tarde, escreveu o livro do Apocalipse? Este livro contém outro texto que costuma ser citado para provar a abolição dos dons espirituais. PE 136.4
“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa, e das coisas que se acham escritas neste livro.” Apocalipse 22:18, 19. PE 137.1
Com base neste texto se afirma que Deus, que em diferentes vezes e maneiras, falou no passado aos pais pelos profetas, e, nos primórdios do evangelho por Jesus e Seus apóstolos, promete aqui solenemente jamais comunicar qualquer coisa mais ao homem desta maneira. Portanto, qualquer profecia que viesse a surgir depois desta data teria que ser falsa. Isto, diz-se, encerra o cânon da inspiração. Se assim é, por que João escreveu o seu evangelho depois do seu retorno de Patmos a Éfeso? Não estava ele assim acrescentando palavras às profecias do livro escrito em Patmos? É evidente, por esse texto, que a advertência para não acrescentar nem omitir, não se aplica num volume compilado como o temos, mas especificamente ao livro do Apocalipse, conforme saiu das mãos do apóstolo. Todavia homem algum tem o direito de acrescentar qualquer coisa a qualquer outro livro escrito pela inspiração de Deus, nem subtrair dele qualquer coisa. Escrevendo o livro do Apocalipse, estava João acrescentando alguma coisa às profecias do livro de Daniel? Absolutamente, não. Um profeta não tem o direito de alterar a Palavra de Deus. Mas as visões de João corroboram as de Daniel e provêem muita luz adicional aos assuntos aí introduzidos. Eu concluo, então, que o Senhor não Se obrigou ao silêncio, mas está ainda em liberdade para falar. Seja sempre esta a linguagem do meu coração: Fala, Senhor, por intermédio de quem desejares, pois o Teu servo ouve. PE 137.2
Assim a tentativa de provar pelas Escrituras a abolição dos dons espirituais, resulta inteiramente falha. E uma vez que as portas do inferno não têm prevalecido contra a igreja, porém Deus tem um povo na Terra, podemos considerar o desenvolvimento dos dons em relação com a mensagem do terceiro anjo, uma mensagem que fará retornar a igreja a sua condição apostólica e a tornará, indubitavelmente, a luz — não as trevas — do mundo. PE 137.3
E mais: Somos advertidos de que haveria nos últimos dias falsos profetas, e a Bíblia nos dá uma prova pela qual reconhecer os seus ensinos a fim de podermos distinguir entre o falso e o verdadeiro. O grande teste é a lei de Deus, que se aplica tanto às profecias como ao caráter moral dos profetas. Se não devesse haver profecias verdadeiras nos últimos dias, quão mais fácil teria sido declarar o fato, e assim cortar de vez toda oportunidade de engano, em vez de dar um teste pelo qual prová-los, como se devesse haver tanto o genuíno como o falso. PE 138.1
Em Isaías 8:19, 20 há uma profecia a respeito dos espíritos familiares do presente, e a lei é dada como um teste: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva.” Por que a expressão “se eles não falarem”, se não tivesse que haver profecia ou manifestação espiritual verdadeira ao mesmo tempo? Jesus disse: “Acautelai-vos dos falsos profetas. ... Pelos seus frutos os conhecereis.” Mateus 7:15, 16. Esta é uma parte do Sermão do Monte, e todos podem ver que este discurso tem uma aplicação geral à igreja através da era evangélica. Falsos profetas devem ser conhecidos por seus frutos; em outras palavras, por seu caráter moral. A única norma pela qual se determina se seus frutos são bons ou maus, é a lei de Deus. Assim somos levados à lei e ao testemunho. Os verdadeiros profetas não somente falarão segundo esta regra, mas viverão de acordo com ela. Não ouso condenar a quem fale e viva assim. PE 138.2
Sempre tem havido uma característica nos falsos profetas: eles têm visões de paz; e estarão dizendo “paz e segurança”, quando sobre eles virá repentina destruição. O verdadeiro ousadamente reprovará o pecado e advertirá da ira vindoura. PE 139.1
Profecias que contradizem as claras e positivas declarações da Palavra devem ser rejeitadas. Assim nosso Salvador ensinou os Seus discípulos quando os advertiu sobre a maneira de Sua segunda vinda. Quando Jesus ascendeu ao Céu à vista dos Seus discípulos, foi declarado da maneira mais explícita pelos anjos que Aquele mesmo Jesus viria da maneira como para o Céu O tinham visto ir. Por isso mesmo Jesus, ao predizer a obra dos falsos profetas nos últimos dias, diz: “Se vos disserem: Eis que Ele está no deserto! não saiais: Ei-Lo no interior da casa! não acrediteis.” Toda profecia verdadeira sobre este ponto terá de reconhecer Sua vinda visível do Céu. Por que Jesus não disse: Rejeitai toda profecia nesse tempo, se não tivesse de haver profetas então? PE 139.2
“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” Efésios 4:11-13. PE 139.3
Aprendemos dos versos acima citados que quando Cristo ascendeu ao alto, deu dons aos homens. Entre esses dons enumeram-se apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. O objetivo em vista ao serem dados era o aperfeiçoamento dos santos em unidade e conhecimento. Alguns que professam ser pastores e mestres no presente sustentam que esses dons alcançaram inteiramente o seu objetivo há uns mil e oitocentos anos, e conseqüentemente cessaram. Por que, então, não põem de lado os seus títulos de pastores e mestres? Se o ofício de profeta está por este texto limitado à igreja primitiva, assim é com o de evangelista — e todos os outros — pois nenhuma distinção é feita. PE 139.4
Ora, raciocinemos um momento sobre este ponto. Todos esses dons foram dados para o aperfeiçoamento dos santos em unidade, conhecimento e espírito. Sob sua influência a igreja primitiva desfrutou por algum tempo dessa unidade. “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma.” E parece conseqüência natural deste estado de unidade, o fato de que “com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. Atos dos Apóstolos 4:31-33. Quão desejável não seria um igual estado de coisas agora! Mas a apostasia com sua influência desagregadora e deletéria manchou a beleza da igreja pura, e vestiu-a de saco. Divisão e desordem tem sido o resultado. Nunca houve tão grande diversidade de fé na cristandade como presentemente. Se os dons foram necessários para preservar a unidade da igreja primitiva, quão mais necessários não seriam eles agora para restaurar a unidade! E que é o propósito de Deus restaurar a unidade da igreja nos últimos dias, há abundante evidência nas profecias. É-nos assegurado que os atalaias verão com os seus próprios olhos quando o Senhor voltar a Sião. Igualmente se nos diz que no tempo do fim os entendidos entenderão. Quando isto for cumprido haverá unidade de fé entre todos a quem Deus considera entendidos; pois os que realmente compreendem com correção devem também compreender em união. Que é capaz de promover esta unidade senão os dons que foram dados para este exato propósito? PE 140.1
De considerações como esta torna-se evidente que o estado perfeito da igreja aqui predito está ainda no futuro; logo esses dons não completaram ainda a sua obra. Esta carta aos efésios foi escrita no ano 64 D.C., cerca de dois anos antes de Paulo dizer a Timóteo que estava sendo oferecido em sacrifício e que o tempo de sua partida está próximo. As sementes da apostasia estavam agora germinando na igreja, pois Paulo dissera dez anos antes, na segunda carta aos tessalonicenses: “O mistério da iniqüidade já opera.” Lobos devoradores estavam prestes a se intrometerem, não poupando o rebanho. A igreja então não estava se erguendo e caminhando para aquela perfeição e unidade reveladas no texto, mas estava prestes a ser retaliada por facções e desviada por divisões. O apóstolo sabia disto, e conseqüentemente foi levado a olhar para além da grande apostasia, para o tempo do ajuntamento do remanescente do povo de Deus, quando disse: “Até que todos cheguemos à unidade da fé.” Efésios 4:13. Daí se vê que os dons que foram postos na igreja ainda não ficaram fora de tempo. PE 140.2
“Não apagueis o Espírito. Não desprezeis profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” 1 Tessalonicenses 5:19-21. PE 141.1
Nesta epístola o apóstolo introduz o assunto da segunda vinda do Senhor. Descreve ele então o estado do mundo incrédulo nesse tempo, que estará dizendo: “Paz e segurança”, quando o dia do Senhor estiver para irromper sobre eles, como um ladrão de noite, trazendo-lhes súbita e repentina destruição. Então Ele exorta a igreja, em vista dessas coisas, a estar desperta, a ser sóbria e vigiar. Entre as exortações que se seguem encontram-se as palavras que temos citado: “Não apagueis o Espírito”, etc. Alguns poderão pensar que esses três versos são completamente desvinculados uns dos outros em sentido; mas eles têm natural conexão na ordem em que estão. A pessoa que apaga o Espírito será levada a desprezar as profecias, que são legítimo fruto do Espírito. “Derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne; e vossos filhos e vossas filhas profetizarão.” Joel 2:28. A expressão: “Julgai todas as coisas”, é limitada ao assunto, profecias, e nós devemos provar os espíritos pelos processos que Deus nos tem dado em Sua Palavra. Enganos espirituais e falsas profecias abundam no presente tempo; e é indubitável que este texto tem especial aplicação aqui. Mas note-se, o apóstolo não diz: Rejeitai todas as coisas; mas, provai todas as coisas, retende o que for bom. PE 141.2
“E acontecerá depois que derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o Meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na Terra; sangue, fogo, e colunas de fumo. O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar.” Joel 2:28-32. PE 142.1
Esta profecia de Joel, que fala do derramamento do Espírito Santo nos últimos dias, não foi integralmente cumprida no começo da dispensação evangélica. Isto é evidente considerando os prodígios no céu e na Terra, introduzidos no texto, os quais devem ser precursores do “grande e terrível dia do Senhor”. Embora tenhamos tido os sinais, esse terrível dia está ainda no futuro. A dispensação evangélica toda pode ser chamada últimos dias, mas dizer que os últimos dias são 1.800 anos no passado, é absurdo. Eles se estendem até ao dia do Senhor e ao livramento do remanescente povo de Deus. “No Monte de Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar.” PE 142.2
Este remanescente, que estará existindo em meio aos prodígios que introduzirão o grande e terrível dia do Senhor, é sem dúvida o resto da semente da mulher mencionada em Apocalipse 12:17 — a última geração da igreja na Terra. “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar contra os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus, e sustentam o testemunho de Jesus.” PE 143.1
O remanescente da igreja evangélica terá os dons. Contra eles se travará guerra porque guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. Apocalipse 12:17. Em Apocalipse 19:10 o testemunho de Jesus é definido como sendo o Espírito de Profecia. Disse o anjo: “Sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus.” Em Apocalipse 22:9, ele repete o mesmo em substância, da seguinte forma: “Sou conservo teu e dos teus irmãos, os profetas.” Da comparação vemos a força de expressão: “O testemunho de Jesus é o Espírito de Profecia.” Mas o testemunho de Jesus inclui todos os dons do Espírito. Diz Paulo: “Sempre dou graças a Deus a vosso respeito, a propósito da Sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque em tudo fostes enriquecidos nEle, em toda palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós; de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Coríntios 1:4-7. O testemunho de Cristo foi confirmado na igreja de Corinto; e qual foi o resultado? Não lhes faltou nenhum dom. Somos nós justificados então na conclusão de que quando o remanescente for plenamente confirmado no testemunho de Jesus, nenhum dom lhe faltará, na expectação da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo? PE 143.2
R. F. Cottrell