Primeiros Escritos

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Os sonhos da Sra. White

[Referidos na página 12]

Sonhei que via um templo em que muitas pessoas se estavam reunindo. Apenas os que se refugiassem naquele templo seriam salvos quando terminasse o tempo; todos os que ficassem fora estariam para sempre perdidos. A multidão que se achava fora e que prosseguia com seus vários interesses, caçoava e ridicularizava os que estavam entrando no templo, e dizia-lhes que esse meio de segurança era um sagaz engano e que, de fato, não havia perigo algum para se evitar. Chegaram a lançar mãos de alguns para impedir-lhes a entrada. PE 78.3

Receosa de ser escarnecida, achei melhor esperar até que a multidão se dispersasse ou até que eu pudesse entrar sem ser observada por eles. Mas o número aumentava em vez de diminuir, e, receando ficar muito atrasada, saí apressadamente de casa e atravessei a multidão. Na minha ansiedade por atingir o templo não notava a multidão que me cercava nem com ela me ocupava. Entrando no edifício, vi que o vasto templo era apoiado por uma imensa coluna, e a esta se achava amarrado um cordeiro todo ferido e ensangüentado. Nós que nos achávamos presentes parecíamos saber que esse cordeiro fora lacerado e ferido por nossa causa. Todos os que entravam no templo deveriam ir diante dele e confessar seus pecados. PE 78.4

Exatamente diante do cordeiro estavam assentos elevados, sobre os quais sentava-se um grupo de pessoas que pareciam muito felizes. A luz celeste parecia resplandecer-lhes no rosto, e louvavam a Deus e entoavam alegres cânticos de ação de graças que se assemelhavam à música dos anjos. Esses eram os que se haviam prostrado diante do Cordeiro, confessado seus pecados, recebido perdão, e agora, em alegre expectativa, aguardavam algum acontecimento feliz. PE 79.1

Mesmo depois que entrei no edifício, sobreveio-me um receio, e uma sensação de vergonha de que eu devesse humilhar-me diante daquele povo; mas eu parecia ser compelida a ir para a frente, e vagarosamente caminhei em redor da coluna a fim de defrontar-me com o cordeiro, quando uma trombeta soou, o templo foi abalado, brados de triunfo se levantaram dos santos reunidos, e um intenso fulgor iluminou o edifício: então tudo passou a ser trevas intensas. Toda aquela gente feliz desaparecera com o fulgor, e fui deixada só no silencioso terror da noite. PE 79.2

Despertei em agonia de espírito, e dificilmente pude convencer-me de que estivera a sonhar. Parecia-me que minha sorte estava fixada; que o espírito do Senhor me havia abandonado para não mais voltar. PE 79.3

Logo depois disto tive outro sonho. Parecia-me estar sentada em desespero aterrador, com as mãos no rosto, refletindo assim: Se Jesus estivesse na Terra, eu iria a Ele, lançar-me-ia a Seus pés, e contar-Lhe-ia todos os meus sofrimentos. Ele não Se desviaria de mim; teria de mim misericórdia, e eu O amaria e serviria sempre. Exatamente nesse momento se abriu a porta, e entrou uma pessoa de belo porte e semblante. Olhou para mim compassivamente e disse: “Desejas ver a Jesus? Ele aqui está, e podes vê-Lo se o desejas. Toma tudo que possuis e segue-me.” PE 79.4

Ouvi isso com indizível alegria, e contentemente ajuntei todas as minhas pequenas posses, e toda ninharia que como tesouro eu guardava, e segui a meu guia. Ele me conduziu a uma escada íngreme e aparentemente frágil. Começando a subir os degraus, aconselhou-me a conservar o olhar fixo para cima a fim de que não me atordoasse e caísse. Muitos outros que estavam fazendo essa íngreme ascensão caíam antes de galgar o cimo. PE 80.1

Finalmente atingimos o último degrau e paramos diante de uma porta. Ali meu guia me informou que eu devia deixar todas as coisas que trouxera. Alegremente as depus. Então ele abriu a porta e mandou-me entrar. Em um instante me achei diante de Jesus. Não havia errar quanto àquele belo semblante; aquela expressão de benevolência e majestade não poderia pertencer a nenhum outro. Quando Seu olhar pousou sobre mim, vi logo que Ele estava familiarizado com todos os acontecimentos de minha vida e todos os meus íntimos pensamentos e sentimentos. PE 80.2

Procurei furtar-me ao Seu olhar, sentindo-me incapaz de suportá-lo por ser tão penetrante; Ele, porém, Se aproximou com um sorriso, e, pondo a mão sobre minha cabeça, disse: “Não temas.” O som de Sua doce voz agitou-me o coração com uma felicidade que nunca dantes experimentara. Eu estava alegre demais para poder proferir uma palavra, e, vencida pela emoção, caí prostrada a Seus pés. Enquanto ali jazia inerte, cenas de beleza e glória passaram diante de mim, e parecia-me ter alcançado a segurança e paz do Céu. Finalmente recuperei as forças, e levantei-me. O olhar amorável de Jesus ainda estava sobre mim, e Seu sorriso me enchia de alegria a alma. Sua presença despertou em mim uma santa reverência e um amor inexprimível. PE 80.3

Meu guia abriu então a porta, e nós ambos saímos. Mandou-me tomar de novo todas as coisas que havia deixado fora. Isto feito, entregou-me um fio verde muito bem enovelado. Este ele me disse que colocasse perto do coração, e quando quisesse ver a Jesus, que o tirasse do seio e o estirasse inteiramente. Preveniu-me de que o não deixasse ficar enrolado durante muito tempo, para que não se embaraçasse e fosse difícil desemaranhar. Coloquei o fio junto ao coração, e cheia de alegria desci a estreita escada, louvando ao Senhor, e dizendo a todos com quem me encontrava onde poderiam encontrar Jesus. Este sonho deu-me esperança. O fio verde representava ao meu espírito a fé; e a beleza e simplicidade de confiar em Deus me começaram a raiar na alma. PE 81.1

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