Morte, não vida eterna em miséria
Satanás começou com o seu engano no Éden. Disse a Eva: “Certamente não morrereis.” Esta foi a primeira lição de Satanás sobre a imortalidade da alma, e ele tem prosseguido com este engano desde aquele tempo até o presente, e o conservará até que termine o cativeiro dos filhos de Deus. Foram-me indicados Adão e Eva no Éden. Participaram da árvore proibida, e então a espada inflamada foi colocada em redor da árvore da vida, e eles foram expulsos do jardim, para que não participassem da árvore da vida e fossem pecadores imortais. O fruto desta árvore deveria perpetuar a imortalidade. Ouvi um anjo perguntar: “Quem da família de Adão passou pela espada inflamada, e participou da árvore da vida?” Ouvi outro anjo responder: “Nenhum da família de Adão passou por aquela espada inflamada, e participou da árvore; portanto não há pecador imortal.” A alma que pecar morrerá morte eterna, morte esta de que não haverá esperança de ressurreição; e então se aplacará a ira de Deus.
PE 218.1
Foi-me coisa surpreendente haver Satanás tão bem conseguido fazer os homens crerem que as palavras de Deus: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4, 20), significassem que a alma que pecar não morrerá, mas viverá eternamente em estado miserável. Disse o anjo: “Vida é vida, quer seja em dores quer em felicidade. A morte é sem dor, sem alegria, sem ódio.”
PE 218.2
Satanás disse a seus anjos que fizessem um esforço especial para espalhar a mentira a princípio proferida a Eva no Éden: “Certamente não morrereis.” E, sendo o erro recebido pelo povo, e sendo este levado a crer que o homem é imortal, Satanás induziu-os a crer que o pecador viverá em eterno estado de miséria. Achava-se então preparado o caminho para Satanás agir por intermédio de seus representantes e apresentar a Deus perante o povo como um tirano vingativo, como alguém que mergulhe no inferno todos os que não Lhe agradem, e os faça para sempre sentir Sua ira; e, enquanto sofrem indizível aflição, e se contorcem nas chamas eternas, é Ele representado a olhar sobre eles com satisfação. Satanás sabia que, se esse erro fosse recebido, Deus seria odiado por muitos, em vez de amado e adorado; e que muitos seriam levados a crer que as ameaças da Palavra de Deus não seriam literalmente cumpridas, pois que seria contra Seu caráter de benevolência e amor mergulhar nos tormentos eternos seres que Ele criara.
PE 218.3
Outro extremo que Satanás tem levado o povo a adotar consiste em não tomarem em nenhuma consideração a justiça de Deus e as ameaças de Sua Palavra, e representá-Lo como sendo todo misericórdia, de modo que ninguém perecerá, mas que todos, tanto santos como pecadores, serão finalmente salvos em Seu reino.
PE 219.1
Em conseqüência dos erros populares da imortalidade da alma, e do intérmino estado de misérias, Satanás tira vantagem de outra classe, e os leva a considerar a Bíblia como um livro não inspirado. Acham que ela ensina muitas coisas boas; mas não podem depositar confiança na mesma e amá-la, porque lhes foi ensinado que ela declara a doutrina do tormento eterno.
PE 219.2
Uma outra classe Satanás ainda leva mais longe, mesmo a negar a existência de Deus. Não podem ver coerência no caráter do Deus da Bíblia, se Ele infligirá horríveis torturas a uma parte da família humana por toda a eternidade. Portanto negam a Bíblia e seu Autor, e consideram a morte como um sono eterno.
PE 219.3
Ainda há outra classe, que é medrosa e tímida. A estes Satanás tenta para cometer pecado, e depois de haverem pecado mostra-lhes que o salário do pecado não é a morte, mas vida em horríveis tormentos, a serem suportados pelas eras sem fim da eternidade. Aumentando assim diante de seus espíritos fracos os horrores de um inferno eterno, toma posse de suas mentes e eles perdem a razão. Então Satanás e seus anjos exultam, e os incrédulos e ateus se unem a lançar o vitupério sobre o cristianismo. Pretendem que estes males são os resultados naturais de crer na Bíblia e em seu Autor, ao passo que são eles os resultados de receber a heresia popular.
PE 219.4
Vi que o exército celestial estava cheio de indignação por causa desta ousada obra de Satanás. Indaguei por que se consentia que todos esses enganos se apoderassem da mente dos homens, quando os anjos de Deus eram poderosos, e, sendo comissionados, poderiam facilmente quebrar o poder do inimigo. Vi então que Deus sabia que Satanás experimentaria todo o artifício para destruir o homem; portanto fez com que Sua Palavra fosse escrita, e esclareceu de tal maneira os Seus propósitos com relação à raça humana que nem o mais fraco precisa errar. Depois de haver dado Sua Palavra ao homem, preservou-a cuidadosamente da destruição por Satanás e seus anjos, ou por qualquer de seus agentes ou representantes. Conquanto outros livros pudessem ser destruídos, este deveria ser imortal. E, próximo do fim do tempo, quando aumentassem os embustes de Satanás, deveria ser multiplicado de tal maneira que todos os que o quisessem poderiam ter dele um exemplar, e poderiam, assim desejando, armar-se contra os enganos e prodígios de mentira de Satanás.
PE 220.1
Vi que Deus havia de uma maneira especial guardado a Bíblia, ainda quando da mesma existiam poucos exemplares; e homens doutos nalguns casos mudaram as palavras, achando que a estavam tornando mais compreensível, quando na realidade estavam mistificando aquilo que era claro, fazendo-a apoiar suas estabelecidas opiniões, que eram determinadas pela tradição. Vi, porém, que a Palavra de Deus, como um todo, é uma cadeia perfeita, prendendo-se uma parte à outra, e explicando-se mutuamente. Os verdadeiros inquiridores da verdade não devem errar; pois não somente é a Palavra de Deus clara e simples ao explanar o caminho da vida, mas o Espírito Santo é dado como guia na compreensão do caminho da vida ali revelado.
PE 220.2
Vi que os anjos de Deus nunca devem governar a vontade. Deus põe diante do homem a vida e a morte. Este pode fazer a sua escolha. Muitos desejam a vida, mas ainda continuam a andar no caminho largo. Preferem rebelar-se contra o governo de Deus, apesar de Sua grande misericórdia e compaixão ao dar Seu Filho para morrer por eles. Aqueles que não optam pela aceitação da salvação comprada por tão alto preço, deverão ser castigados. Vi, porém, que Deus os não encerraria no inferno para suportar a intérmina desgraça, tampouco os levaria para o Céu; pois colocá-los na companhia dos que são puros e santos fá-los-ia extraordinariamente infelizes. Ele, porém, os destruirá completamente, e fará com que sejam como se não tivessem existido; então Sua justiça será satisfeita. Ele formou o homem do pó da terra, e os desobedientes e profanos serão consumidos pelo fogo e voltarão de novo ao pó. Vi que a benevolência e compaixão de Deus a tal respeito deveriam levar todos a admirar Seu caráter e adorar Seu santo nome. Depois que os ímpios forem destruídos da Terra, toda a hoste celestial dirá: “Amém!”
PE 221.1
Satanás olha com grande satisfação para os que professam o nome de Cristo, embora se apeguem intimamente aos enganos a que ele mesmo deu origem. Sua obra é ainda inventar novos enganos, e seu poder e arte continuamente crescem nesta direção. Ele levou os seus representantes, os papas e os sacerdotes, a se exaltarem a si mesmos, e a instigar o povo a perseguir duramente e destruir os que não estavam dispostos a aceitar os seus enganos. Oh! os sofrimentos e agonias que os preciosos seguidores de Cristo foram levados a suportar! Anjos guardaram fiel registro de tudo! Satanás e seus anjos maus exultantemente disseram aos anjos que ministravam a esses santos sofredores que eles deviam ser todos mortos, a fim de que não fosse deixado na Terra um só cristão fiel. Vi que a igreja de Deus estava então pura. Não havia perigo de para ela entrarem homens de coração corrupto; pois os verdadeiros cristãos que ousaram declarar sua fé estavam em perigo do suplício no cavalete, na fogueira, e em toda espécie de tortura que Satanás e seus anjos maus seriam capazes de inventar ou inspirar à mente dos homens.
PE 221.2
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1957
PE
Primeiros Escritos
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