O Maior Discurso de Cristo

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Capítulo 5 — A oração do Senhor

“Portanto vós orareis assim.” Mateus 6:9.

A oração do Senhor foi duas vezes dada por nosso Salvador — primeiro à multidão, no Sermão da Montanha, e outra vez, meses mais tarde, aos discípulos apenas. Por um breve período haviam eles estado ausentes de seu Senhor, quando, ao voltarem, O encontraram absorto em comunhão com Deus. Como despercebido de sua presença, Ele continuou a orar em voz alta. Um brilho celeste irradiava da face do Salvador. Parecia mesmo encontrar-Se na presença do Invisível. E havia um vivo poder em Suas palavras, o poder de alguém que fala com Deus. MDC 102.1

O coração dos discípulos foi profundamente comovido enquanto eles escutavam. Tinham observado quão freqüentemente Jesus passava longas horas em solicitude, em comunhão com o Pai. Os dias, passava-os a servir as multidões que se comprimiam em torno dEle, e revelando os traiçoeiros sofismas dos rabis, e esse incessante labor deixava-O muitas vezes tão exausto que Sua mãe e Seus irmãos, e mesmo os discípulos, temiam que sacrificasse a vida. Ao volver, porém, das horas de oração que encerravam o afadigoso dia, notavam-Lhe a expressão de paz na fisionomia, a sensação de refrigério que parecia desprender-se de Sua presença. Era de horas passadas com Deus que Ele saía, manhã após manhã, para levar aos homens a luz do Céu. Os discípulos haviam chegado a ligar essas horas de oração com o poder de Suas palavras e obras. Agora, ao escutar-Lhe as súplicas, sentiram o coração encher-se de respeito e humildade. Quando Ele acabou de orar, foi com certa convicção de sua profunda necessidade que exclamaram: “Senhor, ensina-nos a orar.” Lucas 11:1. MDC 102.2

Jesus não lhes apresenta nenhuma nova forma de oração. Aquilo que já anteriormente lhes ensinara, repete agora, como se lhes quisesse dizer: Vocês devem compreender o que já lhes dei. Isso encerra uma profundeza de sentido que vocês ainda não sondaram. MDC 103.1

O Salvador não nos restringe, entretanto, ao emprego exato dessas palavras. Identificado com a humanidade, apresenta Seu próprio ideal de oração — palavras tão simples que podem ser adotadas por uma criancinha, e todavia tão compreensivas em sua amplitude que sua significação jamais poderá ser inteiramente apreendida pelos maiores espíritos. É-nos ensinado chegar a Deus com nosso tributo de ação de graças, dar a conhecer nossas necessidades, confessar os pecados que cometemos, e reclamar-Lhe a misericórdia em harmonia com a Sua promessa. MDC 103.2