O Maior Discurso de Cristo

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“É lícito ao homem repudiar sua mulher?” Mateus 19:3.

Entre os judeus era permitido ao homem repudiar sua mulher pelas mais triviais ofensas, e a mulher se achava então em liberdade de casar outra vez. Este costume levava a grande infelicidade e pecado. No Sermão do Monte, Jesus declarou plenamente que não podia haver dissolução do laço matrimonial, a não ser por infidelidade do voto conjugal. “Qualquer”, disse Ele, “que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.” MDC 63.1

Quando, posteriormente, os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio, Jesus apontou a Seus ouvintes a antiga instituição do matrimônio, segundo foi ordenada na criação. “Moisés”, disse Ele, “por causa da dureza dos vossos corações vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no princípio não foi assim.” Mateus 19:8. Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do Éden, quando Deus declarou tudo “muito bom”. Então tiveram origem o matrimônio e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da humanidade. Então, ao unir o Criador as mãos do santo par em matrimônio, dizendo: Um homem “deixará o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á a sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2:24), enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos de Adão, até ao fim do tempo. Aquilo que o próprio Pai Eterno declarou bom, era a lei da mais elevada bênção e desenvolvimento para o homem. MDC 63.2

Como todas as outras boas dádivas de Deus concedidas para a conservação da humanidade, o casamento foi pervertido pelo pecado; mas é o desígnio do evangelho restituir-lhe a pureza e a beleza. Tanto no Velho como no Novo Testamentos, a relação matrimonial é empregada para representar a terna e sagrada união existente entre Cristo e Seu povo, os remidos a quem Ele comprou a preço do Calvário. “Não temas”, diz Ele; “porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor.” “Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque Eu vos desposarei.” Isaías 54:4, 5; Jeremias 3:14. No Cântico dos Cânticos ouvimos a voz da esposa, dizendo: “O meu Amado é meu, e eu sou dEle.” E Aquele que é para ela “o primeiro entre dez mil”, fala a Sua escolhida: “Tu és toda formosa, amada Minha, e em ti não há mancha.” Cantares 2:16; 5:10; 4:7. MDC 64.1

Posteriormente Paulo, o apóstolo, escrevendo aos cristãos efésios, declara que o Senhor constituiu o marido a cabeça da mulher, para ser-lhe protetor, o elo que liga os membros da família, da mesma maneira que Cristo é a cabeça da igreja, e o Salvador do corpo místico. Portanto Ele diz: “Assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres.” Efésios 5:24-28. MDC 64.2

A graça de Cristo, e ela somente, pode tornar essa instituição o que Deus designou que fosse: um meio para a bênção e erguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em sua união, paz e amor, podem representar a família do Céu. MDC 65.1

Hoje, como nos dias de Cristo, a condição da sociedade apresenta triste comentário do ideal celeste dessa sagrada relação. No entanto, mesmo para os que depararam com amargura e desengano quando haviam esperado companheirismo e alegria, o evangelho de Cristo oferece um consolo. A paciência e a gentileza que Seu Espírito pode comunicar, suavizará a condição de amargura. O coração em que Cristo habitar, estará tão repleto, tão satisfeito com Seu amor, que se não consumirá no desejo de atrair simpatia e atenção para si próprio. E pela entrega da alma a Deus, Sua sabedoria pode realizar o que a sabedoria humana deixa de fazer. Por meio da revelação de Sua graça, os corações que uma vez estiveram indiferentes ou desafeiçoados podem ser unidos em laços mais firmes e mais duradouros que os da Terra — os áureos laços do amor que suportará o cadinho da provação. MDC 65.2