Medicina e Salvação

177/398

Apelo para mais simpatia

O médico cristão é um ministro da mais elevada espécie. Ele é um missionário. Os que por meio de sua aptidão, fidelidade e zeloso esforço, pela sabedoria vinda de Deus, podem aliviar o sofrimento do corpo, colocam-se numa relação tal para com seus pacientes que podem apontar-lhes o Restaurador da alma, que pode dizer: “Os teus pecados estão perdoados.” ... MS 147.2

Obter a confiança dos pacientes

És muito reticente. Está em teu poder unir os doentes a teu coração, e caso não obtenhas a confiança de teus pacientes, é porque não vês tua grande necessidade de tato, de habilidade, ao ministrares à alma, bem como ao corpo. Não justifico ninguém que use de falsidade para com o agonizante. De maneira tão suave quanto possível, dize-lhes a verdade relativamente a seu caso — como acredito que fazes — e aponta-lhes então a Jesus como sua única esperança. MS 147.3

Não tens o direito de fechar-te dentro de ti mesmo, e raramente dizer qualquer coisa aos pacientes. Não deves manter os pacientes esperando por tua decisão em seu caso. Não é justo causar-lhes angústia mental por demora desnecessária. Cada caso deve receber pronta atenção, por sua vez, e de acordo com sua necessidade. A negligência nesse sentido tem-te prejudicado a partir do início da tua profissão médica. Ela não é necessária, nem deve existir. MS 148.1

Foi-me mostrado que esse defeito de teu caráter tem levado homens e mulheres a amaldiçoar-te em seu coração, e a quase blasfemar de Deus. Todavia, se eu pensasse que isto não poderia ser corrigido, não escreveria como o faço. É teu dever como médico cristão, disciplinar tuas maneiras e hábitos no quarto dos enfermos, ser alegre e afável, manifestar terna simpatia, conversar livremente sobre os assuntos indispensáveis a teus pacientes e que entram na esfera de tua atividade. Podes atingir uma elevada norma em tua profissão. MS 148.2

Pensamentos sobre assuntos desagradáveis

Não lances a culpa sobre outros, eu te peço. Tens ponderado muito demais sobre assuntos desagradáveis. Há muitas coisas que não vês do ponto de vista correto. Por isso, deixa de pensar em coisas desagradáveis; deixa de falar delas; fixa a mente em Jesus, teu Ajudador, e trabalha com fé e confiança. Em te disciplinando, podes obter maior sucesso do que já tiveste até aqui. ... MS 148.3

O médico precisa estar em comunhão diária com Deus, a fim de que possa ser um constante conduto de luz para seus pacientes. Deve ele ser um imitador do Senhor Jesus Cristo. Enquanto lida diariamente com a morte, trabalhando em favor dos que se acham à beira da sepultura, necessita ele de um constante suprimento da graça de Deus, pois há o perigo de que se torne indiferente às realidades eternas. Sua única segurança está em conservar o Senhor sempre diante de si, manter de contínuo a mente sob a influência do Espírito de Deus. MS 148.4

Delicadeza e cortesia cristã

O médico deve ser governado por um rigoroso senso de oportunidade em todos os tempos e em todas as ocasiões. Falo claramente, pois sei que é meu dever fazê-lo. Não há como seres casto demais em tuas palavras nem decoroso demais ao examinares os pacientes. A grosseria e a indelicadeza na sala de operações, ou ao lado da cama dos enfermos, é pecado aos olhos de Deus; e na mente dos pacientes deporá com poder contra o médico. A menos que alimente um rigoroso senso de boas maneiras, inadvertidamente chocará ele os pacientes sensíveis que são delicados e polidos. MS 149.1

Mais do que todos os outros homens que ocupam posição de responsabilidade, necessita o médico de estar em contato com Deus, de ser continuamente por Ele ensinado, do contrário há perigo de que, sob tentação, se torne desonesto, grosseiro, e depravado. Necessita ele de uma religião pura e imaculada. E os que permanecem como seus assistentes devem ser pessoas prudentes e calmas, que temam a Deus. Estás seguro apenas quando em contato com a Fonte de todo poder, de toda pureza e elevação de caráter. MS 149.2

Há entre os médicos mentes vulgares e mesmo sensuais. Não permita Deus seja este o caráter de alguém que afirma crer nas verdades sagradas. O Espírito de Deus nos protegerá de todo mal, e nos comunicará uma apreciação da realidade das coisas espirituais e eternas. As solenes verdades que professamos santificarão a alma, caso as introduzamos no santuário do coração. Oh! que cada médico seja aquilo que Deus quer que ele seja — puro, santo, incontaminado, protegido pela graça de Deus, sabedor de que Cristo é seu Salvador pessoal. MS 149.3

Tem sempre em mente, Dr. _____, que o quarto dos doentes é um lugar no qual a cortesia cristã, a delicadeza e a polidez devem sempre ser manifestadas. Não deve haver nem mesmo uma aproximação da vulgaridade. As ações do médico estão causando suas impressões; o tom de sua voz, a expressão do seu semblante, as palavras que pronuncia, são consideradas pelos pacientes. Cada movimento é estudado. MS 149.4

Dar louvor a Deus

Se o doente é aliviado de sofrimento, e trazido de volta, por assim dizer, da morte para a vida, ele é levado a quase adorar aquele que, pensa, salvou-lhe a vida. Raras vezes pensa ele que foi Deus quem fez essa obra por meio de Seus instrumentos humanos. Eis o momento oportuno para que Satanás surja e leve o médico a exaltar-se a si mesmo em lugar de a Cristo. Jesus diz: “Sem Mim nada podeis fazer.” MS 149.5

Deveis levar o paciente a olhar para Jesus como o médico tanto do corpo como da alma. Se o médico tem o amor de Cristo no coração, usará sua influência para colocar o Poderoso Restaurador perante o enfermo. Ele pode dirigir os pensamentos, a gratidão e o louvor para a Fonte de todo poder, graça e bondade. Se deixa de fazer isso, está negligenciando as mais preciosas oportunidades. Oh! que ensejo para o médico cristão exercitar seus talentos para a glória de Deus, e dessa maneira entregá-los aos banqueiros, para serem multiplicados, e enviar de volta ao Céu um caudal de luz em louvor e agradecimento a Deus por Sua graça e amor! Oh! que oportunidades para lançar no coração a semente que produzirá fruto para santidade! MS 150.1

Aquele que ama a Deus supremamente, de todo o coração, de toda a alma, pensamento, poder e força, amará a seu próximo como a si mesmo, e lutará em favor de seu supremo bem. Não perderá uma só oportunidade de colocar o Senhor diante do enfermo. MS 150.2

Falsas idéias de ética

Há falsas idéias de coerência e ética, que levam a negligenciar sagrados deveres. A ética mundana, que é um estorvo para a salvação de almas humanas mediante o exaltar a Jesus diante delas, e o procurar fazer-lhes o bem, deve ser rejeitada. Deve constituir nosso constante estudo sabermos como podemos seguir melhor o exemplo de Cristo e promover Sua glória. A união com Deus é tudo. O que os médicos tentam fazer, Cristo realiza no sentido mais completo. O médico trabalha com ardor para prolongar a vida. Cristo é o Doador da vida. MS 150.3

Quem dotou o médico de razão e inteligência? Aquele que é a verdade e a vida. Ele aplica o bálsamo de Gileade. E o Grande Restaurador. É aquele que tem repetidamente vencido a morte, e que confere vida eterna — Deus sobre tudo. Se o médico aprendeu na escola de Cristo, enquanto ministra aos corpos enfermos, vigiará pelas almas como alguém que deve dar conta delas. MS 150.4

A testemunha invisível

Os médicos cristãos necessitam orar — vigiar em oração. Diante deles acha-se uma porta aberta para muitas tentações, e eles precisam ser despertados para um senso vivo de que há um Vigia a seu lado, tão certamente como o havia naquela festa sacrílega de Belsazar, quando os homens louvavam os deuses de prata e de ouro e bebiam nos vasos sagrados do templo de Deus. Quando os homens tomam a honra para si mesmos, estão desonrando a Deus. MS 151.1

Sempre que por qualquer ação alguém leva os homens a se esquecerem de Deus, ou a negligenciar as claras injunções de Sua Palavra, a Testemunha invisível testifica, como na escrita da parede do palácio: “Pesado foste na balança, e achado em falta.” Daniel 5:27. — Manuscrito 17, 1890. MS 151.2