História da Redenção

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Um meio possível de salvação

Os anjos prostraram-se diante dEle. Ofereceram suas vidas. Jesus lhes disse que pela Sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida. Sua vida unicamente poderia ser aceita por Seu Pai como resgate pelo homem. Jesus também lhes disse que teriam uma parte a desempenhar — estar com Ele, e O fortalecer em várias ocasiões. Que Ele tomaria a natureza decaída do homem, e Sua força não seria nem mesmo igual à deles. E seriam testemunhas de Sua humilhação e grandes sofrimentos. E, ao testemunharem Seus sofrimentos e o ódio dos homens para com Ele, agitar-se-iam pelas mais profundas emoções, e pelo seu amor para com Ele desejariam livrá-Lo, libertá-Lo de Seus assassinos; mas que não deveriam intervir para impedir qualquer coisa que vissem; e que desempenhariam uma parte em Sua ressurreição; que o plano da salvação estava ideado, e Seu Pai aceitaria esse plano. HR 43.2

Com santa tristeza Jesus consolou e animou os anjos, e os informou de que dali em diante aqueles que Ele remisse estariam com Ele, e com Ele sempre morariam; e que pela Sua morte resgataria a muitos, e destruiria aquele que tinha o poder da morte. E Seu Pai Lhe daria o reino, e a grandeza do reino sob todo o Céu, e Ele o possuiria para todo o sempre. Satanás e os pecadores seriam destruídos para nunca mais perturbarem o Céu, ou a nova Terra purificada. Jesus ordenou que o exército celestial se conformasse com o plano que Seu Pai aceitara, e se regozijassem de que o homem decaído de novo pudesse ser exaltado mediante a Sua morte, a fim de obter o favor de Deus e gozar o Céu. HR 44.1

Então a alegria, inexprimível alegria, encheu os Céus. E a hoste celestial cantou um cântico de louvor e adoração. Tocaram harpas e cantaram em tom mais alto do que o tinham feito antes, pela grande misericórdia e condescendência de Deus, entregando o Seu mui amado para morrer por uma raça de rebeldes. Derramaram-se louvor e adoração pela abnegação e sacrifício de Jesus; por consentir Ele em deixar o seio de Seu Pai e optar por uma vida de sofrimento e angústia, e morrer uma morte ignominiosa a fim de dar Sua vida por outros. HR 44.2

Disse meu anjo assistente: Pensais que o Pai entregou Seu mui amado Filho sem esforço? Não, absolutamente. Foi mesmo uma luta, para o Deus do Céu, decidir se deixaria o homem culpado perecer, ou dar Seu amado Filho para morrer por ele. Os anjos estavam tão interessados na salvação do homem que se podiam encontrar entre eles os que deixariam sua glória e dariam a vida pelo homem que ia perecer. Mas, disse o anjo, isto nada adiantaria. A transgressão era tão grande que a vida de um anjo não pagaria a dívida. Nada a não ser a morte e intercessão de Seu Filho pagaria essa dívida, e salvaria o homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças. HR 45.1

Mas foi aos anjos designada a obra de subirem e descerem com bálsamo fortalecedor, trazido da glória, a fim de mitigar ao Filho do homem os Seus sofrimentos, e ministrar-Lhe. Seria também sua obra proteger e guardar os súditos da graça, contra os anjos maus e as trevas que constantemente Satanás arremessa em redor deles. Vi que era impossível a Deus alterar ou mudar Sua lei, para salvar o homem perdido, e que ia perecer; portanto, Ele consentiu em que Seu amado Filho morresse pela transgressão do homem. HR 45.2

Satanás de novo regozijou-se com seus anjos de que, ocasionando a queda do homem, pudesse ele retirar o Filho de Deus de Sua exaltada posição. Disse a seus anjos que, quando Jesus tomasse a natureza do homem decaído, poderia derrotá-Lo, e impedir a realização do plano da salvação. HR 45.3

Foi-me então mostrado Satanás como havia sido: um anjo feliz e elevado. Em seguida ele foi-me mostrado como se acha agora. Ainda tem formas régias. Suas feições ainda são nobres, pois é um anjo, ainda que decaído. Mas a expressão de seu rosto está cheia de ansiedade, cuidados, infelicidade, maldade, ódio, nocividade, engano e todo mal. Aquele semblante que fora tão nobre, notei-o particularmente. Sua fronte, logo acima dos olhos, começava a recuar. Vi que ele se havia aviltado durante tanto tempo que toda a boa qualidade se rebaixara, e todo o mau traço se desenvolvera. Seu olhar era astuto e dissimulado, e mostrava grande penetração. Sua constituição era ampla; mas a carne lhe pendia frouxamente nas mãos e no rosto. Quando o vi, apoiava o queixo sobre a mão esquerda. Parecia estar em profundos pensamentos. Tinha um sorriso no rosto, o qual me fez tremer, tão cheio de maldade e dissimulação satânica era ele. Este sorriso é o que ele tem precisamente antes de segurar sua vítima; e, ao fixá-la em sua cilada, tal sorriso se torna horrível. HR 45.4

Em humilde e inexprimível tristeza Adão e Eva deixaram o aprazível jardim onde tinham sido tão felizes antes de sua desobediência aos mandamentos de Deus. A atmosfera estava mudada. Não era mais invariável como antes da transgressão. Deus vestiu-os com roupas de pele para protegê-los da sensação de frio e calor a que estavam expostos. HR 46.1