História da Redenção

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Na sala do julgamento

A multidão clamava pelo sangue de Jesus. Cruelmente O açoitaram e puseram sobre Ele uma velha veste real de púrpura, cingindo-Lhe a sagrada cabeça com uma coroa de espinhos. Puseram-Lhe na mão uma cana, prostravam-se diante dEle e escarnecedoramente O saudavam: “Salve, Rei dos judeus!” Mateus 27:29. Tiraram-Lhe então da mão a cana, e com ela O feriram na cabeça, fazendo com que os espinhos penetrassem em Sua fronte e o sangue Lhe escorresse pelo rosto e barba. HR 214.1

Era difícil aos anjos suportarem aquela cena. Desejavam libertar a Jesus, mas os anjos comandantes lhes proibiam isto, dizendo que era grande o resgate que deveria ser pago pelo homem; mas que o mesmo se completaria e ocasionaria a morte dAquele que tinha o poder da morte. Jesus sabia que os anjos estavam testemunhando a cena de Sua humilhação. O mais fraco dentre os anjos poderia fazer com que aquela multidão escarnecedora caísse impotente, e poderia livrar a Jesus. Ele sabia que Se desejasse isto de Seu Pai, os anjos instantaneamente O livrariam. Era, porém, necessário que Ele sofresse a violência dos homens ímpios, a fim de levar a efeito o plano da salvação. HR 214.2

Jesus permaneceu manso e humilde perante a multidão enfurecida, enquanto Lhe davam os mais vis maus-tratos. Cuspiam-Lhe no rosto, rosto esse do qual um dia desejarão esconder-se e que dará luz à cidade de Deus e resplandecerá mais do que o Sol. Cristo não lançou contra os que O ofendiam um olhar iroso. Cobriram-Lhe a cabeça com uma roupa velha, vendando-Lhe os olhos, e então O feriam no rosto e exclamavam: “Profetiza-nos quem é o que Te bateu.” Lucas 22:64. Houve comoção entre os anjos. Eles O teriam livrado instantaneamente; mas seus anjos comandantes os contiveram. HR 214.3

Alguns dos discípulos se atreveram a entrar onde Jesus Se achava e testemunhar o Seu julgamento. Esperavam que Ele manifestasse Seu poder divino, que Se livrasse das mãos dos inimigos e os punisse pela crueldade para com Ele. Suas esperanças vinham e desapareciam ao transpirarem as diferentes cenas. Algumas vezes duvidavam, e temiam que houvessem sido enganados. Mas a voz que ouviram no monte da transfiguração e a glória que ali contemplaram, fortaleceram-lhes a fé quanto a ser Ele o Filho de Deus. Recordaram-se das cenas que tinham testemunhado, dos milagres que tinham visto Jesus realizar ao curar os doentes, abrir os olhos aos cegos, desobstruir os ouvidos surdos, repreender e expelir os demônios, e restituir a vida aos mortos, e mesmo acalmar os ventos e o mar. HR 215.1

Não podiam crer que Ele morreria. Esperavam que ainda Se levantasse com poder, e com Sua voz soberana dispersas-se aquela multidão sedenta de sangue, como o fizera quando entrara no templo e expulsara os que estavam a fazer da casa de Deus lugar de mercadorias, e quando fugiram de diante dEle como se fossem perseguidos por um grupo de soldados armados. Os discípulos esperavam que Jesus manifestasse Seu poder e convencesse todos de que Ele era o Rei de Israel. HR 215.2