Educação

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Capítulo 16 — Biografias bíblicas

“Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, da fraqueza tiraram forças.”

Para fins educativos, nenhuma parte da Bíblia é de maior valor do que as suas biografias. Estas diferem de todas as outras, visto serem absolutamente fiéis. É impossível a qualquer espírito finito interpretar corretamente, em tudo, os feitos de outrem. Ninguém, a não ser Aquele que lê o coração, que pode divisar a fonte secreta dos intuitos e das ações, poderá com verdade absoluta delinear o caráter, ou dar uma descrição fiel de uma vida humana. Unicamente na Palavra de Deus se encontra tal esboço biográfico. Ed 146.1

Nenhuma verdade a Bíblia ensina mais claramente do que aquela segundo a qual o que fazemos é o resultado do que somos. Em grande parte, as experiências da vida são o fruto de nossos próprios pensamentos e ações. Ed 146.2

“A maldição sem causa não virá.” Provérbios 26:2. Ed 146.3

“Dizei aos justos que bem lhes irá: ... Ai do ímpio! mal lhe irá, porque a recompensa das Suas mãos se lhe dará.” Isaías 3:10, 11. Ed 146.4

“Ouve tu, ó Terra! Eis que Eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos.” Jeremias 6:19. Ed 146.5

Terrível é esta verdade, e profundamente deve ela ser gravada em nosso espírito. Cada ação se reflete sobre aquele que a pratica. Jamais um ser humano pode deixar de reconhecer, nos males que lhe infelicitam a vida, os frutos daquilo que ele próprio semeou. Contudo, mesmo assim, não nos achamos sem esperança. Ed 146.6

Para adquirir o direito de primogenitura que já lhe pertencia pela promessa de Deus, Jacó recorreu à fraude, e colheu os frutos do ódio de seu irmão. Durante vinte anos de exílio foi ele próprio lesado e defraudado, e finalmente forçado a procurar segurança na fuga; e colheu uma segunda messe, visto que as falhas de seu próprio caráter foram vistas a reproduzir-se em seus filhos, sendo que tudo isto nada mais era senão um fidelíssimo quadro das retribuições da vida humana. Ed 147.1

Deus, porém, diz: “Para sempre não contenderei, nem continuamente Me indignarei; porque o espírito perante a Minha face se enfraqueceria, e as almas que Eu fiz. Pela iniqüidade da sua avareza Me indignei, e os feri; escondi-Me, e indignei-Me; mas, rebeldes, seguiram o caminho do seu coração. Eu vejo os seus caminhos, e os sararei; também os guiarei, e lhes tornarei a dar consolações e aos seus pranteadores. ... Paz, paz, para os que estão longe e para os que estão perto, diz o Senhor, e Eu os sararei.” Isaías 57:16-19. Ed 147.2

Jacó, em sua angústia, não desesperou. Havia-se arrependido e se esforçara por expiar a falta cometida para com seu irmão. E ao ser pela ira de Esaú ameaçado de morte, procurou o auxílio de Deus. “Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou.” “E abençoou-o ali.” Oséias 12:4; Gênesis 32:29. Na força de Seu poder o que fora perdoado se levantou, não mais como o suplantador, mas como príncipe diante de Deus. Não ganhara simplesmente o livramento de seu irmão ofendido, mas o seu próprio. Quebrara-se o poder do mal em sua própria natureza; havia-se-lhe transformado o caráter. Ed 147.3

Ao crepúsculo houve luz. Jacó, revendo a história de sua vida, reconheceu o poder mantenedor de Deus — aquele “Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia, o Anjo que me livrou de todo o mal”. Gênesis 48:15, 16. Ed 147.4

A mesma experiência se repete na história dos filhos de Jacó: o pecado operando a retribuição, e o arrependimento produzindo fruto de justiça para a vida. Ed 148.1

Deus não anula as Suas leis. Ele não age contrariamente às mesmas. Não desfaz a obra do pecado. Mas Ele transforma. Mediante Sua graça a maldição resulta em bênçãos. Ed 148.2

Dos filhos de Jacó, Levi foi um dos mais cruéis e vingativos, um dos mais culpados no traiçoeiro assassínio dos siquemitas. Os característicos de Levi, refletindo em seus descendentes, acarretaram-lhes o decreto de Deus: “Eu os dividirei em Jacó, e os espalharei em Israel.” Gênesis 49:7. O arrependimento, porém, operou a reforma; e pela sua fidelidade para com Deus em meio da apostasia de outras tribos, a maldição se transformara em um sinal da mais alta honra. Ed 148.3

“O Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca do concerto do Senhor, para estar diante do Senhor, para O servir, e para abençoar em Seu nome.” “Meu concerto com ele foi de vida e de paz, e lhas dei para que Me temesse, e Me temeu. ... Andou comigo em paz e em retidão, e apartou a muitos da iniqüidade.” Deuteronômio 10:8; Malaquias 2:5, 6. Ed 148.4

Os que foram designados para ministros do santuário, os levitas, não receberam herança em terras; habitavam juntos em cidades separadas para o seu uso, e recebiam seu sustento dos dízimos, donativos e ofertas dedicados ao serviço de Deus. Eram os ensinadores do povo, hóspedes em todas as suas festividades, e em toda parte honrados como os servos e representantes de Deus. À nação toda fora dada esta ordem: “Guarda-te, que não desampares ao levita todos os teus dias na terra.” “Levi com seus irmãos não têm parte na herança; o Senhor é a sua herança.” Deuteronômio 12:19; 10:9. Ed 148.5