Educação
Capítulo 7 — Vida de grandes homens
“O fruto do justo é árvore de vida.”
A história sagrada apresenta muitas ilustrações dos resultados da verdadeira educação. Apresenta muitos nobres exemplos de homens cujo caráter foi formado sob direção divina; homens cuja vida foi uma bênção a seus semelhantes, e que estiveram no mundo como representantes de Deus. Entre estes se acham José e Daniel, Moisés, Elias e Paulo — os maiores estadistas, o mais sábio legislador, um dos mais fiéis reformadores, e o mais ilustre instrutor que o mundo já conheceu, com exceção dAquele que falou como nenhum outro. Ed 51.1
No princípio de sua vida, exatamente quando passavam da juventude para a varonilidade, José e Daniel foram separados de seus lares, e levados como cativos a países pagãos. José esteve sujeito especialmente às tentações que acompanham grandes mudanças na sorte. Na casa paterna, uma criança mimada; na casa de Potifar, escravo, depois confidente e companheiro; homem de negócios, educado pelo estudo, observação e contato com os homens; no calabouço de Faraó, prisioneiro do Estado, condenado injustamente, sem esperança de reivindicação ou perspectiva de libertamento; chamado em uma grande crise para dirigir a nação — que o habilitou a preservar sua integridade? Ed 51.2
Ninguém pode ficar em uma altura preeminente sem correr perigo. Assim como a tempestade deixa intacta a flor do vale e desarraiga a árvore no topo das montanhas, as terríveis tentações que deixam ilesos os humildes da vida, assaltam os que se acham nos altos postos de êxito e honras. José, porém, suportou a prova da adversidade, e da prosperidade, de modo semelhante. A mesma fidelidade que manifestou nos palácios de Faraó, manifestou na cela do prisioneiro. Ed 51.3
Em sua meninice, a José havia sido ensinado o amor e temor de Deus. Muitas vezes, na tenda de seu pai, sob as estrelas da Síria, contava-se-lhe a história da visão noturna de Betel, da escada do Céu à Terra e dos anjos que por ela desciam e subiam, e dAquele que do trono, no alto, Se revelou a Jacó. Fora-lhe contada a história do conflito ao lado do Jaboque, quando, renunciando a pecados acariciados, Jacó se tornou conquistador e recebeu o título de príncipe com Deus. Ed 52.1
A vida pura e simples de José, como um pastorzinho guiando os rebanhos de seu pai, favorecera o desenvolvimento não só da capacidade física mas também da mental. Em comunhão com Deus por meio da Natureza e do estudo das grandes verdades transmitidas como um sagrado legado de pai a filho, adquiriu ele vigor mental e firmeza de princípios. Ed 52.2
No momento crítico de sua vida, quando fazia aquela terrível viagem do lar de sua infância em Canaã, para o cativeiro que o esperava no Egito, olhando pela última vez as colinas que ocultavam as tendas de sua parentela, José lembrou-se do Deus de seu pai. Recordou-se das lições da infância e sua alma fremiu com a resolução de mostrar-se verdadeiro — agindo sempre como convém a um súdito do Rei celestial. Ed 52.3
Na amargurada vida de estrangeiro e escravo, entre as cenas e os ruídos do vício e das seduções do culto pagão, culto este cercado de todas as atrações de riquezas, cultura e pompas da realeza, José permaneceu firme. Tinha aprendido a lição da obediência ao dever. A fidelidade em todas as situações, desde as mais humildes até as mais exaltadas, adestrou toda a sua capacidade para o mais elevado serviço. Ed 52.4
Na ocasião em que ele fora chamado à corte de Faraó, o Egito era a maior das nações. Em civilização, arte, saber, era inigualado. Através de um período de máxima dificuldade e perigo, José administrou os negócios do reino; e isto fez de maneira a captar a confiança do rei e do povo. Faraó fez dele “senhor de sua casa, e governador de toda a sua fazenda, para a seu gosto sujeitar os seus príncipes, e instruir os seus anciãos”. Salmos 105:21, 22. Ed 53.1
A Bíblia nos apresenta o segredo da vida de José. Jacó, na bênção pronunciada sobre seus filhos, assim falou, em palavras de divino poder e beleza, daquele dentre eles que mais amava: Ed 53.2
“José é um ramo frutífero,
Ramo frutífero junto à fonte;
Seus ramos correm sobre o muro.
Os flecheiros lhe deram amargura,
E o flecharam e aborreceram.
O seu arco, porém, susteve-se no forte,
E os braços de suas mãos foram fortalecidos
Pelas mãos do Valente de Jacó ...
Pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará,
E pelo Todo-poderoso, o qual te abençoará,
Com bênçãos dos Céus de cima,
Com bênçãos do abismo que está debaixo. ...
As bênçãos de teu pai excederão
As bênçãos de meus pais,
Até à extremidade dos outeiros eternos;
Elas estarão sobre a cabeça de José,
E sobre o alto da cabeça do que foi separado
De seus irmãos.” Gênesis 49:22-26.
Ed 53.3
Lealdade para com Deus, fé no Invisível — foram a âncora de José. Nisto se encontrava o segredo de seu poder. Ed 54.1
“Os braços de suas mãos foram fortalecidos
Pelas mãos do Valente de Jacó.”
Ed 54.2