Educação
Capítulo 28 — Relação do vestuário para com a educação
“Em traje honesto.”
Não poderá ser completa nenhuma educação que não ensine princípios corretos em relação ao vestuário. Sem tal ensino, a obra da educação é muitas vezes retardada e pervertida. O amor ao vestuário e a dedicação à moda acham-se entre os mais formidáveis oponentes e decididos embaraços que há para o professor. Ed 246.1
A moda é uma senhora que governa com mão de ferro. Em muitíssimos lares a atenção, força e tempo dos pais e filhos são absorvidos em satisfazer suas exigências. Os ricos têm o desejo de suplantar uns aos outros ao sujeitar-se às modas que estão sempre em mudança; os de classe média e mais pobres esforçam-se por aproximar-se da norma estabelecida pelos que supõem acima de si. Onde os meios e a força são limitados, e o desejo de sobressair é grande, o peso se torna quase insuportável. Ed 246.2
Para muitos não importa quão próprio ou mesmo bonito um vestido possa ser, no caso de se mudar a moda, tem de ser reformado ou posto de lado. Os membros do lar são condenados a uma faina incessante. Não há tempo para educar as crianças, tempo para a oração, ou para estudo da Bíblia; não há tempo para ajudar os pequeninos a se familiarizarem com Deus mediante as Suas obras. Ed 246.3
Não há tempo nem dinheiro para a caridade. Muitas vezes a mesa de jantar vem a sofrer restrições. O alimento é mal escolhido e preparado precipitadamente, sendo as exigências da natureza supridas apenas parcialmente. Os resultados serão os maus hábitos no regime alimentar, os quais desenvolvem moléstias e conduzem à intemperança. Ed 247.1
O amor à exibição produz a extravagância, e em muitos jovens mata a aspiração para uma vida mais nobre. Em vez de procurar educação, cedo demais se empenham nalguma ocupação a fim de ganhar dinheiro para satisfazer à paixão do vestir. E por meio desta paixão muita jovem é seduzida à ruína. Ed 247.2
Em muitas casas os recursos da família ficam sobrecarregados. O pai, incapaz de suprir as exigências da mãe e filhos, é tentado à desonestidade, e novamente a desonra e ruína são o resultado. Ed 247.3
Mesmo o dia de culto e os próprios serviços religiosos não estão isentos do domínio da moda. Pelo contrário, oferecem oportunidade para maior exibição de seu poder. A igreja torna-se um lugar de ostentação, e as modas são estudadas mais do que o sermão. Os que são pobres, incapazes de corresponder às exigências da moda, ficam inteiramente afastados da igreja. O dia de descanso é passado em ociosidade, e pelos jovens muitas vezes em associações desmoralizadoras. Ed 247.4
Na escola, as moças, em virtude de vestes impróprias e incômodas, inabilitam-se ou para o estudo ou para o recreio. Sua mente está preocupada, e tarefa difícil é ao professor despertar-lhes o interesse. Ed 247.5
Para quebrar o encanto da moda, a professora muitas vezes não encontra meios mais eficazes do que o contato com a Natureza. Que as alunas provem os deleites que se encontram ao lado dos rios, lagos e mares; subam elas às colinas, contemplem a glória do pôr-do-sol, explorem os tesouros do bosque e do campo; aprendam os prazeres de cultivar plantas e flores; e a importância de mais uma fita ou babado perderá sua significação. Ed 247.6
Levem os jovens a verem que no vestuário, assim como no regime alimentar, a maneira singela de viver é indispensável para que possamos pensar de maneira superior. Levem-nos a ver quanto há a aprender e fazer, quão preciosos são os dias da mocidade como preparo para o trabalho da vida. Ajudem-nos a ver que tesouro há na Palavra de Deus, no livro da Natureza, e nas histórias das vidas nobres. Ed 248.1
Dirija-se-lhes a mente aos sofrimentos que poderiam aliviar. Auxiliem-nos a ver que, em cada dólar dissipado para a ostentação, aquele que o despende se despoja de meios para alimentar os famintos, vestir os nus e consolar os tristes. Ed 248.2
Não podem consentir que se frustrem as gloriosas oportunidades da vida, que se lhes amesquinhe o espírito, arruíne a saúde, e naufrague sua felicidade, tudo por amor da obediência a mandos que não têm fundamento na razão, nem no conforto ou na graça e elegância. Ed 248.3
Ao mesmo tempo devem os jovens ser ensinados a reconhecer a lição da Natureza: “Tudo fez formoso em seu tempo.” Eclesiastes 3:11. No vestuário, bem como em todas as outras coisas, é nosso privilégio honrar a nosso Criador. Ele deseja que não somente seja nosso vestuário limpo e saudável, mas próprio e decoroso. Ed 248.4
O caráter de uma pessoa é julgado pelo aspecto de seu vestuário. Um gosto apurado, um espírito desenvolvido, revelar-se-ão na escolha de ornamentos simples e apropriados. A casta simplicidade no vestir, aliada à modéstia das maneiras, muito farão no sentido de cercar uma jovem com aquela atmosfera de sagrada reserva que para ela será um escudo contra os milhares de perigos. Ed 248.5
Ensine-se às moças que a arte de vestir-se bem, inclui também a habilidade de fazer sua própria roupa. Isto deve ser uma ambição nutrida por toda moça. Será um meio de utilidade e independência de que não pode prescindir. Ed 248.6
É justo amar e desejar a beleza; Deus, porém, deseja que amemos e procuremos primeiro a mais alta beleza — aquela que é imperecível. As mais seletas produções da perícia humana não possuem beleza que se possa comparar com a beleza do caráter, que à Sua vista é de “grande preço”. Ed 249.1
Ensinem-se os jovens e crianças a escolher para si aquela veste real tecida nos teares celestiais — o “linho puro e resplandecente” (Apocalipse 19:8), que todos os santos da Terra usarão. Tal veste — o próprio caráter imaculado de Cristo — é livremente oferecido a todo ser humano. Mas todos os que a recebem, a receberão e usarão aqui. Ed 249.2
Ensine-se às crianças que, franqueando elas a mente a pensamentos puros e amoráveis, e praticando ações amáveis e auxiliadoras, se estão vestindo com Suas belas vestes de caráter. Este traje fá-las-á belas e amadas aqui, e depois será o seu direito de admissão ao palácio do Rei. Sua promessa é: Ed 249.3
“Comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso.” Apocalipse 3:4. Ed 249.4