Conselhos sobre Educação

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Histórico dos testemunhos sobre educação

Pela primeira vez os tópicos principais em Testemunhos Para a Igreja (Testimonies for the Church) relacionados com o programa educacional mantido pela igreja adventista do sétimo dia foram reunidos e apresentados num só volume. Isto foi feito como contribuição dos publicadores aos nossos obreiros à frente do programa de educação. CE V.1

Abre o volume a apresentação básica feita por Ellen G. White em 1872, na qual ela expõe diante da igreja os princípios que devem reger a educação de sua juventude. O artigo é vasto; e como foi tantas vezes o caso nas experiências de Ellen White, ao ser-lhe revelado um novo aspecto da verdade, a apresentação inicial incorporou as características principais numa ampla extensão, estabelecendo assim a filosofia básica. “O tempo que resta agora é muito breve”, ela escreveu, “para realizar o que podia ter sido feito em gerações passadas; mas podemos fazer muito, mesmo nestes últimos dias, para corrigir os males existentes na educação da juventude.” — Págs. 28 e 29 deste livro. Então, com o passar do tempo e ao prosseguir a igreja no rumo da instrução e da obra para que fora chamada, Ellen G. White prestou mais pormenorizada orientação e conselho que permitissem enfrentar as necessidades de uma obra em expansão. CE V.2

Em resposta ao chamado, os líderes adventistas do sétimo dia trataram de estabelecer uma escola. Tiago e Ellen White tinham por ideal uma escola no campo, com oportunidades para o estabelecimento de indústria e agricultura. A família White estava ausente de Battle Creek, entretanto, quando se tomou a decisão final. Os irmãos compraram cinco hectares e meio em Battle Creek, perto do Hospital de Battle Creek. Não vendo, porém, necessidade de tanta terra para o campus do colégio, venderam dois hectares e meio a adventistas que desejavam estabelecer-se nas proximidades do colégio. Nos três hectares restantes foi construído o Colégio de Battle Creek. CE V.3

Inicialmente a planta consistia em apenas um edifício, com salas de aula e capela. Os alunos tiveram que se arranjar para acomodações. CE VI.1

Quando a família White retornou a Battle Creek no outono de 1874, e Ellen White viu o colégio construído na cidade, sem terra para agricultura, sentiu-se desalentada e chorou. Contudo ela prestigiou a instituição. Falando, quando da inauguração, apelou aos pais adventistas para que dessem todo o apoio e enviassem seus filhos para receberem educação ali. O forte estímulo é refletido no segundo e terceiro artigos desta coletânea, os quais tratam de nosso colégio e da verdadeira educação. CE VI.2

A jovem instituição fez razoável progresso. Sidney Brownsberger, um educador adventista do Michigan, emprestou-lhe forte liderança; e Goodloe Bell, professor com experiência, tomou parte preeminente na organização do programa escolar. Esses educadores pioneiros, entretanto, não apreenderam toda a importância do tipo do programa educativo que a igreja devia levar a cabo. O currículo consistia em grande parte em assuntos clássicos, e nenhum curso bíblico regular era oferecido pelo colégio em seus primeiros anos. Urias Smith, porém, redator de Review and Herald, cuja residência ficava logo atrás do colégio, sempre que podia vinha e fazia preleções sobre temas bíblicos. CE VI.3

Logo sobrevieram dias difíceis para o colégio. Alguns pais em Battle Creek fizeram restrições a alguns dos métodos do professor Bell. Em certas situações os pais tomavam posição ao lado de alguns de seus jovens que estavam freqüentando a escola. CE VI.4

No verão de 1881, um novo converso, Alexandre McLearn, homem de alta graduação escolar e alguma distinção, foi chamado para dirigir o colégio em lugar do Prof. Brownsberger. Esperava-se que ele e Bell pudessem trabalhar juntos, mas o que houve foi apenas confusão. CE VI.5

Havia certa obsessão da parte de alguns líderes da obra em Battle Creek por uma educação segundo os padrões do mundo. Uma atitude crítica para com Ellen G. White tomou vulto a ponto de ameaçar tornar as mensagens do Senhor de pouco efeito. CE VI.6

Este é o cenário dos vários capítulos na parte de abertura do vol. 5 de Testimonies. O primeiro leva o título: “Nosso Colégio.” O nome do professor Bell pode ser escrito nos espaços vazios indicados por linhas neste capítulo. CE VII.1

O capítulo intitulado “Importante Testemunho”, que começa na página 45 e leva a data de 28 de Março de 1882, põe a mostra a situação em Battle Creek durante um período crítico e melindroso. O Prof. Bell havia renunciado; o Prof. McLearn estava na direção; e conquanto o capítulo seja aberto com uma característica aparentemente generalizada, o cerne de toda a questão era a atitude de indivíduos em sua relação com a situação crítica da escola e uma nova oportunidade que o Senhor havia dado a Ellen G. White, de aconselhar em relação com o trabalho da escola. CE VII.2

Na página 45 o nome de McLearn pode ser subentendido como aquele que “veio para o vosso meio não familiarizado com o trato do Senhor para conosco”. Tendo sido adventista por apenas poucos meses, pouco conhecia da história e filosofia dos adventistas do sétimo dia. A despeito do seu excelente preparo no campo da educação, estava mal preparado para assumir a responsabilidade da direção de nosso primeiro colégio, especialmente naqueles primeiros anos. CE VII.3

O capítulo seguinte, intitulado “Obreiros em Nosso Colégio”, é uma parte do quadro das crises em Battle Creek. Uma vez mais o nome do professor McLearn pode ser escrito como o homem que “vos teria servido muito bem não tivesse ele sido lisonjeado por alguns e condenado por outros”. A questão estava agora inteiramente fora de domínio. O Prof. Brownsberger tinha sido chamado para a Costa do Pacífico, a fim de assumir a direção do novo colégio aberto em Abril de 1882, em Healdsburg; o Prof. Bell fora chamado para Lancaster do Sul, Massachusetts, a fim de tornar-se o professor principal na nova escola estabelecida pelo Pastor Haskell em Massachusetts nos fins do ano escolar de 1881-1882. O colégio de Battle Creek fechou as portas por um ano (1882-1883). Isto eliminou McLearn, que prontamente se uniu aos batistas do sétimo dia. A experiência foi uma dura e penosa lição objetiva para os adventistas do sétimo dia. CE VII.4

O Colégio de Battle Creek foi reaberto e por dezoito anos levou avante o seu trabalho em Battle Creek, continuamente tolhido pelo restrito campus que lhe tornou impossível promover os ideais expostos perante os adventistas do sétimo dia com ênfase educacional bem inequívoca. CE VIII.1

Artigos publicados na última parte do volume 5 de Testimonies em 1889 revelam a posição de Ellen White em apoio do programa educativo da igreja. CE VIII.2

Nos anos da década de 1890 Ellen White esteve na Austrália. Ela reclamou uma escola nos primeiros anos dessa década, de modo que os obreiros para o campo australiano pudessem ser preparados em seu próprio país. Veio assim à Sra. White uma nova oportunidade de fazer sentir sua influência no estabelecimento de uma escola mais em harmonia com os ideais de Deus postos diante de nós. Ao virem os irmãos na Austrália a necessidade de uma escola e começarem a agir no sentido de estabelecê-la, Ellen White ficou firme no propósito de levar a cabo um programa que evitasse os embaraçantes erros cometidos em Battle Creek. A história da aquisição de um trato de terra com seiscentos hectares, distante de Sydney uns 130 quilômetros, para o estabelecimento de nosso colégio na Austrália, é bem conhecida. A providência de Deus se manifestou de modo bem marcante. Uma escola como aquela era inteiramente contrária aos conceitos correntes sobre educação tanto nesse país como em qualquer outro do mundo. O dinheiro era escasso, o número de membros da igreja pequeno. Contudo os irmãos foram avante. CE VIII.3

Ao desenvolver-se o trabalho, o Senhor deu a Ellen White instruções em muitos pontos com relação à administração de escolas adventistas do sétimo dia. E do que escreveu nesse período ela selecionou para publicação no volume 6 dos Testimonies (publicado em 1900) toda a seção de noventa e duas páginas com o título “Educação”. CE VIII.4

A influência do desenvolvimento da obra na Austrália fez-se sentir nos Estados Unidos. Educadores de coragem começaram a compreender o plano que lhes havia sido exposto, e que estava agora sendo levado a cabo de modo prático. Assim é que em 1901 tornou-se oportuno mudar o Colégio de Battle Creek para um local mais favorável. Em assembléia da Associação Geral, a primeira a que Ellen White assistia em dez anos, ela apelou para que se mudasse o Colégio de Battle Creek para uma localização rural, onde o povo de Deus pudesse desenvolver um campus colegial em harmonia com Sua instrução. Como imediata resposta, os líderes denominacionais decidiram mudar o colégio. O voto foi tomado em 1901, no mês de Abril. No período seguinte a escola foi aberta em Berrien Springs, Michigan, onde se encontra presentemente a Universidade Andrews. CE VIII.5

Por este tempo a crise panteísta envolvendo John Harvey Kellogg e outros obreiros líderes em Battle Creek começou a mostrar-se abertamente. A natureza sutil desses ensinos confundiu a mente de muitos. Esses homens até usavam certas afirmações de Ellen White, fora de seu contexto, para sustentar suas opiniões. Então o Senhor enviou mensagens específicas por meio de Ellen White para expor os perigos de tais ensinos. Como resultado desta situação, certos líderes passaram por um período de considerável incerteza quanto à validade dos conselhos do Espírito de Profecia. A crise veio no outono de 1903. Era lógico que em Testimonies, vol. 8, publicado em Março de 1904, houvesse artigos que tratassem deste sutil ensino. Toda a seção sob o título “O Conhecimento Essencial”, trata do problema. CE IX.1

Com a aquisição da propriedade em Loma Linda para ser usada como sanatório e escola de preparo de enfermeiros, o Senhor, por meio de Sua mensageira, mostrou claramente que Loma Linda tornar-se-ia centro vital de educação da igreja. Ellen White apreendera isto muito além do que perceberam os seus associados. Era-lhes difícil compreender sua afirmação em 1906, de que “médicos serão preparados aqui”. Responderam, porém, ao seu apelo para que se criasse em Loma Linda um centro educacional, e eles abriram o Colégio de Loma Linda para Evangelistas. Não muito claro a princípio quanto aos objetivos específicos da escola, eles prosseguiram, e logo se desenvolveu a idéia de um centro de preparo de obreiros médicos. CE IX.2

Ao reunir-se em assembléia a Associação Geral em 1909, Ellen White pleiteou este empreendimento educacional em Loma Linda. Ao longo de toda a sua palestra ela deu ênfase ao lugar muito importante que a nova instituição ocuparia como centro educativo. CE IX.3

No início de 1910, ao se virem os líderes da igreja a braços com a questão da instituição educativa em Loma Linda, procuraram o conselho de Ellen White quanto à precisa natureza da obra a ser promovida ali. Seu conselho foi que se desse início à educação médica, o que habilitaria os estudantes a fazer face aos exames requeridos pelo governo; e que a obra, do ponto de vista da instrução, devia ser da mais alta qualidade. Apelou também no sentido de que a obra fosse conduzida de tal modo que moços e moças adventistas pudessem obter sua educação médica inteiramente dentro de nossa própria instituição. Isto se tornou a tônica e a palavra de ordem que conduziu ao estabelecimento do Colégio de Médicos Evangelistas. E a declaração da Sra. White de que a instituição em Loma Linda se tornaria líder no campo educacional dirigido pela igreja no Oeste, tem-se cumprido no desenvolvimento da Universidade de Loma Linda. Com este conselho a respeito de Loma Linda, concluímos os artigos desta compilação. CE X.1

Três outros livros de Ellen G. White tratam inteiramente de educação: Educação (1903), Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes (1913) e Fundamentos da Educação Cristã (1923), sendo este último uma compilação póstuma de artigos anteriormente publicados de capítulos de livros. A Sra. White via em Educação um livro cuja circulação alcançaria limites fora dos leitores adventistas — conceito que se tem tornado realidade mais em terras além-mar do que nos Estados Unidos. CE X.2

Ao buscar os conselhos de Ellen G. White em seus escritos sobre escolas adventistas, seu currículo, normas e trabalho, facilmente se observa que raramente ocorre uma distinção entre os diferentes graus escolares. Tais linhas divisórias não eram então perfeitamente estabelecidas como o são hoje nas instituições educacionais em geral. No que nos diz respeito, a educação elementar veio por último, com uma séria iniciativa tomada na virada do século dezenove. CE X.3

Arthur L. White

Secretário do Patrimônio Literário de Ellen G. White