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Leitura Inútil

O mundo está inundado de livros que melhor seria queimar do que fazê-los circular. Melhor seria que nunca fossem lidos pela juventude livros sobre assuntos sensacionais, publicados e circulados com o fim de ganhar dinheiro. Há em tais livros uma fascinação satânica. A emocionante relação de crimes e atrocidades tem sobre muitos um poder sedutor que os leva a meditar sobre o que podem fazer no sentido de obter fama, mesmo mediante as mais iníquas ações. As monstruosidades, crueldades e práticas licenciosas expostas nalguns dos escritos estritamente históricos têm agido como fermento em muitos espíritos, determinando atos semelhantes. CP 133.2

Livros que esboçam práticas satânicas de seres humanos estão a dar publicidade ao mal. Não é necessário deter-se na consideração desses horríveis particulares, e pessoa alguma que creia na verdade para este tempo deve tomar parte em perpetuar a lembrança dos mesmos. Quando o intelecto é alimentado e estimulado por esse alimento depravado, os pensamentos se tornam impuros e sensuais. CP 134.1

Há outra espécie de livros - histórias de amor e contos frívolos e excitantes, livros estes que são uma maldição para todo que os lê, mesmo que o autor possa aplicar uma boa moral. Muitas vezes declarações religiosas se acham entretecidas por todos esses livros; mas na maioria dos casos Satanás apenas está vestido em trajes de anjo para enganar e seduzir os incautos. A prática da leitura de histórias é um dos meios empregados por Satanás para destruir as almas. Produz satisfação falsa e doentia, agita a imaginação, inabilita o espírito para a utilidade e para todo exercício espiritual. Afasta a alma da oração e do amor às coisas espirituais. CP 134.2

Os leitores de contos frívolos e empolgantes tornam-se inaptos para os deveres da vida prática. Vivem em um mundo irreal. Tenho observado crianças a quem se consentiu adquirir o costume de ler tais histórias. Quer em casa quer fora de casa, achavam-se inquietas, sonhadoras, incapazes de conversar a não ser sobre os assuntos mais triviais. Pensamentos e conversas religiosos eram inteiramente alheios ao seu espírito. Cultivando o apetite pelas histórias sensacionais, perverte-se o gosto da mente, e o espírito não se satisfaz a menos que seja nutrido com tal alimento prejudicial. Não posso imaginar expressão mais apropriada para designar os que condescendem com tal leitura, do que a de embriagados mentais. Hábitos intemperantes na leitura têm sobre o cérebro um efeito idêntico àquele que os hábitos de intemperança no comer e no beber exercem sobre o corpo. CP 134.3

Os que condescendem com o hábito de “devorar” uma história incitante estão simplesmente invalidando sua força mental e inabilitando o espírito para o pensamento e pesquisas mais profundas. Alguns jovens e mesmo pessoas de idade madura têm sofrido de paralisia, proveniente de nenhuma outra causa que não o excesso na leitura. A força nervosa do cérebro foi conservada em constante excitação, até que esse maquinismo delicado se tornou exausto, recusando-se a agir. Algumas partes de seu delicado mecanismo deram tudo de si, e como resultado houve a paralisia. CP 135.1

Há homens e mulheres, no declínio da vida, que nunca se restabeleceram dos efeitos da intemperança no ler. O hábito adquirido em seus primeiros anos cresceu com sua idade e fortaleceu-se com sua força. Seus decididos esforços para vencer o pecado de abusar do intelecto foram em parte bem-sucedidos; mas nunca recuperaram o completo vigor do espírito, o qual Deus lhes conferira. CP 135.2