Conselhos Aos Pais, Professores E Estudantes

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61 — O Professor de Educação Religiosa

Os que tiverem mais vocação para o ministério devem ser empregados para dar aulas de Bíblia em nossas escolas. As pessoas escolhidas para essa obra precisam ser aprimorados estudantes da Bíblia; homens que tenham profunda experiência cristã; e seu ordenado deve ser pago do dízimo. CP 431.1

O professor de Bíblia deve ser uma pessoa apta a ensinar os alunos a apresentarem as verdades da Palavra de Deus em público, de modo claro e atrativo, e a fazer eficiente obra evangelística de casa em casa. É essencial que ele seja hábil em ensinar os que desejam trabalhar para o Mestre, a empregar sabiamente o que aprenderam. Deve instruir os alunos a iniciar o estudo da Bíblia com espírito de humildade, a pesquisar suas páginas, não em busca de provas para manter opiniões humanas, mas com o sincero desejo de conhecer o que Deus disse. CP 431.2

Bem cedo em sua vida cristã devem nossos estudantes ser ensinados a se tornarem obreiros bíblicos. Os que são consagrados e dóceis ao ensino, podem ser bem-sucedidos no serviço ativo de Cristo enquanto prosseguem nos cursos de estudo. Se eles empregarem muito tempo em oração, se humildemente se aconselharem com seus instrutores, crescerão no conhecimento da maneira de trabalhar em favor de almas. E, ao saírem para o grande campo da seara, poderão confiantemente orar: “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos” (Sl 90:17). CP 431.3

A tarefa de ensinar as Escrituras aos jovens, em nossas escolas, não deve ser deixada inteiramente sobre um professor por longa série de anos. O mestre de Bíblia poderá ser muito apto a apresentar a verdade, todavia não será o melhor para a experiência cristã dos alunos que seu estudo da Palavra de Deus seja dirigido por um homem só, termo escolar após termo, ano após ano. Vários professores devem ter parte nessa obra, mesmo que não possuam todos tão pleno conhecimento das Escrituras. Se vários, em nossas escolas, se unirem na obra de ensinar as Escrituras, os alunos poderão ter assim o benefício dos talentos de diversos professores. CP 432.1

Por que necessitamos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo e todos os escritores que deram testemunho quanto à vida e ao ministério do Salvador? Por que não poderia um dos discípulos escrever o relatório completo, sendo-nos dada assim uma relação organizada da vida terrestre de Cristo? Por que introduz um dos escritores pontos que outro não menciona? Por que, se esses pontos são essenciais, não os mencionaram todos esses escritores? É porque a mente dos homens difere. Nem todos compreendem as coisas exatamente de igual maneira. Certas verdades bíblicas impressionam muito mais fortemente o espírito de alguns do que de outros. CP 432.2

O mesmo princípio se aplica aos oradores. Um demora-se consideravelmente em pontos que outros passariam rápido ou nem mencionariam sequer. Toda a verdade é apresentada mais claramente por vários do que por um só. Os Evangelhos diferem, mas as narrações de todos se combinam em um todo harmônico. CP 432.3

Assim hoje o Senhor não impressiona os espíritos do mesmo modo. Com freqüência, por meio de experiências anormais, sob especiais circunstâncias, Ele dá a alguns estudantes da Bíblia visões da verdade que outros não apreendem. É possível ao mais preparado professor de Bíblia ficar muito longe de ensinar tudo quanto deve ser ensinado. CP 432.4

Muito beneficiaria nossas escolas o celebrarem freqüentemente reuniões regulares, em que todos os professores tomassem parte no estudo da Palavra de Deus. Deviam examinar as Escrituras como os nobres bereanos. Deviam subordinar todas as idéias preconcebidas e, tomando como texto a Bíblia, comparando passagem com passagem, deviam aprender o que convinha ensinar a seus alunos, e a maneira de os preparar para um serviço aceitável. CP 433.1

O êxito do mestre depende, em grande parte, do espírito introduzido na obra. A profissão de fé não torna os homens cristãos; mas, se os professores abrirem o coração ao estudo da Palavra, serão capazes de ajudar seus alunos a chegar à melhor compreensão. Não permitais que penetre aí o espírito de discussão, mas busque cada um, fervorosamente, a luz e o conhecimento de que necessita. CP 433.2

A Palavra de Deus é verdadeira filosofia, ciência verdadeira. As opiniões humanas e a pregação sensacional, pouco valem. Os que se acham imbuídos da Palavra de Deus, ensiná-la-ão da maneira singela como a ensinava Jesus. O maior Mestre do mundo empregava a mais simples linguagem e os símbolos mais simples. CP 433.3

O Senhor chama Seus pastores para alimentarem o rebanho com pura forragem. Ele quer que esses pastores apresentem a verdade em sua singeleza. Quando esta obra for fielmente feita, muitos serão convencidos e convertidos pelo poder do Espírito Santo. Há necessidade de professores de Bíblia que se acheguem aos não-convertidos, que busquem as ovelhas perdidas, que façam trabalho pessoal, e dêem instruções claras e definidas. CP 433.4

Jamais enuncieis pensamentos de dúvida. O ensino de Cristo era sempre positivo em sua natureza. Com um tom de firmeza, apresentai uma mensagem definida. Exaltai o Homem do Calvário, alto, e mais alto, ainda; há poder na exaltação da cruz de Cristo. CP 434.1

É o privilégio do estudante ter idéias claras e precisas da verdade da Palavra, a fim de estar habilitado a apresentar essas verdades a outros espíritos. Cumpre-lhe estar arraigado e fundado na fé. Os alunos devem ser levados a pensar por si mesmos, a ver por si mesmos a força da verdade, e falar de tal modo que toda palavra proferida saia de um coração cheio de amor e ternura. Esforçai-vos por incutir-lhes na mente as verdades vitais da Bíblia. Repitam eles essas verdades com suas próprias palavras, de modo deixar claro que as compreendem claramente. Certificai-vos de que cada ponto esteja firmado na mente. Talvez isso seja um processo vagaroso, mas é dez vezes melhor do que passar apressadamente sobre importantes assuntos, sem lhes dar a devida consideração. Não basta que o aluno acredite por si mesmo na verdade; deve ser levado a apresentar claramente essa verdade, com suas próprias palavras, para que fique evidente que ele vê a força da lição e sabe aplicá-la. CP 434.2

Em todos os vossos ensinos não esqueçais nunca que a maior lição a ser ensinada e aprendida é a da união com Cristo na obra de salvar. A educação a ser adquirida mediante o exame das Escrituras é um conhecimento experimental do plano da salvação. Tal educação restaurará na alma a imagem de Deus. Ela fortalecerá e fortificará o espírito contra a tentação, e habilitará o estudante a tornar-se coobreiro de Cristo em Sua missão de misericórdia para com o mundo. Ela o fará membro da família celeste, prepará-lo-á para participar da herança dos santos na luz. CP 434.3

O professor que ensina a verdade só pode transmitir com eficácia aquilo que ele próprio conhece por experiência. Cristo ensinou a verdade porque Ele próprio era a verdade. Seu pensar, o caráter, a experiência de Sua vida, achavam-se encarnados em Seu ensino. O mesmo se dá com Seus servos: os que ensinam a Palavra devem tornar-se seus possuidores mediante experiência pessoal. Devem saber o que é ser Cristo feito para eles sabedoria, justiça, santificação e redenção. Todo ministro de Cristo e todo professor devem poder dizer com o amado João: “A vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1Jo 1:2). CP 435.1

Muitas vezes parecerá ao professor que a Palavra de Deus pouca influência tem no coração e no espírito de muitos estudantes; mas se seu trabalho foi efetuado em Deus, algumas lições da verdade divina hão de deter-se na memória dos mais descuidosos. O Espírito Santo regará a semente lançada, e ela brotará ao cabo de muitos dias dando frutos para a glória de Deus. CP 435.2