Beneficência Social

Capítulo 34 — Nossa responsabilidade individual

E era um o coração e alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia pois entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha. Atos 4:32-35.

Uma tarefa individual cometida aos seguidores de CristoCristo confia a Seus seguidores uma obra individual — uma obra que não pode ser feita por procuração. O serviço aos pobres e enfermos, o anunciar o evangelho aos perdidos, não deve ser deixado a comissões ou caridade organizada. Responsabilidade individual, individual esforço e sacrifício pessoal, é uma exigência evangélica. — A Ciência do Bom Viver, 147. BS 263.1

Necessidades são supridas quando repartimosCristo, por intermédio do profeta, mandou que: “Repartas o teu pão com o faminto”, e fartes a “alma aflita”; “vendo o nu o cubras”, e “recolhas em casa os pobres desterrados.” Ordenou-nos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura.” Quantas vezes, porém, nosso coração sucumbe e falha-nos a fé, ao vermos quão grande é a necessidade, quão limitados os meios em nossas mãos! Como André, ao olhar aos cinco pães de cevada e os dois peixinhos, exclamamos: “Que é isto para tantos?” Hesitamos freqüentemente, não dispostos a dar tudo o que temos, temendo gastar e ser gastos por outros. Mas Jesus nos manda: “Dai-lhes vós de comer.” Sua ordem é uma promessa; e em Seu apoio está o mesmo poder que alimentou a multidão ao pé do mar. BS 263.2

No ato de Cristo, de suprir as necessidades temporais de uma faminta massa de povo, está envolvida profunda lição espiritual para todos os Seus obreiros. Cristo recebeu do Pai; passou-o aos discípulos; eles o entregaram à multidão; e o povo uns aos outros. Assim todos quantos se acham ligados a Cristo devem receber dEle o Pão da vida, o alimento celestial, e passá-lo a outros. ... BS 264.1

Os discípulos foram o meio de comunicação entre Cristo e o povo. Isso deve ser uma grande animação para os discípulos dEle hoje em dia. Cristo é o grande centro, a fonte de toda força. DEle devem os discípulos receber a provisão. Os mais inteligentes, os mais bem-dotados espiritualmente, só podem comunicar, à medida que recebem. Não podem, de si mesmos, suprir coisa alguma às necessidades da alma. Só podemos transmitir aquilo que recebemos de Cristo; e só o podemos receber à medida que o comunicamos aos outros. À proporção que continuamos a dar, continuamos a receber; e quanto mais damos, tanto mais havemos de receber. Assim estaremos de contínuo crendo, confiando, recebendo e transmitindo. BS 264.2

A obra da edificação do reino de Cristo irá avante, se bem que, segundo todas as aparências, caminhe devagar, e as impossibilidades pareçam testificar contra o seu progresso. A obra é de Deus, e Ele fornecerá meios e enviará auxiliares, sinceros e fervorosos discípulos, cujas mãos também, estarão cheias de alimento para as famintas multidões. Deus não Se esquece dos que trabalham com amor para levar a palavra da vida a almas prestes a perecer, as quais, por sua vez, buscam alimento para outras almas famintas. — O Desejado de Todas as Nações, 369, 370. BS 264.3

Não colocar o peso sobre as organizações — Há em nossa obra para Deus, risco de confiar demasiado no que pode fazer o homem, com seus talentos e capacidade. Perdemos assim de vista o Obreiro-Mestre. Muito freqüentemente o obreiro de Cristo deixa de compreender sua responsabilidade pessoal. Acha-se em perigo de eximir-se a seus encargos, fazendo-os recair sobre organizações, em lugar de apoiar-se nAquele que é a fonte de toda a força. Grande erro é confiar em sabedoria humana, ou em números, na obra de Deus. O trabalho bem-sucedido para Cristo, não depende tanto de números ou de talentos, como da pureza de desígnio, da genuína simplicidade, da fervorosa e confiante fé. Devem-se assumir as responsabilidades pessoais, empreender os deveres pessoais e envidar esforços pessoais em favor dos que não conhecem a Cristo. Em lugar de transferir vossa responsabilidade para alguém que julgais mais bem-dotado que vós, trabalhai segundo vossas aptidões. — Idem, 370. BS 265.1

Deus proverá os meios — Os meios de que dispomos talvez não pareçam suficientes para a obra mas, se avançarmos com fé, crendo no todo-suficiente poder de Deus, abundantes recursos se nos oferecerão. Se a obra é de Deus, Ele próprio proverá os meios para sua realização. Recompensará a sincera e simples confiança nEle. O pouco que é sábia e economicamente empregado no serviço do Senhor do Céu, aumentará no próprio ato de ser comunicado. Nas mãos de Cristo permaneceu, sem minguar, a escassa provisão, até que todos se saciassem. Se nos dirigimos à Fonte de toda força, estendidas as mãos da fé para receber, seremos sustidos em nosso trabalho, mesmo nas mais difíceis circunstâncias, e habilitados a dar a outros o pão da vida. — Idem, 371. BS 265.2

É preciso correr algum risco para salvar almas — Há um grande temor de aventurar-se e correr riscos nesta grande obra, o receio de que a expensas de meios não traga dividendos. Que importa se os meios são usados e não vemos que almas estejam sendo salvas por eles? Que importa que uma parte de nossos meios sejam um capital morto? Melhor é trabalhar e manter-se trabalhando do que nada fazer. Não sabeis qual prosperará primeiro, se esta se aquela. Os homens investem em direitos de patentes e sofrem pesadas perdas, e isto é considerado como natural. Mas na obra e causa de Deus, temem aventurar-se. Parece-lhes ser o dinheiro um capital morto, que não rende nada, quando investido na obra de salvar almas. Os próprios meios que são agora tão parcamente investidos na causa de Deus, e tão egoisticamente retidos, dentro em breve serão lançados com todos os ídolos às toupeiras e aos morcegos. Logo o dinheiro diminuirá de valor, subitamente, quando a realidade das cenas eternas se abrir ao senso dos homens. BS 266.1

Deus terá homens que arriscarão algo e tudo para salvar almas. Os que não se moverem enquanto não virem cada passo do caminho absolutamente claro diante de si, não serão de qualquer proveito nesse tempo para o progresso da verdade de Deus. Deve haver obreiros agora que avancem no escuro tanto quanto na luz, e que persistam bravamente sob desencorajamentos e desapontadas esperanças, e ainda trabalhem com fé, em lágrimas e paciente esperança, semeando junto a todas as águas, confiando em que o Senhor dará o crescimento. Deus convida a homens de têmpera, de esperança, de fé e perseverança para que trabalhem como convém. — The True Missionary, Janeiro de 1874. BS 266.2

Cada dólar é necessário — O fim de todas as coisas está perto e Deus convida os homens a que venham para o serviço ativo e cumpram o seu dever, porque Ele o deseja e o mundo precisa o seu auxílio. Sob a guia do Espírito Santo os homens tornar-se-ão judiciosos na aplicação de recursos e despendê-los-ão de acordo com a magnitude e importância da obra a ser feita. ... O Senhor Deus do Céu convida os homens a lançarem fora os seus ídolos, a se separarem de cada desejo extravagante, a não condescenderem com nada que seja simplesmente para ostentação e exibicionismo, e a estudarem meios de economia na aquisição de roupas e mobiliário. Não gasteis um dólar do dinheiro de Deus na aquisição de artigos desnecessários. Vosso dinheiro significa salvação de almas. Não seja ele pois gasto em jóias, ouro ou pedras preciosas. ... BS 267.1

Podeis dar milhares de dólares à Causa, e não obstante esse dólar extra, essa libra extra, são requeridos ainda. Cada libra é necessária, cada xelim pode ser posto em uso e investido de tal maneira que produza para vós um imperecível tesouro. Meus queridos amigos, que amais a Deus e O desejais servir com inteireza de coração, apelo-vos a que interrogueis a vós mesmos quando estais gastando dinheiro na aquisição de bens: “Estou glorificando a Deus, ou estou simplesmente satisfazendo a um desejo humano? Investirei este dinheiro que tenho em mãos em satisfação própria, em presentes para meus filhos, ou para meus amigos, ou serei coobreiro de Cristo, um padrão para todos que estão estudando para glorificar a Deus?” É-nos dada a regra: “Quer comais, ou bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” — Carta 90, 1895. BS 267.2