A Verdade sobre os Anjos

74/173

Isaías

Nos dias de Isaías a própria idolatria já não provocava surpresa. Isaías 2:8, 9. Práticas iníquas tinham-se tornado tão predominantes entre todas as classes, que os poucos que permaneciam fiéis a Deus eram não raro tentados a perder o ânimo, dando lugar ao desencorajamento e desespero. ... VA 135.1

Tais eram os pensamentos que fervilhavam na mente de Isaías ao estar sob o pórtico do templo. Subitamente, pareceu-lhe que o portal e o véu interior do templo eram levantados ou afastados, e foi-lhe permitido olhar para dentro, sobre o santo dos santos, onde nem mesmo os pés do profeta podiam entrar. Ali surgiu ante ele a visão de Jeová assentado em Seu trono alto e sublime, enquanto o séquito de Sua glória enchia o templo. De cada lado do trono pairavam serafins, a face encoberta em adoração, enquanto ministravam perante seu Criador, e se uniam em solene invocação: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a Terra está cheia da Sua glória.” Isaías 6:3. — Profetas e Reis, 306, 307. VA 135.2

Uma glória indescritível procedia do Personagem sobre o trono, e Seu séquito enchia o templo. ... Querubins postavam-se a cada lado do propiciatório, como guardiões em volta do grande Rei, resplandecendo com a glória que procedia da presença de Deus. Quando seus cânticos de louvor ressoavam em profundas e sinceras notas de adoração, os pilares da porta tremiam, como que sacudidos por um terremoto. Esses seres santos cantavam o louvor e a glória de Deus com lábios incontaminados pelo pecado. O contraste entre o frágil louvor que ele [Isaías] estivera acostumado a oferecer ao Criador, e as ferventes aleluias dos serafins, espantaram e humilharam o profeta. Tivera a oportunidade, o sublime privilégio de apreciar a imaculada pureza do exaltado caráter de Jeová. VA 135.3

Enquanto escutava o cântico dos anjos, ao estes exclamarem: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a Terra está cheia da Sua glória” (Isaías 6:3), a glória, o infinito poder e a insuperável majestade do Senhor passaram diante de seus olhos, e ele foi impressionado ao mais profundo da alma. À luz deste brilho incontaminado, que tornava manifesto tudo o que ele era capaz de suportar da revelação do divino caráter, sua própria impureza íntima apareceu diante dele com aterradora clareza. Até mesmo suas palavras lhe pareceram vis. — The Review and Herald, 16 de Outubro de 1888. VA 136.1

Os serafins habitam na presença de Jesus, mas ainda assim cobrem com as asas a face e os pés. Ao olharem para o Rei em Sua beleza, cobrem-se a si próprios. Quando Isaías viu a glória de Deus, sua alma foi prostrada ao pó. Em virtude da claríssima visão que graciosamente teve o privilégio de contemplar, ele se humilhou. Este será sempre o efeito sobre a mente humana quando os raios do Sol da Justiça brilham gloriosamente na alma. ... À medida que a crescente glória de Cristo é revelada, o agente humano não verá qualquer glória em si mesmo, pois as ocultas deformidades da alma serão expostas, a exaltação e glorificação próprias serão extintas. O eu morre, e Cristo vive. — Bible Echo and Signs of the Times, 3 de Dezembro de 1894. VA 136.2

Tais eram as perspectivas que acenavam a Isaías quando ele foi chamado para a missão profética; mas ele não se desencorajou, pois em seus ouvidos soava o coro triunfal dos anjos ao redor do trono de Deus: “Toda a Terra está cheia da Sua glória.” Isaías 6:3. E sua fé foi fortalecida pela visão de gloriosas conquistas da parte da igreja de Deus, quando a Terra “se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar”. Isaías 11:9. — Profetas e Reis, 371. VA 137.1