A Verdade sobre os Anjos

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Os anjos durante o ministério de Paulo

Um extenso e lucrativo negócio havia-se desenvolvido em Éfeso pela manufatura e venda de nichos e imagens modelados segundo o templo e a imagem de Diana. Os que estavam empenhados nesta indústria sentiram que seus lucros estavam diminuindo, e foram unânimes em atribuir a indesejável mudança aos trabalhos de Paulo. ... VA 234.3

“Encheu-se de confusão toda a cidade.” Atos dos Apóstolos 19:29. Saíram em busca de Paulo mas o apóstolo não foi encontrado. Seus irmãos, recebendo um aviso de perigo, tinham-no levado à pressa para fora do lugar. Anjos de Deus haviam sido enviados para guardar o apóstolo; ainda não havia chegado seu tempo para sofrer a morte de mártir. — Atos dos Apóstolos, 292, 293. VA 234.4

Dia após dia, quando [Paulo e Silas] se dirigiam à reunião de oração [em Filipos], uma mulher possuída por espírito de adivinhação os seguia, gritando: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo.” Atos dos Apóstolos 16:17. Esta mulher era uma agente especial de Satanás; assim como os demônios haviam-se sentido perturbados em presença de Cristo, o mau espírito que a possuía também se incomodou com a presença dos apóstolos. Satanás percebeu que seu reino estava sendo invadido e tratou de opor-se à obra dos ministros de Deus. As palavras de recomendação proferidas pela mulher, eram na verdade uma injúria à causa, pois distraíam a mente do povo das verdades proferidas. Em vez de pensar nas verdades apresentadas, as pessoas discutiam se esses homens — que falavam movidos pelo Espírito e poder de Deus — estariam agindo através do mesmo espírito desta emissária de Satanás. VA 235.1

Os apóstolos suportaram essa oposição por vários dias. Então Paulo, sob inspiração do Espírito de Deus, ordenou ao espírito mau que abandonasse a mulher. Satanás foi assim enfrentado e repreendido. O imediato e continuado silêncio da mulher testificou que os apóstolos eram servos de Deus, e que o demônio os reconhecia como tais, havendo obedecido à ordem recebida. Ao ser a mulher libertada do espírito do mal e restaurada a seu perfeito juízo, seus senhores se alarmaram. Findara-se a sua esperança de obter dinheiro através de adivinhações e predições. Perceberam que, se aos apóstolos fosse permitido prosseguir em suas obras, sua própria fonte de renda logo se extinguiria por completo. — Sketches From the Life of Paul, 74, 75. VA 235.2

Depois de haver sido resgatada do espírito mau, a mulher tornou-se uma seguidora de Cristo. Seus senhores viram que sua esperança de ganho se fora. Tomando a Paulo e Silas, conduziram-nos à presença dos governadores, acusando-os de estarem perturbando a cidade. Produziu-se um alvoroço. A multidão ergue-se contra os apóstolos, e os juízes ordenaram que os prisioneiros fossem açoitados. — The Review and Herald, 29 de Junho de 1905. VA 236.1

“Depois de lhes darem muitos açoites, os lançaram no cárcere, ordenando ao carcereiro que os guardasse com toda a segurança.” Atos dos Apóstolos 16:23. Este, havendo recebido tal ordem, meteu-os na cela interior e prendeu-lhes os pés no tronco. Mas os anjos de Deus adentraram com os apóstolos os muros da prisão. — Spiritual Gifts 1:95, 96. VA 236.2

Os apóstolos sofreram extrema tortura por causa da dolorosa posição em que foram postos, mas não murmuraram. Em vez disto, na densa escuridade e desolação do calabouço, encorajavam-se mutuamente com palavras de oração, e cantavam louvores a Deus por terem sido considerados dignos de sofrer vergonha por Sua causa. ... Com espanto ouviram os outros prisioneiros os sons de oração e hinos que saíam da prisão interior. — Atos dos Apóstolos, 213, 214. VA 236.3

Embora os homens houvessem atuado de modo cruel e vingativo e as autoridades se houvessem demonstrado criminosamente negligentes no cumprimento de suas responsabilidades, Deus não Se esquecera de mostrar-Se gracioso para com Seus sofredores servos. Um anjo foi enviado do Céu para libertá-los. Ao aproximar-se ele da prisão romana, a terra tremeu sob seus pés, toda a cidade foi sacudida por um terremoto, e as paredes da prisão sacudiram como palha ao vento. As pesadas portas abriram-se; as cadeias e grilhões soltaram-se das mãos e pés de todos os prisioneiros. — The Spirit of Prophecy 3:382, 383. VA 236.4

Ao apóstolo Paulo, em seus esforços em Éfeso, foi dada especial demonstração do favor divino. O poder de Deus acompanhava seus esforços, e muitos eram curados de males físicos. “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.” Atos dos Apóstolos 19:11, 12. VA 237.1

Estas manifestações de poder sobrenatural eram tão mais poderosas que as que já haviam sido antes testemunhadas em Éfeso, e de tal caráter que as não podiam imitar os habilidosos truques ou encantamentos de feiticeiros. Ao serem esses milagres operados no nome de Jesus de Nazaré, tinha o povo oportunidade de ver que o Deus do Céu era mais poderoso que os mágicos adoradores da deusa Diana. Assim o Senhor exaltava Seu servo, mesmo diante dos idólatras, incomparavelmente acima do mais poderoso e favorecido dos mágicos. VA 237.2

Mas Aquele a quem estão sujeitos todos os espíritos do mal, e sobre os quais dera a Seus servos autoridade, estava para levar maior vergonha e ruína sobre os que desprezavam e profanavam Seu santo nome. A feitiçaria havia sido proibida pela lei mosaica, sob pena de morte, embora de tempos em tempos houvesse sido praticada secretamente por judeus apostatados. Ao tempo da visita de Paulo a Éfeso, havia na cidade “alguns dos exorcistas judeus, ambulantes”, os quais vendo as maravilhas por ele [Paulo] operadas, “tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos”. Atos dos Apóstolos 19:13. Uma tentativa foi feita por “sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes”. Atos dos Apóstolos 19:14. Encontrando um homem possesso de demônio, disseram-lhe: “Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega.” Atos dos Apóstolos 19:13. Porém “o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno e assenhoreando-se de dois, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa”. Atos dos Apóstolos 19:13-16. ... VA 237.3

Fatos que haviam sido previamente encobertos foram agora trazidos à luz. Ao aceitarem o cristianismo, alguns crentes não haviam renunciado inteiramente as suas superstições. Ainda continuaram em certa medida a praticar a magia. Agora, convictos de seu erro, “muitos dos que tinham crido vinham, confessando e publicando os seus feitos”. Atos dos Apóstolos 19:18. A boa obra se estendeu mesmo a alguns dos próprios feiticeiros; e “muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram na presença de todos”. Atos dos Apóstolos 19:19. ... VA 238.1

Esses tratados de adivinhação continham regras e formas de comunicação com os espíritos do mal. Eram os regulamentos da adoração de Satanás — regras para lhe solicitar auxílio e obter dele informações. — Atos dos Apóstolos, 286-289. VA 238.2

Um relatório acerca do discurso de Demétrio circulou rapidamente. O alvoroço foi terrível. Toda a cidade [de Éfeso] parecia em comoção. Logo se reuniu enorme multidão, que se dirigiu de imediato ao local de trabalho de Áquila, no setor judaico, com a finalidade de aprisionar a Paulo. Em sua ira insana estavam dispostos a despedaçá-lo. Mas o apóstolo não foi encontrado. Seus irmãos, havendo recebido informações quanto ao perigo iminente, o haviam retirado do local. Anjos de Deus foram enviados para proteger o fiel apóstolo. — Sketches From the Life of Paul, 143. VA 238.3

Testemunhando sacerdotes e príncipes o efeito da narração da experiência de Paulo, encheram-se de ódio contra ele. Viram que ele ousadamente pregava a Jesus e operava milagres em Seu nome, que multidões o ouviam e viravam as costas a suas tradições e olhavam para os líderes judeus como os assassinos do Filho de Deus. Sua ira se acendeu e eles se aconselharam quanto ao que seria melhor fazer para reduzir a agitação. Concordaram entre si que a única conduta acertada era levar Paulo à morte. Mas Deus conhecia suas intenções, e anjos foram comissionados para guardá-lo, a fim de que ele vivesse para cumprir a sua missão. — Primeiros Escritos, 202. VA 239.1

Esta parte da história foi escrita para nossa admoestação, para quem o fim dos tempos é chegado. Os efésios pretendiam manter contato com seres invisíveis, dos quais obtinham o conhecimento do que estava por vir. Em nossos dias tal comunicação é conhecida como espiritismo, e nem tudo o que os médiuns praticam é prestidigitação, astúcia e engano. Os mundos visível e invisível acham-se em íntimo contato. Satanás é o enganador-mestre, e seus confederados no mal são por ele treinados a operarem na mesma linha em que ele atua. Diz o apóstolo: “Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau.” Efésios 6:12, 13. — The Youth’s Instructor, 16 de Novembro de 1893. VA 239.2

O idoso prisioneiro [Paulo], amarrado por correntes ao soldado que o guardava, nada apresentava em sua vestimenta ou aparência que chamasse a atenção do mundo, que lhe valesse homenagens. Ainda assim este homem, aparentemente sem riquezas, amigos ou posição, tinha uma escolta que os mundanos não podiam perceber. Anjos do Céu eram seus assistentes. Houvesse a glória de apenas um destes resplandecentes mensageiros se tornado manifesta, a pompa e orgulho da realeza teriam empalidecido; rei e cortesãos teriam sido lançados ao solo. ... Todo o Céu estava interessado neste único homem, agora mantido como prisioneiro em virtude de sua fé no Filho de Deus. — Sketches From the Life of Paul, 254. VA 240.1