Testemunhos Seletos 3

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Nossa única segurança

O mundo está a olhar com satisfação para a desunião entre os cristãos. Os infiéis com isso se alegram. Deus requer uma mudança entre o Seu povo. A união com Cristo e dos crentes entre si é nossa única segurança nestes últimos dias. Não tornemos possível que Satanás aponte para os nossos membros da igreja, dizendo: “Eis como este povo, que se põe sob o estandarte de Cristo, se odeia entre si! Nada temos que temer deles, enquanto gastam mais esforço combatendo-se mutuamente, do que na luta contra as minhas forças.” TS3 172.1

Depois da descida do Espírito Santo, os discípulos saíram a proclamar um Salvador ressurgido, sendo seu desejo único a salvação de almas. Regozijavam-se na doce comunhão com os santos. Eram ternos, corteses, abnegados, dispostos a fazer qualquer sacrifício pela causa da verdade. Em sua diária associação mútua, revelavam o amor que Cristo lhes ordenara revelar. Por palavras e atos abnegados, procuravam acender este amor noutros corações. TS3 172.2

Os crentes devem sempre acariciar o amor que enchia o coração dos apóstolos depois da descida do Espírito Santo. Devem avançar em obediência voluntária ao novo mandamento. “Como Eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” João 13:34. Tão intimamente devem achar-se ligados a Cristo que serão capacitados para cumprir Suas exigências. O poder de um Salvador capaz de os justificar por Sua justiça, deve ser engrandecido. TS3 172.3

Mas os cristãos primitivos começaram a procurar defeitos uns nos outros. Pensando nos erros alheios, permitindo-se críticas indelicadas, perderam de vista o Salvador e o grande amor por Ele revelado aos pecadores. Tornaram-se mais exigentes no tocante às cerimônias exteriores, mais rigorosos quanto à teoria da fé, mais severos em suas críticas. Em seu zelo por condenar outros, esqueciam-se de seus próprios erros. Esqueciam a lição de amor fraternal que Cristo lhes ensinara e o mais triste de tudo foi que estavam inconscientes de sua perda. Não perceberam que a alegria e a felicidade estavam a deixá-los, e que logo estariam a andar em trevas, havendo excluído do coração o amor de Deus. TS3 172.4

O apóstolo João reconhecia que o amor fraternal estava a declinar na igreja, e deteve-se especialmente sobre este ponto. Até ao dia de sua morte, instou com os crentes para que exercitassem constantemente entre si o amor. Suas cartas às igrejas estão repletas desse pensamento. “Amados, amemo-nos uns aos outros”, escreve ele; “porque a caridade é de Deus. ... Deus enviou Seu Filho unigênito ao mundo, para que por Ele vivamos. ... Amados, se Deus assim nos amou, também nos devemos amar uns aos outros.” 1 João 4:7-11. TS3 172.5

Na igreja de Deus há hoje grande falta de amor fraternal. TS3 173.1

Muitos dos que professam amar o Salvador deixam de amar os que a eles se acham unidos em comunhão cristã. Somos da mesma fé, membros de uma família, filhos todos do mesmo Pai celestial, tendo a mesma bendita esperança da imortalidade. Quão íntimo e terno não deveria ser o laço que nos une! O povo do mundo observa-nos para ver se nossa fé está exercendo influência santificadora sobre nosso coração. São rápidos para discernir qualquer defeito de nossa vida, qualquer incoerência de nossos atos. Não lhe demos ocasião para vituperar nossa fé. TS3 173.2