Parábolas de Jesus

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A dracma perdida

Depois de dar a parábola da ovelha perdida, Cristo pronunciou outra, dizendo: “Qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?” Lucas 15:8. PJ 97.5

No oriente, as casas dos pobres consistiam usualmente em um único quarto freqüentemente sem janelas, e escuro. O quarto raramente era varrido, e uma moeda que caísse era facilmente coberta pelo pó e lixo. Para encontrá-la, mesmo durante o dia era preciso acender uma candeia e varrer a casa diligentemente. PJ 97.6

O dote de casamento da mulher comumente consistia em moedas que ela guardava cuidadosamente como seu maior tesouro, para transmitir às filhas. A perda de uma dessas moedas era considerada séria calamidade, e sua recuperação era causa de grande alegria, de que as vizinhas participavam prontamente. PJ 98.1

“E, achando-a”, disse Cristo, “convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Lucas 15:9, 10. PJ 98.2

Essa parábola, como a anterior, descreve a perda de alguma coisa que por diligente procura, pode ser recobrada, e isto com grande alegria. As duas parábolas representam classes diversas. A ovelha perdida sabe que está perdida. Deixou o pastor e o rebanho, e não pode salvar-se por si. Representa os que reconhecem estar separados de Deus, e estão numa nuvem de perplexidades, em humilhação e muito tentados. A dracma perdida representa os que estão perdidos em delitos e pecados, mas não estão conscientes de sua condição. Estão alienados de Deus, mas não o sabem. Sua vida está em perigo, porém estão disso inconscientes e PJ 98.3

“Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos Teus mandamentos.” Salmos 119:176. descuidados. Nesta parábola Cristo ensina que mesmo os que são indiferentes às reivindicações de Deus são objeto de Seu amor piedoso. Precisam ser procurados para serem reconduzidos a Deus. PJ 98.4

A ovelha afastou-se do redil; vagava no deserto ou nas montanhas. A dracma foi perdida em casa. Estava próxima. Contudo só podia ser descoberta por meio de busca diligente. PJ 98.5

Nesta parábola há uma lição para as famílias. No círculo familiar há muitas vezes grande indiferença quanto à condição espiritual de seus componentes. Pode haver um dentre eles que esteja separado de Deus; mas quão pouca ansiedade é sentida na família, pela perda de uma das dádivas confiadas por Deus! PJ 98.6

Embora esteja sob pó e lixo, a moeda é ainda de prata. O possuidor procura-a porque é de valor. Assim todo ser humano, embora degradado pelo pecado, é precioso aos olhos de Deus. Como a moeda traz a imagem e a inscrição do poder reinante, igualmente, quando foi criado, o homem trazia a imagem e a inscrição de Deus. E conquanto agora manchada e desfigurada pela influência do pecado, permanecem em toda alma os traços dessa inscrição. Deus deseja recobrar essa alma e sobre ela gravar Sua própria imagem em justiça e santidade. PJ 98.7

A mulher da parábola busca diligentemente a dracma perdida. Acende a candeia e varre a casa. Remove tudo que possa impedir sua procura. Embora uma única dracma esteja perdida, não cessam seus esforços até encontrá-la. Semelhantemente na família, se algum membro estiver perdido para Deus, deve ser empregado todo meio possível para recuperá-lo. Por parte de todos, haja um diligente e cuidadoso exame próprio. Observem-se os costumes de vida. Vede se não se comete uma falta ou erro no governo do lar, pelo qual se confirme na impenitência. Se na família um filho não estiver consciente de sua condição pecaminosa, os pais não devem descansar. Acenda-se a candeia! Examinai a Palavra de Deus e à sua luz procurai diligentemente tudo que houver na casa, para ver por que esse filho está perdido. Examinem os pais o próprio coração e esquadrinhem seus hábitos e costumes. Os filhos são a herança do Senhor e Lhe somos responsáveis pela administração de Sua propriedade. PJ 99.1

Há pais e mães que anelam trabalhar em qualquer missão estrangeira; muitos há que são ativos no serviço cristão fora da família, enquanto para seus próprios filhos são estranhos o Salvador e Sua compaixão. A obra de ganhar os filhos para Cristo muitos pais confiam ao pastor ou ao professor da Escola Sabatina; porém, assim fazendo, negligenciam a responsabilidade imposta por Deus. A educação e instrução dos filhos para serem cristãos é o mais elevado serviço que os pais podem prestar a Deus. É uma tarefa que requer paciência, esforço de toda a vida, diligente e perseverante. Pela negligência desse trabalho a nós confiado provamo-nos mordomos infiéis, e Deus não a desculpará. PJ 99.2

Todavia os que incorreram em tal desleixo, não desesperem. A mulher que perdeu a dracma, procurou-a até achá-la. Trabalhem igualmente os pais para a família com amor, fé e oração, até que possam ir a Deus com alegria e dizer: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor.” Isaías 8:18. PJ 99.3

Isto é verdadeiro serviço missionário no lar, e é tão útil para os que o fazem, como para aqueles por quem é feito. Por interesse fiel pelo círculo do lar, nós nos tornamos aptos para trabalhar pelos membros da família de Deus, com os quais, se permanecermos leais a Cristo, viveremos durante toda a eternidade. Devemos manifestar, pelos irmãos e irmãs em Cristo, o mesmo interesse que demonstramos em família. PJ 100.1

É plano de Deus que tudo isso nos habilite a trabalhar por outros ainda. Ampliando-se-nos a simpatia e engrandecendo o amor, acharemos em toda parte alguma obra. A grande família humana de Deus abrange o mundo, e nenhum de seus membros deve ser esquecido por menosprezo. PJ 100.2

Onde quer que estejamos, a dracma perdida espera nossa procura. Procuramo-la? Dia após dia encontramo-nos com pessoas que não tomam interesse em coisas religiosas; falamos com as mesmas e as visitamos; manifestamos interesse pelo seu bem-estar espiritual? Expomos-lhes Cristo como um Salvador que perdoa os pecados? Falamos-lhes do amor de Cristo que nos inflamou o coração? Se não, como as enfrentaremos — perdidas, eternamente perdidas — quando juntos estivermos perante o trono de Deus? PJ 100.3

Quem pode calcular o valor de uma pessoa? Se quiserdes conhecê-lo, ide ao Getsêmani, e vigiai lá com Cristo durante aquelas horas de angústia, quando suava grandes gotas de sangue. Contemplai o Salvador crucificado! Ouvi o brado de desespero: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Marcos 15:34. Vede a fronte ferida, o lado traspassado, os pés perfurados! Lembrai que Cristo tudo arriscou! Para a nossa redenção o próprio Céu esteve em jogo. Meditando junto à cruz, que Cristo teria dado Sua vida por um único pecador, podeis apreciar o valor de uma pessoa. Se você estiver em comunhão com Cristo, valorizará todo ser humano como Ele o fez. Sentirá pelos outros o mesmo profundo amor que Cristo sentiu por você. Então estará apto para cativar e não afugentar, atrair e não repelir aqueles por quem Ele morreu. Ninguém seria jamais reconduzido a Deus se Cristo por ele não fizesse um esforço pessoal; e é por esse trabalho pessoal que podemos salvá-lo. Quando você vir os que baixam à sepultura, não descansará em tranqüila indiferença e sossego. Quanto maior o pecado deles e mais profunda sua miséria, tanto mais sinceros e ternos serão os esforços para sua recuperação. Discernirá a necessidade dos que sofrem, que pecaram contra Deus e são oprimidos pelo fardo da culpa. Seu coração transbordará de simpatia por eles, e estender-lhes-á uma mão auxiliadora. Nos braços de sua fé e amor levá-los-á a Cristo. Cuidará deles e os animará, e sua simpatia e confiança tornar-lhes-á difícil cair de sua estabilidade. PJ 100.4

Nesta obra todos os anjos do Céu estão prontos a cooperar. Todos os recursos do Céu estão à disposição dos que procuram salvar os perdidos. Os anjos o auxiliarão a alcançar os mais indiferentes e empedernidos. E quando alguém é reconduzido a Deus, todo o Céu se alegra; serafins e querubins tocam suas harpas douradas, e cantam louvores a Deus e ao Cordeiro, por Seu amor e misericórdia pelos filhos dos homens. PJ 101.1