Parábolas de Jesus

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Os talentos devolvidos

“Muito tempo depois, veio o Senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.” Mateus 25:19. Quando o Senhor ajustar contas com Seus servos, será examinado o que foi ganho com cada talento. O trabalho feito revelará o caráter do obreiro. PJ 194.4

Os que receberam cinco e dois talentos devolveram ao Senhor as dádivas confiadas, com o acréscimo. Fazendo isso não reivindicaram para si mérito algum. Seus talentos são os que lhes foram entregues; ganharam outros talentos, mas não poderiam tê-los ganho sem o depósito. Vêem que apenas fizeram seu dever. O capital era do Senhor. O lucro é Seu. Se o Salvador não lhes houvesse concedido amor e graça, teriam falido para a eternidade. PJ 194.5

Porém, quando o Mestre recebe os talentos, aprova e recompensa os obreiros como se o mérito lhes fosse próprio. Seu semblante resplandece de alegria e satisfação. Deleita-se em poder outorgar-lhes bênçãos. Galardoa-os por todo o serviço e sacrifício, não por dever-lhes alguma coisa, mas porque Seu coração transborda de amor e ternura. PJ 194.6

“Bem está, servo bom e fiel”, disse, “sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” Mateus 25:21. PJ 195.1

É a fidelidade, a lealdade para com Deus, o serviço de amor, que obtém a aprovação divina. Todo impulso do Espírito Santo que leva os homens à bondade e a Deus, é anotado nos livros do Céu, e no dia de Deus serão louvados os obreiros pelos quais Ele operou. PJ 195.2

Entrarão no gozo do Senhor quando virem no reino aqueles que foram redimidos por seu intermédio. E terão o privilégio de participar de Sua obra lá, porque se habilitaram pela participação na mesma aqui. O que seremos no Céu, é o reflexo do que somos agora no caráter e no serviço sagrado. De Si mesmo, diz Cristo: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” Mateus 20:28. Esta, Sua obra na Terra, é-o também no Céu. E nosso galardão por trabalhar com Cristo neste mundo, consiste na maior capacidade e mais amplo privilégio de colaborar com Ele no mundo por vir. “Chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.” Mateus 25:24, 25. PJ 195.3

Assim desculpam os homens seu menosprezo das dádivas de Deus. Vêem a Deus como severo e tirano, que espreita para denunciar-lhes os erros, e puni-los com Seus juízos. Culpam-nO de exigir o que nunca deu, e ceifar o que não semeou. PJ 195.4

Muitos há que em seu coração acusam a Deus de ser Senhor severo, porque deles reclama posses e serviço. Nada, porém, podemos entregar a Deus, que já não Lhe pertença. “Porque tudo vem de Ti”, disse o rei Davi, “e da Tua mão To damos.” 1 Crônicas 29:14. Todas as coisas são de Deus não somente pela criação como pela redenção. Todas as bênçãos desta vida e da futura nos são concedidas assinaladas com a cruz do Calvário. Portanto, falsa é a acusação de que Deus é um Senhor duro e que ceifa onde não semeou. PJ 195.5

O senhor não refuta a acusação do servo ímpio, embora injusta; porém, baseando-se em sua própria declaração, mostra-lhe que seu procedimento é indesculpável. Tinham sido providos os meios e as maneiras de o talento ser empregado para o proveito do proprietário. “Devias, então”, disse ele, “ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros.” Mateus 25:27. PJ 195.6

Nosso Pai celeste nada mais nem menos requer do que o que nos deu capacidade para executar. Não sobrecarrega Seus servos com fardos que não podem suportar. “Conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó.” Salmos 103:14. Tudo que requer de nós, podemos render-Lhe pela graça divina. PJ 195.7

“E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá.” Lucas 12:48. Seremos considerados individualmente responsáveis por fazer um jota menos do que somos capazes. O Senhor mede com exatidão toda possibilidade para o serviço. As capacidades não utilizadas serão levadas em conta, tanto quanto as que empregamos. Deus nos tem como responsáveis por tudo que nos poderíamos tornar pelo bom uso de nossos talentos. Seremos julgados de acordo com o que nos cumpria fazer, mas que não executamos por não usar nossas faculdades para glorificar a Deus. Mesmo que não percamos a salvação, reconheceremos na eternidade a conseqüência de não empregarmos nossos talentos. Haverá eterna perda por todo conhecimento e capacidade não alcançados, que poderíamos ter ganho. PJ 195.8

Mas se nos entregarmos completamente a Deus, e seguirmos Sua direção em nosso trabalho, Ele mesmo Se responsabilizará pelo cumprimento. Não quer que nos entreguemos a conjeturas sobre o êxito de nossos esforços honestos. Nem uma vez devemos pensar em fracasso. Devemos cooperar com Aquele que não conhece fracasso. PJ 196.1

Não devemos falar de nossa fraqueza e inaptidão. Com isso manifestamos desconfiança para com Deus, e negamos Sua palavra. Ao murmurarmos por causa de nossas cargas, ou recusarmos assumir as responsabilidades de que nos encarregou, estamos dizendo virtualmente que Ele é um Senhor severo e que requer o que não nos deu força para executar. PJ 196.2

Muitas vezes somos inclinados a chamar o espírito do servo preguiçoso, de humildade. A verdadeira humildade é muito diferente, porém. Sermos revestidos de humildade não significa devermos ser de intelecto medíocre, aspirações deficientes, e covardes em nossa vida, esquivando-nos de cargos com medo de não sermos bem-sucedidos. A verdadeira humildade cumpre o propósito de Deus, confiante no Seu poder. PJ 196.3

Deus opera por quem quer. Muitas vezes escolhe os instrumentos mais humildes para as maiores obras; porque Seu poder é revelado na fraqueza do homem. Temos nosso padrão e por ele declaramos uma coisa grande e outra pequena; mas Deus não avalia de conformidade com nossa medida. Não devemos supor que o que para nós é grande o é também para Deus, ou que o que para nós é pequeno também o é para Ele. Não nos compete julgar nossos talentos ou escolher nosso trabalho. Devemos aceitar as incumbências que Deus determinar, devemos suportá-las por Sua Causa, e sempre ir a Ele para obter descanso. Qualquer que seja nosso trabalho, Deus é honrado pelo serviço alegre e feito de todo coração. Compraz-Se ao cumprirmos nossos deveres com gratidão, e regozija-Se por sermos considerados dignos de colaborar com Ele. PJ 196.4