Testemunhos para a Igreja 1

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Capítulo 90 — Transferindo responsabilidades

Os irmãos observadores do sábado que passam a responsabilidade de sua mordomia para as mãos das esposas, enquanto eles mesmos estão em condições de assumi-la, são insensatos, e ao transferi-la desagradam a Deus. A mordomia do marido não pode ser transferida para a esposa. No entanto acontece às vezes tal coisa, com grande prejuízo para ambos. Às vezes o marido crente tem transferido sua propriedade para a companheira descrente, esperando assim satisfazê-la, desarmar-lhe a oposição, e finalmente induzi-la a crer na verdade. Mas isso não é nada mais do que uma tentativa de comprar a paz, ou subornar a esposa para crer na verdade. Os meios que Deus emprestou para levar avante Sua causa transfere o marido para alguém que nenhuma simpatia tem para com a verdade; que contas tal mordomo prestará quando o grande Mestre exigir o que é Seu com os juros? T1 528.1

Pais crentes têm, freqüentemente, transferido sua propriedade para filhos descrentes, tirando assim toda a possibilidade de darem a Deus o que Lhe pertence. Ao assim fazerem, eximem-se da responsabilidade que Deus sobre eles colocou e põem nas fileiras do inimigo meios que Deus lhes confiou para Lhe serem devolvidos e empregados em Sua causa quando deles o requerer. Não é plano de Deus que os pais que estão em condições de dirigir seus próprios negócios entreguem o controle de sua propriedade, mesmo a filhos que sejam da mesma fé. Raramente possuem eles a dedicação à causa de Deus que deveriam ter, e não têm passado pela escola da adversidade e da aflição, de modo a terem a mais elevada consideração pelo tesouro eterno e menos estima aos tesouros terrenos. Os meios colocados nas mãos de tais pessoas se tornam o maior dos males. É para eles uma tentação dedicar sua afeição ao que é terreno, confiar na propriedade, e achar que eles pouco mais necessitam além disso. Ao ficarem de posse dos meios que não adquiriram com seus próprios esforços, dificilmente os usam sabiamente. T1 528.2

O marido que transfere sua propriedade para a esposa, abre para ela uma larga porta de tentação, quer seja ela crente ou descrente. Se é crente, e de natureza mesquinha, inclinada ao egoísmo e a adquirir, a luta será muito maior para ela ao ter de manejar a mordomia do marido e a sua própria. Para poder ser salva, deve vencer todos esses maus traços que lhe são peculiares e imitar o caráter do seu divino Senhor, buscando a oportunidade de fazer bem aos outros e amando os outros como Cristo nos amou. Deve cultivar o precioso dom do amor que nosso Salvador possuía em tão grande escala. Sua vida era caracterizada por nobre e desinteressada benevolência. Toda ela não teve a mancha de um único ato egoísta. T1 529.1

Sejam quais forem os motivos do marido, pôs ele uma terrível pedra de tropeço no caminho da esposa, a lhe embaraçar a obra de vencer. E se a transferência for feita para os filhos, podem seguir-se os mesmos maus resultados. Deus lê seus motivos. Se ele for egoísta e tiver feito a transferência para encobrir sua cobiça e se justificar de fazer qualquer coisa para o avanço da causa, seguir-se-á certamente a maldição do Céu. Deus lê os propósitos e intenções do coração, e prova os motivos dos filhos dos homens. Pode ser que Seu assinalado e visível desagrado não se manifeste como no caso de Ananias e Safira, contudo, no fim, o castigo não será de modo algum mais leve do que o que lhes foi infligido. Procurando enganar os homens, estavam mentindo a Deus. “A alma que pecar, essa morrerá.” Ezequiel 18:4. T1 529.2

Esses não suportarão o Juízo melhor do que o homem que recebeu um talento e o escondeu na terra. Quando chamado a prestar contas, acusou a Deus de injustiça: “Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.” Mateus 25:24. Disse Deus: “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez. ... Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.” Mateus 25:28, 30. Esse homem estava temeroso de que seu senhor fosse beneficiado com a melhoria de seu talento. T1 530.1

Vi que há muitos que envolveram seus talentos num lenço e os enterraram. Eles parecem pensar que cada centavo investido na causa de Deus está perdido, sem chance de recuperação. Para os que assim pensam, assim realmente acontece. Eles não receberão qualquer recompensa. Contribuem com relutância apenas porque se sentem obrigados a fazer algo. “Deus ama ao que dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7. Os que se gabam de poderem transferir sua responsabilidade sobre a esposa ou os filhos, estão sendo enganados pelo inimigo. A transferência de propriedade não lhes diminuirá a responsabilidade. Eles são responsáveis pelos meios que os Céus puseram sob os seus cuidados, e de modo algum se podem eximir de sua responsabilidade, enquanto delas não se desobrigarem por haverem devolvido a Deus o que Ele lhes confiou. T1 530.2

O amor do mundo separa de Deus. “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” 1 João 2:15. É impossível alguém discernir a verdade enquanto o mundo possui suas afeições. O mundo se interpõe entre eles e Deus, obscurecendo a visão e amortecendo as sensibilidades de tal maneira que é impossível discernir as coisas sagradas. Deus lhes apela: “Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração. Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.” Tiago 4:8, 9. Aqueles que têm manchado suas mãos com a sujeira do mundo, devem purificar-se de sua imundícia. Aqueles que pensam poder servir ao mundo e ainda amar a Deus têm a mente dividida. Não podem servir “a Deus e a Mamom”. Mateus 6:24. São homens de duplo ânimo, amando o mundo e perdendo todo o senso de suas obrigações para com Deus, e ainda professando ser seguidores de Cristo. Não são nem uma coisa nem outra. Perderão ambos os mundos, a menos que limpem as mãos e purifiquem o coração pela obediência aos puros princípios da verdade. “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou.” 1 João 2:6. “Nisto é perfeita a caridade para conosco, para que no dia do Juízo tenhamos confiança; porque, qual Ele é, somos nós também neste mundo.” 1 João 4:17. “Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.” 2 Pedro 1:4. T1 530.3

A concupiscência do mundo está destruindo a verdadeira piedade. O amor ao mundo e às coisas que há no mundo está causando separação do Pai. A paixão pelo lucro mundano está aumentando entre os que professam estar aguardando o breve aparecimento de nosso Salvador. A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida estão controlando até mesmo professos cristãos. Esses estão buscando as coisas do mundo com gananciosa cobiça, e muitos trocarão a vida eterna por lucro não santificado. T1 531.1