Testemunhos para a Igreja 1

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Capítulo 84 — Nossos pastores

Na visão que recebi em Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865, foi-me mostrado que está perante nós a mais solene obra. Sua importância e magnitude não são compreendidas. Quando notei manifesta indiferença em toda parte, fiquei alarmada por pastores e povo. Parecia haver paralisia sobre a causa da verdade presente. A obra de Deus parecia estagnada. Pastores e povo acham-se despreparados para o tempo em que estão vivendo, e quase todos os que professam crer na verdade presente são incapazes de compreender a obra de preparação para esse tempo. Em seu presente estado de ambição mundana, com sua falta de consagração a Deus e devoção a si mesmo, acham-se completamente sem condições de receber a chuva serôdia e, tendo feito tudo, permanecer contra a ira de Satanás, que por suas falsidades quer fazê-los naufragar na fé, prendendo-os a um agradável engano. Acham estar totalmente certos, quando estão totalmente errados. T1 466.1

Pastores e povo devem progredir mais na obra de reforma. Deveriam iniciá-la sem demora para corrigir seus errôneos hábitos de comer, beber, vestir e trabalhar. Vi que um grande número de pastores não está desperto para esse importante assunto. Não estão todos onde Deus gostaria que estivessem. O resultado é que alguns só podem mostrar pouco fruto em seu trabalho. Os pastores deveriam ser exemplos ao rebanho de Deus. Não estão, porém, a salvo das tentações de Satanás. É precisamente a eles que Satanás busca enganar. Se for bem-sucedido em iludir um pastor, fazendo-o sentir falsa segurança e desviando-lhe a mente da obra, ou ainda o enganando quanto à sua verdadeira condição diante de Deus, terá feito muito. T1 466.2

Vi que a causa de Deus não está progredindo como pode e deve. Os pastores falham em empenhar-se no trabalho com aquela energia, devoção e firme perseverança que a importância da obra demanda. Eles têm um adversário vigilante a enfrentar, e cuja diligência e perseverança são incansáveis. Os fracos esforços de pastores e povo não têm termo de comparação com os de seu adversário, o diabo. De um lado acham-se os pastores que lutam pelo direito e contam com a ajuda de Deus e dos santos anjos. Eles devem ser fortes e valorosos, totalmente consagrados à causa em que estão envolvidos, sem qualquer interesse pessoal. Não devem estar enredados com as coisas desta vida, para que possam agradar a Deus que os convocou como soldados. T1 467.1

Do outro lado estão Satanás e seus anjos, com todos os seus agentes na Terra, que empenham todos os esforços e usam todos os artifícios para fazer avançar o erro e o pecado, camuflando-lhes a malignidade e deformidade com roupagem agradável. Ao egoísmo, à hipocrisia e a cada tipo de engano Satanás reveste com trajes de aparente verdade e justiça, e exulta com seu sucesso sobre pastores e povo que se gabam de conhecer-lhe as astúcias. Quanto maior a distância que mantêm de Cristo, seu grande Líder, menos se assemelham a Ele no caráter, e mais se parecem com os servos do grande adversário na vida e no caráter, e fazem-no mais seguro de possuí-los afinal. Embora professem ser servos de Cristo, são escravos do pecado. Alguns pastores se preocupam demasiadamente com o salário que recebem. Trabalham por dinheiro e perdem de vista a santidade e a importância da obra. T1 467.2

Alguns se tornam frouxos e negligentes em seu trabalho. Transpõem o terreno, mas são fracos e malsucedidos em seus esforços. Seu coração não está posto na obra. A teoria da verdade é clara. Muitos deles não se empenham em buscar essa verdade por diligente estudo e ardente oração, e nada sabem de sua preciosidade e valor quando compelidos a sustentar sua posição contra a oposição inimiga. Não sentem necessidade de manter inteira consagração à obra. Seus interesses estão divididos entre eles e a obra. T1 467.3

Vi que antes de a obra de Deus poder fazer algum progresso definido, é necessário que os pastores sejam convertidos. Quando experimentarem a conversão , darão menor importância aos salários e maior valor à importante, solene e sagrada obra que receberam da mão de Deus para cumprir, a qual Ele exige seja feita fiel e esmeradamente, como aqueles que hão de prestar-Lhe estrita conta. Um fiel registro de todas as suas ações é feito diariamente pelos anjos relatores. Todos os seus atos, mesmo as intenções e propósitos do coração acham-se fielmente revelados. Nada está oculto aos olhos oniscientes dAquele com quem temos de tratar. Os que despenderam todas as suas energias na causa de Deus e que se arriscaram e investiram algo, sentirão que a obra de Deus é parte deles, e não trabalharão meramente por salário. Não serão espectadores buscando agradar-se, mas consagrarão a vida e todos os seus interesses a essa sagrada obra. T1 468.1

Em seus trabalhos públicos com as igrejas, alguns correm o perigo de cometer erros por não serem escrupulosos. É de seu interesse e do interesse da causa que se analisem interiormente, testando seus motivos. Que se certifiquem estar livres de egoísmo. Devem estar vigilantes para não suceder que, pregando a outros as solenes verdades, não pautem sua vida pelas mesmas, permitindo que Satanás substitua por outra coisa a profunda dedicação que devem ter à obra de Deus. Eles precisam ser exatos consigo mesmos e com a causa de Deus, temendo trabalhar por salário e perder de vista o importante e exaltado caráter da obra. Não devem permitir que o eu governe em lugar de Jesus, e precisam ser cuidadosos para não dizer aos pecadores de Sião que tudo vai bem, quando Deus pronunciou maldição contra eles. T1 468.2

Os pastores precisam despertar e manifestar vida, zelo e dedicação àquilo ao qual por tanto tempo negligenciaram, porque falharam em andar com Deus. A causa de Deus não progrediu em muitos lugares. É necessária uma obra feita de todo o coração. O povo está sobrecarregado “de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida”. Lucas 21:34. Estão profundamente envolvidos com um espírito de empreendimentos mundanos. Ambicionam lucrar. Espiritualidade e consagração são artigos raros. O espírito prevalecente é trabalhar, acumular e aumentar o que antes já possuíam. Qual será o fim dessas coisas, é minha preocupação. T1 469.1

As reuniões da Associação não têm produzido nenhum bem permanente. Aqueles que assistem aos encontros levam consigo um espírito comercial. Pastores e povo levam freqüentemente suas mercadorias a esses grandes ajuntamentos, e as verdades proferidas do púlpito não impressionam o coração. A espada do Espírito, a Palavra de Deus, deixa de cumprir sua tarefa. Cai inofensivamente nos ouvidos dos presentes. A exaltada obra de Deus é associada estreitamente às coisas comuns. T1 469.2

Os pastores precisam converter-se antes de poderem fortalecer seus irmãos. Não devem pregar a si mesmos, mas a Cristo e Sua justiça. É necessária uma reforma entre o povo, mas essa deve começar seu trabalho purificador pelos pastores. Eles são os vigias sobre os muros de Sião, para fazer soar uma nota de advertência aos descuidados e imprudentes, e também retratar o destino dos hipócritas de Sião. Parece-me que alguns pastores se esqueceram de que Satanás continua vivo, perseverante, diligente e astuto como sempre, e que ainda procura afastar as pessoas do caminho da justiça. T1 469.3

Uma importante parte da obra pastoral é apresentar fielmente ao povo a ligação existente entre a reforma de saúde, em conexão com a mensagem do terceiro anjo como parte integrante da mesma obra. Não fiquem os pastores sem adotá-la em sua vida. Insistam a seu respeito com aqueles que professam crer na verdade. T1 469.4

Os pastores não devem ter nenhum outro interesse em separado da grande obra de levar pessoas à verdade. Suas energias são todas requeridas no trabalho divino. Não devem empenhar-se em negociar, mascatear ou outro negócio qualquer à parte dessa grande obra. A solene incumbência dada a Timóteo repousa com igual peso sobre eles, impondo-lhes as mais solenes obrigações e as mais pesadas responsabilidades. “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.” “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” 2 Timóteo 4:1, 2, 5. T1 470.1

Errôneos hábitos de vida reduzem nossas sensibilidades físicas e mentais, e todo o vigor que podemos adquirir por um correto modo de vida, colocando-nos na melhor relação com a saúde e a vida, deve ser dedicado totalmente à obra que o Senhor nos apontou. Não podemos dispor de nossas poucas e combalidas energias para servir às mesas, ou misturar comércio com o trabalho que Deus nos designou. Cada faculdade do corpo e da mente é agora necessária. A obra de Deus assim exige, e nenhum negócio em separado pode ser executado à parte dessa grande obra, sem despendermos tempo e energias mental e física, reduzindo o vigor e a força de nosso trabalho na causa de Deus. Os pastores que fazem assim não dispõem de muito tempo para meditação e oração, e carecem daquela força e clareza de mente que precisariam ter para entender os casos daqueles que necessitam de ajuda, e estar preparados para instar “a tempo e fora de tempo”. 2 Timóteo 4:2. Uma palavra dita de modo apropriado e no devido tempo, pode salvar pobres, errantes, duvidosos e abatidos seres humanos. Paulo exorta a Timóteo: “Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.” 1 Timóteo 4:15. T1 470.2

Na comissão de Cristo a Seus discípulos, Ele diz: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu.” Mateus 18:18. Se essa é a tremenda responsabilidade da obra dos ministros de Deus, quão importante é que se dediquem plenamente a ela, e velem pelas “almas, como aqueles que hão de dar conta delas”. Hebreus 13:17. Deveria algum interesse egoísta ou não condizente ser aqui introduzido e apartar o coração da obra? Alguns pastores ficam muito tempo em casa, esgotam-se no sábado e então voltam e consomem suas forças na lavoura ou no atendimento de assuntos do lar. Trabalham para si mesmos durante a semana e então consomem o restante de suas abatidas energias no trabalho de Deus. Mas o Senhor não aceita esses débeis esforços. Eles ficam sem nenhuma energia mental ou física sobressalente. No melhor dos casos, seus esforços são muito fracos. Mas depois de se haverem absorvido e embaraçado o tempo todo com os cuidados e perplexidades desta vida durante a semana, acham-se inteiramente inabilitados para a nobre, sagrada e importante obra de Deus. O destino das pessoas repousa sobre a linha de conduta que seguem e as decisões que fazem. Quão importante é que sejam temperantes não somente no comer, mas em todas as coisas, inclusive no trabalho, para que suas plenas energias sejam dedicadas ao seu sagrado chamado. T1 471.1

Um tremendo erro tem sido cometido por aqueles que professam a verdade presente, ao misturarem atividades comerciais durante as séries de reuniões, fazendo com que a mente das pessoas se distraia do verdadeiro objetivo das mesmas. Se Cristo estivesse agora na Terra, mandaria embora esses mascates e ambulantes, quer fossem pastores ou povo, com um azorrague de pequenas cordas como fez antigamente, quando entrou no templo e “expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A Minha casa será chamada casa de oração. Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões”. Mateus 21:12, 13. Esses negociantes poderiam ter se justificado dizendo que os artigos que vendiam eram para as ofertas sacrificais. Mas seu objetivo era ganhar dinheiro, obter meios e acumulá-los. T1 471.2

Foi-me mostrado que se as faculdades morais e intelectuais não estivessem entenebrecidas por errôneos hábitos de vida, pastores e povo seriam mais prontos em discernir os maus resultados da mistura do sagrado com o profano. Os pastores fazem os mais solenes sermões do púlpito e então introduzem o comércio e fazem o papel de vendedores na própria casa de Deus. Assim, desviam a mente dos ouvintes das impressões recebidas e destroem o fruto de seu trabalho. Se suas sensibilidades não estivessem embotadas, teriam discernimento suficiente para saber que estavam rebaixando as coisas sagradas ao nível das comuns. A responsabilidade pela venda de nossas publicações não deve repousar sobre os pastores que trabalham pregando e ensinando. Seu tempo e energia precisam ser reservados para que possam empregá-los nas séries de reuniões e não em vender nossos livros, os quais podem ser apropriadamente apresentados ao público por aqueles que não têm a responsabilidade de pregar a Palavra. Ao penetrar novos campos, é necessário que o pastor leve consigo nossas publicações para oferecer ao povo. Pode também ocorrer em certas circunstâncias que seja preciso vender livros e negociar pelo escritório de publicações. Mas tal trabalho deveria ser evitado quando puder ser feito por outros. T1 472.1

Os pastores têm tudo quanto precisam para pregar a Palavra. Após pregar a verdade presente ao povo, devem manter humilde dignidade como pregadores da exaltada verdade e seus representantes. Eles têm de descansar após terem feito duros esforços. Mesmo a venda de livros sobre a verdade presente é uma ansiedade, uma carga para a mente e T1 472.2

fadiga para o corpo. Há um importante trabalho para aqueles que ainda possuem uma reserva de energia e podem assumir maior carga sem sofrer danos; e ao apresentarem a verdade ao povo, isso é apenas o início. Então vem a pregação exemplar, o cuidado atento, a busca do bem dos outros, a conversação, as visitas de casa em casa, procurando perceber as condições e o estado espiritual daqueles que ouvem suas pregações; exortando este, reprovando aquele, admoestando outro, confortando o aflito, o sofredor e o desesperançado. A mente precisa estar tão livre de fadiga quanto possível, para que possam ser como combatentes sempre prontos para a ação, “a tempo e fora de tempo”. 2 Timóteo 4:2. Devem eles obedecer à ordem de Paulo a Timóteo: “Medita estas coisas, ocupa-te nelas.” 1 Timóteo 4:15. T1 473.1

A responsabilidade do trabalho é bem leve sobre alguns. Entendem que depois de cumprir sua obra no púlpito, o trabalho está feito. Para esses, fazer visitas é um peso, uma carga conversar. As pessoas que estão realmente desejosas de obter os benefícios que há para elas, que desejam ouvir e aprender para que possam ver claramente as coisas, não são favorecidas nem correspondidas. Esses pastores se desculpam porque estão cansados, todavia, consomem suas preciosas energias e gastam o tempo em trabalhos que outros poderiam fazer tão bem quanto eles. Precisam conservar o vigor físico e moral para que, como fiéis obreiros de Deus, possam dar plenas provas de seu ministério. T1 473.2

Em todos os lugares importantes deve haver um depósito de publicações. E alguém que aprecia realmente a verdade, deve interessar-se em fazer chegar esses livros às mãos de todos quantos os queiram ler. “A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros.” Mateus 9:37. E esses poucos e experimentados obreiros no campo têm o dever de trabalhar na palavra e no ensino. Surgirão homens afirmando que Deus lhes deu a responsabilidade de ensinar a verdade a outros. Eles devem ser testados e provados. T1 473.3

Não se deve aliviá-los de todos os cuidados nem elevá-los de uma vez a posições de responsabilidade; se precisarem, devem ser animados a dar plenas provas de seu ministério. Não é o melhor caminho para eles interferir no trabalho de outros homens. Que trabalhem em ligação com alguém de experiência e discernimento, e essa pessoa logo verá se são capazes de exercer uma influência salvadora. Os pregadores jovens que nunca enfrentaram trabalho cansativo e nem sentiram o esgotamento de suas forças físicas e mentais, não devem ser estimulados a esperar por manutenção independente de seu trabalho físico. Isso os prejudicaria e acabaria se tornando uma tentação para seduzir homens a se alistarem na obra, sem nada compreenderem de seus encargos ou da responsabilidade que pesa sobre os escolhidos ministros de Deus. Tais indivíduos se achariam competentes para ensinar outros, quando eles mesmos pouco aprenderam dos princípios essenciais. T1 474.1

Muitos que professam a verdade não estão sendo santificados por ela, nem dotados de sabedoria; não são guiados nem ensinados por Deus. O povo de Deus, geralmente, tem mentalidade mundana e apartou-se da singeleza do evangelho. Esta é a causa da grande falta de discernimento espiritual em seu procedimento para com os pastores. Se um pastor prega com liberdade, alguns o elogiam em sua própria presença. Em vez de prestarem atenção nas verdades que ele proferiu e delas tirar proveito, mostrando assim não ser ouvintes esquecidos, mas “cumpridores da palavra” (Tiago 1:22), eles o exaltam, referindo-se ao que ele fez. Demoram-se nas virtudes de um pobre instrumento e se esquecem de Cristo, que Se utilizou do instrumento. Desde a queda de Satanás, que uma vez foi um glorioso e exaltado anjo, os pastores têm caído por causa da exaltação. Insensatos observadores do sábado têm agradado muito ao diabo ao louvar seus pastores. Estão eles cientes de que estão colaborando com Satanás nesse trabalho? Ficariam alarmados se compreendessem o que estão fazendo. Estão cegos. Foram cegados e não permanecem no conselho de Deus. Ergo minha voz de advertência contra louvar ou lisonjear os pastores. Vejo o mal, o terrível mal dessa atitude. Nunca, nunca falem palavras de louvor aos pastores diante deles. Exaltem a Deus. Respeitem um pastor fiel, reconheçam suas responsabilidades e busquem aliviá-las se possível, mas não os elogiem, porque Satanás está vigilante para fazer ele mesmo essa espécie de trabalho. T1 474.2

Os pastores não devem lisonjear nem fazer diferença de pessoas. Sempre tem havido, e ainda há, grande perigo de errarem nesse aspecto, dando preferência aos ricos ou lisonjeando-os com atenções especiais, se não por palavras. Existe o perigo de serem “aduladores dos outros por motivos interesseiros”. Judas 16. Assim fazendo, põem em perigo seus interesses eternos. Pode o pastor ser o amigo íntimo de algum homem abastado, e pode este ser muito liberal para com ele; isso agrada ao pastor, que por sua vez não economiza louvores à beneficência de seu doador. Seu nome pode ser exaltado ao aparecer na imprensa, no entanto pode esse liberal doador ser completamente indigno do crédito que lhe é dado. Sua liberalidade não proveio de um profundo e vivo princípio de fazer o bem com seus recursos, para o avanço da causa de Deus porque a apreciava, mas por algum motivo egoísta, o desejo de ser julgado liberal. Pode ter dado por impulso, e sua liberalidade não ter princípios profundos. Pode ser que tenha sido movido ao ouvir comovente mensagem, que, no momento, lhe afrouxou os cordéis da bolsa; mas, apesar de tudo, sua liberalidade não tem motivo mais profundo. Dá por espasmos; sua bolsa se abre espasmodicamente e com a mesma certeza espasmodicamente se fecha. Não merece elogio, pois é, em todo o sentido da palavra, um homem mesquinho; e, a não ser que se converta completamente, bolsa e tudo, ouvirá a fulminante denúncia: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça.” Tiago 5:1, 2. Esses acordarão, finalmente, de um horrível engano próprio. Os que lhes louvavam a espasmódica liberalidade, ajudaram Satanás a enganá-los, fazendo-os pensar que eram muito liberais, que se sacrificavam muito, quando nem conheciam os fundamentais princípios da liberalidade ou do sacrifício próprio. T1 475.1

Alguns homens e mulheres se enganam achando que não consideram as coisas desse mundo como de muito valor, e que prezam a verdade e seu progresso mais do que todo o ganho mundano. Muitos despertarão, afinal, para descobrir que foram enganados. Podem uma vez ter apreciado a verdade e, em comparação com ela, os tesouros terrestres ter-lhes parecido sem valor. Mas, após algum tempo, como seu tesouro terreno aumentou, tornaram-se menos consagrados. Embora tenham o suficiente para manter-se confortavelmente, todavia, todos os seus atos demonstram que não estão de forma alguma satisfeitos. Suas obras testificam de que seu coração está preso ao tesouro terrestre. Ganhar, ganhar é a sua política. Todos os membros da família participam de seu trabalho com essa finalidade. Dedicam pouco tempo à devoção e à oração. Trabalham desde cedo até tarde. Mulheres enfermas e crianças debilitadas apegam-se à sua mórbida ambição, esgotando a vitalidade e as forças que possuem para comprar um artigo, lucrar um pouco e fazer um pouco mais de dinheiro. Lisonjeiam-se de que assim fazendo podem ajudar a causa de Deus. Terrível engano! Satanás observa e ri, pois sabe que estão trocando a mente e o corpo pelo desejo de lucro. Estão continuamente apresentando desculpas incoerentes por se venderem em troca do ganho. Estão cegados pelo deus deste mundo. Cristo comprou-os com Seu sangue, mas eles roubam a Cristo e a Deus, e se arruínam tornando-se quase inúteis à sociedade. T1 476.1

Empregam bem pouco tempo ao desenvolvimento da mente e às alegrias sociais ou domésticas. Eles são de pouca utilidade para quem quer que seja. A vida deles é um terrível erro. Aqueles que abusam assim de si mesmos, acham que trabalhar infatigavelmente é algo digno de apreciação. Estão-se destruindo por seu presunçoso labor. T1 476.2

Estão arruinando o templo de Deus pela contínua violação das leis de seu ser através do excesso de trabalho e pensam ser isso uma virtude. Quando Deus lhes pedir contas; quando deles exigir com juros os talentos que lhes confiou, o que poderão dizer? Que desculpas apresentarão? Se fossem ímpios que nada soubessem do Deus vivo, e em seu cego zelo idólatra se lançassem sob o carro de Jagarnate*, seus casos seriam mais toleráveis. Mas eles têm a luz e receberam advertência sobre advertência para preservar nas mais saudáveis condições possíveis o corpo, o qual Deus chama de Seu templo, para poderem glorificá-Lo no corpo e espírito, os quais pertencem a Deus. Desprezam os ensinos de Cristo: “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mateus 6:19-21. Eles permitem que os cuidados do mundo os enlacem. “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína.” 1 Timóteo 6:9. Adoram seus tesouros terrenos como os ignorantes pagãos fazem com seus ídolos. T1 477.1

Muitos se lisonjeiam com a idéia de que seu desejo de ganhar é para ajudar a causa de Deus. Alguns prometem que quando ganharem tal importância, farão muito bem com ela e contribuirão para o avanço da causa da verdade presente. Mas quando realizam suas expectativas, não estão mais prontos do que antes para ajudar a causa. Novamente garantem que após comprarem aquela sonhada casa ou terreno, e pagarem por eles, então negociarão com os meios para fazer avançar a causa de Deus. Contudo, uma vez que o desejo do seu coração é alcançado, mostram menos disposição do que nos dias de sua pobreza, para auxiliar no progresso da obra divina. “E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.” Mateus 13:22. O engano das riquezas os conduz, passo a passo, até perderem todo o amor pela verdade e ainda a se gabarem de nela crer. Amam “o mundo” e “o que no mundo há”, mas “o amor de” Deus ou da verdade não está neles. 1 João 2:15. T1 477.2

A fim de ganharem um pouco de dinheiro, muitos organizam deliberadamente seus assuntos comerciais de tal maneira que estes trazem fatalmente uma grande parcela de trabalho árduo sobre aqueles que trabalham fora de casa, bem como sobre seus familiares no lar. Ossos, músculos e cérebro são sobrecarregados ao máximo. Está perante eles uma grande quantidade de trabalho para ser feito, e o argumento é que devem executar precisamente tudo quanto puderem, pois do contrário haverá prejuízo; alguma coisa será desperdiçada. Tudo deve ser poupado, sejam quais forem os resultados. Que têm os tais lucrado? Talvez tenham sido capazes de conservar o capital e aumentá-lo. Mas, por outro lado, que não perderam eles! Sua reserva de saúde, que é inestimável tanto para o pobre quanto para o rico, foi invariavelmente diminuída. A mãe e os filhos fizeram constantes saques em sua reserva de saúde e energia, imaginando que tão extravagante dispêndio jamais esgotasse seu capital, até serem finalmente surpreendidos ao descobrirem que sua vitalidade se esgotou. Eles nada deixaram para sacar em caso de emergência. Os encantos e as alegrias da vida são amargurados pelos torturantes sofrimentos e as noites insones. Tanto o vigor físico como o mental desapareceram. O marido e pai que, no interesse do ganho, tornou imprudente o arranjo dos seus negócios, talvez com o pleno consentimento da esposa e mãe, pode, como resultado, perder a mãe e um ou mais dos filhos. A saúde e a vida foram sacrificadas pelo amor ao dinheiro. “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” 1 Timóteo 6:10. T1 478.1

Há uma grande obra a ser feita pelos observadores do sábado. Seus olhos precisam ser abertos para que possam ver sua real condição, serem zelosos e arrepender-se, ou perderão a vida eterna. O espírito mundano tomou posse deles e estão cativos dos poderes das trevas. Eles não ouvem a exortação do apóstolo Paulo: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2. Predomina em muitos um espírito mundano, cobiçoso e egoísta. Aqueles que o possuem estão cuidando dos próprios interesses. O rico egoísta não se interessa nas coisas de seus semelhantes, a menos que possa obter vantagem para si. A nobreza e a semelhança com Deus são sacrificadas por interesses egoístas. “O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males.” 1 Timóteo 6:10. Ele cega a visão e impede que as pessoas discirnam suas obrigações para com Deus e os semelhantes. T1 478.2

Alguns se orgulham de ser liberais porque, às vezes, fazem donativos espontâneos aos pastores e para o progresso da verdade. Na realidade, esses supostos generosos acham-se envolvidos em seus negócios, sempre prontos a enganar. Possuem em abundância os bens deste mundo e isso depõe sobre eles grandes responsabilidades como mordomos de Deus. Ao tratar, porém, com o pobre trabalhador, seu irmão, são estritos até o último centavo. A parte do pobre numa negociação é a sua própria herança. Em lugar de favorecer seu irmão pobre, o rico exigente procura obter todas as vantagens e aumentar sua já tão grande riqueza, com o infortúnio alheio. Ele se orgulha de sua astúcia, mas, com sua riqueza, está acumulando para a própria perdição e pondo uma pedra de tropeço no caminho de seu irmão. Por sua mesquinhez e frio calculismo está arruinando a capacidade de beneficiar seu irmão mediante positiva influência religiosa. Tudo isso permanece na memória daquele irmão pobre, e as orações mais ferventes e testemunhos aparentemente zelosos procedentes dos lábios do irmão rico, somente produzirão queixas e desgostos. O pobre o vê como um hipócrita; brota-se “uma raiz de amargura” (Hebreus 12:15) por meio da qual muitos são afetados. O pobre não pode esquecer as vantagens dele obtidas, nem como foi posto em dificuldades porque estava disposto a assumir responsabilidades, enquanto que o irmão rico sempre dava prontas desculpas para não colocar seus ombros sob as cargas. O pobre, porém, pode estar tão imbuído do espírito de Cristo que perdoe os abusos de seu irmão rico. T1 479.1

Benevolência verdadeira, nobre e desinteressada é extremamente rara entre os ricos. Em sua ambição por riquezas, negligenciam os clamores da humanidade. Não podem ver ou sentir as dores e desagradáveis situações de seus irmãos pobres, que, talvez, tenham trabalhado tanto quando eles mesmos. Dizem como Caim: “Sou eu guardador do meu irmão?” Gênesis 4:9. “Trabalhei duro pelo que tenho e devo conservá-lo.” Em vez de orar: “Ajuda-me a sentir as aflições de meu irmão”, sua constante preocupação é esquecer que eles têm aflições e reivindicações sobre sua simpatia e liberalidade. T1 480.1

Muitos ricos observadores do sábado são culpados de desprezar os pobres. Pensam eles que Deus ignora seus atos mesquinhos? Pudessem ser abertos os seus olhos e veriam um anjo seguindo-os aonde quer que vão, fazendo um fiel registro de todos os seus atos em casa e nos negócios. A Testemunha Fiel e Verdadeira está em seu caminho declarando: “Eu sei as tuas obras!” Apocalipse 2:2; 3:15. Quando vi esse espírito de defraudação, de engano, de mesquinhez entre aqueles que professam ser guardadores do sábado, chorei com espírito angustiado. Esse grande mal, essa terrível maldição, recai sobre alguns do Israel de Deus nestes últimos dias, tornando-os detestáveis mesmo aos descrentes de espírito nobre. Este é o povo que professamente está esperando a vinda do Senhor. T1 480.2

Há uma classe de irmãos pobres que não estão livres da tentação. Eles são maus administradores, não possuem bom senso. Desejam obter meios sem passar pelo demorado processo de trabalho diligente. Alguns têm tanta pressa de melhorar sua situação, que se envolvem em vários empreendimentos sem consultar homens de bom senso e experiência. Suas expectativas raramente se concretizam. Em lugar de ganhar, perdem, e então surge a tentação e a disposição de invejar os ricos. Eles realmente desejam ser beneficiados pela riqueza de seus irmãos, e quando não o são, afligem-se. Mas esses não são merecedores de ajuda especial. Eles sabem que seus esforços foram dispersivos. Mostram-se inconstantes nos negócios e cheios de ansiedade e cuidados que apresentam apenas pequeno retorno. Esses tais deveriam ouvir o conselho dos irmãos mais experientes. Freqüentemente, porém, são os últimos a buscar conselho. Pensam que possuem discernimento superior e não necessitam ser ensinados. T1 480.3

Não raro são eles os iludidos pelos espertos e astutos mascates dos direitos de patente, cujo sucesso depende da arte do engano. Deveriam aprender a não lhes dar confiança. Mas os irmãos são crédulos com relação às próprias coisas que deveriam suspeitar e evitar. Não têm presente a instrução de Paulo a Timóteo: “Mas é grande ganho a piedade com contentamento.” “Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.” 1 Timóteo 6:6, 8. Que os pobres não pensem que os ricos são os únicos cobiçosos. Enquanto o rico se apega ao que tem com avidez e busca obter ainda mais, o pobre está em grande perigo de cobiçar a riqueza do rico. Há realmente muito poucos em nossa terra de abundância, que de fato sejam tão pobres que necessitem de ajuda. Caso seguissem uma conduta correta, poderiam em quase toda situação pôr-se acima das necessidades. Meu apelo aos ricos é: Tratem com liberalidade os irmãos pobres e usem seus meios para fazer avançar a causa de Deus. Que os pobres dignos, aqueles que foram vítimas de infortúnio e doença, mereçam seus cuidados e ajuda especial. “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis.” 1 Pedro 3:8. T1 481.1

Homens e mulheres que professam piedade e esperam ser trasladados ao Céu sem ver a morte, eu os advirto a ser menos ávidos por ganho, menos cobiçosos. Readquiram a varonilidade, a nobre feminilidade de procedência celestial, por nobres e desinteressados atos de benevolência. Desprezem de coração seu anterior espírito mesquinho e recobrem a verdadeira nobreza de caráter. Daquilo que Deus me mostrou, a menos que vocês zelosamente se arrependam, Cristo os vomitará de Sua boca. Os adventistas guardadores do sábado professam ser seguidores de Cristo, mas as obras de muitos deles renegam sua profissão. “Por seus frutos os conhecereis.” Mateus 7:16. “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus.” Mateus 7:21. T1 482.1

Apelo a todos os que professam crer na verdade, que considerem o caráter e a vida do Filho de Deus. Ele é nosso exemplo. Sua vida foi marcada por desinteressada benevolência. Ele sempre Se condoía das aflições humanas; sempre fazia o bem. Não houve um só ato egoísta em toda a Sua vida. Seu amor pela humanidade caída, Seu desejo de salvá-la, eram tão grandes que suportou sobre Si a ira de Seu Pai e consentiu em sofrer a penalidade da transgressão que mergulhou o homem culpado na degradação. Ele sofreu os pecados do homem em Seu corpo. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5:21. T1 482.2

A verdadeira generosidade é freqüentemente destruída pela prosperidade e as riquezas. Homens e mulheres em adversidade ou miséria algumas vezes demonstrarão grande amor pela verdade, e especial interesse pela prosperidade da causa de Deus e a salvação de seus semelhantes, e dirão o que fariam se apenas tivessem os recursos. Deus freqüentemente os prova. Ele os prospera além de suas expectativas. Mas seu coração é enganoso. Suas boas intenções e promessas são semelhantes à areia movediça. Quanto mais têm, mais desejam. Quando mais prosperam, mais ávidos se tornam pelo ganho. Alguns deles, que em sua pobreza foram benevolentes, tornam-se avarentos e extorsivos. O dinheiro tornou-se seu deus. Agradam-se do poder que o dinheiro lhes confere e a honra que recebem por causa dele. Disse o anjo: “Note como eles procedem na prova. Observe o desenvolvimento do caráter sob a influência das riquezas.” Alguns estavam oprimindo os pobres necessitados e obtendo seus préstimos por valores baixíssimos. Eram altivos; o dinheiro era-lhes o poder. Vi que os olhos de Deus estavam sobre eles. Eles estavam enganados. “E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra.” Apocalipse 22:12. T1 482.3

Alguns dos que são ricos não negam apoio aos pastores. Mantêm sua doação sistemática com exatidão e se orgulham de sua pontualidade e generosidade; pensam que aí se encerra seu dever. Assim deve ser, mas seu dever não termina nesse ponto. Deus tem sobre eles reclamos que não compreendem. A sociedade tem reclamos sobre eles; seus semelhantes tem reclamos sobre eles. Cada membro de sua família têm reclamos sobre eles. Todos eles precisam ser atendidos; nem um deles pode ser passado por alto ou negligenciado. Alguns homens dão suporte aos pastores com muita satisfação, como se isso os habilitasse ao Céu. Outros pensam nada precisar fazer para ajudar a causa de Deus, a menos que tenham constante aumento de seus recursos. Acham que não podem, em hipótese alguma, tocar no capital. Se nosso Salvador dissesse a eles as mesmas palavras que disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem e segue-Me” (Mateus 19:21), muitos se retirariam tristes, escolhendo, como aquele, correr o risco de reter seus ídolos, as riquezas, antes que desfazer-se delas e assegurar um tesouro no Céu. Aquele príncipe alegava guardar todos os mandamentos de Deus desde a sua juventude e, confiante em sua fidelidade e justiça, e pensando ser já perfeito, perguntou: “Que me falta ainda?” Mateus 19:20. Jesus imediatamente fez estremecer seu senso de segurança ao referir-se a seus ídolos, as posses. Ele tinha outros deuses diante do Senhor que lhe eram de mais valor do que a vida eterna. Faltava-lhe o supremo amor a Deus. Assim ocorre com aqueles que professam crer na verdade. Eles pensam que são perfeitos; pensam estar isentos de faltas, quando na verdade estão longe da perfeição e entronizando ídolos que os manterão fora do Céu. T1 483.1

Muitos se compadecem dos escravos sulistas porque são forçados a trabalhar, quando existe escravidão no próprio lar. Mães e filhos são obrigados a trabalhar desde a manhã até à noite. Eles não têm recreação. Uma ininterrupta jornada de trabalho é-lhes imposta. Eles professam ser seguidores de Cristo, mas onde está o tempo para meditar e orar, alimentando o intelecto, para que a mente, com a qual servimos a Deus, não seja impedida em seu crescimento? Deus requer que cada pessoa use os talentos que lhe deu para Sua glória, e pelo aprimoramento desses, ganhar outros. Deus nos impõe a obrigação de beneficiar nosso semelhante. Nossa obra nesse mundo para o bem de outros não estará concluída até que Jesus diga no Céu: “Está feito!” Apocalipse 16:17. “Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda.” Apocalipse 22:11. T1 484.1

Muitos parecem não ter o verdadeiro senso de sua responsabilidade perante Deus. É-lhes requerido entrar pela porta estreita, porque muitos “procurarão entrar, e não poderão”. Mateus 7:13. O Céu requer que tentem persuadir outros a também lutar por entrar pela porta estreita. A obra de trabalhar diligentemente não apenas para salvar a si mesmo como também a outros, está diante de jovens e idosos. Ninguém que raciocina deixa de exercer influência. Por sua indiferença em usar essa influência eles impedem as pessoas de entrar pela porta estreita, ou por seus fervorosos, perseverantes e incansáveis esforços, de persuadi-las da necessidade de lutar para entrar por ali. Ninguém desfruta neutralidade por nada fazer para animar outros ou impedi-los de entrar. Disse Cristo: “Quem comigo não ajunta espalha.” Lucas 11:23. Ouçam jovens e idosos, ou vocês estão fazendo a obra de Cristo, salvando pessoas, ou a de Satanás, levando-as à perdição. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus.” Mateus 5:16. T1 484.2

Os jovens podem exercer poderosa influência se renunciarem ao orgulho e egoísmo e se dedicarem a Deus; via de regra, porém, não levam cargas de outros. Estas terão eles mesmos de carregá-las. É chegado o tempo em que Deus requer uma mudança a esse respeito. Ele convida jovens e idosos a ser zelosos e arrepender-se. Se continuarem em seu estado de mornidão, vomitá-los-á da boca. Diz a Testemunha Fiel: “Eu conheço as tuas obras.” Apocalipse 2:19. Jovem, rapaz ou moça, suas obras são conhecidas, quer sejam boas, quer más. Vocês são ricos em boas obras? Jesus Se aproxima de vocês como conselheiro: “Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas.” Apocalipse 3:18. T1 485.1