Testemunhos para a Igreja 1

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Capítulo 80 — Pastores não consagrados

Pastores que pregam a terceira mensagem deveriam trabalhar porque sentem que Deus pôs sobre eles o fardo da obra. Nossos pastores serão poupados de necessidades se exercerem alguma economia. Se falharem, porém, sofrerão privações, qualquer que seja a posição em que forem colocados. Dê-se-lhes a chance mais favorável e eles gastarão tudo o que recebem. Isso aconteceu com o Pastor Hull. Ele precisa de um fundo quase inesgotável para gastar de modo que fique satisfeito. T1 438.1

Aqueles que não administram sabiamente assuntos temporais, geralmente falham nas coisas espirituais. Fracassam em edificar a igreja. Eles podem possuir talentos naturais e serem tidos como hábeis pregadores, todavia, ainda lhes falta valor moral. Eles podem atrair grandes congregações e criar considerável entusiasmo, mas se buscam frutos de seu trabalho, verifica-se que a colheita é pequena, se qualquer fruto ainda puder ser encontrado. Tais homens freqüentemente se envaidecem por causa de seu trabalho e perdem o amor pela simplicidade do evangelho. Não são santificados pelas verdades que pregam. Foi o que aconteceu com o Pastor Hull. Faltou-lhe aquela graça que alicerça a mente, eleva e enobrece o caráter do homem. É bom para o coração ser firmado na graça. Essa é a nossa firmeza. T1 438.2

Em lugares onde o Pastor Hull realizou uma série de conferências, as pessoas gostaram de suas expressões espirituosas e estilo peculiar de pregação, contudo, poucas aceitaram a verdade como resultado de seus trabalhos. Mesmo dessas, uma grande proporção logo renunciou à fé. Muitos ficaram desapontados com os pequenos resultados de seu trabalho. Foi-me mostrada a razão. Estavam faltando humildade, simplicidade, pureza e santidade de vida. Ele pensava que seus esforços eram indispensáveis, e que a obra não existiria se estivesse fora dela. Mas, se ele pudesse saber da ansiedade que os verdadeiros obreiros da causa, os quais tentaram ajudá-lo, sofreram por causa dele, não teria em tão alta conta seus próprios esforços. Sua conduta era uma contínua carga à causa, a qual teria prosperado mais sem a sua influência. A ansiedade de seus irmãos para salvá-lo da queda, levou-os a fazer muito por ele com relação aos recursos. Eles estavam satisfeitos com seu talento oratório e alguns foram até indiscretos em enaltecê-lo, mostrando decidida preferência por ele em detrimento de outros pregadores, cuja influência diria mais em prol da divulgação da causa. Isso o prejudicou. Ele não teve humildade suficiente ou o bastante da graça de Deus para estar acima da lisonja de seus irmãos. Que Deus ajude esses a perceberem seu erro e a jamais se tornarem novamente culpados de prejudicar um jovem pastor mediante lisonja. T1 438.3

Todos os que desejam afastar-se do povo remanescente de Deus para seguir seu corrompido coração, lançam-se de boa vontade nas mãos de Satanás, e devem ser livres para fazê-lo. Há outros entre nós que estão em perigo. Eles têm uma elevada opinião sobre as próprias habilidades, enquanto sua influência, em muitos respeitos, tem sido apenas um pouco melhor do que a do Pastor Hull. A menos que se reformem completamente, a causa ficará melhor sem eles. Pastores não consagrados prejudicam a causa, e são pesada carga a seus irmãos. Eles precisam de alguém que os sigam para corrigir seus erros, endireitar as coisas e fortalecer aqueles que foram debilitados e prejudicados por sua influência. Eles têm ciúmes dos que assumem as responsabilidades da obra — dos que sacrificariam mesmo a própria vida se necessário, para o progresso da causa da verdade. Eles acham que seus irmãos não têm motivos mais elevados do que eles. É prejudicial e um desperdício de meios fazer tanto por pastores que estão assim sujeitos às tentações de Satanás. Isso lhes concede influência e os coloca onde podem ferir profundamente seus irmãos e a causa de Deus. T1 439.1

Foi-me revelado que as dúvidas que expressam com respeito à veracidade de nossa posição e a inspiração da Palavra de Deus, não são causadas como muitos supõem. Essas dificuldades não estão com a Bíblia ou as evidências de nossa fé, mas em seu coração. Os reclamos da Palavra de Deus são muito restritos para sua natureza não santificada. “Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” Romanos 8:7. Se os sentimentos do coração natural não são contidos e trazidos em sujeição à santificadora influência da graça de Deus mediante a fé, os pensamentos não serão puros e santos. As condições de salvação da Palavra de Deus são razoáveis, claras e positivas, não sendo nada menos que perfeita conformidade com a vontade divina e pureza de coração e vida. Devemos crucificar o eu com suas concupiscências. Precisamos purificar-nos “de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”. 2 Coríntios 7:1. T1 440.1

Em quase todos os casos onde os indivíduos se tornam duvidosos com respeito à inspiração da Palavra de Deus, isso se deve a sua vida não consagrada que essa mesma Palavra condena. Eles não aceitam suas reprovações e ameaças, porque elas atingem diretamente sua conduta errônea. Eles não possuem nenhum respeito por aqueles que se esforçam por convertê-los e restringi-los. Dificuldades e dúvidas que desconcertam o coração maldoso, serão solucionadas para os que praticam os puros princípios da verdade. T1 440.2

Muitos possuem talentos que poderiam ser empregados na realização de muito bem, se santificados e usados na causa de Cristo; ou muito dano se empregados a serviço da incredulidade e de Satanás. A satisfação do próprio eu com suas concupiscências perverterá os talentos e os tornará uma maldição em vez de bênção. Satanás, o arquienganador, possui talentos maravilhosos. Ele foi, uma vez, um anjo exaltado, próximo a Cristo. Ele caiu por exaltar-se a si mesmo e levantou uma rebelião no Céu, levando muitos em sua queda. Então seus talentos e habilidades foram empregados contra o governo de Deus, para induzir a todos os que pudesse controlar a desprezarem a autoridade do Céu. Os que ficam encantados com a majestade satânica, podem escolher imitar esse general caído e afinal partilhar seu destino. T1 440.3

Pureza de vida concede refinamento, o qual conduzirá aqueles que o possuem a se afastar mais e mais da maldade e condescendência com o pecado. Eles não serão afastados da verdade ou deixados a duvidar da inspiração da Palavra de Deus. Pelo contrário, ocupar-se-ão do estudo diário da Palavra Sagrada com interesse sempre crescente, e as evidências do cristianismo e da inspiração farão impressão em sua mente e vida. Aqueles que amam o pecado desviar-se-ão da Bíblia, apreciarão duvidar dela e se tornarão indiferentes aos seus princípios. Eles aceitarão e defenderão falsas teorias. Esses atribuirão os pecados do homem às circunstâncias; e quando ele comete algum grande pecado, eles o tornam objeto de piedade em vez de considerá-lo como um criminoso a ser castigado. Essa disposição sempre acomodará o coração depravado, que com o correr do tempo desenvolverá os princípios da natureza decaída. Por um processo geral, os homens abolem de uma vez o pecado para evitar a desagradável necessidade de empenho e reforma individual. Para se livrarem da obrigação de esforçar-se, muitos estão prontos a declarar sem importância todo o trabalho e esforço de sua vida enquanto seguindo os princípios sagrados da Palavra de Deus. A necessidade filosófica do Pastor Hull tem sua fortaleza nas corrupções do coração. Deus está convocando os homens para trabalhar nos campos de colheita; se forem humildes, dedicados e piedosos, receberão as coroas que esses pastores perderam, os quais, no que respeita à fé, estão reprovados. T1 441.1

Em 5 de Novembro de 1862, foi-me mostrado que alguns homens enganam-se acerca de seu chamado. Pensam que se um homem não pode trabalhar com as próprias mãos, ou se ele não possui um caráter empresarial, deve tornar-se um pastor. Muitos cometem aqui um grande erro. Um homem que não tem nenhum tato empresarial pode tornar-se um pastor, mas lhe faltarão as qualificações que todo pastor precisa possuir para agir sabiamente na igreja e edificar a causa. Mas quando um pastor é bom no púlpito, e, como o Pastor Hull, falha na administração, nunca deveria sair só. Outro deveria ir junto para suprir-lhe as faltas e administrar por ele. E embora isso possa ser-lhe humilhante, ele deveria dar atenção ao julgamento e conselho desse companheiro, como um homem cego segue àquele que tem visão. Fazendo assim, evitará muitos perigos que se lhe provariam fatais fosse ele deixado só. T1 441.2

A prosperidade da causa de Deus depende muito dos pastores que trabalham no campo do evangelho. Aqueles que ensinam a verdade devem ser consagrados, abnegados e piedosos, que conheçam bem seu ofício e prossigam fazendo o bem, porque sabem que Deus os chamou para esse trabalho. Homens que sintam o valor das pessoas e suportem cargas e assumam responsabilidades. Um obreiro completo é conhecido pela perfeição de seu trabalho. T1 442.1

Há apenas uns poucos pregadores entre nós. E porque a causa de Deus parecia necessitar a ajuda de tanto auxílio, alguns foram levados a pensar que quase qualquer um que deseje ser pastor deve ser aceito. Certas pessoas acham que pela razão de uns poderem orar e exortar com certo grau de liberdade nas reuniões, acham-se qualificados para ser obreiros. E antes de serem testados, ou mesmo mostrarem algum bom fruto de seus trabalhos, foram encorajados homens a quem Deus não enviou, e que foram animados e lisonjeados por alguns irmãos de experiência deficiente. Mas seu trabalho exibe o próprio caráter do obreiro. Eles espalham e confundem; não ajuntam ou edificam. É verdade que uns poucos podem aceitar a verdade como resultado de seus trabalhos, mas esses geralmente não progridem mais do que aqueles que lhes ensinaram a verdade. A mesma carência que marca sua conduta é vista em seus conversos. T1 442.2

O sucesso desta causa não depende de termos um maior número de pastores. É, contudo, da maior importância que aqueles que trabalham ligados à causa de Deus sejam homens que realmente sintam a responsabilidade e a santidade da obra para a qual foram chamados. Uns poucos piedosos e abnegados homens, que se consideram pequenos aos próprios olhos, podem realizar maior volume de bem do que um grande número de homens desqualificados para a obra, contudo autoconfiantes e vangloriosos de seus talentos. Vários desses no campo, os quais deveriam ficar em casa, tornam necessário que constantemente os fiéis pastores despendam tempo em corrigir sua nociva influência. A utilidade futura de jovens pregadores depende muito da maneira com que iniciam seu trabalho. Irmãos que têm a causa de Deus no coração ficam tão ansiosos por ver o progresso da verdade, que se acham em perigo de fazer muito por pastores que ainda não foram testados, ajudando-os liberalmente com recursos e concessão de autoridade. Aqueles que adentram o campo evangélico devem ser deixados a obter por si mesmos a própria reputação, mesmo se sob lutas e privações. Deveriam primeiro dar prova cabal de seu ministério. T1 442.3

Irmãos experientes deveriam ser precavidos, e em lugar de esperar que esses jovens pregadores os auxiliem e conduzam, deveriam sentir a responsabilidade de encarregar-se deles, instruindo-os, aconselhando-os e orientado-os, demonstrando paternal cuidado por eles. Os pregadores jovens deveriam ter método, firme propósito e disposição para o trabalho, para não atraírem problemas de modo algum. Não devem ir de lugar em lugar mostrando alguns pontos de nossa fé que podem despertar preconceito, e deixando pela metade a apresentação da verdade presente. Esses jovens que pensam ter uma obrigação a cumprir na obra, não devem assumir a responsabilidade de ensinar a verdade sem antes se submeterem à influência de alguns pregadores experientes, que são sistemáticos em seu trabalho. Devem aprender destes, como os alunos de uma escola aprendem de seu professor. Não devem ir de um lugar para outro sem um objetivo definido ou planos amadurecidos para levar avante seu trabalho. T1 443.1

Alguns que têm pouca experiência e estão menos qualificados para ensinar a verdade, são os últimos a pedir conselho e orientação a seus irmãos mais experientes. Eles assumem o ministério e se colocam no mesmo nível com aqueles de maior experiência, e não se satisfazem a menos que possam dirigir, pensando que por serem pastores tudo sabem. A tais pregadores certamente falta um verdadeiro conhecimento de si mesmos. Não possuem a necessária modéstia e têm um conceito muito elevado a respeito das próprias habilidades. Pastores experientes, que compreendem a solenidade do trabalho e o peso da causa sobre si, são zelosos. Eles consideram um privilégio aconselharem-se com seus irmãos e não ficam ofendidos se são sugeridas melhorias em seus planos de trabalho ou na maneira de pregar. T1 444.1

Os pastores vindos de outras denominações para abraçar a terceira mensagem angélica, desejam freqüentemente ensinar quando deveriam ser aprendizes. Alguns precisam desaprender grande parte de sua instrução anterior, antes que possam compreender amplamente os princípios da verdade presente. Há pastores que prejudicam a causa de Deus por saírem a trabalhar em lugar de outros pastores, quando há muito trabalho a ser feito em prepará-los para sua obra, assim como gostariam de fazer pelos descrentes. Se estão desqualificados para o trabalho, requerer-se-ão os préstimos de dois ou três fiéis pastores para acompanhá-los e corrigir sua nociva influência. Seria menos dispendioso para a causa de Deus dar um bom apoio a esses pastores e deixá-los em casa, prevenindo assim prejuízos no campo. T1 444.2

Os pregadores são vistos por alguns como especialmente inspirados, como sendo apenas instrumentos através dos quais o Senhor fala. Se os que são idosos, experientes, vêem falhas num pastor e sugerem melhorias em suas maneiras, no tom de sua voz, em seus gestos, ele às vezes se sente melindrado, e raciocina que Deus o chamou assim como é, que o poder era de Deus e não de si mesmo e que o Senhor deve fazer o trabalho por ele, para que possa pregar não de acordo com a sabedoria humana, etc. É erro pensar que um homem não pode pregar, a menos que atinja um alto grau de entusiasmo. Homens que dependem assim de sentimentos, podem ser usados em exortar, quando se sentem inclinados a isso, mas nunca serão bons obreiros, portadores de pesadas responsabilidades. Quando a obra progride com dificuldade e tudo assume um aspecto desencorajador, aqueles que dependem dos sentimentos não se acham preparados para levar sua parte das cargas. Em tempos de desencorajamento e escuridão, quão importante é termos homens de temperamento calmo, que não dependem das circunstâncias, mas que confiam em Deus e trabalham tanto em trevas como na luz. Homens que servem a Deus por princípio, embora sua fé seja severamente provada, serão vistos como se apoiando firmemente no infalível braço de Jeová. T1 444.3

Jovens pregadores e homens que já foram pastores, cujas maneiras têm sido ásperas e desagradáveis, e cuja conversação não têm sido modesta e virtuosa, não estão capacitados a empenhar-se nesse trabalho, até que dêem evidência de inteira reforma. Uma palavra dita inadvertidamente pode causar mais dano, do que uma série de reuniões por eles realizada, faria de bem. Eles lançam o estandarte da verdade no pó diante da comunidade, o qual deveria ser sempre exaltado. Seus conversos geralmente não se erguem acima do padrão posto pelos pastores. Homens que estão entre os vivos e os mortos, deveriam ser pelo direito. O pastor não pode baixar a guarda nem por um só momento. Ele está trabalhando para erguer outros à plataforma da verdade. Que ele mostre aos homens o que a verdade fez por ele. Deve conscientizar-se do mal dessas descuidadas, ásperas e vulgares expressões, e livrar-se de tudo quanto se lhes assemelhe. A menos que faça isso, seus conversos o tomarão por padrão. E quando fiéis pastores o substituírem e trabalharem com esses conversos para corrigir-lhes os erros, eles se desculparão fazendo referências ao pastor que os instruíra. Se você condenar a conduta dele, eles lhe perguntarão: Por que você apóia e emprega sua influência em favor de homens como esse, enviando-os a pregar aos pecadores, quando eles mesmos são pecadores? T1 445.1

A obra na qual estamos empenhados é um trabalho responsável e elevado. Aqueles que pregam e ensinam a doutrina deveriam eles mesmos ser modelo de boas obras, exemplo em santidade, asseio e ordem. A aparência do servo de Deus dentro e fora do púlpito, deve ser a de um pregador vivo. Ele pode realizar muito mais por seu piedoso exemplo do que meramente pregando do púlpito, enquanto sua influência fora dele não for digna de imitação. Os que trabalham nessa causa estão levando ao mundo a mais elevada verdade jamais dada a mortais. T1 446.1

Homens escolhidos por Deus para trabalhar nessa causa, darão prova de sua elevada vocação e considerarão como seu mais alto dever crescer e aprimorar-se até se tornarem hábeis obreiros. Então, enquanto manifestam determinação em melhorar os talentos que Deus lhes confiou, deveriam ser ajudados cuidadosamente. Porém, o encorajamento a eles dado não deveria recender a bajulação, pois o próprio Satanás fará sua parte nesse trabalho. Homens que julgam ter o dever de pregar, não devem ser sustentados quando se lançam de uma vez, a si e suas famílias, a expensas dos irmãos. Eles não devem ser autorizados a estar sob esse esquema até que apresentem frutos de seu trabalho. Há agora o perigo de prejudicar os jovens pregadores e aqueles que possuem pouca experiência, pela lisonja e pelo alívio das responsabilidades da vida. Quando não estão pregando, deveriam estar fazendo o possível para prover o próprio sustento. Essa é a melhor maneira de testar a legitimidade de sua vocação para pregar. Se desejam pregar apenas para serem mantidos como pastores, e a igreja adotar uma conduta cuidadosa, eles logo perderão o interesse e trocarão a pregação por um negócio mais rentável. Paulo, o mais eloqüente dos pregadores, milagrosamente convertido a Deus para fazer uma obra especial não se isentava do trabalho. Ele diz: “Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos.” 1 Coríntios 4:11, 12. “Nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.” 2 Tessalonicenses 3:8. T1 446.2

Foi-me mostrado que muitos não estimam corretamente as pessoas talentosas que estão entre eles. Alguns irmãos não compreendem que o pregador talentoso é o melhor para o progresso da causa da verdade. Pensam apenas na momentânea satisfação de seus sentimentos. Sem cuidadosa reflexão, mostrarão preferência por um pregador que manifesta zelo apreciável em suas pregações, e conta anedotas que agradam ao ouvido e estimulam a mente por um momento, mas não deixam impressão duradoura. Ao mesmo tempo, têm em baixa estima um pregador que se preparou com oração para poder apresentar diante do povo os argumentos de nossa crença, de maneira calma e forma encadeada. Seu trabalho não é apreciado e ele é freqüentemente tratado com indiferença. T1 447.1

Um homem pode pregar animadamente e agradar ao ouvido, mas não apresentar nenhuma idéia nova ou pensamentos inteligentes. As impressões recebidas de tais pregações não permanecem por muito mais tempo do que enquanto a voz do pregador é ouvida. Quando são procurados frutos desse trabalho, bem pouco pode ser encontrado. Esses dons fugazes não são benéficos e eficazes no progresso da causa da verdade, como um dom confiável a ser exercido em lugares difíceis e trabalhosos. Na obra de ensinar a verdade é necessário que importantes pontos de nossa fé sejam bem apoiados com evidências escriturísticas. Afirmações podem fazer silenciar um descrente, mas não o convencem. Os crentes não são os únicos para cujo benefício os obreiros são enviados ao campo. A salvação de seres humanos é o grande objetivo. T1 447.2

Alguns irmãos erram a esse respeito. Eles pensavam que o irmão C era o homem certo para o trabalho em Vermont, e que ele podia fazer naquele Estado mais do que qualquer outro pastor. Esses irmãos não vêem o assunto por um correto ponto de vista. O irmão C pode falar de maneira a atrair o interesse da congregação, e se isso é tudo que é necessário para tornar um pregador bem-sucedido, então os irmãos e irmãs deveriam estar certos em sua avaliação a respeito dele. Mas ele não é um obreiro completo nem confiável. Quando, nos momentos difíceis, a igreja o necessita, não pode contar com ele. Ele não tem experiência, discernimento e critério para ser de algum benefício à igreja em dificuldades. Não é cuidadoso em assuntos temporais e, embora tenha uma família pequena, tem necessitado de certa assistência. A mesma falha se manifesta nas coisas espirituais. Se houvesse se adotado uma conduta correta a seu respeito quando iniciou o trabalho de pregação, ele poderia ser agora de alguma utilidade na causa. Seus irmãos o prejudicaram ao fazer muito por ele e deixá-lo com poucas responsabilidades na vida, até que o levaram a pensar que seu trabalho era de grande valor. Ele desejava que os irmãos em Vermont assumissem suas responsabilidades, enquanto ficava livre de cuidados. O irmão C não tem praticado uma quantidade adequada de exercícios físicos para dar tono e força a seus músculos e trazer-lhe benefícios à saúde. T1 448.1

Ele não é capaz de estabelecer igrejas. Quando experimentar um ai “se não anunciar o evangelho” (1 Coríntios 9:16), como os abnegados pregadores do passado experimentaram, então, como eles, trabalhará com as próprias mãos durante uma parte do tempo para conseguir meios de sustentar a família, a fim de não ser pesado à igreja. Aí ele sairá não meramente para pregar, mas para salvar pessoas. Esforços feitos com esse espírito realizarão alguma coisa. O irmão C se tem em alta conta. Julga-se no mesmo nível dos outros pregadores em Vermont e acha que deveria figurar na mesma classe deles, e ser consultado quanto aos negócios da igreja. Na verdade, ele nada fez por merecer tal reputação nem provou ser de valor. Que sacrifícios fez ou que dedicação manifestou pela igreja? Que perigos e sofrimentos suportou para que os irmãos o tenham como um obreiro digno de confiança, cuja influência seja positiva onde quer que vá? Até que possua um espírito inteiramente diferente e aja sob princípios de abnegação, seria melhor abandonar a idéia de pregar. T1 448.2

Os irmãos de Vermont têm passado por alto o valor moral de homens como os irmãos Bordeau, Pierce e Stone, os quais possuem larga experiência e cuja influência tem sido de molde a obter a confiança da comunidade. Sua vida industriosa e coerente fá-los diariamente pregadores vivos, e sua obra tem diminuído grandemente os preconceitos, estabelecido e consolidado igrejas. Contudo, os irmãos não apreciaram o trabalho desses homens, embora se tenham mostrado simpáticos com aqueles que não foram ainda provados e experimentados, e que podem apresentar apenas pequenos resultados em seu trabalho. T1 449.1