Serviço Cristão

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Capítulo 15 — Recolta de donativos

O problema perturbador — Durante anos, temos andado preocupados com a pergunta: Como poderemos reunir fundos suficientes para a manutenção das missões que o Senhor tem aberto perante nós? Lemos as ordens positivas do evangelho; e as missões, tanto nos campos nacionais como nos estrangeiros, apresentam suas necessidades. As indicações, sim, as positivas revelações da Providência, unem-se em incitar-nos para fazer rapidamente a obra que espera ser feita. — Obreiros Evangélicos, 349. SC 127.1

Um plano bem-sucedido — Um dos novos planos para nos aproximarmos dos descrentes é a Recolta de Donativos para as missões. Em muitos lugares, durante os anos passados, ele se tem demonstrado um sucesso, trazendo bênçãos a muitos, aumentando também a afluência de meios ao tesouro da missão. Ao serem os estranhos à nossa fé informados dos progressos da terceira mensagem angélica nos países pagãos, suas simpatias se têm despertado, e alguns têm procurado conhecer mais da verdade que tanto poder tem para transformar corações e vidas. Têm sido alcançados homens e mulheres de todas as classes, e o nome do Senhor, sido glorificado. — Consacrated Efforts to Reach Unbelievers, 5 de Junho de 1914. SC 127.2

Talvez alguns ponham em dúvida a conveniência de receber donativos dos descrentes. Que esses perguntem a si mesmos: “Quem é o verdadeiro dono de nosso mundo? A quem pertencem suas casas e terras, e seus tesouros de ouro e prata?” Deus possui abundantes bens neste mundo, e colocou-os nas mãos de todos, tanto dos obedientes, como dos desobedientes. Ele está pronto a tocar no coração dos homens do mundo, mesmo dos idólatras, para, de sua abundância, darem alguma coisa para o sustento de Sua obra; e Ele o fará logo que Seu povo aprenda a aproximar-se sabiamente desses homens, chamando-lhes a atenção para aquilo que eles têm o privilégio de fazer. Se as necessidades da obra do Senhor fossem apresentadas na devida luz perante aqueles que possuem bens e influência, esses homens poderiam fazer muito para o avanço da causa da verdade presente. O povo de Deus tem perdido muitos privilégios que teriam podido aproveitar se não houvessem preferido manter-se independentes do mundo. SC 127.3

O Senhor move ainda o coração dos reis e governadores em favor de Seu povo. Aqueles que se acham a Seu serviço, devem aproveitar o auxílio que Ele induz os homens a darem para o avançamento de Sua causa. Os agentes por cujo intermédio vêm essas dádivas podem abrir caminhos por onde a luz da verdade seja levada a muitas terras entenebrecidas. Talvez esses homens não tenham simpatia alguma pela obra de Deus, nenhuma fé em Cristo, conhecimento algum de Sua Palavra; mas nem por isso suas ofertas devem ser rejeitadas. SC 127.4

O Senhor colocou Seus bens, tanto nas mãos de descrentes, como nas de crentes; todos podem devolver-Lhe o que Lhe pertence para se fazer a obra que tem de ser efetuada em favor do mundo caído. Enquanto nos acharmos neste mundo, enquanto o Espírito de Deus contender com os filhos dos homens, teremos de receber e prestar favores. Temos de dar ao mundo a luz da verdade tal como se acha revelada nas Escrituras; e de receber do mundo aquilo que Deus os impele a dar em benefício de Sua causa. — The Southern Work, 15 de Março de 1904. SC 128.1

Embora quase totalmente de posse de homens ímpios, o mundo inteiro, com suas riquezas e tesouros, pertence a Deus. “A Terra é do Senhor, e toda a sua plenitude” (1 Coríntios 10:26), “Minha é a prata, e Meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos”. Ageu 2:8. “Meu é todo o animal da selva, e as alimárias sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes, e Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não to diria, pois Meu é o mundo e a sua plenitude.” Oh, que os cristãos reconhecessem mais e cada vez mais plenamente que é privilégio e dever seu, ao mesmo tempo que mantêm princípios retos, prevalecer-se de todas as oportunidades deparadas pelo Céu para avançar o reino de Deus no mundo! — The Southern Work, 15 de Março de 1904. SC 128.2

Advertências aos obreiros — A todos quantos se acham prestes a começar especial obra missionária com a revista preparada para usar na campanha da Recolta de Donativos, desejaria dizer: Sede diligentes em vossos esforços; vivei sob a direção do Espírito Santo. Ampliai diariamente vossa experiência cristã. Que aqueles que possuem aptidões especiais trabalhem pelos descrentes colocados nas mais altas posições, assim como nas mais humildes. Buscai diligentemente as almas que estão a perecer. Oh! pensai no ansioso desejo que tem Cristo de fazer voltar ao aprisco aqueles que se têm extraviado! cuidai das pessoas como quem tem de dar contas por elas. Na obra missionária em vossa igreja e na vizinhança fazei que vossa luz espalhe tão luminosos e firmes raios, que no juízo, homem algum se possa erguer e dizer: “Por que não me falaste acerca dessa verdade? Por que não cuidaste por minha alma?” Sejamos, pois, diligentes na distribuição da literatura cuidadosamente preparada para se usar entre os que não pertencem à nossa fé. Aproveitemos o melhor possível qualquer oportunidade de atrair a atenção dos descrentes. Ponhamos literatura em todas as mãos dispostas a recebê-la. Consagremo-nos à proclamação da mensagem: “Preparai o caminho do Senhor: endireitai no ermo vereda a nosso Deus”. Isaías 40:3. — Consacrated Efforts to Reach Unbelievers, 5 de Junho de 1914. SC 128.3

Requisitos para o êxito — Ao seguir qualquer plano que possa ser posto em operação para levar a outros o conhecimento da verdade presente, e das maravilhosas providências relacionadas com o avançamento da causa, primeiro consagremo-nos inteiramente Àquele cujo nome desejamos exaltar. Oremos também fervorosamente em favor daqueles que esperamos visitar, trazendo-os um a um à presença de Deus, com uma fé viva. O Senhor conhece os pensamentos e propósitos do homem, e quão facilmente Ele nos pode enternecer o coração! Como Seu Espírito, qual um fogo, pode submeter o coração empedernido! Como Ele pode encher a alma de amor e ternura! Como nos pode dar as graças de Seu Santo Espírito, e habilitar-nos para entrar e sair, no trabalho em prol de almas! — Consacrated Efforts to Reach Unbelievers, 5 de Junho de 1914. SC 129.1

A obra do Senhor poderia receber favores muito maiores do que está recebendo, se nos aproximássemos dos homens com sabedoria, familiarizando-os com a obra, e dando-lhes oportunidade de fazer aquilo que é nosso privilégio induzi-los a fazer, em favor do seu avanço. Se nós, como servos de Deus, adotarmos um procedimento sábio e prudente, Sua boa mão nos fará prosperar em nossos esforços. SC 129.2

Se todos os que se acham empenhados na obra do Senhor reconhecessem quanto depende de sua fidelidade e sábia previsão, muito maior prosperidade lhes acompanharia os esforços. Por motivo de desconfiança e timidez muitas vezes deixamos de conseguir dos poderes constituídos aquilo que é por direito alcançável. Deus operará por nós, quando estivermos dispostos a fazer o que pudermos e o que devemos fazer de nossa parte. — The Southern Work, 15 de Março de 1904. SC 129.3

A obra missionária local e a estrangeira — A obra missionária local progredirá muito mais, sob todos os seus aspectos, quando se manifestar pela prosperidade das missões estrangeiras um espírito de maior liberalidade, abnegação e sacrifício; pois, abaixo de Deus, a prosperidade da obra local depende em muito da influência reflexa da obra evangélica feita nos países distantes. É no trabalho ativo para prover às necessidades da causa de Deus, que pomos nossa alma em contato com a Fonte de todo o poder. — Testimonies for the Church 6:27. SC 129.4

Um negociante americano, que é cristão zeloso, disse, em conversação com um colega, que trabalhava para Cristo durante 24 horas por dia. “Em todas as minhas transações, observou ele, faço por representar meu Mestre. Em tendo oportunidade, procuro ganhar outros para Cristo. Trabalho para Ele todo o dia. E à noite, quando estou dormindo, tenho alguém trabalhando por mim na China.” Explicando-se, disse: “Na minha mocidade determinei ir como missionário para o meio dos pagãos. Com a morte de meu pai, porém, fui obrigado a tomar conta do negócio a fim de prover à subsistência da família. Agora, em vez de eu mesmo ir, sustento um missionário. Esse missionário está em tal e tal cidade de tal e tal província da China. E é assim que, estando eu dormindo, o meu trabalho para Cristo prossegue por intermédio de meu representante.” SC 129.5

Não há, porventura, algum adventista do sétimo dia que queira proceder de modo idêntico? Em vez de reter os pastores a trabalhar pelas igrejas que já conhecem a verdade, digam os seus membros a esses obreiros: “Ide trabalhar pelas almas que perecem em trevas. Tomaremos à nossa conta o serviço da igreja. Manteremos as reuniões e, permanecendo em Cristo, nos esforçaremos por conservar vida espiritual. Trabalharemos pelas almas que estão ao nosso redor, e enviaremos as nossas orações e ofertas para sustentar os obreiros nos campos mais necessitados e pobres”. — Testimonies for the Church 6:29, 30. SC 130.1

Um exemplo digno — A viúva pobre que lançou duas moedas na tesouraria do Senhor, longe estava de imaginar o que fazia. Seu exemplo de sacrifício pessoal exerceu e exerce influência sobre milhares de corações em todas as terras e em todas as eras. Tem trazido para o tesouro de Deus dádivas de nobres e humildes, ricos e pobres. Tem ajudado a manter missões, a estabelecer hospitais, a alimentar os famintos, vestir os nus, curar os doentes e pregar o evangelho aos pobres. Multidões têm sido abençoadas pelo seu ato de desprendimento. — Testimonies for the Church 6:310. SC 130.2

Lições da vida de Neemias — Em anos passados falei a favor do plano de apresentar nossa obra missionária e seus progressos aos nossos amigos e vizinhos, e referi-me ao exemplo de Neemias. E agora desejo instar com nossos irmãos e irmãs para que estudem novamente a experiência desse homem de oração, de fé e de são discernimento, o qual ousou pedir a seu amigo, o rei Artaxerxes, auxílio para levar avante os interesses da causa de Deus. — Consacrated Efforts to Reach Unbelievers, 5 de Junho de 1914. SC 130.3

Solicitações àqueles que têm condições de ofertar — Os homens de oração devem ser homens de ação. Os que são prontos e voluntários, encontrarão meios e modos de trabalhar. Neemias não ficou dependendo de coisa incerta. Os meios que lhe faltavam, pediu àqueles que se achavam em condições de ofertar. — The Southern Work, 15 de Março de 1904. SC 130.4

A coragem veio da oração — Neemias e Artaxerxes encontravam-se face a face. Um, servo, filho de um povo oprimido, o outro, rei do grande império do mundo. Mas infinitamente maior do que a diferença de posição, era a distância moral que os separava. Neemias aceitara o convite do Rei dos reis: “Que se apodere da Minha força, e faça paz comigo: sim, que faça paz comigo”. Isaías 27:5. A silenciosa oração que elevou ao Céu, era a mesma que dirigira por muitas semanas, para que Deus fizesse prosperar sua petição. E agora, encontrando coragem no pensamento de que tinha um Amigo, onisciente e onipotente, que operaria em seu favor, o homem de Deus tornou conhecido ao rei seu desejo de ser por algum tempo dispensado de seu cargo na corte, e de autorização para reconstruir os lugares assolados de Jerusalém, tornando-a mais uma vez uma cidade forte e protegida. Resultados notáveis para a cidade e a nação judaica dependiam deste pedido. “E”, disse Neemias, “o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim”. Neemias 2:8. — The Southern Work, 8 de Março de 1904. SC 130.5

Conseguiu aprovação oficial — Como seu pedido [de Neemias] ao rei foi recebido tão favoravelmente, foi ele animado a pedir o auxílio necessário para a execução de seus planos. Para dar dignidade e autoridade a sua missão, assim como para prover proteção na viagem, conseguiu ele uma escolta militar. Obteve cartas reais dos governadores das províncias para além do Eufrates, o território através do qual tinha de passar em sua viagem para a Judéia; e conseguiu também uma carta para o guarda florestal do rei, nas montanhas do Líbano, instruindo-o no sentido de fornecer a madeira necessária para os muros de Jerusalém e os edifícios que Neemias se propunha erigir. A fim de que não houvesse ocasião para queixas de que ele se excedera no desempenho de sua missão, Neemias teve o cuidado de definir claramente a autoridade e os privilégios que lhe foram conferidos. — The Southern Work, 15 de Março de 1904. SC 131.1

As cartas reais aos governadores das províncias ao longo de seu itinerário, conseguiram para Neemias recepção honrosa e pronto auxílio. E inimigo algum ousou molestar o oficial que se achava guardado pelo poder do rei persa e era tratado com notável consideração pelos regentes provinciais. A viagem de Neemias decorreu segura e próspera. — The Southern Work, 22 de Março de 1904. SC 131.2

Encontrando obstáculos — Sua chegada a Jerusalém, entretanto, acompanhado de uma guarda militar, mostrando que viera no desempenho de alguma missão importante, despertou o ciúme e ódio dos inimigos de Israel. As tribos pagãs estabelecidas perto de Jerusalém haviam anteriormente nutrido inimizade contra os judeus, acumulando sobre eles toda a sorte de insulto e injúria que ousavam infligir-lhes. Destacaram-se nessa má obra certos chefes dessas tribos: Sambalá o horonita, Tobias o amonita, e Gésem o arábio; e daí por diante esses líderes observavam com olhos invejosos os movimentos de Neemias, procurando por todos os meios ao seu alcance frustrar-lhe os planos e impedir-lhe a obra. — The Southern Work, 22 de Março de 1904. SC 131.3

Tentaram causar divisão entre os obreiros, insinuando dúvidas e despertando descrença quanto ao seu êxito. Também ridicularizavam os esforços dos construtores, declarando que o empreendimento era uma impossibilidade, e predizendo um triste fracasso. [...] Os construtores do muro foram logo assediados pela mais ativa oposição. Eram obrigados a guardar-se continuamente contra as conspirações de seus insones adversários. Os emissários do inimigo procuravam destruir-lhes o ânimo com a circulação de falsos boatos; formaram-se conspirações sob pretextos vários, a fim de atrair Neemias para suas ciladas; e encontraram-se judeus de coração falso, dispostos a ajudar o traiçoeiro empreendimento. [...] Emissários do inimigo, professando amizade, misturaram-se com os construtores, sugerindo modificações no plano, procurando de várias maneiras desviar a atenção dos obreiros, a fim de causar confusão e perplexidade, e despertar desconfiança e suspeita. — The Southern Work, 12 de Abril de 1904. SC 131.4

Mesmos obstáculos para os líderes hoje — A experiência de Neemias repete-se na história do povo de Deus em nossos dias. Os que labutam na causa da verdade descobrirão que não o podem fazer sem provocar a ira dos inimigos dela. Embora tenham sido chamados por Deus para a obra em que se acham empenhados, e seu procedimento seja por Ele aprovado, não podem fugir à vergonha e ao escárnio. Serão denunciados como visionários, indignos de confiança, intrigantes, hipócritas — tudo, enfim, que sirva ao propósito de seus inimigos. As coisas mais sagradas serão apresentadas a uma luz ridícula, a fim de divertir os ímpios. Uma pequenina dose de sarcasmo e humor vulgar, unidos à inveja, ciúmes, impiedade e ódio, é suficiente para instigar o riso do escarnecedor profano. E esses gracejadores presunçosos afiam mutuamente seu engenho, encorajando-se reciprocamente em sua obra blasfema. O desprezo e a zombaria são de fato penosos para a natureza humana; mas têm que ser suportados por todos os que são fiéis a Deus. É política de Satanás desviar assim as almas de fazerem a obra que o Senhor lhes impôs. — The Southern Work, 12 de Abril de 1904. SC 132.1

Conclamando as forças desalentadas — Em segredo e silêncio, Neemias completou o circuito dos muros. Declara ele: “Não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia: porque ainda até então nem aos judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra, tinha declarado coisa alguma”. Neemias 2:16. Nesse penoso exame não desejava ele atrair a atenção nem de amigos nem de inimigos, para que não se criasse uma agitação, e surgissem boatos que pudessem derrotar, ou pelo menos estorvar sua obra. Neemias dedicou o restante da noite à oração; de manhã teria de fazer sério esforço para despertar e unir seus compatriotas desanimados e divididos. — The Southern Work, 22 de Março de 1904. SC 132.2

Embora Neemias estivesse no desempenho de uma comissão real, que requeria que os habitantes cooperassem com Ele na reconstrução dos muros da cidade, preferiu ele não confiar no mero exercício da autoridade. Procurou, antes, ganhar a confiança e simpatia do povo, bem sabendo que a união de corações como de mãos, era indispensável ao êxito na grande obra que empreendera. SC 132.3

Ao convocar o povo, de manhã, apresentou argumentos calculados a despertar-lhes as energias adormecidas e unir os dispersos. [...] E havendo-lhes exposto plenamente a questão, mostrando que era apoiado pela combinada autoridade do rei da Pérsia e do Deus de Israel, Neemias apresentou diretamente ao povo a questão de se prevalecerem eles dessa ocasião favorável, erguendo-se com ele e construindo o muro. Esse apelo foi-lhes direto ao coração; a manifestação do favor dos Céus para com eles, encheu-os de coragem. Com novo ânimo, clamaram a uma voz: “Levantemo-nos, e edifiquemos”. Neemias 2:18. SC 132.4

A santa energia e elevadas esperanças de Neemias comunicaram-se ao povo. Contagiados por esse espírito, ergueram-se por algum tempo ao nível moral de seu líder. Cada qual, em sua esfera, era uma espécie de Neemias; e cada um fortalecia e apoiava seu irmão na obra. — The Southern Work, 29 de Março de 1904. SC 133.1

Os sacerdotes de Israel entre os primeiros — Dentre os primeiros a se contagiarem com o espírito de zelo e fervor de Neemias, achavam-se os sacerdotes de Israel. Em virtude da posição de influência que eles ocupavam, podiam esses homens fazer muito para estorvar ou promover a obra. Sua pronta cooperação logo de início, muito contribuiu para o êxito. Assim deve ser em todo o empreendimento santo. Os que ocupam posições de influência e responsabilidade na igreja, devem estar na dianteira na obra de Deus. Se avançarem relutantemente, outros nem se moverão. Mas “seu zelo” estimulará a muitos. 2 Coríntios 9:2. Se sua luz arder brilhante, mil tochas se acenderão à sua chama. SC 133.2

Neemias como organizador — O povo em geral ficou animado de um só coração e uma alma, em patriotismo e bem-humorada atividade. Homens de atividade e influência organizaram as várias classes de cidadãos em grupos, assumindo cada líder a responsabilidade pela construção de certa porção do muro. Foi bem agradável a Deus e aos anjos ver aqueles grupos atarefados, trabalhando harmoniosamente nos caídos muros de Jerusalém, e foi um som alegre o ruído de instrumentos de trabalho desde a madrugada “até ao sair das estrelas”. Neemias 4:21. SC 133.3

Demonstração da verdadeira arte de administrar — O zelo e a energia de Neemias não se abateram, agora que a obra se iniciara de fato. Não cruzou os braços, julgando que poderia depor o encargo. Com incansável vigilância, superintendia constantemente a obra, dirigindo os obreiros, observando qualquer estorvo e tomando providências para qualquer emergência. Sua influência sentia-se constantemente em toda a extensão daqueles cinco quilômetros de muro. Com palavras oportunas, animava ele os temerosos, aprovava os diligentes ou despertava os tardios. E de novo vigiava com olhos de águia os movimentos dos inimigos, que por vezes se reuniam a distância e se empenhavam em animada conversa, como se conspirassem, e então, aproximando-se dos obreiros, tentavam desviar-lhes a atenção e estorvá-los no trabalho. SC 133.4

Enquanto os olhos de todos os obreiros muitas vezes se dirigiam para Neemias, prontos a descobrir o menor sinal, os olhos e o coração dele se erguiam a Deus, o grande Superintendente da obra toda, Aquele que pusera no coração de Seu servo o desejo de construir. E à medida que a fé e a coragem se fortaleciam em seu coração, Neemias exclamava (e suas palavras, repetidas e ecoadas, incentivavam o coração dos obreiros em toda a linha): “O Deus dos Céus é o que nos fará prosperar!” Neemias 2:20. — The Southern Work, 5 de Abril de 1904. SC 134.1

Neemias e seus companheiros não recuaram ante as dificuldades, nem se esquivavam a serviços árduos. Nem de noite nem de dia, nem mesmo durante o breve período dado ao sono, depunham eles suas vestes, nem mesmo sua armadura. “Nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos os nossos vestidos; cada um ia com suas armas à água”. Neemias 4:23. — The Southern Work, 26 de Abril de 1904. SC 134.2

Influências contrárias em todo movimento religioso — A maioria dos nobres e príncipes de Israel se posicionou também nobremente à altura de seus deveres; mas houve uns poucos, os nobres tecoítas, que “não meteram o seu pescoço ao serviço de seu Senhor”. Neemias 3:5. Enquanto os construtores fiéis têm menção honrosa no livro de Deus, a memória daqueles servos negligentes é manchada de opróbrio e serviu de advertência a todas as gerações futuras. SC 134.3

Em todo movimento religioso há alguns que, ao mesmo tempo em que não podem negar ser esta a causa de Deus, mantêm-se ao longe, recusando-se a fazer qualquer esforço para fazê-la progredir. Mas em empreendimentos para promover seus interesses egoístas, esses homens são muitas vezes os trabalhadores mais ativos e enérgicos. Bem conviria lembrarem-se do registro mantido lá em cima, o livro de Deus, no qual se acham escritos todos os nossos motivos e nossas obras — aquele livro no qual não há omissões, nem erros, e pelo qual todos serão julgados. Ali será fielmente relatada toda oportunidade negligenciada de prestar serviço para Deus, e todo ato de fé e amor, por humilde que seja, será tido em lembrança eterna. — The Southern Work, 5 de Abril de 1904. SC 134.4

O chamado de Neemias modernos — Carecemos hoje de Neemias na igreja — não de homens capazes de pregar e orar apenas, mas de homens cujas orações e sermões sejam animados de firme e sincero propósito. O procedimento seguido por esse patriota hebreu na realização de seus planos, devia ser ainda adotado pelos pastores e dirigentes. Havendo eles delineado seus planos, deveriam expô-los perante a igreja de maneira que lhes atraísse o interesse e a cooperação. Fazei que o povo compreenda os planos e tome parte na obra, e hão de se interessar pessoalmente em sua prosperidade. O êxito que acompanhou os esforços de Neemias mostra o que podem realizar a oração, a fé e uma ação sábia e enérgica. A fé viva impele para a ação enérgica. O povo refletirá em alto grau o espírito manifestado pelo dirigente. Se os dirigentes, professando crer nas solenes e importantes verdades que devem provar o mundo hoje, não manifestam zelo ardente em preparar um povo que subsista no dia de Deus, podemos esperar que a igreja seja descuidada, indolente e amante dos prazeres. — The Southern Work, 29 de Março de 1904. SC 134.5